Casada com Tony Stark escrita por Bruna


Capítulo 4
Regras


Notas iniciais do capítulo

Desculpe se houver qualquer erro!
Beijos s2



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“Eu não me importava nem um pouquinho, mas não porque eu estivesse ignorando, e sim por que a ficha ainda não havia caído.”

Novamente no carro deito minha cabeça na janela e vejo algumas poucas gotas de chuva começar a cair e deixar o vidro embaçado. Um silêncio se instalou no carro, só o que se podia ouvir era a nossa respiração.

Eu não sentia necessidade e nem vontade de falar, depois de passarmos por tudo isso, só agora que a ficha realmente caiu.

Eu estava casada com Tony Stark!

Isso não era normal e nem fazia sentido, eu com certeza devia ter batido a minha cabeça e agora estava no hospital em coma. Ou melhor, eu havia ficado completamente louca e eles haviam me internado em algum tipo de sanatório e lá eles me dopavam tanto de remédio que eu fiquei mais louca ainda, tendo alucinações e talvez, entrado em coma.

Resumo de tudo isso: Eu estava em coma. E nesse coma eu estava casada com Tony Stark.

Ótimo, agora que eu sabia exatamente o que estava acontecendo, eu podia relaxar, era só aproveitar, não é mesmo?

Aquilo tudo era realmente muito estranho, agora aqui perdida em meus pensamentos, eu sentia como se uma ancora houvesse sido jogada, me prendendo no lugar onde eu estava.

Eu não poderia agir normalmente em uma situação como essa, não era nada normal. Mesmo que a ficha tenha demorado a cair, ela agora já havia tocado o chão. Suspiro frustrada e fecho meus olhos, deixo meus pensamentos irem se acalmando com o som da estrada.

Tony parou o carro e eu levantei meu olhar para ver onde estávamos, era um restaurante, com todos os detalhes lembrando a França. Saíamos do carro e eu pude ver melhor todo o local. A fachada era toda com as cores azul, vermelho e branco, trazendo o nome do restaurante, Bon Appétit, estampado em um letreiro grande e brilhante, sem deixar de ter um toque simples.

– Deixa eu adivinhar... Era o meu restaurante preferido? – Perguntei irônica.

– Como você fez isso? Em outra dimensão você tinha poderes da mente por acaso? – Tony ironiza também.

Nós dois rimos e vamos em direção ao restaurante, o homem que estava na entrada também parecia nos conhecer. Lançou-nos um sorriso amigável e logo começou a nos guiar para uma mesa. Já sentados, e com o cardápio em mãos, sorri simpática de volta para o homem.

Voltei meus olhos para o cardápio e me deliciei vendo as várias opções de comidas, várias massas, pizzas, carnes e pratos exóticos enchiam as páginas do cardápio.

– Então o que eu sempre peço? – Pergunto largando o cardápio na mesa e encarando Tony.

– Quer mesmo saber?

– Surpreenda-me. – Tony sorriu e chamou o garçom.

– O de sempre. – Pediu e logo depois o homem se afastou indo em direção à cozinha.

Ficamos esperando o jantar ser servido jogando conversa fora, apenas falando bobagens e futilidades, sempre que a pergunta tinha a ver com alguma coisa pessoal, eu desconversava, puxando outro assunto. Dessa vez eu não estava com nenhuma vontade de saber do nosso passado ou de como esse virou meu restaurante preferido, fazendo nós sempre virmos até aqui.

Não demora muita a um garçom chegar com nossos pedidos, ele coloca dois pratos iguais em nossa frente, cheios de massa com molho branco e queijo. O cheiro estava divino.

– Isso não é um clichê italiano não? – Pergunto pegando meus talheres e começando a comer.

– Só diz o que achou. – Tony responde com expectativa.

Dou a primeira garfada, levando ela a minha boca, quando senti o gosto daquilo eu fui para o céu. Aquilo era perfeito, a massa era deliciosa e o molho branco com queijo era incrível.

– Isso é maravilhoso.

– Notei pelo modo como você estava namorando a comida. – Ironiza me fazendo revirar os olhos.

– Cala a boca e vai comer.

– Calma estresadinha, está uma esposa muito agressiva. – Indaga começando a comer a sua massa.

Paro o movimento que estou fazendo com a colher e encaro meu prato.

Será que ia ser assim a partir de agora? Eu seria a esposa de Tony? Sempre saindo juntos, fazendo almoços, outras pessoas chamando a gente de casal e nos convidando para eventos como se fossemos marido e mulher?

Na verdade, nós éramos marido e mulher, mas não para mim. Eu ainda era a Natasha Romanoff, espiã solteira, feliz mesmo sendo um pouco solitária, que adorava seus amigos e ficava irritada com Stark a cada palavra que saia da sua boca.

– Tudo bem com você? – Ouço Tony perguntar me fazendo sair de meus devaneios.

– Ãh? Err... Sim, por que a pergunta? – Respondo voltando a comer.

– Porque você estava com cara de nada olhando para o seu prato por um bom tempo, e também me ignorando.

– Vai ser assim a partir de agora? – A pergunta sai em um sussurro.

– Como assim?

– Isso.

– Isso o quê? – Suspiro frustrada.

– Isso. – Falo apontando para nós dois. – Nós.

– O que tem a gente?

– Será que a ficha ainda não caiu para você? – Pergunto irritada. – Eu não sou a Natasha que casou com você, nem sei nada sobre “nós”, porque para mim, não existe “nós”. Será que isso é normal para você? – Largo o garfo no prato fazendo um barulho alto quando o metal toca no vidro. – Ah, já sei! Podemos contar toda a nossa história para todo mundo e depois vamos rir e levar a vida adiante como se nada estivesse acontecendo. – Falo irônica.

– E o que é que você quer que eu faça? – Stark pergunta bravo.

– Nada, Stark, eu não quero que você faça absolutamente nada! – Repondo com desdém já me levantando.

– Vai aonde?

Ignoro Tony e já vou saindo do restaurante, sinto alguns olhares curiosos para nós, mas também ignoro. Ouço Stark me chamando novamente.

Começo a caminhar rapidamente pela calçada, virando na primeira rua que aparece em meu caminho. O vento frio corta minha pele, me fazendo lembrar que esqueci meu caso no restaurante.

– Aquele idiota. – Praguejo baixo abraçando meu corpo com os braços, tentando inutilmente me proteger do frio. – Acha que vamos viver felizes para sempre como se nada tivesse acontecido? Ah, mas ele está redondamente enganado.

Viro em outra rua e para a minha sorte, começa a chover de novo.

– Mas que legal. Obrigada universo! – Falo irônica.

O vento frio misturado com a garoa que começa, faz todo meu corpo se arrepiar e meus músculos ficarem tensos. Não tarda muito e já começo a tremer. Mesmo assim, não sinto a mínima vontade de voltar. Eu precisava muito de um tempo. Eu até poderia aceitar que ele não tivesse nenhuma ideia do que fazer, já que eu também não tinha, mas tratar toda a situação como se não fosse nada era idiotice.

Não sei como ele vai lidar com isso, mas eu sei que não consigo agir como se não importasse. Era como uma coceira, mesmo que fosse inútil continuar coçando, que talvez piorasse, não tinha como ignorar.

A chuva começa a ficar mais forte, corro para baixo da fachada de um dos prédios da rua e me afasto o máximo que posso das gotas de chuva, me apoiando na parede do lugar.

O barulho de um trovão me faz pular de susto, abraço meu corpo mais ainda. Eu estava completamente encharcada a essa altura, dos pés a cabeça. O tecido fino da meia calça faz o frio aumentar mais ainda.

Vejo um farol de carro e penso em pedir carona, seria arriscado, mas era a minha única opção, ou deixar a chuva passar, se passasse. Quando o carro para o meu lado vejo que é Tony. Reviro os olhos e me encosto novamente na parede.

Vejo o vidro do carro sendo aberto e Stark me encarar, desvio o olhar para a rua.

– Não vai entrar?

– Com você ai dentro? Não obrigada.

– E prefere ficar na chuva?

– Está bom aqui. Novamente obrigada, pode ir agora.

Vejo Stark revirar os olhos e suspirar impaciente.

– E onde a senhorita pretende ficar, posso saber?

Paro de bater o pé na calçada e reflito sobre a pergunta. Eu não era daqui, tecnicamente, se agora eu estava casada com Tony, meu apartamento não era mais meu. Eu não tinha um centavo que fosse e também não conhecia ninguém, muito menos sabia onde moravam. E quanto aos meus amigos, não seria muito prudente eu aparecer toda molhada, sozinha, na porta deles, sem nem saber o que eles fazem da vida agora.

– Vou ficar aqui.

– Na rua?

– Sim. – Digo sem nenhum pingo de confiança na voz.

– Natasha... – Stark indaga impaciente.

– Tá bom. – Exclamo jogando meus braços para o alto em sinal de rendição. – Mas se eu matar você, não venha reclamar depois.

Abro a porta do carro e entro, sinto um choque de inicio pela troca de temperaturas.

– Parou com o drama? – Pergunta já ligando o carro.

Ignoro totalmente Tony e volto a por a minha cabeça na janela do carro. Pouco a pouco meu corpo vai parando de tremer, o que é um alívio, já que os meus músculos estavam bastante doloridos.

– Está com frio? – Continuo fazendo silêncio. – Vai me ignorar agora?

Fecho meus olhos e continuo a fazer silêncio.

– Desculpa okay? Não é que eu não me importe, mas do que adianta a gente quebrar a cabeça pensando em algo sem solução?

– E você quer agir normalmente, é isso? – Respondo frustrada.

– Quando a gente chegar, depois de você descansar é claro, por que está com um humor maravilhoso agora, a gente tenta achar uma solução, tudo bem?

– Tudo, mas vamos por algumas regras a partir de agora.

– Se te faz feliz.

– Primeira, vamos deixar bem claro, nós, você e eu, não somos casados.

– Tecnicamente...

– Tecnicamente nós também não somos casados. – Respondo rápido. – Você era casado com a outra Natasha, entendeu bem ou ainda está com alguma dúvida tenente?

– Nenhuma dúvida, capitã extremamente linda e gostosa. – Tony zomba pondo a mão na testa e depois afastando.

– Segunda regra, como nós não somos casados, nada de beijos, nada de comentários idiotas, nada de “amor”, nada de nada que tenha relação com isso.

– Eu só ia dar um...

– Ia mas não vai. Terceira regra, na frente dos outros vamos fingir sermos um casal, frisando a palavra fingir, você entendeu? Fingir, fin-gir, F, I...

– Entendi, entendi, fingir, eu saquei, não tenho problemas na cabeça e nem sou surdo.

– Era só para deixar claro, que vamos fingir se um casal.

– Se você falar mais uma vez a palavra fingir, eu jogo você do carro, amor. – Tony fala irônico.

– Quero só ver você tentar, meu bem. – Repondo irônica também. – Ah, e outra coisa, nesse tempo, que nem sei de quanto vai ser, vamos procurar respostas e soluções, não estou a fim de ficar presa nessa vida aqui para sempre.

– Sim senhora.

Reviro os olhos e volto a por a minha cabeça no vidro. Fecho meus olhos e sinto todo o cansaço do dia me atingir. Todo o estresse dessa bagunça toma o meu corpo, meus músculos ainda doem um pouco por causa do frio. Encolho-me mais ainda no banco e abraço meu corpo.

Dou algumas cochiladas antes de ouvir o barulho do carro finalmente parar.

– Posso levar você no colo se quiser. – Ouço Tony propor.

– Nem chega perto. – Falo com voz de sono.

Sento no banco e estendo meus braços, me espreguiçando. Abro a porta do carro e vou entrando em casa. Subo as escadas lentamente e paro no corredor.

– Eu não vou dormir com Stark nem morta.

– Que estranho, por que você dormia, bom, fazia bem mais do que dormir... – Stark fala sorrindo.

– O que eu disse sobre comentários desse tipo?

– Fazer só quando necessário?

– Boa Noite, Stark. – Falo abrindo a porta do meu antigo quarto.

– Boa noite ruivinha.

Fecho a porta atrás de mim e por um momento penso em cair ali mesmo e dormir. Tiro minhas sapatilhas as jogando em qualquer canto. Olho para minhas roupas e reflito sobre o que fazer. Ou eu dormia assim mesmo, ou eu iria ter que ir até o outro quarto e pegar novas roupas.

– Já tive Tony Stark demais por hoje. – Comento bocejando.

Sem me importar com as roupas que estou vestindo, atiro-me na cama. Ajeito minha cabeça no travesseiro e puxo algumas cobertas, abraçando-as. Não demora muito para o sono me dominar, logo estou em um sono profundo.


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