“Te quiero a ti sinceridad, no tener miedo del fracaso, quiero arreglar la falsedad.”

Novamente eu estava olhando aquele maldito convide, ele foi meu passaporte para o inferno. Desde que recebi não parava de olhá-lo, ainda era como se eu não acreditasse no que estava vivendo. Passei a semana completamente desnorteada cada vez mais trancafiada no meu mundo, eu tinha que pensar numa estratégia para impedir Poncho de se casar com a outra. Fora que continuava a receber umas mensagens estranhas, não tinha autor e mantinha o número desconhecido. Vou ficar louca desse jeito.

Merda! Estou atrasada tenho que estar em Televisa em meia hora, obviamente não vou chegar a tempo, com o trânsito dessa cidade? Já era a décima quinta vez que Luisillo me ligava, me apressando.

Todos que me conhecem nem que seja um pouco ou até mesmo acreditam que me conhecem, perceberam a minha mudança de comportamento, dos últimos dias. Meus fãs estavam desesperados tentando descobrir o que teria acontecido comigo, a impressa mexicana estava ensandecida inventando mil e uma histórias sobre meu estado. Talvez o meu silêncio somente, aumentava a audiência de todos. Porém, apenas meus amigos e familiares sabiam – ou desconfiavam - que no fundo tinha - tudo - haver com Poncho, sempre foi assim.

Depois de milhares de entrevistas, milhões de perguntas, acho que nunca vi tanto microfone em tanto tempo de carreira, eu definitivamente era o assunto do momento. Odiava essa superexposição, Poncho não deu sinal de vida. Fiquei tentada a ligar para ele ou aparecer no seu apartamento, mas o que eu falaria? O que cobraria? Eu realmente tinha o direito de cobrar algo? Foi nesse momento em que a vi.

:- Maite? – Eu perguntei ofegante pela corrida que eu dei para alcançá-la.

:- Sim!? – ela se virou, o cabelo novamente preto teve aquele balanço perfeito de sempre. – Ah, Dul, como você está? – Ela me perguntou sorrindo, mas ainda consegui enxergar uma sombra em seus olhos, o que ela estaria escondendo de mim?

:- Estou bem, e você? - Falei perdendo todo o ar de acusação que eu tinha na ponta da língua.

:- Bem.

:- Hãn, Maite, podemos conversar?

:- Claro.

Saímos nós duas do estacionamento e fomos no meu carro, para um restaurante próximo a Televisa, o ambiente teve um ar tenso com um silêncio desconfortável.

:- Então, sobre o que quer conversar comigo, Dul. – Sempre solícita e sorridente ela me olhava me avaliando, como se soubesse que eu por mais forte aparentava estar, precisava de ajuda.

:- Ah, queria falar sobre... – tentei falar enrolando.

:- O casamento dele? – direta e certeira, tinha me esquecido o quanto ela me conhecia e me desconcertava, muitas vezes com uma só frase ou palavra.

:- Sim. Eu estou como um vulcão de emoções ambulante Mai, estou preste a entrar em erupção. Nunca pensei em passar por esse pesadelo, nunca cheguei a pensar que passaria por esse momento. – Desabafei com aquela que conhecia os dois lados da história, por mais desconfiada que estivesse com relação a Maite de fato ela era cativante, me fazia querer seus conselhos, sua ajuda, seu colo e cuidados que só ela sabia oferecer para aqueles que ela apreciava e se encontravam em desespero.

Ficou calada me observando, como se processasse o que ela deveria me falar.

:- Você sabe que não acompanhei desde o começo o relacionamento de vocês dois, Dulce. Mas, talvez tenha presenciado uma das fases mais complicada entre vocês, aquele termina-não-termina, esse vai e volta que destruía pouco a pouco cada um de vocês, acompanhei todo o seu sofrimento e o dele. – Conforme eu a assenti prosseguiu a falar rapidamente, do jeito calmo e afobado dela – Esse momento que você está vivendo é como uma estrada chegou à hora de decidir definitivamente o que você deseja para a sua a vida!

:- Decidir? – A perguntei confusa e temerosa.

:- Sim, Dul. Você tem dois caminhos que escolher para seguir o primeiro é, deixará Poncho se casar com Perla, e consequentemente ele deixa a sua vida de vez ou vai impedir esse casamento e lutar mais uma vez por esse amor complicado de vocês. O mais importante é Dulce, a felicidade de vocês está em jogo, não vão poder mais voltar sempre que desejarem e colocar a culpa no desejo “sexual” de vocês ainda mais por que ele estará casado e depois poderam vir filhos e ...

:- Ok, ok. – a interrompi completamente assustada com essa possibilidade - Mai eu tenho consciência disso, não acha que coloquei tudo numa balança? Infelizmente, as coisas não são fáceis, para gente, sabe como somos complicados, como temos mil e um motivos para não estarmos juntos.

:- Dulce, se tiver apenas um motivo – fez o gesto com a mão, erguendo o indicador - para lutar por esse amor, é um começo, o amor não é fácil para ninguém – percebeu que eu ia interrompê-la – Não, não pense que eu e Mane estamos fora disso, não se deixe enganar pelas as aparências, o amor ás vezes é construído a cada dia, é necessário lutar por ele diariamente, juntos você e ele. Não chegou a hora certa para parar de inventar desculpas e ir atrás da sua felicidade? Por que não coloca um fim nesse ciclo vicioso que vocês possuem?

Ficamos caladas. Eu refletindo sobre o bombardeio dela e ela me analisando. Ficamos assim até que ela colocou suas mãos sobre a mesa e tomaram as minhas, queria que eu focasse nela.

:- Hey, por favor, tome a decisão certa, eu sei que vai fazer o que é realmente melhor para você, para os dois. Acredite no amor, Dulce, no amor de vocês dois. Quer saber Angelique tem razão.

:- Angel? No que? – Completamente confusa.

:- Vocês são o casal mais lindo que tive o privilégio de ver, ainda que não estão juntos.– Disse nostálgica me transportando para um passado onde era simplesmente nós dois, um casal apaixonado, vivendo e desfrutando do nosso amor.

Buzina!

Olhamos assustadas na direção da buzina.

:- Opa é Mane, eu me esqueci de avisar que estava aqui. Nem sei como ele me achou – Ela disse rindo e dando um tapa na testa.

:- Mai, antes de ir posso te fazer uma pergunta, a última de hoje, eu prometo. – Eu tinha que tirar essa dúvida.

:- Duas se você for rápida. – Ela já estava de pé.

:- Você trairia minha confiança? Trairia nossa amizade, Maite?

Demorou até ela me responder, nos encarávamos e eu não sabia definir aquele momento.

:- Não, Dulce. Sua amizade é um dos privilégios que tenho na vida, gatinha. – Me falou piscando e sorrindo, por um momento me lembrou de Lupita.

:- Me desculpe Mai. Será que antes que Mane reclame buzinando você poderia me dar um abraço. Levantei meus braços, já de pé da mesa.

Não me disse nada apenas me abraçou, do jeito acolhedor dela. Apertado e desajeitado ao mesmo tempo.

:- Às vezes eu sinto falta dos seus conselhos e abraços. – sussurrei apertando o abraço. – e eu de cuidar de você, logo, você é tão fragilmente forte Dul. Mas, tenho que ir agora, antes que ele buzine.

Soltamos do abraço, e fiquei olhando ela ir de encontro ao namorado. Dei um tchau para o Mane, e joguei um beijo no ar para May, ela me retribuiu movendo os lábios com um se cuida.

Voltei a minha mesa no restaurante e resolvi tomar um café, entrei rapidamente no twitter. E vi uma mensagem dela.

@MaiteOficial A veces es necesario desprender del fantasma del fracaso y ser sincero consigo mismo, quiza solamente así seamos felices de verdad.

Sorri antes de dar RT nela.

@DulceMaria las aparencias engañan, ni todo que parece es real. Pero todavía tenemos amigos que nos guian para la luz no medio de esa oscuridad @MaiteOficial

Não podia deixar de agradecê-la, não me importei sobre o quanto aquele twitter poderia percuti mundialmente. Percebi então voltando para minha home que Poncho também deu RT nela. Isso só me fez lembrar, do maldito casamento, porém agora tive um incentivo a mais de Mai para lutar por aquilo que eu quero.

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