Na solidão do meu quarto
O escuro predomina
A música é a única que me anima
E o silêncio se faz e desfaz,
O único lugar do mundo,
Onde um dia eu tenho paz

Na solidão do meu quarto
Eu consigo finalmente descansar
As paredes silenciosas e calmas
São perfeitas para eu desabar
A minha cama é o melhor psicólogo do mundo
O meu travesseiro já está mais molhado que tudo

Na solidão do meu quarto, eu descubro novas coisas
Meus pensamentos são muito iluminados
É tudo faz sentido
Os mais diferentes tipos de sonho, são criados
E nada faz sentido

Na solidão do meu quarto
Eu me acostumei
A entender as coisas do meu jeito
E do jeito que entenderei
Descobri que sou o único que pensa assim
E no final, isso não é tão ruim

Na solidão do meu quarto
Consigo, pela janela
Observar o céu distante
Todas aquelas estrelas brilhantes
Que um dia, a luz, irá consumir
Penso, temo, cresço
E tudo passa a sumir

Na solidão do meu quarto
A porta é a guardiã do meu paraíso
Somente eu posso abrir
E fica assim, sem indício
O medo de que outra pessoa a abra
Não é tão grande
Mas é perturbador
E as vezes a ansiedade é gigante
E quando ela vai embora
Só resta a dor

Na solidão do meu quarto
Eu posso ser eu mesmo
Criando minhas próprias histórias
Meus próprios falsos momentos
Consigo amadurecer, mesmo sem viver
É isso que eu acho, e se estiver errado
Ninguém vai me convencer

Na solidão do meu quarto
Eu consigo de vez em quando sorrir
Preso nos meus sonhos mais distantes e irreais
Enquanto o coaxar dos grilos... "Cri, cri, cri..."
E é bom
Nunca foi ruim, na verdade
Pelo menos se eu sair disso
Vai deixar saudade

Na solidão do meu quarto,
A televisão é minha mente
As séries, o meu cerébro
E o tempo, meu guia
Os jogos, meu passatempo
E a música, minha sabedoria
Com o tempo que perdi aqui
Poderia ter vivido
Mas não ligo
Não ligo...

Na solidão do meu quarto
Eu aprendi mais do que qualquer outro lugar
Me desesperei, quebrei, voltei a chorar
Aqui é minha verdadeira casa
O lugar para onde eu devo retornar
E o resto da casa e do mundo...
Isso eu não quero lembrar.

Na solidão do meu quarto, descobri uma nova beleza
Que o tempo, é minha maior riqueza
E que na maior parte
Devo esquecê-lo completamente
Mas não é bem assim
Nada se perde pra sempre

Na solidão do meu quarto, eu sou perfeito e imperfeito
Revejo minhas qualidades, ações, meus erros
Critico e critico e rio de mim mesmo
Para no final perceber
Que sou cheio de defeito
E de que todo mundo é assim

Na solidão do meu quarto, quantas vezes já foram?
Noites perdidas, palavras jogadas, alimentando o desaforo?
E se tudo for irreal? E minha mente for algo anormal?
É, é algo para se pensar em meu quarto, e me jogar lá
Me jogar na solidão
Pois...
Na solidão do meu quarto
Ninguém possui coração