Um Amor que Cura escrita por Além do Meu Olhar


Capítulo 22
Tragédia


Notas iniciais do capítulo

Quando Adélia está prestes a descobrir quem é Gaia, uma tragédia na vida de sua tão querida e amada Joana a faz refletir sobre o que realmente precisa saber...

Boa leitura!!!



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–Onde está Joana? - Adélia perguntou para Estela, a moça que agora trabalhava com eles.

–A Joana, senhora, está no jardim, plantando margaridas.

Adélia sorriu, amava flores e a dias tinha pedido para Joana plantar algumas. Com Maria em seu colo caminhou até o lado de fora da casa, encontrando a negra, agachada plantando no pequeno jardim as mudas.

–Joana?

–Sim menina. -ela levantou rápido, limpando as mãos no avental.

–Joana, eu queria tanto poder ajudá-la, por que não me esperou?

–Menina, está gravida, precisa de repouso e cuidado e me dê essa pequena aqui, não deve carregar peso.

–A sim, está menina está muito pesadinha mesmo, mas eu amo esse pesinho nos meus braços. - Adélia deu um beijo na pequena que se abriu num sorriso e esticou os braços para a avó.

–Por que esse semblante preocupado filha?

–Joana, não sei se fiz certo, mas perguntei a Alberto sobre aquela mulher.

–A tal Gaia que sua mãe, falou?

–Sim e... Ai Joana ele ficou transtornado, essa mulher só pode ser alguém importante para ele.

–Adélia, por Deus, você precisa de calma, não se abale, minha filha, pense no seu bebê!

Adélia levou a mão ao ventre e acaricio o pequeno volume.

–Eu sei, mas não aguento mais guardar essas dúvidas... E depois...

–Joana, Joana... Joana!!! - as duas escutaram os gritos da outra empregada.

–Por Deus, criatura, por que esse berros todos?

–Seu sobrinho, Joana, está na porta. - a moça estava pálida e tremendo.

–O que aconteceu? - Adélia ficou preocupada.

–Sua filha Joana...

–Minha filha? – Joana deu alguns passos a frente. – O que aconteceu?

–Que gritaria é essa? – Alberto apareceu no jardim assustado com o barulho das mulheres.

–Ah, senhor, está na porta o sobrinho de Joana e ele diz que sua filha, ela... Ela se enforcou.

Um silêncio profundo caiu sobre o jardim. Joana ficou paralisada, sem saber o que fazer Alberto pegou a menina dos braços dela enquanto Adélia, mais serena, mesmo assim tremendo, abraçou a mulher, que começou a emitir um som como um grito preso na garganta.

–Nãooo... Nãoooo. – Joana conseguiu falar caindo de joelhos na terra onde a pouco plantava margaridas.

–Joana, se acalme sim, busque uma água rápido. -Adélia abaixada ao lado de Joana, ordenou a moça que correu desatinada até a cozinha.

Enquanto amparava aquela que tanto amava, Adélia, que já tinha visto tantas coisas em seu trabalho no Centro Médico, buscou ter a maior calma possível.

–Meu amor, leve Maria para dentro e depois troque de lugar com Estela, deixe ela cuidando da neném e venha me ajudar.

Alberto concordou e entrou. Estela voltou com a água.

–Aqui senhora.

–Tome Joana, por favor, tome essa água.

–Minha menina, minha menina... -Joana ignorou a água e começou a chorar forte.

–Estela, traga o sobrinho de Joana até aqui e depois vá ficar com Maria.

A moça saiu correndo mais uma vez.

–Joana, você é minha mãe, a mãe, que a minha própria jamais foi ou será, me amparou em todas as minhas dores, eu não consigo imaginar sua dor, mas por favor, pense na sua neta, não está sozinha, precisa ser forte.

–Adélia, eu sabia que isso ia acontecer. - a mulher de joelhos ainda no chão, deixou as lágrimas correrem. – Ela falava o tempo todo.

–Joana...

–Menina, no dia que te acharam quase morta naquela banheira, eu achei que não teria forças se alguma coisa acontecesse com você... E agora eu sinto a mesma coisa, não tenho forças...

Alberto voltou e encontrou as duas abraçadas aos prantos. O sobrinho de Joana também estava ali olhando a cena.

–Vá e diga a sua família que cuidarei de tudo, não se preocupem com nada. - ele disse ao menino, que concordou e saiu.

Alberto andou até onde as duas estavam e se ajoelhou perto de Adélia.

–Joana, tenho um carinho tão grande por você, queria poder evitar essa dor.

Adélia levantou os olhos vermelhos para ele, que se achegou mais perto e as envolveu nos seus braços, enquanto o choro alto de Joana diminuía e virava apenas um murmúrio de dor.





***

Os rituais fúnebres da filha de Joana, seguiu a tradição da família, Adélia e Alberto não puderam comparecer, até mesmo por que era também a família de Joab. Eles ficaram com Maria em casa.

–Meu amor?

–Sim?- Adélia observava a pequena dormir em seu berço no quarto montado para ela.

–Deveria deitar um pouco, o dia foi longo. - já estava escurecendo, mas ela não estava cansada, estava pensativa.

–Sabe Alberto... - andou até ele colocou as mãos em seu peito. – Mais cedo te perguntei quem era Gaia... Mas agora não tem importância alguma...

–Adélia...

–Não, me escute, por favor... No mundo em que eu cresci, jamais um homem se ajoelharia na terra e abraçaria uma negra velha e ainda por cima ex-escrava. Eu te amo tanto, tanto...

–Eu também te amo Adélia. - ele levantou o rosto dela e deu um beijo suave em seus lábios.

–Não quero saber quem é Gaia, por mais curiosidade que eu tenha e por mais medo do veneno que minha mãe despejou sobre mim no dia que me falou dessa mulher, não quero saber...

–Essa mulher Adélia, foi uma história do passado, antes do nosso casamento... - ele segurou as palavras para não continuar contando tudo. – Está morta Adélia, morreu recentemente.

A moça o olhou com atenção.

–Morta?

–Sim... Fui a capital com Nestor, para resolver isso, ela não tinha família.

Os olhos de Adélia ficaram marejados.

–A viagem de negócios?

–Sim, olha só meu amor, eu queria ter te contado antes, mas com a gravidez... Adélia?

–Por favor, estou tonta... – Adélia sentiu o chão girar sob seus pés.

–Venha, sente-se aqui. Estela! Estela! – a moça apareceu na porta do quarto. – Chame o médico agora!

–Não estou bem, foi só uma vertigem.

–Anda Estela, vai!

–Eu estou bem... Só que acho que foi muita coisa para um dia só.

Alberto estava se sentindo muito culpado.

–Meu amor, me perdoe, não vou aguentar se você me desprezar... Eu não quis mentir para você.

Ele estava sendo sincero ela sabia disso, não o desprezaria mas não pode evitar uma certa magoa, afinal essa mulher, agora morta, era uma história que ela não conhecia, ele não dividiu com ela, assim como ela se abriu sobre Joab, mas não podia julgar.

–Jamais vou desprezar você. - passou os dedos no rosto dele que estava ao seu lado na poltrona. – Tive um dia cansativo, preciso descansar.

–Adélia, quando você estiver melhor, quando o neném nascer, vou te contar tudo... Olhe para mim, por favor. - ela o olhou nos olhos. -Mas essa história, não se compara a nossa, o amor que sinto por você, nunca havia sentido antes e mesmo que me odeie um dia, jamais vou deixar meu amor por você morrer.

–Nunca vou odiar você!

–Meu amor, não se sei sou digno de você.

–Você é incrível, Alberto, mudou minha vida jamais vou deixar de amar você!

Ele a beijou nas mãos, no rosto e nos lábios. Ela sorriu e correspondeu ao beijo.

Alberto sabia que devia contar sobre o filho, mas não teve como fazer isso, ali, naquele dia tão doloroso e com o filho deles correndo risco.




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Notas finais do capítulo

U_U tadinha da Joana, gente... E olha só Alberto ainda é o mesmo lindo e amado de sempre, só está passando uma fase difícil como qualquer ser humano =/

Beijos e obrigada pelo carinho!!!