O Clã de Descendentes - A Ascensão da Magia escrita por Isaque Arêas


Capítulo 9
Nunca teve um inimigo assim




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O trecho do rio em que chegaram era grande demais para atravessar. As fadas olharam à sua volta com medo de que fossem notadas por alguém e sem perder tempo diminuíram seu tamanho para que pudessem voar. Reduziram também os três jovens lhes ordenando sempre que permanecessem parados para que pudessem facilmente ser achados já que não voavam. Começaram a travessia por ar seguindo o ponto luminoso que se locomovia à frente, atrás delas os jovens levitavam balançados pelo ar. As viagens aéreas não eram nada agradáveis para Amanda que tinha medo de altura. Agarrou os braços pequeninos de Primavera que a carregou firmemente. Ao chegar do outro lado pousaram e então cresceram novamente. Estavam agora em Albu Shejel.

A luz continuava seu caminho por entre casas e um mercado aberto. Todos podiam ver o grupo correndo, mas não conseguiam enxergar a aura que se locomovia à sua frente. Atravessaram tendas, barracas e uma multidão de pessoas. Esbarraram em mesas, derrubaram alimentos, quebraram vasos. Um grande caos se iniciou no mercadinho. Alguns comerciantes irritados começaram a perseguir os sete que não poderiam parar por nada. Flora então, percebendo que seriam alcançados com uma piscadela fez alguns dos comerciantes adormecerem torcendo para que esse único gesto não fosse descoberto ou pressentido. A luz flutuou por mais alguns minutos até chegar a um campo aberto longe de casas e olhos humanos. As fadas estranharam, não havia coisa alguma ao redor, mas a luz permaneceu lá e se apagou.

—Eu não entendo... Onde eles estão? — disse Fauna.

— Será que estão invisíveis? — sugeriu Primavera.

— Não seja tola, claro que...

A Fada Madrinha mal conseguiu terminar sua sentença. Foi interrompida por um tremor que vinha do chão. Bernardo olhou em volta pensando se tratar de outra tempestade de areia, mas não, era realmente um tremor. De repente um grande feixe de luz saiu de dentro do chão abrindo um grande fosso na terra. Ao perceber isso a Fada Madrinha gritou para que todos corressem, mas não importava para onde fugissem outro feixe se lançava à sua frente e abria outro buraco no chão até ficarem totalmente encurralados em um pedaço de terra.

De repente o céu escureceu e à sua volta surgiu uma enorme nuvem de fumaça. Do céu se ouviu uma voz que dizia: “FINALMENTE TENHO VOCÊS ONDE QUERO!”. Era uma voz estrondosa, imponente e majestosa que fez os corações dos heróis palpitar diante da falta de escolha a que estavam sujeitos.

— Precisamos fazer alguma coisa! — gritou Flora.

—Não, não! Vocês estão sob o meu controle agora! — disse a voz.

— Não temos tempo para as suas gracinhas! Apareça logo! — gritou Primavera irritada.

— E isso é jeito de falar comigo?

E ao dizer isso ao redor de Primavera surgiu uma enorme gaiola com um pássaro gigante dentro.

— É melhor fugir fadinha, meu pássaro está com fome! — disse a voz num tom debochado.

Primavera então diminuiu seu tamanho, mas o espaço entre as barras diminuiu simultaneamente. Estava encurralada. Permaneceu voando em círculos fugindo do grande pássaro.

— Quem é você?! O que quer?! — disse Fada Madrinha mais respeitosa.

— Eu? Eu só quero me divertir, afinal: vocês nunca tiveram um inimigo assim.

Das nuvens surgiu um rosto. Era azulado, seus olhos eram brilhantes como relâmpagos, tinha uma feição sombria e raivosa. O nariz grande e largo lhe acentuava a feição sombria e no queixo portava um cavanhaque. Seu sorriso macabro era imenso e parecia esconder toda a perversidade que ele possuía. Todos se espantaram e recuaram ao vê-lo.

— Essa não... Não pode ser... — disse Fauna desacreditada.

— Como não suspeitamos dele! O que fizeram com ele?! — disse Flora levando as mãos ao rosto e depois ao coração.

— Quem é ele?! — perguntou Khalil.

— O gênio achado por Aladdin. Conhece a história? — perguntou Madrinha.

— Não falem das pessoas pelas costas! — disse o gênio se materializando atrás da Fada Madrinha. Quando a mesma se virou para vê-lo, ele desaparecera.

O rosto do gênio então se multiplicou gargalhando por entre a espiral de nuvens. O chão embaixo deles se transformou em uma rede. O peso do grupo os levou a deslizar pela rede até chegarem amontoados ao centro. Abaixo deles havia um ninho de cobras astutas, todas tentando mordiscá-los. Desesperados tentaram subir rede acima, mas cada vez mais chegavam perto das cobras. Pareciam não sair do lugar não importava o quanto tentasse. Quando finalmente parecia que seriam picados o chão se transformou em um imenso tapete.

O tapete balançava e em momento algum, por mais que tentassem, eles conseguiam ficar de pé. As linhas do tapete começaram a se soltar. Uma a uma saltaram por sobre os heróis ali presentes agarrando seus braços, pernas e tapando-lhes a boca como se estivessem vivas.

— Vocês nunca vão escapar! — disse o Gênio gargalhando — Será que não percebem o quanto eu sou forte?! — quando disse isso mudou sua fisionomia para que criasse enormes músculos — acharam mesmo que poderiam me rastrear?! “Oh, ele deve estar fraquinho!” — quando disse isso alterou sua imagem para que parecesse com Flora, disse isso saltitando ironicamente e zombando da pobre fada — Idiotas! Eu deixei que vocês viessem! Eu vou castigá-los pela sua insolência até que o mundo acabe!

O Gênio então aplicou outro golpe. Fez com que as linhas brincassem com eles como se fossem ioiôs para depois lançá-los contra uma parede de tijolos caindo exaustos uns sobre os outros. Primavera que continuava dentro da gaiola fugindo do pássaro decidiu sacar sua varinha e atirar no pássaro que se transformou em uma borboleta azul. O Gênio percebeu e fez com que ela se juntasse aos outros no chão. Quando tentaram se levantar perceberam que o chão havia se transformado em uma gosma lilás que prendia seus braços e pernas. Seus pesadelos pioravam a cada segundo, parecia que nunca sairiam daquele circo de horrores ao qual o Gênio maldosamente os submetera.

Tudo pioraria dali pra frente não fosse um sussurro que Khalil ouviu quase como um sonho quando olhou para a enorme borboleta azul que Primavera havia “criado”. As palavras sussurradas fizeram com que Khalil alcançasse seu bolso e dele tirasse uma pequena gaita. Khalil começou a tocar a pequena gaita prateada involuntariamente, como por mágica. Percebeu que o Gênio começava a se irritar com o som.

— Pare de tocar. PARE DE TOCAR!

A criatura gritava e ficava cada vez mais irritada.

— O que você está fazendo?! Pare com isso! — gritavam todos para Khalil que simplesmente não conseguia parar. Por mais que tentasse – e como tentava, o jovem suava frio – não podia parar, seus braços não mais o obedeciam.

O Gênio então se materializou na frente deles. Tinha agora cerca de dois metros e meio, podiam ver sua carranca enraivecida. Ajoelhou e começou a se contorcer. A música que aos ouvidos comuns era bem simples, mas parecia ser avassaladora para o Gênio que tentava alcançar Khalil se arrastando pelo chão, como se o som da gaita o tivesse acorrentado. As nuvens à volta deles começaram a se dissipar. O grude no chão perdeu o efeito e eles começaram a se soltar. A ilusão perdia seu efeito. As fadas, Amanda e Bernardo se afastaram para que Khalil continuasse a tocar a música. O Gênio gritava no chão com toda a força que lhe faltava até que Khalil finalmente parou.

No momento em que ele parou de tocar o Gênio ficou imóvel no chão. Todos olhavam para ele esperando alguma reação adversa.

— Funcionou. — disse o Gênio olhando em volta.

As expressões de todos eram as mais confusas. O Gênio se levantou e todos recuaram por instinto.

— Madrinha! Flora! Fauna! Primavera! Funcionou! — exclamou o Gênio.

— O que há com ele? — sussurrou Amanda.

— Costuma ser louco... Não sei... — respondeu Flora.

— Você! Sabia que um dia tocaria! Sabia! — disse o Gênio correndo para perto de Khalil e antes que o jovem pudesse recuar o Gênio já o abraçava.

— Eu ouvi um sussurro no meu ouvido e...

— É claro que ouviu! Fui eu quem sussurrou!

Todos ficaram mais confusos ainda.

— Ah claro, que bobagem a minha! Só eu sei o que eu passei — disse adquirindo as feições de Demi Lovato o que arrancou uma gargalhada de Amanda — Conheço um lugar onde podemos falar sobre isso!

— Gênio, sem querer interromper, mas já interrompendo — disse a Fada Madrinha — onde está a Fada Azul?

— Ela não está no mundo das fadas?

— Não... Você a trouxe para cá.

Todos olharam o Gênio esperando uma resposta dele.

— Eu... Eu não lembro disso... Essa não...

— Como assim não se lembra?! Você atravessou o portal até a Terra do Nunca pelo Globo Místico da Fada Azul. A capturou, fez com que viéssemos parar nesse fim de mundo; perdão Khalil, para que depois quase nos matasse e no fim dizer que não sabe onde ela está?! — Disse Flora nervosa.

— Basicamente sim — Respondeu o Gênio adquirindo o tamanho e forma de um rato.

— Droga! — disse a Fada Madrinha frustrada.

— Calma, venham comigo para o lugar de onde falei... Lá eu poderei explicar tudo melhor e quem sabe não consigamos desvendar esse mistério juntos?

— E que escolha temos? — retrucou Madrinha ainda muito triste.

***

O Gênio habitava uma casa abandonada no fim da cidade. Isso era, pelo menos, o que ela aparentava. Um porão secreto aparecera assim que o Gênio ordenou. Lá embaixo havia um luxuoso quarto que é claro poderia se transformar e moldar a seu bel prazer. Por fora parecia ser um pequeno edifício no meio de uma caixa de areia, mas tal como a antiga lâmpada ao qual o Gênio havia sido acorrentado por tantos anos escondia as mais belas maravilhas.

As paredes do palácio do Gênio eram todas de ouro. Os corredores e salões ostentavam grandes colunas de mármore maciço e tanto o teto como o piso brilhavam como um rio cristalino. As decorações eram harmônicas, compostas por grandes vasos de plantas e tapeçarias penduradas nas paredes de ouro. No centro do salão principal havia um grande sofá circular com uma mesa de pedra no meio, acima dela um grande lustre de diamantes dava um toque de requinte a mais. O Gênio encheu a mesa com comidas maravilhosas e os visitantes que não comiam bem há dois dias se maravilharam com o jantar. Peru, porco e um amontoado de doces. De refrigerante à champanhe, de pudins à manjares, de frango à porco havia tudo ali. Após comerem e se fartarem, o Gênio explicou sua história.

— Bem... Eu realmente não sei onde a Fada Azul está e na verdade sinto muito se eu aparentemente a sequestrei. A verdade é que não me lembro de muito tempo... Eu lembro de estar aqui e de repente me lembro de acordar olhando pra vocês. “Há um lapso de fato” — disse o Gênio com uma expressão facial intelectual — Mas eu me lembro de ter pressentido uma perturbação no Plano da Magia há bastante tempo atrás. Viajei no tempo e...

— Você viajou no tempo?! — exclamou Madrinha.

— Perdão! Perdão! Mas eu necessitei! Eu realmente precisei! —disse o Gênio dramático assumindo a forma de uma criança esperneando no sofá. O Gênio mudava de forma frequentemente de acordo com suas emoções ou até mesmo de acordo com o que queria transmitir. A verdade é que era muito enérgico e vivaz. Primavera costumava dizer que não conseguia ficar muito tempo próxima dele, pois a energia a saturava com o tempo.

Alterou sua forma novamente e continuou:

— Eu entreguei a gaita para Khalil quando ele ainda era criança e...

— Espera, você?

— Ai, todos me interrompem! — disse o Gênio transformando sua boca em um megafone.

— Desculpe, mas é que a pessoa que me deu isso... Foi...

— Sim, seu pai adotivo. Eu mesmo vendi para ele.

— Mas... Por que eu?

— Ué Khalil... Não é óbvio? Você é descendente de Aladdin... “Será que eu não me fiz entender?!” — disse o Gênio se transformando em uma mulher e arrancando os cabelos.

— Do Aladdin... Dos contos?

— Na boa, isso foi muita coincidência... Você ser preso com o Bernardo que é descendente da Bela, Fera e Cinderela... — disse Amanda.

— Isso é magia. Bem vinda ao nosso mundo criança. — disse Fauna bem humorada — Aqui não há coincidências, há um plano maior que culmina no impossível.

— Você era o único em que eu podia confiar pra na hora certa, e eu sabia que me corromperia por conta daquela perturbação, me parar. Eu sabia que de alguma forma iríamos nos reencontrar. Eu devo minha liberdade à Aladdin. “Sou fiel aos dele até o fim” — disse isso assumindo a imagem de um cavaleiro medieval em uma armadura cintilante — Aí eu vendi a gaita para o seu pai, “mas precisava de um código” — disse assumindo a imagem de Tom Hanks em seu papel de Robert Langdon em O Código Da Vinci — então pensei que uma borboleta azul poderia ser um bom código não é mesmo? A magia fez o resto.

— Isso não faz sentido nenhum — disse Bernardo — Como você coloca um código de ativação mágico como uma borboleta azul? Você sabia que Primavera transformaria o pássaro em uma borboleta azul?

— Não. “Garoto, deixa eu te mandar o papo” — disse em forma de gângster — Nada faz sentido no mundo mágico. Eu simplesmente senti que seria uma borboleta azul na hora certa e foi. Faz parte de viver a magia, a gente acaba tendo fé em coisas impossíveis.

— Você apostou tudo em uma borboleta azul? — perguntou Amanda.

— Enfim, estamos salvos não é?! Meus métodos, minhas regras, onde estávamos? — o Gênio se transformou em um contador — “Contar para Khalil que ele é descendente de Aladdin, certo. Explicar o que aconteceu comigo...” Ah sim! Bem, depois eu retornei para o tempo em que eu estava. A onda de perturbação mística ainda pairava no ar e desde então eu não me lembro de mais nada.

— Você parecia diferente, estava maligno. Não parecia você mesmo. — disse Flora.

— Provavelmente não era. Até porque, veja bem, eu nem sempre fui bom.

— Sim, eu sei, mas o que te faria se corromper assim ou retornar à maldade? — perguntou Fauna.

— Boas fadas, realmente não sei o que poderia causar isso, mas a perturbação mágica era tão poderosa que acredito que nenhum mago ou criatura mágica na Terra conseguiu se safar. Até porque a única pessoa mais poderosa que eu na Terra é Merlin, sabem onde ele está?

— Na verdade não. Estamos muito preocupadas. O tempo em que você esteve sem memória é o tempo em que surgiu um bloqueio entre os mundos e... Por Zeus! É isso! — disse Madrinha de repente — Gênio, você disse que não se lembra de nada e pelo visto sua índole foi alterada, muito provavelmente para o ser maligno que você já foi um dia. Bernardo não se lembra da origem de sua família. Amanda e Khalil tudo bem, suas famílias são mais antigas, mas Bernardo deveria se lembrar! E se o feitiço, o bloqueio, ou que quer que seja tenha...

— Resetado a mente das pessoas... Elas voltaram ao que sempre foram, esqueceram quem eram... — Bernardo completou Madrinha pensativo.

— Por que alguém faria uma coisa dessas? — disse Primavera.

— Não sei, isso só saberemos quando encontrarmos a pessoa por trás de toda essa confusão. — respondeu Flora.

— Precisamos traçar um plano. Precisamos saber onde está a Fada Azul, seria bom se achássemos Merlin para que possamos confirmar o que acreditamos ter acontecido e então descobrir quem está por trás de toda essa história. — disse firme a Fada Madrinha.

As fadas prosseguiram com a discussão e elaboração do plano. O Gênio e Khalil se retiraram para falar mais sobre o passado e Bernardo e Amanda sentiram-se destacados ao longo da conversa e foram até outro canto da sala onde poderiam conversar.

***

— Gênio, você conheceu meu padrasto?

— Apenas o suficiente para vender a gaita para ele... — disse o Gênio para Khalil — Você sente falta dele não é?

— Às vezes penso em quem eu poderia ter sido se tivesse continuado em sua casa. Quem eu seria hoje. Ele era um homem bom e me criou com amor — fez uma pausa — Já cansei de pensar no “e se?”.

O Gênio pensou um pouco.

— Tudo bem garoto, tem coisas que nós fazemos que nos causam arrependimento mesmo...

— Você disse que nem sempre foi bom. Isso foi antes de Aladdin?

— Ah sim... — disse o Gênio bastante desconfortável para Khalil.

— Você quer falar sobre isso?

— Ah tudo bem... Eu evito, o passado é ruim, mas não há como negar.

— Eu sei como é. Fiz coisas de que me arrependo também.

— Eu era um rei muito poderoso, mas fui muito cruel também com meu povo. Isso antes de muitos reinos existirem. Eu fui tão cruel que um dos magos do reino se juntou com outros e trancafiou minha alma há um caldeirão. O caldeirão me mudou, me fez ficar azul assim com a forma alterada também e tudo mais. Ele colocou dois braceletes místicos nos meus braços que me impediam de utilizar minha magia se não fosse para atender uma pessoa e apenas três vezes. Desde que fui preso só lembro de ter sido liberto por Aladdin... Fiquei dez mil anos preso naquele caldeirão... Tudo bem, quando eu acordei ele tinha se transformado numa lâmpada, ainda não sei o porquê e nem de como fui parar em Agrabah, mas eu aprendi a lição. Aladdin devolveu minha liberdade e eu sou eternamente grato a ele.

— Eu também já fiz coisas erradas, tudo bem... Eu hackeei uma rede de criminosos e isso quase custou a minha vida.

— Eles eram criminosos? Isso não parece errado. Você foi um herói.

— Sim, mas eu roubei a aparelhagem para isso.

— É da família do Al mesmo... — disse o Gênio murmurando — É, não acho que tenha sido certo, mas pelo menos foi por uma boa causa não é...

— Acho que sim.

— Mas se eu e você podemos tirar uma lição disso tudo é que podemos mudar quem somos a qualquer momento. Eu era um tirano, hoje sou um Gênio. Você era um órfão, hoje é descendente de Aladdin. E não se preocupe com seu velho padrasto, ele estaria orgulhoso de você se visse como você salvou a todos hoje.

Khalil o retribuiu com um sorriso e os dois continuaram a conversar sobre Aladdin e as inúmeras aventuras do Gênio.

***

O salão do Gênio possuía algumas janelas, mesmo sendo subterrâneo. Elas mostravam tudo o que você desejasse ver, eram como ilusões, podia-se até mesmo sentir a brisa através delas. Bernardo e Amanda se sentaram em um pequeno divã que encostava-se sob uma dessas janelas que naquele momento mostrava o mar e ambos podiam sentir a brisa marinha.

— Eu nem consegui te agradecer por aquele dia no mercado — disse Amanda.

— Sobre?

— Você me salvou não é? Pediu para que eu entrasse no armário e ficou lá. Levou um galo por mim. — disse a menina apontando para o curativo na testa de Bernardo.

— Ah, não foi nada. Eles poderiam ter feito coisa pior com você...

— É eu sei. Obrigada.

Ficaram em silêncio por um tempo.

— Que loucura não é? Parece que agora você não tem como não acreditar. O mistério está se desenrolando e como não bastassem as fadas, entra na história um Gênio.

— Não é? Sempre que penso em tudo isso acho uma loucura, mas... Se somos mesmo descendentes deles, será que somos apenas contatos nessa situação toda?

— Como assim?

— Se a história de cada um ocorreu como de fato nos contos, eles foram pessoas grandiosas, será que com essa reviravolta não deveríamos ser grandiosos também. Tudo que eu consigo enxergar é só um chefe de uma empresa e uma cantora... Sem ofensas, claro.

— Eu entendo. Eu sempre acreditei muito nas coisas. Acho que todos nascem por algum motivo. Talvez você precise de um pouco mais de fé. Você é muito cético.

— Não, eu sou realista. Não temos um exército, nem arma alguma.

— Será que não percebeu que tudo se desenrola sem isso? Você foi salvo da morte no deserto, o Gênio apostou tudo em uma borboleta azul... A magia encontra um jeito de desenrolar tudo. Seja mais paciente e se deixa levar. — Amanda deu um leve soco no braço de Bernardo e se levantou — Eu posso não ter uma espada igual ao Felipe, você pode não ter as garras da Fera, mas se o bem vence mesmo o mal, nenhum de nós precisa disso.

Amanda se virou e andou na direção das fadas. O rapaz permaneceu ali por mais algum tempo olhando para a janela pensando em tudo que estava acontecendo e tentando fazer com que as palavras de Amanda se tornassem verdades para ele.


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