Bem vindo, a escola Via Láctea escrita por Musse de Maracujá


Capítulo 2
1° dia de Aula




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O primeiro dia de aula e eu não paro de suar. Estou extremamente atrasado, todos os outros professores já entraram em suas classes e o corredor está apagado. Minha luz ilumina o caminho, mas do mesmo jeito não alivia o medo horrendo que eu tenho de passar por um daqueles banheiros e sair algum bicho, tenho um baita trauma de infância. E a cada passo que dou sinto um frio na barriga. A minha sala é a ultima de um longo e cansativo corredor, por isso tento correr, mas meu organismo não está acostumado a tanta pressão.

Depois de alguns minutos, encaro a porta com um escrito gigante “1 ANO B, NÃO SE APROXIME”. Tento me controlar para não morrer derretido ali mesmo, pra não ter que entrar. Sim, eu sou muito medroso.

Abro ela lentamente com meu coração na boca. E a sala era exatamente do jeito que eu esperava. Uma baderna.

Um garoto moreninho dava voadora em todo mundo, um brutamontes sempre desferia ataques conta ele, e outro menor só gritava. E sem contar as garotas. Não vou nem mencionar o fato de uma estar quase arrancando a Maria Chiquinha da outra.

Eles parecem me ignorar. Queria poder fazer o mesmo. Fui até minha carteira me esquivando de um skate lançado para a parede. A poluição sonora afetava meus tímidos ouvidos. Sentei-me e tentei dizer algo.

–Oi?

Mas eles pouco se lixando pra mim. Resolvi dar um basta.

Com uma mão, mandei uma bola de luz para o meio da sala. Todos se assustaram e paralisaram. Rapidamente os vazios das carteiras foram preenchidos. Me assustei um pouco com a rapidez que isso aconteceu.

– Eita nos! –o moreninho falou- eu disse que já era pra gente se sentar porque o professor já tava vindo. Mas você não me ouve!

–Fique quieto, quem disse isso fui eu –a guria de Maria Chiquinha disse, tacando um chiclete mascado no lixo.

–Tanto faz, o que importa e é agora o professor nos odeia.

–Odeia nada –outro disse.

–Pessoal... –Uma garota sussurrou.

O moreninho tentou dar uma voadora nela.

E uma discussão foi aberta. E minha paciência se esgotou. Eu peguei a sala mais infantil do mundo. Parecem crianças. Me joguei na cadeira e esperei aquilo tudo passar. Sem esperança que acabasse. Mas de novo, para minha surpresa, acabou quando o moreninho simplesmente e recusou a falar com a moça. E os sussurros foram diminuindo até que ninguém botava mais lenha na fogueira.

–Acalmaram? –Eles fizeram um sim com a cabeça e consegui prosseguir –Sou novo, e pro meu azar, peguei está sala. Sei que vou me demitir logo pois não serei diferente que os outros 250...

–Uma cambada de frouxo! –um garoto gritou.

–Gostei desse professor, ele é tão otimista... –ironizou a Maria Chiquinha.

Suspirei e esperei uns segundos, quando vi que aquela conversa não daria em nada, continuei.

– Mas o mínimo que eu quero é saber quem são vocês. –Olhei para o da primeira carteira. Era o moreninho das voadora –Você.

Ele se surpreendeu, depois sorriu de um jeito irônico. Seu cabelo era marrom vinho e seus olhos pretos.

–Meu nome é Meteoro, tenho 15 anos. Minha habilidade? Ainda não descobri. Mas tenho certeza que vai ser Incrível como eu!

Apontei meu dedo pra Maria Chiquinha, que respondeu sem reclamar. Seus cabelos eram ruiva e sua pele pálida.

–Meu nome é Vênus. Tenho 15. Minha habilidade é arremessar coisas.

Acho que talvez eu não tenha gostado dela. Decidi não fazer perguntas e pedi pra uma menina com cabelo água e olhos verdes. Seu cabelo é gigante! Ela aparenta ser tímida. Ela corou um pouco e respondeu.

–Meu nome é Terra. Tenho 15 anos. Minha habilidade é de água.

Seu tom de voz ia diminuído até que não consegui ouvir nada. Um garotinho pálido com cabelo branco apareceu atrás dela. Fiquei curioso.

–Quem é ele?

Ela corou muito mais e respondeu baixinho.

–Este é o Lua, meu irmão... –Fiz cara de desconfiado – ele não vai atrapalhar, juro...

Decidi passar pro próximo, um garoto com topete de fogo e com skate na mão.

–Meu nome é Mercúrio, tenho 14 anos. Habilidade de fogo.

Para demonstrar ele tacou uma bolota enorme de fogo ao meu lado. Ignorei o fato do quadro negro estar derretendo e passei olhei para a garota ao seu lado, os dois são idênticos.

–Me nome é Marte, tenho 14 anos e minha habilidade é fogo também –Fiz outra cara de desconfiado e ela explicou que eles são gêmeos.

Eita. Gêmeos. Vai ser mais difícil do que parece. Ignorei novamente o fato de meu cabelo loiro quase ser chamuscado por outra bola de fogo.

–Você. O brutamonte.

–Sou Júpiter. Tenho 16, habilidade: força!

Um garoto ao seu lado resolveu falar, perto de Júpiter, ele era nanico.

–Sou Saturno, tenho 15, habilidade não sei.

Apontei o dedo para uma garota com cabelo preto e olhos azuis,bem gordinha, posso dizer...

–Urano, tenho 16, minha habilidade não te interessa, palhaço...

Deixei a revoltada de lado e apontei para um baixinho no fundo da sala de óculos. Ele era do tamanho de Meteoro.

–Neturno, 14, é mudar de tamanho.

–Achei irônico –falei- próximo!

Um garoto que não largava o videogame. Seu cabelo era azul, mas não igual o da Terra, era um azul mais gelado.

–Plutão, tenho 15, habilidade de gelo.

Ele só parou de olhar pro videogame pra fixar na Urano. Não precisa ser um gênio pra saber que ele tinha algum sentimento por ela, e que ele era meio cego também...

Olhei para o relógio e me dei conta que a aula já estava quase acabando.

Mesmo pequena, a sala era insuportável.

Vão ser 3 longos anos.

O sinal tocou. Hora do intervalo.

Tentei evitar a sala dos professores, não agüentaria ter que responder perguntas sobre a sala. Eu mesmo já não estava em condições ideais pra pensar nisso. Passei fome evitando a cantina. Não tem astros na cantina, mas decidi não arriscar.

O sinal tocou novamente, entrei na sala de aula, apenas Terra havia chegado. Sentei e esperei, ela fez o mesmo. Nós dois esperamos por meia hora, até que finalmente pergunto

–Er... Cadê os outros?

Ela fica vermelha e abaixa a cabeça.

–Eles demoram um tempinho antes de vir...

–Um tempinho de quanto tempo.

–1 hora...

Ok, eu desisto de tentar entender essa sala.

Ela pegou um lápis e começou a anotar algumas coisas. Me pergunto se todos esses papeis de bolado, machão, tristonha, não são só interpretação pra testar os professores. Mas no fundo são uma sala normal!

Não, não pode ser... Eles são burros demais pra elaborar algo deste nível... Ou talvez eles sejam inteligentes... Nunca se sabe...


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