Me Protege? escrita por Priih _ ncesa


Capítulo 8
Agulhas e Sangue




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Capítulo VII

Agulhas e Sangue

Talvez tenha sido um olhar...

Talvez um sorriso...

Talvez tenha sido por aquelas palavras

Ou aquele instante contigo.

Anônimo.

O trajeto ocorreu em silêncio. Kakashi se perguntando por que fizera aquilo e Jun se perguntando por que ele fizera aquilo. Estavam muito ocupados com suas próprias duvidas para conversarem.


Logo Kakashi estava estacionando o carro numa das vagas do grandioso estacionamento de um dos mais ricos hospitais da cidade.


– Acho que eu vou pedir uma cadeira de rodas para você – ele disse quando desligou o carro.


– Não! – ela exclamou, podia estar machucada mais ainda não era completamente uma invalida. Tinha ido ao hospital apenas para levar pontos afinal.


– Consegue andar? Não está com muita dor de cabeça? – Kakashi estava preocupado, não queria que Jun passasse mais mal do que já passara, e ainda tinha de perguntar o que realmente acontecera para ela cair dentro da piscina, essa pergunta coçava no fundo de sua garganta.


– Consigo sim – ela abriu a porta do carona e já ia se levantar.


– Espera aí, me deixa dar a volta no carro.


Jun esperou com as pernas para fora enquanto Kakashi dava a volta, mas ele parecia demorar muito, por isso ela se pôs de pé segurando a sacola de papel pardo onde estavam as roupas secas, arrependendo-se no mesmo segundo que fez isso.


– Maluca – o professor resmungou enquanto amparava Jun que quase fora ao chão.


– Eu estou bem – estava mentindo, estava péssima. Sua cabeça latejava e se sentia fraca. Sentia-se um caco.


Kakashi não disse mais nada, apenas a amparou, passando uma dos braços ao redor da sua cintura, e foram caminhando para dentro da recepção do hospital.


– Boa tarde – disse uma simpática enfermeira.


– Boa – respondeu Kakashi ajudando Jun a se sentar em uma cadeira de vime próxima – queremos fazer uma ficha, ela precisa levar alguns pontos – Kakashi indicou Jun que fez uma careta ao ouvir a palavra temida.


– Oh, claro! Acompanhe-me – ela disse a Kakashi.


Kakashi a acompanhou até o balcão onde Kakashi forneceu os dados de Jun.


– Eu preciso de algum documento dela para poder finalizar, temos de ter certeza que ela é quem realmente diz ser... Muitas pessoas tentam passar por quem não são principalmente em hospitais luxuosos – informou a enfermeira.


– Tudo bem – assentiu Kakashi e se aproximou de Jun pedindo lhe algum documento.


– Aqui está – ela lhe estendeu o próprio cartão do hospital – Kakashi – aos seus ouvidos soou estranho ela o chamar assim – minha cabeça parece que vai explodir... E a toalha está ensopada...


Kakashi percebeu que pequenas gotículas de sangue pingavam da toalha para o chão claro. Percebeu também que toda a cor havia sumido do rosto de Jun e que ela parecia estar gelada.


– Já volto, é só entregar esse documento – rapidamente ele se dirigiu para a enfermeira mostrando o cartão. Ela assentiu e finalizou a ficha, trazendo uma cadeira de rodas para que Jun fosse levada ao departamento certo.


Em seguida foram levados a uma sala branca, bem iluminada, no final de um corredor calmo, onde havia uma segunda enfermeira já idosa, também bastante simpática.


– Agora vocês ficaram aos cuidados de Hurahi-san, com licença – a primeira enfermeira, jovem, se retirou, deixando apenas o três a se encarar.


– Ora, ora, o que aconteceu com essa jovem – a velha enfermeira se aproximou de Jun retirando a toalha que ela ainda apertava no local.


– Bati a cabeça na cascata de uma piscina – ela respondeu gemendo enquanto a enfermeira examinava e tocava o machucado.


Kakashi havia ficado em silêncio, e via que os nós dos dedos de Jun ficavam cada vez mais brancos toda vez que ela apertava os braços da cadeira por sentir dor. Em momento algum ela reclamou disso.


– Vou ter de limpar primeiro, parece infectado – ela se dirigiu para um armário de ferro e retirou de lá uma pequena garrafa e um bolo de algodões, encharcando-os. – Pode arder um pouco – ela alertou.


Jun reteve o ar e fechou os olhos com focas, à última coisa que queria sentir era dor.


Kakashi percebeu que Jun havia ficado receosa, por isso em um impulso pôs a sua mão sobre a dela, ela abriu os olhos de imediato olhando inquisitorialmente, ele por sua vez apenas sorriu por de baixo da máscara e ficou prestando atenção no que a enfermeira fazia, não queria encarar aqueles olhos verdes confusos agora.


Hurahi-san trouxe uma pequena bandeja de inox contendo agulhas, linhas feitas de um material bem fino – talvez para não ficar cicatriz – e o grande algodão ensopado de um liquido transparente.


A idosa senhora sorriu quando viu Kakashi segurar a mão de Jun, era raro ver esse tipo de rapazes.


– Não vai arder muito, é só ficar quietinha que acabará logo – informou a enfermeira a Jun, que se sentiu com cinco anos.


Hurahi-san afastou o cabelo castanho de perto do machucado e passou gentilmente o algodão com o liquido indefinido. Jun apertou a mão de Kakashi e apertou os lábios para não gritar. Aquilo parecia que estava queimando a sua pele.


Kakashi apertou de volta a mão de Jun, ela parecia estar sentindo muita dor. Mas não demorou muito, a hábil enfermeira terminou rápido. Deu uma pequena anestesia local, que não pegou de primeira, dando outra dose mais forte em seguida e pôs se a das os pontos.


Terminou mais rápido do que Jun imaginava. Não havia sentido tanta dor quanto imaginava, na verdade não sentia o lado esquerdo todo do rosto, e sua pálpebra parecia que estava fechando sobre o olho.


Ganhou um remédio para a forte dor de cabeça e com a ajuda da simpática senhora trocou de roupa enquanto Kakashi esperava no corredor.


Arigatou – disse Jun já fora da sala e vestida com o vestido verde e a legue de cor preta, as roupas molhadas dentro de uma sacola plástica em suas mãos.


– De nada querida, espero que melhore. Boa tarde – terminado de disse isso ela voltou para dentro da pequena sala.


– Por que aqui é tão calmo? – Jun perguntou, pois isso a surpreendeu desde que haviam chegado.


– Pelo que eu entendi esse andar é apenas para a recepção, pequenos curativos e injeções... Acho que a confusão fica no andar inferior, que é a emergência, e superiores onde ficam os consultórios e salas de cirurgias – informou Kakashi que amparava Jun.


– Entendi – disse ela.


Eles andaram pelo corredor até chegar à recepção onde se encontrava a mesma enfermeira que os havia atendido, que agora atendia um casal jovem com um pequeno bebê.


– Vamos ali – Kakashi indicou uma grande janela que tinha como vista o grande jardim e o estacionamento. Ele queria perguntar o que havia acontecido. Jun assentiu e deixou-se ser guiada.


Eles pararam de fronte a sacada que se formava ali e observaram a paisagem em silêncio. Kakashi não sabia muito bem como abordar o assunto, Jun parecia cansada e a qualquer hora desabaria, não queria a deixar estressada.


Continua em silêncio, cada um escutando apenas as próprias batidas do coração. Jun sentia a mão firme de Kakashi em sua cintura para mantê-la amparada, cada vez que se lembrava disso sentia o rosto queimar, mas continuava séria e sem dizer que já estava bem, por que de qualquer modo estaria mentindo. Havia ficado meio grogue por causa dos três comprimidos que havia tomado e por causa das anestesias. Estava ficando mole.


– Eu sei que você vai acabar desabando, então se escora em mim, não tem problema – disse Kakashi a chegando mais para perto do próprio corpo.


– Eu não estou tão ruim assim – a jovem retrucou com a cara amarrada, mas mesmo assim se escorou no professor, pondo a cabeça no ombro dele.


Por alguns segundo ficaram parados iguais a estátuas até que Kakashi passou o braço livre pelos seus ombros a abraçando e fazendo-a encostar a cabeça em seu peito. Surpresa Jun não esboçou nenhuma reação, apenas escutou as batidas do coração dele e começo a relaxar, a se acalmar.


Kakashi afagou lhe as costas e o cabelo ainda úmido, sem saber direito o porquê de estar fazendo isso, mas mesmo assim não parou, Jun parecia tão indefesa e fraca que era impossível dominar o seu lado protetor para com ela. Ela precisava de um amigo, alguém em quem pudesse confiar e amparar, e inconscientemente ele estava ocupando esse lugar.


Levou o polegar ao rosto dela, o acariciando levemente, sentindo a textura macia e quente da pele dela. Ela precisava de alguém para se firmar, e esse alguém poderia ser ele, não poderia? Afinal, ele era o dever dele a proteger.


Era tudo muito irreal para Jun. Primeiro Kakashi a havia abraçado, depois estava afagando seu rosto. Não sabia o que pensar, mas não ia negar que era bom e que se sentia aquecida e protegida. Era verdadeiramente uma sensação muito boa. Envolvida pelo momento ela passou a sua mão esquerda pela cintura dele e sua mão direita pousou no peito dele, ao lado de sua cabeça; podia com clareza escutar o Tum-Tum ritmado do coração dele.


Por fim Kakashi retirou a mão do rosto da jovem e a apertou contra o peito, beijando o topo de sua cabeça por cima da máscara e sussurrando para que apenas ela escutasse:


– Não se esqueça que você estará sempre protegida comigo. – ele fez uma pausa e acrescentou – Confia em mim?


– Claro – ela respondeu sem hesitar, se aconchegando a ele, depois disso tudo foi escurecendo e ela foi se tornando mais mole. O cansaço e os remédios a haviam vencido.


– Eu sempre estarei aqui – ele sussurrou para o vento; beijou-a mais uma vez na cabeça e a pegou no colo, dirigindo-se para o estacionamento.

• • •

Sua cabeça pesava e o mostrador digital apitava sem parar, fazendo com que sentisse vontade de tacá-lo na parede.


Jun vagarosamente sentou-se na cama livrando-se do emaranhado de cobertores e edredons, porém sentiu frio, o ar estava ligado no máximo. Voltou a se enclausurar no meio do tecido quente.


Não se lembrava muito bem das horas passadas, a cabeça doía e tudo parecia um borrão. Ela não deveria estar em um hospital?


Foi apenas um sonho bom?” – ela se perguntava.


Levou a mão à têmpora direita, sentindo debaixo de seus dedos os pontos de metal, e concluiu que afinal não havia sido um sonho bom, mas sim a realidade irreal. Olhou novamente para o mostrador: 12h30min de domingo. Havia um pedaço de papel em cima dele.


Esticou o braço e o alcançou, era uma folha comum de uma caderneta e escrita com uma caligrafia fica e inclinada se encontrava as palavras: “Espero que esteja bem, e cuidado com os pontos. Vemo-nos segunda na escola. H.K”.


A jovem leu três vezes o curto bilhete à meia luz do quarto para ter certeza de que ele era de quem realmente ela pensava que fosse. E era. Era um bilhete de Kakashi.


Ela continuou deitada enrolada em vários cobertores refletindo; por fim deu um sorriso e disse em voz sussurrada, mas clara:


– Pelo menos alguém se importa comigo... – a jovem disse essas palavras e voltou a dormir, só queria acordar no dia seguinte.


Enquanto Jun dormia despreocupadamente sem se lembrar claramente do incidente do dia anterior, Kakashi havia conseguido entrar no sistema de segurança da casa super protegida de Karin e analisava as gravações feitas pelas câmeras de segurança da piscina, tentando encontrar o momento exato em que ocorrera o acidente.


Não havia dormido e tomava de um grande copo um café forte e sem açúcar para se manter acordado. Demorara muito tempo para conseguir rakear o sistema, e agora penava para encontrar o ângulo e a hora certa.


Passou para mais um vídeo, tomando uma generosa golada do café amargo até que quase cuspiu tudo na tela do notebook. Finalmente havia encontrado o momento certo. O momento onde um homem de cabelos escuros agarrava uma jovem morena pelos ombros e a empurrava em direção a cascata. Viu a jovem bater a cabeça e afundar na água. Pausou e printou a cena, dando zoom e limpando a imagem. Reconheceu de imediato quem havia feito aquilo e semicerrou o punho.


– Miserável – resmungo.


Deu o play e deixou a gravação correr mais um pouco, viu-se na filmagem e logo depois a sua atenção se voltou para o homem moreno, ele havia se virando para aquela câmera, acenado e sorria bebendo uma taça de champanha e com a boca falou claro:


“Vá se ferrar Kakashi”


– Canalha! – Kakashi bateu o punho na mesa encolerizado, fazendo com que a caneca já vazia de café caísse e se espatifasse no chão.


De repente as janelas dos vídeos que estavam abertas na tela do notebook tremeram e a imagem sumiu, deixando em seu lugar imagens chiadas, semelhantes àquelas quando a televisão não está pegando. Uma mensagem apareceu na tela: VIDEOS NÃO ENCONTRADOS.


Kakashi praguejou alto, Zabuza havia sido mais rápido que ele e havia apagado os vídeos do sistema de segurança, imediatamente pegou o celular e apertou furiosamente um número internacional.


Esperou enquanto apenas ouvia chamar, mas nada de ninguém atender, até que a secretária eletrônica entrou em ação:


Estou ocupado no momento – disse uma voz masculina pré-gravada – se for importante deixe seu número e nome para que eu retorne a ligação após o bip.


– Droga Senji! Atende essa merda! – Kakashi estava impaciente, esperou mais alguns segundos para ter certeza de que Senji realmente não estava lá e continuou – Apareceu uma pessoa que não deveria aparecer aqui – ele disse fazendo alusão às palavras do amigo – você precisa urgente tirá-la daqui, eu dou um jeito na nota. Me liga logo. – Kakashi desligou.


– Está tudo uma merda, uma completa merda – ele murmurou enquanto passava os dedos pelo cabelo despenteado e se voltava para a parede dando um soco nela.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Quem disse que o empurrador foi o Zabuza? Parabéns Viny Hatake, você acertou! Outras pessoas devem ter pensado isso também, mas como são tão preguiçosas como eu, não deixaram reviews, ai ai ai, mas mesmo assim, beijos especiais para os que acertaram! ~SMACK~
Fiquem atentos que esse não será o único atentado do Zabuza, mais sangue está para vir!
Ja nee