Ao abrir os olhos me dei conta de que estava no sofá da sala, com uma grande dor de cabeça por conta da ressaca da noite anterior. Sinceramente, eu não gostava de beber, nem precisava disso, mas não podia negar um desafio novo.

– Precisamos conversar, mocinha. - Meu pai falou ao entrar na sala e abrir as cortinas do cômodo, fazendo-me protestar contra a claridade que agora tomava o lugar.

–Pai, por favor, eu não sou uma criança. Você sabe que tenho estômago forte pra bebidas, e que não faço isso com frequência, então por favor, me deixe dormir.- Pedi cobrindo os olhos com um dos braços. Pude ouvir a gargalhada de Charlie, e logo após o sofá afundou ao meu lado.

–Bella, eu não estou preocupado com isso. - Falou mantendo a calma enquanto prosseguia. - Você faz certo ao aproveitar a juventude que ainda lhe resta. Só me preocupo com... Você ser assim tão popular. -

– Ah, qual é pai, não tem problema nenhum em ser popular, tenho muitas vantagens por conta disso. - Falei sentando-me, já que pelo visto não conseguiria mais dormir.

– É que manter todos os olhos em você dessa maneira, não é tão agradável. - Falou franzindo o cenho. Algo estava errado.

– O que foi? Tem algum serial killer solto pela cidade dessa vez? - Perguntei massageando as têmporas.

– Nunca se sabe. - Falou sorrindo sarcástico. - Tome cuidado por aí.- E levantou indo em direção à saída. - Não vá se atrasar para a aula. - E saiu fechando a porta, para logo ir embora dentro de sua viatura. Sorri com a preocupação de Charlie.

Após a morte de minha mãe Reneé ele não era o mesmo chefe da polícia de antes. Sempre fora um bom pai, mas não éramos tão próximos quando o assunto era sentimentos. Desde que Reneé se foi, não trocamos nenhuma palavra sobre o assunto.

Após comer uma fatia de bolo de chocolate e tomar um café bem forte, subi para meu quarto e tomei um banho gelado para tirar toda aquela ressaca maldita de mim. Hoje haveria uma prova muito importante, e nada poderia tirar minha concentração. Quando acabei de me arrumar, vesti minha calça jeans preta rasgada dos joelhos para baixo, uma camiseta cinza colada ao corpo que ia até abaixo do quadril, e uma jaqueta de couro preta com meu salto alto preto. Sim, popularidade não é um sinônimo de patricinhas mimadas que usam rosa. Eu não tinha nada de metida ou mimada, nunca fui esnobe, muito pelo contrário, sempre tentava tratar as pessoas a minha volta muito bem, mas claro que não é possível agradar a todos... Peguei minha mochila e sai de casa em minha picape cantando pneus ao som de Led Zappellin.

Ao chegar no estacionamento da escola logo encontrei Jasper e Rosalie, meus melhores amigos, ambos irmãos. Jasper era um ano mais velho que nós duas, era muito inteligente e reservado, já Rosalie apesar de inteligente era como uma rainha que vivia para ser a atenção de todos. Emmet, o capitão do time de futebol da escola, era caidinho pela loira de curvas perigosas, mas Rosalie nem dava trela para o coitado, pois seu foco era em James, o filho do diretor da escola.

– Chegou exatamente na hora, como conseguiu? Depois de todas as doses de tequila que tomou ontem com aquele cara esquisito no Bar do Mineiro, achei que nem viria hoje. - Jasper falou sorrindo e passando o braço por cima de meu ombro.

– Parece até não me conhece sr. Hale.- Respondi olhando-o desapontada, até vê-lo tirar um pacote do bolso e entregar-me o mesmo, enquanto Rosalie estendia-me uma garrafa de água.

– Aposto que conhecemos o bastante para saber que está com uma dor de cabeça terrível e que precisa se concentrar para a prova de Física de hoje. - A loira falou sorrindo. Peguei o remédio e a água sem pensar duas vezes e o tomei ali mesmo.

– O que eu faria sem vocês na minha vida?- Perguntei pegando ambos em um abraço de urso.

– Ah não, Isabella Swan, eu preciso dar minhas roupas perfeitamente passadas, por favor. - Rose falou tentando desvencilar-se do abraço enquanto Jasper tentava respirar. Soltei ambos e então ouvimos o sinal tocar, os alunos começaram a caminhar para dentro do prédio, e nós fizemos o mesmo.

Tudo era tão calmo e maravilhoso em nossas vidas, que era difícil acreditar no mal que existia no mundo. Respirei fundo enquanto observava em volta dos corredores os alunos sorrindo e conversando animadamente, cada um era feliz da sua maneira.