Em família escrita por Hikari Mondo


Capítulo 24
Livin' La Vida Loca


Notas iniciais do capítulo

“É só ÁGUA!” Ela sorria divertida. Shikamaru se sentia como uma mãe correndo atrás de seu filho sapeca.

Baseado em prompt do OTPprompts: "Imagine your OTP walking home after going to dinner on a rainy night."
Dedicado para Akemihime (embora ela nem acompanhe essa história T.T *snif*) , que organizou a listinha de fanfics Shikatema no grupo do Facebook, e me fez ter vontade de escrever de novo.



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O frio bateu em seu rosto, mas isso não foi o que o aborreceu. Ali fora, o vento assobiava e a chuva golpeava, ritmada e fortemente, as ruas e casas de Konoha. Dentro do restaurante onde até agora eles estiveram, o som da chuva estava abafado pela conversa animada e a música do local. Mas neste instante, a realidade voltava a bater em seu rosto. Ele não esperava que chovesse ainda esta noite – a previsão indicava chuva somente amanhã a tarde. Ele suspirou cansado.

“Eu não trouxe um guarda-chuva.” Ele disse desanimado, virando-se para encarar sua acompanhante ao seu lado. O que viu o pegou de surpresa.

Temari olhava a chuva maravilhada, como se fosse a coisa mais impressionante que já vira.  É só chuva, pensou Shikamaru consigo mesmo. O silêncio permaneceu por mais tempo, Temari ainda em uma espécie de transe.

“Isso é muito bonito!” Ela falou encantada, com uma voz suave e baixa, como se falar mais alto fosse quebrar o momento. “O som, a água... e o cheiro!” Ela inspirou profundamente, feliz. “Isso é incrível!”

“Isso se chama chuva. E tudo que faz é nos deixar molhados, mal-cheirosos, e doentes. Além de que você leva muito mais tempo que o normal para andar se protegendo da chuva...”

Ela se virou pra ele e sorriu presumida. “Também é o que mantem as suas árvores vivas, que lhes mantem uma provisão relativamente constantes de alimentos, o que mantem seu clima ameno e seu ar limpo de qualquer tipo de ‘partículas suspensas’ “ Ela levantou as sombrancelhas convencida. “Você, como dono de uma floresta E um gênio, devia saber da importância da chuva.”

“Tsc.” Ele desviou seu olhar dela, encarando a rua a sua frente onde as gotas de chuva continuavam a bater incessantemente. “Que problemático... E eu não sou dono de uma floresta.”

“Seu clã não tem uma floresta?” Ela parecia genuinamente confusa.

“A Floresta Nara pertence ao nossa clã, mas não somos donos dela... Está mais para responsáveis.”

Shikamaru ouviu o riso ao seu lado, e como se de alguma força sobrenatural se tratasse, seu olhar se desviou novamente ante o riso inocente e infantil que alguém tão forte e altiva como Temari poderia dar.

“Você tem uma maneira peculiar de encarar o mundo, sabia?” Ela estava sorrindo suavemente, e um sorriso surgiu automaticamente nos lábios de Shikamaru. Ele não sabia o que responder, mas aparentemente ela não esperava resposta alguma, já que se virou  novamente para a rua com a mesma expressão fascinada de antes, e estendeu a mão para sentir as pequenas gotas que caíam.

“Bem, vamos logo antes que a chuva fique mais forte.” Shikamaru disse, indicando o caminho na lateral do prédio que era coberto pela marquise.

Temari riu. Um riso travesso e infantil, com um sorriso maior ainda. E antes que Shikamaru pudesse processar o que isso significava, ela saiu correndo para o meio da rua, onde parou, abriu os braços e girou no lugar, contente e feliz, ainda rindo como uma criança.

“Saia daí, você vai se molhar!” Ele a chamou de onde estava, na pequena segurança da cobertura externa do restaurante.

Temari baixou os braços e deu uma gargalhada, baixando o olhar na direção dele depois. “É só ÁGUA!” Ela sorria divertida, e logo inspirou profundamente levantando o rosto para sentir a chuva.

As gotas escorriam em sua pele, molhavam seu cabelo e sua roupa, mas tudo que Temari sentia era um imenso conforto e alegria. Tudo aquilo era quase mágico. Uma experiência única e indescritível. Ela não entendia como ou porque as pessoas poderiam não gostar da chuva.

“Temari, vamos logo.” Veio o chamado de Shikamaru novamente. Ela olhou para ele por uns instantes, e então deu um outro sorriso travesso e saiu correndo pelo meio da rua. A chuva só levantava seus ânimos, a fazendo rir de alegria pura.

Shikamaru hesitou por um momento ao vê-la correr, mas logo resignou-se e começou a correr atrás dela, mesmo debaixo de chuva. Ele simplesmente não podia deixar aquela problemática por aí sozinha.

Temari continuava a correr e rir. Em breve descobriu que podia pular nas poças que achava pelo caminho e levantar ainda mais água. Ela ficou encantada. Shikamaru correndo atrás dela falou algo sobre buracos fundos e perigosos, mas ela estava se divertindo demais para prestar atenção ao que ele dizia.

O Nara por sua vez se sentia como uma daquelas mães que corre atrás de seu filho sapeca ao repreender Temari por andar pela chuva. Ela nunca pôde fazer isso quando era criança, ele pensou brevemente. Mas isso não diminuia o risco. Pelo menos o fato de Temari decidir pular nas poças d’água lhe deu tempo suficiente para alcançá-la.

Quando finalmente estava perto o suficiente dela, Shikamaru agarrou-lhe o pulso, a fazendo parar e se virar para ele.

Seus olhares se conectaram naquele instante. Ambos estavam encharcados, as roupas coladas ao corpo e arfando. E embora a chuva continuasse a cair, o tempo se deteve naquele momento para os dois, apenas encarando um ao outro.

Temari tinha o espírito leve, como se estivesse em um sonho, e ver aquela determinação ardente nos olhos de Shikamaru a fazia se sentir protegida, segura. Um sensação de ter alguém em quem ela poderia se apoiar. De que ela era importante na vida dele.

Shikamaru observava a chuva escorrer pelo rosto de Temari, a franja grudada em sua testa e pingando, assim como as pontas de seu cabelo. Ela arfava pela corrida e diversão, e tinha uma expressão ao mesmo tempo alegre e serena, diferente da Temari inabalável que se apresentava na Aliança Shinobi. Ela emanava uma inocência que lhe conferia uma aura até angelical, e que o deixara sem palavras ante aquela imagem.

A chuva engrossou repentinamente, o tirando de seus transes. Shikamaru percebeu que a mudança abrupta na força da chuva também assustou Temari, pois ela se encolheu e baixou o olhar, arregalhando os olhos e soltando um contido “Ha!” em surpresa, mas sem apagar seu contentamento. Em seguida ela voltou a olhar para ele, entre feliz e expectante, como se lhe pedisse autorização. Quem era ele para lhe negar ser feliz? Ele relaxou os ombros e deu um sorriso de lado, ao que ela pareceu entender imediatamente quando começou gargalhar abertamente ainda o encarando.

Logo depois ela levantou os braços, o agarre de Shikamaru não lhe oferecendo nenhuma resistência, e gritou de alegria, voltando a andar e pular pela chuva em direção ao seu hotel.

Shikamaru começou a andar tranquilamente atrás dela. Era incrível como com um simples olhar ela podia arrancar todas as preocupações e incertezas dele. Ele se sentia leve, como se um grande peso tivesse sido retirado de seus ombros, por só vê-la correr feliz.

Desta vez foi ele quem olhou para o céu escuro de onde a chuva caía. É como se eu finalmente fosse como uma nuvem, andando livre e tranquilamente longe dos problemas, apenas me deixando levar pelo vento.


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Notas finais do capítulo

A ideia original nem era assim, mas como começou a chover aqui quando eu estava no meio da história, a ideia foi mudando com o tempo. A letra da música que deu o nome pra história me veio a mente quando estava escrevendo o final.
She’ll make you take your clothes off
And go dancing in the rain
She’ll make you live her crazy life,
But she’ll take away your pain
Like a bullet to your brain

Bonus do prompt: They don’t have an umbrella, so they’re foolishly running through the rain. Person A is grumpy about the weather at first, but Person B loves the rain and is giggling as they run through, and Person A eventually finds themselves smiling at Person B’s childish behavior.

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