Kin Pumpkin; A Rainha do Halloween escrita por Lenore Marana


Capítulo 18
Kin Pumpkin; A Rainha dos Criminosos. Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem uma bela trilha sonora:

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e várias personagens novas aparecem, apertem os cintos!



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A Kin pichadora corria na direção oposta dos muros. Um pouco mais à frente, havia algumas árvores dentre as quais poderia se ocultar, um bosque. A escuridão ajudaria.

Quando a falsa exorcista estava próxima do matagal, a exorcista com a aparência igual à sua apareceu bem em sua frente, após dar um salto, impedindo-a de prosseguir. A fugitiva tentou fugir pela esquerda, mas ali estavam Enguia e McRougall, então rapidamente mudou seu passo para a direita, apenas para se deparar com Kyryl e sua ajudante, Teriss.

A farsante estava encurralada, apenas poderia fugir pela direção oposta à qual corria, voltando para o sentido do hospital, quando pensou em tomar esse rumo, notou Hyukset, a moça com cabelos de cores intensas como o fogo, caminhando a seu destino, encurralando completamente a criminosa.

–Você me fez vir de bem longe. – Hyukset dizia enquanto caminhava vagarosamente, criando uma atmosfera pesada no ambiente. – Você me fez ficar acordada até tarde, e me fez fechar minha academia por vários dias. Eu não vou admitir que fuja.

Kin brandava seu pirulito MRR POP pronta para o combate, Ron e Enguia estavam em posição de luta, Kyzyl exercia pressão sem nem ao menos se mover, e Hyukset também ameaçava a segurança da encurralada apenas com seu caminhar.

Comprovou-se, naquele momento, que realmente Kin Pumpkin não era a culpada pelos crimes do qual fora acusada, pois era possível ver que havia duas Kins, uma próxima à outra. O que mais podia se perceber também é que a criminosa era quase idêntica a Kin, porém apresentava uma diferença crucial: tinha finas linhas percorrendo todo seu corpo, era como se fosse uma boneca de pano, porém super realista.

Com todo seu fôlego, a encurralada abriu a boca e gritou por um nome:

KALLIN!

Sua voz definitivamente não era de uma garota de doze anos, e sim de uma mulher adulta.

Após o grito, todos ouviram uma melodia feroz sendo tocada, o som de uma guitarra. A fonte desse som logo se revelou: Um grupo de quatro pessoas:

O homem que tocava a guitarra tinha cabelos castanhos e espetados, trajava uma jaqueta de couro em conjunto com acessórios de tom preto ou metálicos, inclusive alguns poucos piercings pelo corpo, vestia-se como um astro do roque, atrás dele, um garoto sentado em uma cadeira de rodas, uma garota de cabelos dourados que não tirava os olhos da tela do celular e um garoto com óculos bastante grossos e os cabelos bagunçados.

–O astro chegou! – O homem da guitarra anunciou sua chegada. – Kin Pumpkin, prepare-se para pagar por tudo que fez!

–Kallin! – A falsa Kin comemorou a chegada dele, sentindo tamanho alívio que a presença ameaçadora dos adversários deixara de ser ameaçadora.

Kallin soltou sua guitarra e um de seus amigos a guardou, puxou de baixo da manga da sua jaqueta, um microfone.

–Mas o que é isso? – Arista se indagou, ao lado de Jobs.

OHHH YEAH! – Kallin gritou ao microfone e o som foi tão estrondoso que o chão começou a ceder.

Quando todos perderam o equilíbrio devido ao fato do chão estar cedendo, a falsa Kin correu para perto de seu time e então o pavimento se quebrou de vez, com um pequeno terremoto que abriu uma vasta cratera bem abaixo de todos, que não tiveram escolha a não ser cair. Kyzyl foi o único que teve tempo de pegar sua assistente Teriss nos braços e fugir da área de risco, pois sua percepção fora mais rápida que a dos demais.

Após o estrondo, Kin abriu seus olhos e viu-se em um lugar que não conhecia antes, o subsolo da cidade. Olhou ao redor em busca de seus amigos, mas não importa para onde olhava, via apenas o chão feito de terra e paredes de pedra provenientes do tremor anterior, além disso, apenas uma outra pessoa estava lá: Kallin.

–Que bom que o terremoto vocal não foi o suficiente para te derrotar. – Kallin caminhava na direção de Kin, sacando novamente o microfone que, apesar de não estar aparentemente ligado a força elétrica alguma, funcionava normalmente. – Se não o astro Kallin não teria seu momento de glória, digo, mais um dentre seus vários momentos de glória.

–Glória? – Kin colocou a mão na cabeça dolorida da queda enquanto se levantava.

–Kin Pumpkin, depois de tudo que passamos juntos, como pôde me trair de tal forma? É claro que vim buscar minha vingança pelo que fez.

–O tempo que passamos juntos?

–É claro, Kin! – Chegou mais perto dela que acabara de se levantar. – Mas como eu sou um ser benevolente e bondoso, se pedir desculpas e jurar lealdade a mim, posso pensar em te perdoar.

Kin examinou cuidadosamente o rosto de Kallin, sem responder a seus apelos. Desperdiçou um tempo examinando antes de falar.

–Quem é você? – Indagou de forma simplória, frustrando todo o discurso do roqueiro.

Ainda nesse mesmo subsolo, mas separados pelas paredes de pedra, em outra “sala”, estava o garoto com cabelos negros e lisos, olheiras nos olhos e sentado em uma cadeira de rodas encurralado com General Ron McRougall, Jobs e Arista.

“Se eu tiver que proteger os dois, talvez seja complicado demais, até pra um oficial” O general pensou, com gotas de suor em sua testa.

Jobs estava ajoelhado no chão ao lado de Arista que permanecia deitada inconsciente.

–Arista, acorde. – Balançou o corpo da garota que, aos poucos, despertou.

–Jobs... – Disse sonolenta. – Onde estamos?

–Estamos no subsolo da cidade. Há paredes feitas de pedras por todos os lados nos prendendo aqui, esse quarto de pedras tem até teto impedindo que escapemos pelo alto.

–Isso tudo foi coisa daquele guitarrista?

–Se ele conseguiu prever o resultado do estrondo que seu cantar causaria, deve ter um controle de voz extremamente bom, talvez isso seja mais perigoso do que pensamos.

Em uma terceira sala, Mestre Enguia, sem camisa e sem sapatos, com o traje certo para lutar capoeira, encontrava-se encurralado com uma dupla; uma garota que mexia no celular e um garoto com óculos de aro grosso e os cabelos bagunçados.

Numa ultima sala de pedras, Hyukset estava junto da falsa Kin, a cheia de linhas percorrendo seu corpo.

–Revele seu segredo, clone!

–Você fala de modo muito antiquado. – O clone, cuja voz não combinava com o corpo, ignorava a cólera da outra. – Mas tudo bem, irei revelar meu lindo rosto.

No final do pulso esquerdo da falsa Kin, onde uma das linhas que contornavam seu corpo terminava, havia um fio para fora, como se fosse mal costurada, ela segurou esse fiozinho com a mão direita e o puxou, descosturando-se.

Ao puxar aquele fio, o corpo dela voltou à forma real: Uma mulher adulta de aparência elegante, trajando um vestido branco com detalhes, joias e requintada maquiagem, o tom de seu comprido cabelo era escuro, beirando o roxo.

–Moira Kleinvich, a estilista exorcista. – Anunciou com orgulho.

–Prepare-se para pegar pelo que fez, Moira Kleinvich.

Hyukset e Moira, apesar de terem o mesmo tamanho e altura, eram completos opostos: Enquanto a pele de Moira era clara, a de Hyukset era bronzeada, enquanto os cabelos de Moira eram escuros e ordenados, os de Hyukset tinham cor forte e eram dispostos de forma anárquica, enquanto Hyukset se trajava com um típico traje de exercícios, pulseiras e uma bandana na testa, a outra se trajava com um fino vestido, Hyukset tinha uma postura rígida e estoica, a de Moira era flexível e lépida. Era como se fossem versões negativas uma da outra.

Os olhos de Hyukset tornaram-se carmim ao mesmo tempo em que ela criou chamas rondando seus punhos como se fossem luvas com vida própria, seus cabelos alaranjados tornaram-se impetuosas labaredas, deixando-a com aparência intimidante.

–Mas que belo show. – Moira admitiu. – Mas eu também posso.

A estilista puxou de sua bolsa uma pequena agulha e um barbante, passou a linha dentro da agulha, ergueu a agulha ao alto, como se fosse uma possante arma e recitou a palavra:

Progettazione!

Sacudiu a agulha no ar e a linha começou a descer da agulha, revelando seu verdadeiro tamanho (ou talvez estivesse aumentando de comprimento) e tomou seu corpo, cobrindo-a, eventualmente, por completo, como se fosse um casulo de tecido. Quando seu corpo estava completamente resguardado, Moira fez um movimento brusco com a agulha, fazendo a linha se desprender dessa e o casulo de linha cair no chão.

O casulo de linha não revelou Moira, que estava encoberta originalmente, mas sim a imagem de Hyukset com os punhos e cabelos em chama e os olhos brilhando avermelhados.

–É assim que consegue copiar a aparência dos outros? – Hyukset observara todo o processo. – Interessante, mas mudar sua aparência não vai te ajudar em um combate.

–Sou uma exorcista não-física e a mudança de aparência é minha especialidade. Um poder realmente nobre! – A estilista se gabou principesca. – É claro que eu consigo fazer mais coisas, além disso, posso ser uma exorcista diácona, mas só porque não sou aprovada pela associação dos exorcistas, não significa que não sou competente!

Moira se referiu ao primeiro nível de exorcismo, o diácono. Diácono, também conhecido como Exorcista Amador, é qualquer exorcista que não fora aprovado pelo teste profissionalizante da associação dos exorcistas.

–Eu também sou uma diácona, se você quer saber. – Hyukset revelou. – Pouco importa o nível, me tire dessa sala de pedras e pague pelos seus crimes, ou irá se arrepender.

Moira levou a mão para perto de sua boca e gargalhou como uma sumptuosa madame.

–Você precisa de umas dicas de moda, mas eu simpatizei com você, o que é uma pena. Se estiveres aliada a Kin Pumpkin, significa que também terá que pagar, não posso a perdoar pelo que fez comigo e com Kallin!

Na outra câmara, enquanto Jobs ajudava Arista a retomar os sentidos, Ron se preocupava completamente em proteger os dois civis.

–Eu sou um oficial da associação dos exorcistas, nos leve de volta, é uma ordem! – Ameaçou.

O garoto com olhos cansados e sentado em uma cadeira de rodas gargalhou da ameaça.

–Eu não podia ligar menos pra associação! Bando de pessoas egoístas que querem controlar os outros, a única pessoa a que eu obedeço é o Senhor Kallin!

–Ai! – Arista levantou-se, mas assim que pisou no chão, sentiu cortante dor em seu tornozelo, fazendo-a cair no chão novamente. – Acho que eu torci.

–Está avermelhado. – Jobs constatou. – Eu te ajudo.

O garoto, cujo terno, a esse ponto, estava todo abarrotado e sujo, agachou-se de costas para Arista e a apoiou em seu dorso. Levantou, com as mãos para trás do corpo, apoiando a menina.

–Ei, me solta! Eu não quero ficar aqui! – Reclamou, se sentindo embaraçada.

–Você não pode andar, não vou deixar você se arrastar no chão. – Explicou preocupado. – Você é leve, eu aguento!

–Você é Ron McRougall, certo? – O garoto na cadeira perguntou para o general. – O pessoal me conhece como Mind.

As rodas da cadeira foram tomadas por um brando brilho púrpuro e começaram a rodar sozinhas.

–Meu corpo é fraco. – Mind continuou falando enquanto avançava vagarosamente. – Mas minha mente é forte, por isso Mind. Significa mente em inglês.

–Desculpe-me, Mind. Terei que te imobilizar. – Ron disse confiante, enquanto sacava uma pistola branca.

Enquanto Ron dialogava com Mind, Jobs levou Arista até o ponto mais distante possível naquela cripta, que era uma das arestas do quarto quadrado.

–Pegue o celular no bolso do meu paletó, Arista, veja se tem sinal!

A garota alcançou o bolso dele, pegou o aparelho e observou a tela.

–Nada. Aqui é fundo demais. – E devolveu para o bolso.

Mestre Enguia observava a dupla curiosa com quem estava preso. A garota mascava chiclete e digitava no celular, o garoto, lia um livro.

–Ehr... – Enguia gaguejou em face da situação inusitada. – Oi?

A garota terminou o que estava escrevendo no aparelho e estourou mais uma bola de chiclete.

–Você é amigo da Kin Pumpkin, não é? Meu nome é Oliver e eu vou acabar com você! – Disse ela.

–Da Pumpkin? Claro, ela é ótima! – Enguia respondeu animado, sem perceber que isso era algo negativo. – Espera, Oliver? Achei que você fosse uma garota!

Enguia observou Oliver de cima a baixo, e só podia constatar que tinha a aparência de uma bela moça.

–Se és um garoto, por que está vestido assim? – Perguntou por fim.

–Eu sou um garoto! – Respondeu visivelmente irritado. –Eu gosto de ter a aparência feminina e me vestir com roupas comumente femininas, mas isso não significa que eu não seja um cara! Diz aí, Clarissa!

Oliver, que Enguia pensou ser uma garota, chamou Clarissa, que Enguia pensava até então ser um garoto.

–E ele... Ela, ela é uma garota. – Se referiu a Clarissa agora.

–Oi... – Clarissa respondeu desanimada, guardando seu livro. – Oliver, termina o que você tem que fazer logo.

–Eu entendo que o general Fahz seja uma pessoa transexual, pois nasceu em um corpo errado, que era diferente de como ele se sentia, mas vocês não são assim, só vestem as roupas do gênero oposto por... Diversão?

Clarissa, de cabelos curtos e desordenados, com óculos de lentes tão fortes que escondiam seus olhos, aproximou-se de Enguia sem que ele percebesse e em questão de um segundo, estava cara a cara com ele.

–Não é meio deprimente uma pessoa se reprimir às roupas de seu próprio gênero só porque a sociedade manda assim? Seres humanos não deveriam ser tão limitados a ponto de só vestir o que os tradicionalistas mandam.

Enguia estava assustado pela garota ter se aproximado tão depressa, mas prestava atenção no discurso.

–Querer opinar e julgar, e então escolher, a roupa dos outros é muito egoísmo das pessoas. – Clarissa continuou. – É ridículo, não sei como não se tocam.

Clarissa deu uma risada de contentamento e, na mesma velocidade em que se aproximou, afastou-se novamente, de longe, continuou a falar.

–Não importa realmente, se é homem ou mulher, ou mesmo a aparência. Quem levar isso em consideração ao conhecer uma pessoa é fútil. – Ela sacou novamente seu livro de bolso. – No meu caso eu só visto esse moletom porque ele é confortável, e esses óculos eram do meu avô, não queria ter que comprar um par pra mim se eu tinha esses.

Mestre Enguia mexia em seus cabelos negros após ouvir o que Clarissa tinha a dizer.

–Você tem razão, menina. – Constatou sorridente. – Não importa se é homem ou mulher, se querem me matar tanto assim, terão um combate e tanto, independente de quem são!

–Querem? – Clarissa encostou-se à parede de pedra e se sentou no chão, abrindo o livro. – Eu não quero nada, isso é com o Oliver.

Enquanto todos estavam prestes a batalhar, cada um em sua cripta de pedras, sem saber do paradeiro dos outros, Kin e Kallin ainda debatiam.

–Como pode ter se esquecido? Sou eu, o Kallin!

–Não sei mesmo, amiguinho. – Disse brejeira. – É da turma da escolhinha?

–Nem se lembra de mim! Isso significa que o que fez a mim e a meus amigos não significou nada pra você? Que insolência. – Mexia seus braços de forma melodramática. – Sou seu primo Kallin! Somos netos do senhor Giyami e vivemos na mesma casa por seis anos!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam das personagens novas, gostaram? :D



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