Em Busca do País das Maravilhas escrita por XCoelhoBranco666


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Casa do Coelho Branco


Notas iniciais do capítulo

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Era sábado. Todo o tempo de sono da manhã adquirido com a primeira semana fora desperdiçado. Os três jovens aguardavam sonolentos na estação.
Martin sempre levantava e conferia sempre as mesmas linhas que teriam que passar. Nicole comprava um lanche no mercadinho local. Lucas fisgava um sono e vez em quando e repetia sempre as mesmas reclamações: “Tô com sono...”, “Tá demorando”...
Nicole voltará segurando nas mãos um pacote de biscoitos de manteiga, daqueles bem genéricos e enjoativos em que os ingleses afundam no chá.
No mesmo momento o trem chega, não havia muitas pessoas no local, eles simplesmente se levantaram e adentaram.
Procuraram por um lugar perto da janela, não foi muito difícil. Lucas e Martin sentaram-se virados para Nicole. Com o balanço suave da máquina pelos caminhos subterrâneos do metrô, todos logo cochilaram, exceto por Martin.
Ele estava animado e confuso demais. Depois de anos de historiadores procurando pelo livro perdido, justamente ele. Alguém havia colocado aquela carta nas suas coisas.
Seus olhos se viram a Nicole, o seu cabelo ruivo deitado por sua face adormecida a tornava incrivelmente graciosa. Ele a achava bonita.
Num piscar de olhos, inesperadamente a “música de elevador” repetitiva que tocava dentro do trem começa a falhar, o som se corta várias vezes, a melodia começa a fazer modulações graves e agudas tornando-a inexplicavelmente assustadora. A luz fraca acima dos vagões também falha se apagando e ascendendo misteriosamente. A atmosfera havia ficado fria.
Estranhando a situação ele levanta seu pescoço a procura de algo a mais no vagão, numa fração de segundo o canto de seu olho pega uma imagem bizarra e inexplicável, havia uma pessoa de aparência velha do lado de fora do metrô, no túnel, usando um manto vermelho, todo encapuzado.
A cena faz congelar toda sua espinha, ele se vira para a janela assustado, mas não estava mais lá. Ele não conseguira ver o rosto do sujeito direito.
Seus amigos se levantam ao perceber a agitação do garoto.
– O quê foi que aconteceste a ti? – Nicole pergunta a Martin estranhando-o.
– É cara, parece que viu um fantasma. – zomba Lucas.
– Talvez eu tenha visto – respondeu com a voz tão baixa que não chegava a ser nem um sussurro.
– O quê?! – exclamaram os dois tentando conferir o que eles ouviram.
– Nada, deixa pra lá – disse Martin por fim.
A luz e a música já haviam voltado ao normal sem que ele percebesse. Uma voz eletrônica avisa os passageiros:
“Chegada a Guildford”.

*

Se unindo ao grupo de turistas, eles seguem em direção ao rumo da casa do autor. Tudo naquela cidadezinha era simplesmente encantador, patrimônios certamente da época vitoriana, pequenas praças, pequenas lojas decoradas com a “essência” do resto do local.
A cada rua de pedrinhas em que atravessava, Martin ficava mais ansioso. Até que por fim a famosa construção surgira na esquina.
Um instrutor dos turistas parou e começou a explicar um pouco sobre a história do local. Martin, Lucas e Nicole passaram direto em direção à porta.
Havia uma placa dourada, nela grifada “Dodgson’s” e embaixo um papel explicativo contando um pouco do autor que morara ali. A porta se abriu rangendo grosseiramente, aquela era provavelmente a construção mais velha (porém a mais bela) que já viram pessoalmente.
No hall principal havia uma grande redoma de vidro cercada por correntes, dentro havia vários objetos importantes da casa, telefones, cadernos e o que mais os chamaram a atenção, um trio de bonecas de porcelana.
Cada uma delas havia uma etiqueta com um nome escrito.
– “Edith, Alice e Lorina” – Leu Lucas, em seguida olhou para os fanáticos de Alice como se esperasse uma resposta.
– Sim, é isso que você está pensando – falou Nicole com um pequeno tom de arrogância.
– Realmente existiu uma “Alice” na vida real Lucas – explicou Martin melhor – Ela se chamava Alice Liddell e tinha mais duas irmãs, Edith e Lorina Liddell, eram amigas do autor. Elas foram praticamente a inspiração para Carroll escrever o livro.
– Uau! – surpreendeu-se – Eu não sabia disso.
– É verdade, mas... – Nicole começou a dizer algo, mas parou.
– “Mas” o quê? – insistiu Lucas.
– Lewis Carroll via... “Algo a mais” em Alice do que como amiga. – completou.
– Você está dizendo que...?
– Não estou dizendo nada Lucas. Sei o que você está pensando sobre isso, mas ninguém pode confirmar nada. Lewis Carroll era um homem estranho, embora uma das suas frases mais polêmicas fosse “Gosto de crianças, exceto meninos.” Ninguém pode afirmar que ele tivesse casos amorosos com menininhas.
– Parece que tem um enorme furo nessa história dele toda. – Lucas respondeu tentando não deixar o assunto morrer, começava a ficar mais interessado naquilo.
– Sim Lucas, grande parte da vida de Carroll foi um enorme borrão nos olhos dos historiadores e dos admiradores. A única peça na qual podiam descobrir se o envolvimento dele com crianças eram reais foi o seu diário, que acabou sendo inútil de qualquer modo.
– Porque foi inútil? – Lucas insistiu mais uma vez – Se ele tinha mesmo um diário, não deveria ser possível encontrar as respostas para isso?
– Era um fato que Lewis Carroll escreveu por toda a sua vida, porém um pouco antes de morrer no século XIX, o seu diário desapareceu misteriosamente e ninguém nunca mais o viu desde então. – Nicole já estava saindo quando virou na direção do amigo mais uma vez – Não foi apenas um diário, mas toda a sua vida desapareceu junto a ele. Ninguém sabe quem esse homem realmente foi, Lucas... – finalizou se distanciando, voltando ao trabalho.
Lucas deu os ombros e eles continuam a explorar a casa. Martin passou por uma estante de livros empoeirados na sala principal, todos sobre filosofia ou religião. Enquanto isso, Nicole passeava por uma cozinha intrigante.
Lucas chegou à escada, mas havia uma corrente escrita, “Área em não exposição, entrada só para funcionários”. Ele passou por cima da corrente ignorando completamente o aviso, chegou aos quartos, todos cheiravam a poeira e mofo e eram mal cuidados, por fim acabou num escritório, não poderia ser o de mais ninguém ao não ser do autor.
Havia uma escrivaninha perto da janela, nela estavam postas um par de luvas e um leque. Aquilo com certeza eram sobre o que a pista falava.
“Deve haver outra pista por aqui” pensou consigo enquanto grosseiramente revirava tudo das gavetas.
Percebeu em um dos pisos havia aquele tal símbolo marcado na madeira. O brasão do País das Maravilhas que o Martin havia falado. O mesmo da carta.
Ele se lembrou de todas as horas em que assistira a casos de detetives na TV e deu leves batidinhas na madeira. O piso estava oco.
Ele se levantou e correu de volta as escadas.
– Martin! Nicole! – gritou animado com a sua descoberta.
Os outros logo correram e lá de baixo fizeram sinal de silêncio para ele.
– Você é louco!? – Martin deu bronca – Não pode subir aí.
– Eu descobri a próxima pista. – completou a frase tentando desta vez ser mais baixo.
Ao ouvirem isso Nicole e Martin correram até ele também ignorando o aviso e a bronca que acabaram de dar.
Eles chegaram ao quarto e Lucas os apresentou a descoberta.
– Estão vendo essa mesa? É onde fica o leque e as luvas, o mesmo que foi dito na pista! Agora olhem este piso, ele está oco! E tem o mesmo símbolo que vimos antes!
– Lucas você é um gênio! – disseram Nicole e Martin em coro como da última vez.
Martin tira um canivete da mochila e começa a cortar as bordas do piso, como já estava velho o trabalho é simples e rápido. Eles levantam a tábua e é revelado um compartimento secreto.
– Tem algo do fundo. – fala Martin enquanto enfia a mão dentro – Me ajudem a tirar.
Logo o objeto escondido é retirado. Não era um pergaminho, nem uma carta, envelope ou coisa do tipo. Era uma casinha de bonecas.
O mais curioso era que o brinquedo era a própria casa de Lewis Carroll em tamanho reduzido. E na porta uma placa dourada que em vez de estar escrito “Dodgson’s” estava “Casa do Coelho Branco”.
– Incrível – Nicole admirou-se – isso esteve aqui por anos!
– Olha – aponta Lucas – tem um tipo de fechadura estranha.
Eles analisaram e Martin logo matou a charada. Tirou do bolso o envelope de papel com o dedal, o colocou no dedo e o encaixou na fechadura. Serviu perfeitamente. Ele o girou como uma chave comum e todos sentiram o barulho de algo destrancando.
O brinquedo se abrira ao meio, revelando o interior da casinha. Era impressionante, toda a construção, os móveis, detalhes como os ladrilhos e marcas nas paredes, era idêntico à casa original.
– Está brilhando. – aponta Nicole para a estante de livros da sala principal.
Havia algo escrito em inglês na pequena parede em douradas letras reluzentes, estava um pouco apagado.

“Quem é você?”

– Só isso então?! – retruca Lucas. – “Quem é você”?
– Essa é não era a pergunta que a Lagarta Azul fez a Alice na história? – analisou Martin já sabendo a resposta.
– Deve ter algum significado interno. – Nicole afirmou.
Os pensamentos que corriam ali foram interrompidos. Eles ouviram a porta do quarto ranger, alguém os pegara.
– O que pensam que estão fazendo? – berrou em britânico.
Martin e Nicole logo reconheceram, era a voz grossa que escutaram na biblioteca quando roubaram o manuscrito. Eles logo se viraram e dão de cara com um homem por volta dos 20 e poucos anos, bem vestido de aparência rígida.
Olhava para os três com uma cara fechada, claramente irritado como se esperasse uma resposta deles.
– Err...Ann... – Martin tentou explicar a situação mais nada saia.
– Afastem-se! – ordenou o homem.
Eles fizeram como pedido. A expressão de raiva do rapaz logo mudou ao ver a pequena casa, ele ficara pálido, claramente confuso, a ponto de desmaiar.
– Saiam daqui. – disse firme – AGORA!
Martin, Lucas e Nicole desceram as escadas correndo completamente assustados e confusos diante da situação.
– Vamos voltar para Oxford? – Nicole sussurra.
– Não. – Martin diz firme mesmo diante do susto – Há mais alguma coisa nessa casa, voltaremos amanhã.
Enquanto saiam pela porta do hall, Martin pode fisgar uma conversa rápida de uma criança com a mãe.
– Mamãe, cadê aquelas três garotinhas?
– Que garotinhas, filho?
– Aquelas três irmãs. A mais nova disse que o namorado dela morava nessa casa.
O mesmo arrepio que sentira durante o incidente no trem voltou à tona.


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Notas finais do capítulo

Coelho aqui! Yo! Pessoal, a história parece estar tomando um rumo diferente não é? hahaha! Lembrando que ele também está disponível na Amazon e no Wattpad. Também curtam a página oficial do livro no facebook: facebook.com/EmBuscadoPaisdasMaravilhas



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