Em Busca do País das Maravilhas escrita por XCoelhoBranco666


Capítulo 2
Capítulo 2 - Numa Tarde Ensolarada




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Martin acabara de pegar sua cartela na recepção. Nela continha os horários e as matérias, mapa da universidade, coisas do que fazer caso ficar perdido, nome de professores e alguns funcionários além de uma exagerada e desnecessária mensagem de como a universidade estava orgulhosa de recebê-los.
Ele termina de juntar os materiais necessários e sai correndo atrás de Lucas que já estava dobrando a esquina.
— Rápido! Nos já estamos em cima da hora. – exclamava de longe – sem dizer que nem sabemos onde é a sala.
— Espera! – falou enquanto se embolava tentando trancar a porta do quarto.
Martin sai em disparada, entre a correria e a distração ele se lembra que esquecera de avisar a sua família no Brasil de que a viagem tinha seguido bem e de como estava agora. O dia já havia começado na agitação.

*

Já na sala estavam os funcionários (os mesmos que ele havia encontrado quando chegou ao campus) se apresentando e falando como estavam felizes pelos novatos aprovados, basicamente repetindo toda aquela parafernália do cartão da recepção.
O garoto escuta as aulas com a maior atenção possível, anotando cada mínimo detalha que surge. Nem é necessário levantar a mão em caso de haver dúvida, pois outro aluno brasileiro já levantava na sua frente e o respondia a questão. Praticamente toda aquela sala estava formada por pessoas de vários lugares do mundo exceto da Inglaterra.

*

Quando o toque do intervalo bateu, ele não perdeu a chance e foi direto para a biblioteca. Ela estava praticamente vazia, a bibliotecária Lacie o viu e lhe deu cumprimentos. Procurou uma mesa bem distante para se sentar e revisar as anotações.
Ele mal podia prestar atenção, havia tantos livros e coisas que o impressionavam naquela sala. O seu estado de transe foi interrompido por um barulho que vinha de um dos corredores, foi um livro caindo. Deu-lhe tempo de ver a pessoa se abaixando para pegá-lo e logo reconheceu os cabelos ruivos. Era a garota que havia visto na entrada da Catedral.
Martin levanta-se e vai, tentando não parecer tão objetivo, na direção dela.
— Hi. – diz do outro lado da estante no espaço em que o livro caído estava.
— Olá – responde a garota com um tom tanto quanto surpreso.
— Brasileira também?!
— Mais ou menos. – ela ri graciosamente como já tivesse ouvido a pergunta antes – Nasci em Portugal, mas fui nacionalizada no Brasil.
Martin atravessa para o outro lado e vê o livro que ela havia derrubado. Era um volume único de Alice.
— Você se interessa por Lewis Carroll? – perguntou.
— Sim. – diz com um sorriso empolgante – Desde miúda Alice no País das Maravilhas foi minha fascinação, estes anos tenho estudado sobre as teorias envolvidas na obra. Por isso eu decidi de última hora estudar aqui em Oxford.
— Sou praticamente a mesma coisa, engraçado pensei que só eu tinha essa fascinação.
— Já que é tão alucinado, conhece a lenda do livro não é? Lewis Carroll escreveu um terceiro volume da história de Alice.
— A lenda do terceiro volume? Claro, todo fã de Alice já ouviu falar disso.
— Sabe guardar segredo?
— O quê? Você está procurando o terceiro volume? – brinca.
Eles riem.
— E de acordo com a lenda – diz uma voz conhecida por trás dos dois – O mapa para achar o livro está escrito com tinta invisível na folha de rosto do manuscrito original.
Eles se viram e veem a bibliotecária Lacie que ouvia a conversa toda.
— Você sabe português?! – Martin estranha.
— Um pouco, daquela outra vez não sabia que você era brasileiro – explicou. Martin mesmo assim achou estranho pelo motivo de achar o seu sotaque muito denunciador – Vocês sabem que o manuscrito está aqui não é? Na sessão de obras raras.
— Sim, mas os historiadores mais famosos já testaram e foi comprovado que não há nenhum tipo de tinta invisível em nenhum lugar do livro. – Disse a ruiva mostrando sua sabedoria sobre o assunto.
Lacie sorri.
— É verdade, não passam de lendas e teorias da conspiração. – e foi embora de volta a bancada de informações para atender um telefonema.
— Como se chama brasileiro?
— Martin Roque.
— Chamo-me Nicole Fialho.
O sinal toca, eles caem na realidade.
— Preciso voltar pra sala. Posso ter o seu número? – perguntou a ela.

***

As aulas passam rápido em comparação a cabeça do garoto no momento, estava cheia de engrenagens criando ideias e pensamentos inusitados. Ele quase havia se esquecido da lenda do terceiro volume, aquilo o deixava empolgado, se realmente houvesse alguma coisa ele estaria mais perto dele do que imaginava. Não, Martin não poderia pensar assim, milhares e milhares de estudiosos de Carroll e historiadores famosos morreram a procura do tal livro.
O último sinal bate. Droga. Ele havia perdido todo o conteúdo das aulas, sem anotações, sem conteúdo. São cinco horas.
“Hora do chá” pensa.
Ele confere mais uma vez o celular, sem erros. Exausto, faz questão de ir direto para o quarto.
Lucas, pelo jeito, ainda não havia chegado, deitou-se ignorando completamente os livros que carregava. Ligou o computador, acessou o facebook e mandou uma mensagem para seus pais dizendo estar tudo bem e pedindo desculpas por não dar notícias antes.
Ele se lembra do fato estranho do dia passado. A carta de baralho que colocaram na sua mala, correu até a cabeceira e tirou o objeto das bordas do espelho, analisou mais uma vez. Era a carta da rainha de copas, a mesma personagem do livro, coincidência? Mas aquela carta era diferente, ele sentia, havia algo especial nela, algo que havia visto antes.
Pegou na estante seu volume de Alice que sempre levava consigo e analisou as ilustrações de John Tenniel da personagem Rainha de Copas. Não, a carta não se parecia com a da ilustração do livro. Então, o que teria de tão familiar nela?
Lucas entrou no quarto de uma só vez, estava falando no telefone em inglês. Sentou-se e desligou.
— Como foi de primeiro dia? – falou imitando uma voz de uma velha fofoqueira.
— Bom... Razoável talvez. – respondeu Martin sendo sincero.
— Estão tããão cansado – disse jogando-se na cama – é muita coisa. O que está fazendo?
— Tentando entender o motivo de essa carta estar no meio das minhas coisas ontem.
— Você é realmente vidrado nessas coisas de Alice, tem um manuscrito na biblioteca, sabia? – falou analisando a estante de Martin de longe. – Eu fui convidado para uma festa daqui a pouco, quer ir?
— Não, já quero começar a estudar.
Lucas se levantou e foi até o banheiro. Martin ligou o seu celular e ligou para Nicole.
— Me encontre na biblioteca hoje às 10 horas. – disse assim que ela atendeu.
— Por quê?
— Porque iremos ver o manuscrito de Alice.

*

— Foi muito giro a Srta. Lacie nos deixar ver a sessão de obras raras, não é? – Disse Nicole empolgada seguindo Martin a caminho da biblioteca.
— É. – afirmou. Martin havia inventado aquela história para poder levar Nicole junto.
Martin usou sua força e empurrou a grande porta de madeira pesada. Eles entraram.
— Porque a porta estava fechada? – questionou ela – Porque as luzes estão apagadas?
Martin ignora as perguntas e segue por dentro das estantes e corredores, mas os dois são surpreendidos por Lacie.
— O quê vocês estão fazendo aqui!? – surpreendeu-se – A biblioteca já está fechada.
Antes de Nicole falar alguma coisa, o garoto já interrompia.
— É porque a Nicole esqueceu um livro aqui, só viemos buscar.
— Porque não vieram amanhã?
— Porque ela precisa do livro pra amanhã.
— Ah, sim – refletiu – esperem aqui que eu irei buscar um chá para vocês.
Lacie se virou e foi para os fundos da sala.
— Porque disse aquilo? – Nicole indignou-se – Você mentiu, não é? Mentiste.
— Sim, ela disse que tinha as chaves da sessão de obras raras. Espere aqui vai ser rápido.
— O quê?! Vai roubar a chave? Ficou maluco?!
Martin a ignora novamente e entra atrás do balcão. Depois de um tempo ele volta erguendo a chave, vitorioso.
Lacie na mesma hora volta com o chá.
— Nós achamos Srta. Lacie – Disse o garoto fingindo colocar algo na bolsa de Nicole.
— Que bom que acharam, aqui está o chá.
— N-Não, precisamos ir agora, está ficando tarde e temos aula amanhã – falou a garota embarcando na mentira e praticamente voando para a porta de saída.
— Mas... – Lacie parecia confusa. Antes mesmo de dizer algo os jovens já haviam saído.
— No que está pensando? – sussurrou no caminho para os dormitórios.
— Eles não nós deixariam ver o manuscrito de qualquer jeito. Vamos voltar aqui às três da manhã – explicou Martin – assim a Srta. Lacie já estará dormindo e poderemos entrar e ver o livro.
— Ok, mas se descobrirem, a culpa será somente de sua autoria.
— Não se preocupe não faremos nada de mais. Só olharemos como é o manuscrito.
— Assim espero.

*

A adrenalina estava à tona na cabeça de Martin, ele iria invadir a biblioteca de Oxford para roubar um manuscrito. Aquilo era tão divertido e ao mesmo tempo tentador e perigoso. Lucas ainda estava na festa e provavelmente só voltaria pela manhã bem na hora da aula, então ele aproveitou para sair sem deixar questionamentos.
— Trouxe a chave? – Perguntou Nicole deixando seu nervosismo claramente a mostra.
— Sim – disse mostrando-a enrolado num pano.
— Sabes que podemos ser expulsos ou pior, presos.
— Não me abandone agora – implorou de uma maneira gentil – eu preciso de alguém para fazer isso comigo. Tome, use essas luvas.
Nicole olha para ele meio confusa.
— É para não deixar impressões digitais. – explicou ele. –Vamos Nicole, por favor, por Alice.
Ela olhou para cima, pra baixos, pros lados, para as diagonais e por fim para ele. Sorriu.
— Por Alice.


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Notas finais do capítulo

Opaopa Olá! ^^ Ihh gente, e agora? Como antes, obrigado por ler até aqui! Fico muito agradecido, aliás, e esse enredo hein? Hahaha, qual será o rumo dessa história pessoal? Espero que tenham gostado, se quiserem deixar sua opinião seria incrível e aguardem pelos próximos capítulos.



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