Clichê escrita por Sabsyoda


Capítulo 4
Happen Ending


Notas iniciais do capítulo

Acho que escrevi demais e.e
Mas é necessário KDUSAHFUSDHFUDHFH
Tem gente que quer a Hyori com o Kyungsoo e gente que quer a Hyori com o Sehun, bem, independente do final - com quem ela termine ou como ela termine -, espero que todos gostem. Já tinha deixado claro que mesmo que ela termine sozinha (coisa que é possível pois eu acabo com meus casais e.e), eu não a deixarei na lama JDSAUFHUSDFHUH
Bem, até mesmo fiz uma capinha linda pra esse final e para compensar o atraso.
Boa leitura.



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Linda. Eu estou linda, puramente deslumbrante, divina. Pelo menos é isso o que ouço de meus pais. Olho-me no espelho e fico satisfeita de ver uma jovem de cabelos em lindos cachos grossos usando um vestido tomara que caia curto e branco, com um lindo laço vermelho quase vinho adernando a cintura. Os sapatos de salto alto branco com detalhes de quadrinhos pretos combinam totalmente com o vestido e dá um ar jovial, assim como os três brincos em cada orelha, o maior sendo um vários brilhantes até chegar à uma pedra meio preta, os demais brincos são apenas pontinhos brancos, para dar um charme.

— Eu te disse que você devia fazer os outros furos, veja como isso te deixou ainda mais linda — Sehun comenta, puxando um dos cachos grossos de meu rosto e escondendo-o atrás de minha orelha.

— Sim, você tinha razão. Apesar de quase morrer para fazer os outros furos, admito que ficou lindo em mim — digo, sorrindo.

— Por favor, você que é muito fresca e só com um barulhinho começa a chorar — ele revira os olhos, ainda com um sorriso em seus lábios.

Devo deixar claro que o rapaz parado ao lado da moça também está de tirar o fôlego. Sehun está vestindo um paletó e calça, ambos da cor preta, uma camisa branca por baixo do paletó e uma gravata cinza que realça totalmente seus fios loiros partidos no meio no estilo bom moço que o deixa ainda mais lindo.

— Você sabe que nós vamos ser o casal mais bonito lá, não é? — Sehun me abraça de lado e me encara através do espelho, dando uma marota piscadela.

— Você dizer isso cinco vezes não torna real — respondo me desvencilhando dele e indo pegar minha bolsinha de mão em cima da cama.

— Não negue o inegável. Duvido ter alguém mais bem vestido e animado para esse baile do que eu, então prepare-se para ganhar todas as premiações que terão lá...— Sehun anda até mim e então passa o braço pelo meu — Vai ter premiações, não é?

— Tipo rei e rainha? — indago.

— Isso mesmo.

— Acho que sim — franzo o cenho — Bem, não vamos nos apegar aos pequenos detalhes, ok?

— Ok.

Faz exatamente uma semana que não falo com Kyungsoo. Também faz uma semana que mudei de classe, indo para o terceiro C, e assim, evitando vê-lo durante as aulas. Jongin tentou novamente falar comigo mas o ignorei pois não quero mais contanto com ninguém que me lembrava Kyungsoo. O lado positivo de ter mudado de sala é que fiz algumas amizades novas que me distraiam de pensar em Kyungsoo na hora do intervalo, o lado negativo é que eu ainda via Kyungsoo mesmo que não quisesse e para meu espanto o mesmo não tentou parar de falar comigo e me ignorar como eu queria.

Sempre que me via, tentava falar algo mas eu sempre desviava de seu caminho. Durante essa única semana, Kyungsoo me ligara mais vezes que todos os nossos anos de amizade juntos — até mesmo de noite! —, me mandara mensagem por todo tipo de rede social que possuía e até mesmo chegou a ir até minha casa na sexta-feira. Mas eu o ignorei. O ignorei porque eu quero esquecer. Quero esquecer o dia que passamos juntos, que rimos juntos, quero esquecer tudo. Se ele decidiu seguir em frente, eu também seguirei, afinal, por que razão eu deveria sofrer por algo que nem chegou a existir?

— Seu celular está tocando — a voz de Sehun me desperta do meu desvaneio.

Andamos — ainda de braços dados — até minha penteadeira e lá está meu celular, tocando e vibrando, o nome 'Kyungsoo' em letras enormes na tela.

— Você quer atender? Eu posso sair e...— Sehun tenta soltar meu braço mas o impeço.

— Não. Não tenho tempo para isso — digo, desligando o celular e guardando-o em minha bolsa de mão — Vamos?

No começo eu relutei em ir ao baile, pois além de ser em um domingo, não sabia se teria coragem de aparecer lá e ver todos felizes enquanto eu estava sofrendo. Mas Sehun me convenceu. Na realidade, ele falou com meus pais que praticamente me obrigaram a ir e me deram dinheiro para arcar com as despesas do vestido, do salto, cabelo e todas essas outras coisas — acho que eles sentiram-se mal por terem brigado comigo na semana passada — e por causa disso, estou chegando agora em minha escola.

— Nervosa? — Sehun ajuda-me a descer do táxi.

— Um pouco — admito, sem olhar em seus olhos.

— Não se preocupe, estou aqui com você — ele leva minha mão até seus lábios e a beija. Concordo com a cabeça e então começo o arrastar até a entrada da escola, entregando nossos convites para um dos seguranças.

Andamos até a quadra, onde seria o baile, e devo dizer que a equipe de arte realmente se superou ao preparar todo o local. Tudo estava em uma decoração festiva, balões adernando a entrada, mesas com salgados, doces e bebidas se espalhavam pela quadra e várias pessoas já haviam chegado.

— Hey, na minha época não eram assim os bailes — Sehun fecha a cara e eu dou risada.

— Pare de reclamar igual a um velho — comento e sinto um peteleco em minha testa.

— Não me chame indiretamente de velho — ele tenta me encarar bravo, mas falha miseravelmente e então ri, mordendo o lábio inferior — Vamos comer algo?

— Mal chegou e já quer comer, além de velho é gordo — digo e então solto meu braço do dele, rindo ainda mais.

— Aish, você realmente não presta — ele diz, cruzando os braços — Por que eu quis vir com você aqui, hein?

Paro de rir e o olho meio sem graça. Será que o irritei?

— E-Eu também não sei, quero dizer, eu...

Sehun me olha dos pés à cabeça, ri, e então anda até mim.

— Acho que deve ser porque me disse dos seus ótimos passos de dança, não é? — ele segura minha mão e começa me arrastar até a pista de dança.

— O que?! N-Não, eu não sei dançar...— tento me afastar de Sehun, porém, ele é mais forte que eu.

— Para a sua sorte, essa é a minha música preferida — ele diz em meu ouvido ao parar no meio da pista — Dance comigo.

Neguei com a cabeça e Sehun soltou-me, rindo, e então começou a balançar os braços de um lado para o outro. Por um momento pensei que por Sehun ser enorme, ele ficaria parecendo um daqueles bonecos de posto enquanto dança, mas para minha surpresa, o garoto sabia fazer os passos da música direitinho.

— Sehun...— abafei minha risada com minhas mãos — Não acredito que você sabe dançar isso.

— Já disse, é minha música preferida — ele continuou dançando ao me responder. Comecei a perceber algumas pessoas pararem para vê-lo dançar e senti meu rosto ficar quente, isso está mesmo acontecendo? — Vamos, vamos, dance comigo! Não é possível que você não saiba a dancinha dessa música?

Eu sabia. Claro que sabia, na realidade, até mesmo tentava me controlar para não sair dançando-a quando era tocada em alguma loja ou no rádio, todavia, eu não falaria isso para Sehun. Não, não falaria. Por mais que ele ficasse fofo dançando daquele jeito e que estivesse com um sorriso enorme no rosto, tornando-o mais belo, eu não podia pagar mico na frente dele.

— Vai mesmo me deixar dançar sozinho? — a música estava chegando ao refrão novamente e eu somente fiquei olhando para ele.

Ah Deus, eu sei que vou me arrepender disso futuramente...Mas já que estou na lama, não ligo de me sujar mais.

O refrão começou a ser cantado e eu me coloquei ao seu lado, dançando do mesmo jeito que ele e com a mesma animação, balançando meus braços de um lado para o outro. A música entrou em uma parte em que a moça que canta se vira de costas e então olha para trás, balançado o quadril na batida da música, e bem, o que posso dizer? Fiz o mesmo. E claro, Sehun morreu de rir e então continuamos a dançar, os passinhos novamente combinando.

Fiquei tão concentrada nessa dança e em Sehun que não percebi o amontoado de pessoas envolta de nós também dançando do mesmo jeito. Ao meu lado Lay se anima demais com a música e faz passinhos mais elaborados — e que não são da música — enquanto Baekhyun apenas fica pulando e balançando os braços na sua frente, sem saber como dançar direito.

A música acabou e todos riram, alguns saindo da pista de dança e outros continuando a dançar a seguinte música. Baekhyun se apoiou em mim e ambos me encararam, acho que sorri pois eles abriram um enorme sorriso.

— Quem diria que você sabia dançar tão bem, Hyori? — Lay questiona, suas covinhas aparecendo enquanto sorri.

— Por favor, nem foi grande coisa — digo, desviando o olhar para procurar Sehun mas o mesmo sumiu de vista.

— Ele está falando sério, você dança bem — olho para Baekhyun que morde o lábio inferior e então aperta as mãos, parecendo meio nervoso — Olha, sobre aquele dia na doceria...

Arregalo meus olhos e afasto um passo, uma coisa automática: — Eu não sei do que você está...

— Kyungsoo nos contou tudo — Lay diz, olhando de mim para Baekhyun — Não quero que pense que nós temos ideias erradas de você, Hyori. Aquelas garotas não sabiam o que falavam...

— Sim, nós até mesmo paramos de sair com elas — Baekhyun o interrompe, parecendo meio afoito.

— Não sabíamos que você tinha escutado e...Bem, nos desculpe por qualquer coisa — Lay abaixa a cabeça e então olha para suas mãos — Tentamos falar com você, mas você meio que nos ignorou.

— Eu...— dou risada, não consigo me conter. Lay e Baekhyun me encaram sem saber o que fazer — Eu devo desculpas a vocês, não devia tê-los ignorado desse jeito. E não se preocupem com aquele dia, já é passado para mim.

— Oh...— Lay faz um biquinho fofo e Baekhyun abre um sorriso — Bem, já que é assim, gostaria de nos acompanhar em mais uma dança?

— Sinto muito rapazes, mas essa moça encantadora já está acompanhada e muito bem, devo dizer — sinto os braços de Sehun envolver meus ombros e quase dou risada da cara de espanto dos meninos — Fui pegar um pouco de ponche para você, baby.

— Ah, sim. Bem, acho que vamos pegar um para a gente também — Baekhyun começa a sair mas para ao ver que Lay continua estancado no lugar, ele suspira e então anda até o amigo e o dá uma cotovelada — Eu disse que a gente vai pegar um ponche também, Lay.

— Ahn? Aish, você me machucou, seu louco. Por que faríamos isso? Não íamos tentar passar um tempo com a Hyori e... — Lay massageia o local onde Bakehyun o bateu e Baekhyun olha feio pra Lay que o encara por um tempo e então olha para mim e Sehun, ficando vermelho — Aaaaaaah, sim, é, nós temos que pegar um pouco do ponche porque...

— Aish, o que eu fiz para ter um amigo tão lerdo? — Baekhyun segura Lay pelo braço e sai arrastando-o por entre as pessoas.

— Wow, não posso sair nem um pouco que já querem "tentar passar um tempo" com você? — Sehun entrega-me o copo com ponche — Não sabia que era tão disputada assim.

— Nem eu — resmungo e ouço a risada de Sehun. Bebemos o ponche e então voltamos a dançar, as vezes sabendo os passos de determinada música e as vezes apenas se balançando de um lado para o outro, rindo quando um dos dois fazia alguma brincadeira. Sehun com certeza deve ser sinônimo de alegria em alguma língua, pois todo o tempo que passo com ele é libertador, divertido. E ele está tão deslumbrante hoje, seu sorriso seria capaz de iluminar uma cidade inteira, suas palavras engraçadas sempre em um tom gentil me fazem rir igual uma boba. Poderia ficar apenas dançando com ele durante todo o decorrer do baile, sem prestar atenção em ninguém, porque ele é o meu porto seguro. Com ele as coisas sempre estarão certas.

— Posso ir comer alguma coisa?

— Quem é o gordo agora hein? — Sehun dá uma piscadela — Vai lá. Vou te esperar perto daquele casal dançando estranho, okay? Mas vá logo porque vamos voltar a dançar, faz tempo que não me divirto assim.

Concordo rindo e então vou até o final da quadra, onde fica as mesinhas dos salgados. Fico divida entre pegar um daqueles deliciosos rissoles ou então um dos mini lanches que pareciam apetitosos, no fim, decido por pegar por um dos mini lanches e estico minha mão para pegar o de frango quando vou de encontro com outra mão.

— Oh, me desculpe... — começo a dizer mas paro ao ver em quem esbarrei sem querer. O destino, cupido ou sei lá o que está com certeza rindo de mim em algum lugar, porque, quais as chances disso acontecer?

Eu sei que ele vem querendo falar comigo durante toda essa semana e que era obvio que eu o veria nesse baile, entretanto, tinha que ser assim tão perto? Eu só não poderia tê-lo reconhecido de costas em algum ponto longe?

Olho em seus olhos e meu coração aperta. Droga, ele está tão lindo. O terno o valoriza tanto que por um momento paro somente para admirar sua beleza, a pele lisa, os olhos expressivos, a boca grossa e rosada, seu cabelo penteado em um topete o deixando ainda mais incrível.

— Hyori — sua voz sempre fora tão suave? Ele alguma vez já chamara meu nome de um modo tão doce e preocupado? Acho que estou pirando.

— Pode pegar o lanche, eu tenho que voltar para a pista — dou-lhe as costas e dou só três passos porque algo acontece.

A minha cena de filme começa a se desenvolver. Kyungsoo segura meu pulso com uma força que eu nunca pensei que ele teria antes que eu consiga ir mais longe, paro no lugar sentindo meu coração bater rapidamente me meu peito. Por que isso tem que acontecer agora? Eu não quero mais fazer parte desse filme, desse infeliz clichê. Para mim o final já aconteceu faz tempo.

— Hyori, por favor, não me ignore mais — suas palavras me fizeram tremer — Eu não consigo ficar longe de você.

"Eu não consigo ficar longe de você". Não, não, não, isso não está certo. Não agora. Ele não entende que já é tarde demais? Eu não o quero mais.

— Me solta — peço sussurrando e balanço levemente meu braço — Me solta, por favor.

— Não — sou puxada e quase vou de cara contra seu peito — Eu preciso de você, Hyori.

— Precisa? Onde estava esse precisar quando você disse na minha cara que meu sentimento não era correto? Onde esteve esse precisar durante todos os anos em que fui apaixonada por você?

— Você não entende — Kyungsoo fecha os olhos e então respira fundo — Eu sou apaixonado pela Hyerin.

Olho para ele indignada. Como ele ainda tem coragem de querer falar comigo quando diz essas coisas?

— Eu vou embora — tento me livrar dele mas seu aperto ainda é muito forte — Me larga agora ou eu vou gritar.

— Me deixe terminar! — sua voz sai mais alta que o normal. Ele abre os olhos e sua expressão é sofrida — Eu sou apaixonado pela Hyerin mas eu também sou por você, Hyori. Essa semana em que ficamos sem nos falar foi a pior semana da minha vida, eu não conseguia pensar em nada que não fosse na dor que eu estava te fazendo sentir.

Mas eu preciso dele.

— Por que você está me dizendo isso? — aquele aperto no peito se torna mais forte e sei que se não me segurar direito, daqui a pouco acabarei em lágrimas — Só me esqueça. Vai ser melhor para mim e para você, é o certo a se fazer.

— Mas eu não quero o certo — sua mão encosta delicadamente em minha bochecha — Eu não sou correto, me desculpe. Eu sei que sou um canalha por dizer isso, mas eu te amo Hyori. Me desculpe por perceber isso tarde demais. Mas você precisa entender que eu também sou apaixonado pela Hyerin. E eu sou egoísta demais para só querer uma de vocês em minha vida.

Eu te amo, Hyori...

— Pare de ser assim! Eu não quero isso...

— Olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais — sua mão em meu rosto agora está firme e seus olhos parecem me ver por inteira — Diga isso, Hyori e eu nunca mais te atormentarei.

— Por que você faz isso? — sussurro — Eu não consigo mentir tão descaradamente assim, Kyungsoo.

Porque com Kyungsoo sempre será assim, ele é o meu vício.

— É isso o que eu queria ouvir — vejo o seu pequeno sorriso antes que nossos lábios se juntem.

Beijar Kyungsoo é como experimentar o desejo em seu modo mais agressivo. Te faz sentir várias sensações antes desconhecidas, tem gosto de desespero e te faz sentir como se estivesse fazendo algo errado. É uma loucura, é viciante. Como ele poderia causar tudo isso em mim com um simples beijo? Por que beijá-lo parece ser tão erradamente delicioso? Por que eu agarro seus cabelos e o puxo para mais perto, juntando não só nossos lábios mas nossos corpos? É tão errado querer ficar assim com ele para sempre?

A resposta é obvia. Claro que é.

Nos separamos após um singelo selinho e então vejo a expressão de espanto nos olhos de Kyungsoo. Viro-me para trás e vejo uma das cenas que ainda vai me atormentar por muito tempo.

Sehun está parado com um copo de ponche em uma de suas mãos, nos olhando desolado. Seu lábio inferior treme de leve e então ele solta o copo, deixando algumas pessoas indignadas por ele ter molhado o chão, e sai dali em passos apressados.

Kyungsoo já não está mais segurando meu pulso quando Sehun sai e por causa disso consigo sair atrás dele. Grito seu nome uma, duas, três vezes. Ele me ignora e continua andando. Por que isso está acontecendo? Não era para ser assim.

— SEHUN! — alcanço-o quando o mesmo já está no corredor vazio do colégio — Pare, não foi nada do que está...

— Nada do que estou pensando? Por favor, Hyori, conte outra — ele para de andar e então se vira para mim. Sua expressão se divide entre desolamento e raiva — Por que não volta lá para o seu precioso Kyungsoo?! Eu já vou embora.

— Eu não quero que você vá — seguro seu braço, mas Sehun o chacoalha violentamente e se afasta de mim.

— O que você quer? Me diga, porque eu vou acabar ficando louco com isso!

— Aquilo com o Kyungsoo não foi nada...

— Nada? Não me parecia nada quando vocês quase se comeram na frente de todos!

— Não diga isso! — grito e sinto algumas lágrimas escorrerem por minhas bochechas — Foi só uma recaída. Eu não vou ficar mais com ele, prometo que nunca mais vou vê-lo novamente ou falar com ele.

— Promete até quando? Até beijá-lo novamente enquanto cabulam alguma aula? — ele ri sem nenhum humor — Por que eu estou me importando tanto com isso? Nós nem temos algo concreto para eu me sentir assim.

Fico paralisada observando-o passar as costas das mãos nos olhos, e respirar fundo várias vezes. O que raios eu fiz? Por que isso tem que acontecer desse jeito? Não, eu não quero assim. Não quero que ele passe pela mesma coisa que eu, ele merece mais do que posso lhe oferecer.

— Me desculpe, me desculpe Sehun — minha visão agora é só um borrão do que é Sehun — Eu sou uma idiota. Me desculpe, ah droga, estou te fazendo passar pela mesma coisa que eu. Isso não é certo, me desculpe.

— Se desculpas adiantasse alguma coisa, todo o mundo já estaria em paz agora. Eu fui tão bobo ao pensar que o que mais me machucava era te ver triste...— pisquei os olhos para afastar as lágrimas e Sehun sorria de forma tão triste que foi como uma facada em meu coração — Eu me enganei. Te ver com outro é mil vezes pior.

— Ah não...— me aproximo dele, pegando suas mãos — Nós não podemos acabar assim.

— Nem começamos algo para acabar.

— Não quero parar de ser sua amiga, Sehun, por favor, não me abandone — aperto suas mãos e beijo-as.

— Eu não posso continuar sendo seu amigo, eu quero mais que isso. Tente entender, Hyori.

— Se eu pudesse, eu juro que tirava o que sinto por Kyungsoo de dentro de mim e te colocava no lugar dele — minha voz sai trêmula. Fraca, como a pessoa que eu sou.

— Como pode ter tanta certeza de que não consegue fazer isso? — a pergunta foi lançada. Olhei para cima, querendo encarar aqueles olhos que sempre me encararam com carinho — Como pode ter tanta certeza se nunca tentou?

— O que...

Fui calada pelos doces lábios de Sehun. Se beijar Kyungsoo era como experimentar o desejo em seu modo mais agressivo, beijar Sehun é como experimentar a calmaria, o paraíso. Te faz suspirar, tem gosto de ponche de morango e dá um leve frio na barriga, como se a mesma estivesse cheia de borboletas. Nosso beijo é calmo, carinhoso e correto, totalmente o contrário do beijo de Kyungsoo. Como posso gostar dos dois?

— Eu preciso de você — ele disse entre um selinho e outro — Não consegue perceber isso?

— Sehun, eu...

— Me encantei por você desde o momento em que te vi sentada na cadeira da frente durante minha palestra, totalmente alienada ao que estava acontecendo. E me apaixonei assim que conversei com você pela primeira vez.

"Eu preciso de você, Hyori", "Eu preciso de você", como a mesma frase pode soar tão diferente quando dita por pessoas distintas? Meu coração se aperta ao ouvir isso de Sehun.

— Você é o meu tudo agora. Não o escolha, por favor — sinto a respiração de Sehun em meu rosto. Nossas testas coladas, nossas mãos juntas. Isso é o certo, mas por que sinto que não?

Eu não sei o que fazer. Não sei quem escolher. Por que eu tenho que escolher? Isso tudo é tão difícil. Desde quando eu mostrei interesse por Sehun? Mas caso não seja interesse, o que é isso que sinto? Que vai da ponta dos meus pés até minha cabeça e me faz querer estar com Sehun? Ele não devia ser somente meu porto seguro? Droga.

E por que com Kyungsoo eu me sinto trêmula, fraca, necessitada? Novamente, tenho consciência de que sou viciada em Do Kyungsoo. Por mais que eu diga que não, alguma hora vou ter uma recaída por ele. E isso define tudo. Porém, justo quando eu tento esquecê-lo, ele vem com tudo e me derruba. Meu primeiro amor, aquele que acaba comigo, me joga no poço mais fundo, me faz passar por trouxa, me inferniza, me causa dor e mesmo assim não consigo parar de amá-lo. Porque essa é a minha relação com Kyungsoo, ele me tem na palma de sua mão.

Com Sehun seria tudo mais fácil. Ele já é apaixonado por mim e me apaixonar por ele não seria nenhum desafio, na realidade, creio que de certa forma isso aconteceria uma hora ou outra. O problema disso tudo, na verdade, sou eu. Por mais que eu me apaixone por Sehun, sempre terei aquela parte em meu coração que irá gostar de Kyungsoo, que irá querer ficar com ele e é isso que acaba comigo e futuramente acabará com Sehun também, e se tem algo que eu não quero, é ver Sehun triste. Ele foi e é tão bom comigo, não posso fazer isso. Prefiro quebrar suas esperanças agora do que mais tarde, quando ele já estiver fundo demais para sair de uma relação complicada.

— Eu não posso fazer isso com você, Sehun — seguro o rosto dele o mais delicado que consigo, obrigando-o a olhar em meus olhos. Tento sorrir mas não sei se consigo — Não posso magoá-lo assim. Eu gosto de você, talvez até mesmo tenha me apaixonado mas o problema é que tudo o que eu vejo é o Kyungsoo. Tudo o que eu sinto, penso, desejo, é tudo ele. Foi, é, e sempre será ele. Me desculpe por dar-lhe falsas esperanças.

Ele solta nossas mãos e se afasta. Seu rosto, ah, seu belo rosto está banhado em lágrimas. Mas mesmo assim ele dá um sorriso, ele é tão mais forte que eu. Tão melhor do que eu. Ah droga, por favor entenda que isso é para o seu bem. Não me odeie no final, Sehun.

— Bem, espero que você esteja certa de sua escolha e que não se arrependa — ele dá ênfase na última frase — Até mais, Hyori.

Ele seca as lágrimas e então respira fundo, se recompondo. Me lança um último sorriso e então começa andar em direção a saída. Penso em pedir-lhe para ficar como meu amigo, penso em negar tudo o que disse agora pouco e e correr até ele, mas não seria correto fazer isso com ele. Seu "Até mais" teve vários significados, todavia, o mais marcante foi o "Adeus" ali implícito. O perder de vista foi a gota d'água para me fazer ir ao chão e começar a chorar, de novo e de novo.

Perder meu porto seguro é como perder uma parte de mim.

Até mais, Sehun.

Seco minhas lágrimas e arrumo meu vestido. Eu não devia estar aqui chorando, mas estou. Dessa vez vou fazer o certo pois sei que por mais que Kyungsoo tenha se declarado para mim, ficou claro que ele também sente algo por Hyerin. Voltar agora não me ajudaria em nada, as pessoas só fariam perguntas desnecessárias que eu não quero responder no momento, o melhor agora é ir embora.

Dou risada enquanto me encaminho para a saída. Me arrumei toda para um baile que nem aproveitei direito e que ainda me deixou mais acabada do que antes.

— Hyori, espere um pouco. Preciso falar com você.

Hoje provavelmente é o dia dos acontecimentos mais imprevisíveis do mundo, pois quando olho para o lado dou de cara com Hyerin me encarando sem expressão.

Ela usa um leve vestido de alças rosa salmão que vai até um pouco acima do joelho, um casaquinho da mesma cor e uma sapatilha marrom claro. Seu cabelo estava liso e um lacinho estava prendendo sua franja. Segurava uma bolsinha de mão também marrom. Tão delicada e feminina, como nunca esteve antes.

— Não acho que a gente tenha algo para falar — sei que soei grossa, mas isso não me importa agora. Na verdade, pouca coisa agora importa. Ignoro-a e continuo andando.

— Está enganada! Temos mais coisas para falar do que imagina! — sinto um aperto em meu braço junto com um puxão. Estou de frente para Hyerin que me encara sem indiferença. A garota possui uma expressão mista, um pouco de raiva e tristeza, seus lábio inferior treme por mais que ela tente parecer brava.

Plaft.

O som fez parecer com que doesse mais do que realmente doeu, mas sei que ficará uma marca em meu rosto mais tarde. Respiro fundo e volto a encará-la.

— Acabou? — ela não responde nada, talvez esteja mais alterada do que aparenta — Ok. Vou embora.

Plaft.

Outro tapa. Dessa vez no meu lado direito do rosto. Penso em avançar em seu pescoço mas essa não seria a melhor ideia a se fazer, além do que, em sua visão eu que sou a errada.

— Eu entendo o porque de você querer me bater, mas se fizer isso novamente, eu vou revidar. E não vai ficar nada bonito quando eu o fizer.

— Você entende? Realmente entende?! — ela ri, um riso nervoso — Você sabe o que é alguém roubar a pessoa que gosta de ti? Porque é isso o que você fez comigo, roubou Kyungsoo de mim.

— Eu roubei? — dessa vez eu que dou risada — Não me lembro disso. E se você quer saber, sim, eu sei como é isso porque quem é a ladrona aqui é você. O Kyungsoo sempre foi meu e você foi simplesmente lá e o roubou com essa carinha de songa monga.

— Seu?! — sua bolsinha de mão vai ao chão — Pelo amor de Deus, pare de ser paranoica! Vocês nunca tiveram nada além da amizade.

— E isso realmente importa? Eu o conheci antes de você. Me apaixonei primeiro e você nem ao menos se importou com isso.

— Nunca fui nada sua para me importar com algo referente a você — ela praticamente cuspiu as palavras — Você pode tê-lo conhecido e até mesmo se apaixonado primeiro, mas era você que ele levava em encontros? Era para você que ele mandava declarações de amor a cada cinco minutos? Era você que o beijou na frente da escola toda e que recebeu um pedido de namoro?! Me diga, Hyori, era você nesses momentos? — Hyerin deu um passo em minha direção e eu andei um para trás. Ela perdeu o controle de si mesma — Era você que passa o final de semana na casa dele, era você a garota que a mãe dele aprovou? Você sabe a resposta. Não, nunca foi você e nem será, porque ele não te ama, Hyori.

Sinto um buraco se abrindo em meu peito porque sei que tudo o que ela disse é verdade. Eu nunca passei de uma simples amiga para Kyungsoo e mesmo que ele afirme me amar agora, que garantia eu tinha disso ser a verdade? Afinal, como Hyerin disse, eu não sou a namorada dele.

— Ele disse que me ama — sussurro depois de um tempo em silêncio. Evito olhar para Hyerin quando digo isso.

— Ele não te ama, ele me ama e você sabe disso. Droga, olhe para mim! — ela grita a ultima frase me fazendo dar um pulinho — Quando você vai por nessa sua cabeça que ele não te pertence?! Entenda, de uma vez por todas, você é só uma amiga dele. Ele provavelmente disse isso porque está com medo de perder essa amizade idiota. Pare de ser tão ridícula ao ponto de se apaixonar por seu melhor amigo que é namorado de outra! Deus, isso passou dos limites!

— Cale a boca — digo, minha mão coçando para voar na cara dela — Cale a boca!

— Que foi, não aguenta ouvir verdades? — Hyerin quase cola seu rosto no meu — Bem, aqui vai mais outra: você é aquele tipo asqueroso de pessoa que acaba com o relacionamento dos outros. Não tem vergonha de si mesma?

Não. Eu não sou obrigada a ficar ouvindo esse tipo de coisa, não depois do que eu passei hoje.

— Não acredito que é esse tipo de garota por quem o Kyungsoo se apaixonou. Você está toda bravinha só porque sabe que ele gosta de mim! E sabe o por que dele gostar de mim? Porque eu o conheço desde os seis anos e sempre estivemos juntos desde então. Vocês nem tem um mês e já dizem eu te amo. Eu tive longos doze anos para me apaixonar por ele e realmente saber que o amo! Então não venha dizer essas besteiras na minha cara.

Algo na expressão de Hyerin muda. Ela pisca os olhos e então se afasta um pouco de mim, como se eu tivesse dito algo de errado.

— O que houve, o gato comeu sua língua? — questiono e dessa vez eu que ando um passo para frente. Por que ela ficou assim de repente? Será que...— Ele não disse que te ama, não é? — sinto que ela está prestes a chorar — É isso, não é?

— Cale a boca — ela responde e dá mais um passo para trás.

— Não. E sabe o porque de eu não calar a boca? Porque ele me ama — digo e Hyerin solta um soluço — Ele disse isso, com todas as letras.

Plaft. Sou jogada no chão. Sinto suas unhas arranharem meu rosto enquanto ela desfere outro tapa. Mas ao contrário do que eu mesma pensei que faria, não faço nada. Pelo simples motivo de que sei que fui má com ela, não como ela estava sendo comigo, mas realmente má. Kyungsoo nunca disse aquelas três palavras mágicas para ela, e Deus, se fosse comigo e eu soubesse que ele disse para outra, com certeza ficaria devastada.

Hyerin para de me bater e começa a chorar ao meu lado. Seu choro seria de cortar o coração se eu sentisse pena dela, coisa que não sinto porque sei que o que eu senti foi pior do que isso. Entretanto, seu choro só serviu para eu decidir algo enquanto estava caída no chão com o rosto ardendo.

Levanto-me e saio dali, sem realmente me importar com a garota aos prantos no chão. Tenho que encontrar Kyungsoo rapidamente.

Volto a festa, ignorando o segurança que tenta me barrar na entrada. Algumas pessoas param para me olhar abismadas, talvez pelo meu estado. Vejo Lay e Baekhyun me olharem abismados, mas também os ignoro e continuo com minha busca. Encontro-o sentado sozinho em uma cadeira no canto da quadra, os cotovelos apoiados nas pernas, suas mãos sustentando seu rosto que está virado para baixo.

— Kyungsoo.

Assim que o chamo e ele me encara, seu olhos se arregalam e sua boca fica em um perfeito "O'".

— O q-que houve com você, Hyori? — ele levantou-se num pulo.

Fecho os olhos assim que sinto o seu toque em meu rosto.

— Me diga, quem ousou fazer isso com você? — sua voz é baixa é tão suave.

Abro os olhos — mesmo não querendo fazer isso — e dou um passo para trás.

— Você ama a Hyerin? — questiono, fitando-o diretamente nos olhos. Minha pergunta parece deixá-lo surpreso e um tanto envergonhado, pois ele olha para o chão, as bochechas ficando vermelhas.

— Eu não sei como te responder isso — quase não o ouço.

— Ah, você sabe sim, Kyungsoo. Olhe para mim, por favor — digo e mesmo relutando um pouco, Kyungsoo levanta o olhar até mim — Você a ama? Ou está só apaixonado por ela?

Silêncio. Kyungsoo apenas me fita, talvez esperando que eu descubra a resposta através de seu olhar, não sei. Depois de alguns minutos em silêncio, suspiro. Ele provavelmente a ama também, só não disse, não é? Esse seu silêncio só pode significar isso.

— Eu te amo, Kyungsoo — abro um sorriso, um tanto quanto triste — E isso dói. Dói te amar, sabia? Eu não quero isso para mim. Pensei por um momento que poderia suportar você gostando de outra desde que me amasse também, mas eu não posso, não consigo. É demais para mim. Por mais que eu te ame muito, eu não quero mais passar por isso. Eu conheci outra pessoa, sabe? — Kyungsoo nunca fora tão silencioso quanto hoje, ele apenas me encara, nenhuma reação diante de minha palavras — Eu acho que até mesmo me apaixonei por ele. Mas paixão é diferente de amor, Kyungsoo. Ah, seu eu pudesse eu trocava esse amor que sinto por você por ele. Mas eu não posso. Nesse meu amor por você, eu machuquei mais do que a mim mesma, três pessoas saíram feridas por causa do que sinto por ti. Isso não pode mais continuar. Você é egoísta demais para querer ficar sem mim e Hyerin, você não consegue escolher. Então, eu vou escolher por você.

— O que quer dizer com isso?

— Eu escolho meu final feliz, Kyungsoo — levo minha mão até sua bochecha e a afago um pouco. Ando até ele e selo nossos lábios apenas por alguns segundos.

Kyungsoo me fita intensamente. Sinto que vou cair ali mesmo pois minhas pernas estão meio bambas, mais um efeito do que ele faz comigo.

— Volte para, Hyerin — digo e vejo a surpresa estampada em seu rosto — Ela gosta bastante de você, tenho certeza de que pode fazê-la feliz. Acho que meu adeus fica por aqui.

Não espero que ele diga algo. Saio andando e mesmo que eu ouça ele me chamando uma, duas, três vezes, não viro para trás. Porque eu fiz o que é certo. Esse é o meu final feliz.

Um final onde ninguém se machuca, além de mim. E bem, sei que ficarei com cicatrizes desse amor, mas algum dia eu irei sarar e ficarei bem.

Eu ficarei bem.

Sete meses depois...

— Asih, eu não quero ter que fazer essa lição! Por que os professores passam tudo de uma vez? — Chanyeol reclama, bufando. Dou risada da carinha fofa que ele faz ao receber um tapa Jongdae.

— Pare de ser reclamar tanto, rapaz! Você não tem mais idade nem tamanho para isso — Jongdae revira os olhos para Chanyeol ao vê-lo mostrar a língua para si — Hyori, diga para Chanyeol que nem é tanta lição assim.

— Ele tem razão, Chanyeol. Nem é tanta lição assim, só a frente A todinha da apostila de química e física, além de alguns exercícios de geografia, história e a redação sobre o enorme consumo da água em Seul de T.R, mas fora isso, não tem quase nada.

— AISH! Até você, Hyori? — Jongdae faz uma expressão indignada que o deixe uma graça e é impossível não rir — Não ria de mim.

— Me desculpe, Dae, mas você fica uma graça bravinho — comento, andando até ele e dando um beijo em sua bochecha.

— Ok. Vou fingir que acredito em você — ele diz e Chanyeol ri junto comigo — Bem, vamos logo para casa?

— SIM! Yeah, maratona de filmes de terror que me aguarde! — Chanyeol salta da cadeira em um pulo, erguendo feliz o punho direito no ar.

— Contanto que você não fique chorando de noite igual a ultima vez, vai ser maratona de filme de terror — comento, dando um empurrãozinho em seu braço.

— Sim, nada de querer dormir com o "Jongdae hyung" porque isso não vai rolar. De novo.

Pego minha bolsa escolar rindo. São nesses momentos que percebo o quanto estou melhor do que há sete meses atrás. Mudar de bairro realmente foi uma coisa boa, quem diria que a promoção no trabalho de meu pai serviria para alguma coisa além de fazê-lo se aproximar mais de minha mãe? No começo eu relutei um pouco, mas depois do que aconteceu naquele baile, sei que aceitar essa mudança foi melhor para todos. Não contei que me mudaria para ninguém, mas de alguma forma Sehun achou meu novo endereço. Veio semana passada em minha casa — de cabelo agora castanho, que combinou bastante com o mesmo — alegar que eu tinha deixado minha bolsa de mão com ele, e mesmo já tendo passado sete meses, ele resolveu em um dia qualquer me devolver. Conversamos um pouco, ele parece bem melhor do que quando o vi pela última vez. Não posso dizer que nos tornamos amigos novamente, mas trocamos algumas palavras as vezes, não sei se ele ainda gosta de mim, mas se gosta, não demonstrou em nenhum momento durante as curtas conversas que tivemos.

Depois que me mudei, resolvi cortar todos os laços que me faziam lembrar de Kyungsoo e até mesmo das outras pessoas da minha escola. Joguei fora as fotos em que estávamos juntos, os presentes que já recebi dele e também as memórias. As vezes, vejo Baekhyun e Lay passeando por meu novo bairro mas não vou até eles para cumprimentá-los, apenas os vejo de longe. Nunca mais tive notícias de Hyerin e Kyungsoo, mas isso de alguma forma foi bom para mim, pois não sei se aguentaria vê-lo com ela ou até mesmo saber que eles ainda estão juntos. Em minha nova escola, fiz amizade rapidamente com Chanyeol e Jongdae, o primeiro sendo um rapaz extremamente alto e engraçado, e o segundo mais baixo com um belo sorriso e olhos que se fecham quase por completo ao sorrir, muito fofo em tudo o que faz.

Hoje é sexta-feira — para minha alegria e de Chanyeol — e havia combinado com os meninos de dormimos em minha casa para fazermos uma maratona de filmes. Como quase sempre, Jongdae e Chanyeol vão se alfinetando no meio do caminho para ver quem vai escolher os filmes enquanto eu vou andando atrás, rindo da pirraça dos dois. O normal agora seria nós três irmos andando até minha casa, todavia, algo aconteceu. Ou melhor, alguém aconteceu.

Seu cabelo está tão escuro quanto me lembro e parece estar igualmente macio, está usando um pullover branco e uma calça jeans clara, mexe uma mão na outra, um claro sinal de nervosismo e seu olhar está concentrado em algo no chão.

Paro de andar. O que ele está fazendo ali?

— Hyori?

Jongdae e Chanyeol param de andar, ambos olhando para mim curiosos quanto ao que me fez parar de acompanhá-los.

— Eu...— olho para ele que continua na mesma posição. É a minha chance — Eu vou ali resolver um assunto pendente e já volto, ok? Não vão embora sem mim!

— Podemos pelo menos passar na loja de doces aqui perto? — pergunta Chanyeol e eu concordo, fazendo-o abrir um sorriso lindamente enorme — Ok, vamos te esperar lá, vamos Jongdae.

Antes que Jongdae possa fazer algo, Chanyeol já o puxa em direção a loja de doces. Aproveito essa distração dos dois e ando até o rapaz que me espera. Não sei se ele já tinha me visto antes, mas quando me aproximo ele não fica surpreso, apenas levanta o olhar e me dá um tímido sorriso.

— Pensei que você me ignoraria — ele diz, mordendo o lábio inferior.

— Bem, posso dizer o mesmo — olho atentamente para o garoto. Suas bochechas ficam rosas — Não foi isso o que combinamos, Kyungsoo?

As bochechas dele ficam ainda mais rosas. Uma graça.

— Não me lembro de ter aceitado isso — ele tomba um pouco a cabeça para o lado, como se estivesse pensando — Na verdade, só lembro de você me deixando.

Fecho a cara. Quando ele fala desse jeito, soa ruim.

— Não é como se isso fosse ruim — comento, franzindo o cenho — Eu apenas fiz o que era e ainda é melhor para a gente.

— Melhor para você, não é? Porque para mim nada melhorou — ele diz tão sério que por um momento fico sem palavras. Respiro fundo e então olho para o caminho que Chanyeol fez com Jongdae, não acho que eles ligariam de esperar um pouco, não é?

— Por que você está aqui? Principalmente, depois de tanto tempo.

— Depois que você me abandonou no baile...

— Não foi isso o que eu perguntei...

— Espere um pouco, me deixe terminar de falar — Kyungsoo se aproxima um passo de mim — Depois que você me abandonou no baile, eu achei Hyerin. Ela estava tão triste quanto você, se quer saber...

— Não quero — o corto, revirando os olhos.

— Enfim — um leve sorriso aparece em seus lábios — eu tentei conversar com ela, mas ela não queria me ouvir, então fiz o que me parecia mais lógico naquele momento. Fui para casa descansar, ou tentar. E foi ali, deitado na minha cama de madrugada que eu obtive a resposta para a sua pergunta, por acaso ainda se lembra dela?

— Não — minto. Claro que eu me lembro. Nunca vou esquecer a pergunta mais crucial que fiz a ele.

— Bem, eu vim aqui hoje porque acho que você merecia uma resposta — Kyungsoo respirou fundo — Não. Eu não a amo. Me apaixonei por ela? Sim. Mas amar, eu nunca amei, pensei por um momento que a amava, mas percebi que não. Sabe quando descobri que não a amava?

— Quando?

— No dia em que você se declarou para mim. Eu percebi ali, mas só estava com medo da resposta tão obvia, eu não podia amar Hyerin porque eu já amava uma pessoa. Eu amava e ainda te amo, Hyori. E eu sei que demorei para te dar essa resposta e que lhe machuquei demais, mas te peço somente uma chance, uma única chance para te fazer feliz.

Observo Kyungsoo atentamente. Desde se cabelo, até seus olhos, nariz, sua boca, seu queixo. Penso no que aconteceria se eu negasse esse pedido agora, provavelmente nunca mais veria essa fisionomia tão linda mas continuaria a seguir minha vida sem ter de volta as lembranças que machucam. Provavelmente faria mais amigos que Jongdae e Chanyeol e entraria para alguma faculdade boa. Fácil, simples e bom. Ninguém se machucaria mais.

Balanço a cabeça negativamente, tentando esconder meu sorriso. O problema disso tudo é que é extremamente difícil para um viciado negar sua droga favorita, e é isso o que acontece agora, porque por mais que eu saia machucada no final, estou disposta a tentar.

— E Hyerin?

— Não tenho mais nada com ela. Juro. A ultima notícia que tive dela foi quando fui até sua casa para terminar o namoro — ele diz, sério.

— E quanto aquilo de ser egoísta demais para ficar sem nós duas?

— Eu não disse aquilo pra valer — ele passa a mão no cabelo, puxando-o para trás — Além do que, eu só tenho olhos para uma pessoa agora e ela está bem na minha frente.

Arfo. É impossível ter outra reação diante dele. Mordo o lábio inferior.

— Você sabe que vai ter que ralar muito para conseguir algo além de minha amizade, não sabe? — questiono e o sorriso que Kyungsoo me dá quase me faz perder o fôlego.

— Bem, podemos começar tudo do zero — ele pigarreia e então se curva respeitosamente — Prazer em conhecê-la, sou Do Kyungsoo. Moro no bairro vizinho.

— E o que um rapaz do bairro vizinho está fazendo aqui?

— Vim procurar novas coisas e reaver antigas. Sem querer ser chato, mas você ainda não me disse seu nome.

Sinto minhas bochechas ficarem quentes. Deus, estávamos mesmo fazendo isso?

A resposta é clara.

— Prazer, me chamo Kim Hyori — curvo-me — Estudo nessa escola, e moro nesse bairro legal. É uma pena que tenhamos nos conhecido só agora, pois tenho que ir embora.

— Bem, não seja por isso — Kyungsoo se aproxima de mim e pega minha mão direita — Daria-me a honra de sair comigo nesse sábado?

— Já tenho planos para essa sábado — dou de ombros.

— Domingo? — nego — Segunda?

— Também não — vejo o olhar de Kyungsoo perder um pouco do brilho de antes mas ele continua sorriso — Mas acho que na próxima sexta-feira estarei livre.

— Próxima sexta-feira? — ele mal consegue conter a alegria na voz — Eu também estou livre.

— Ótimo, encontre-me aqui depois da escola, estarei te esperando — livro-me de sua mão e então curvo-me mais uma vez — Foi ótimo te conhecer, Do Kyungsoo, mas agora tenho que ir. Daqui a pouco meus amigos vão vir aqui me arrastar para irmos embora. Até mais.

Não espero que ele diga mais alguma coisa e saio andando, como sempre. Mas antes, consigo ver o sorriso feliz que ele me dá.

— Até sexta-feira, Kim Hyori! — ele grita e eu contenho uma risada — Estarei contando os dias!

Finjo o ignorar e continuo andando. Quando chego na loja de doces, vejo um Chanyeol e um Jongdae super animados segurando cada um uma sacola enorme de doces.

— Hyori, olhe esse doce! É tão gostoso, eu e Jongdae compramos um monte, não é hyung? — Chanyeol praticamente esfrega o doce de morango em minha cara.

— Chanyeol! Cuidado com esses doces, eu paguei caro por eles, sabia? — Jongdae exclama, pegando o doce da mão de Chanyeol.

Os dois começam a brigar mas eu não reparo muito pois estou sorrindo igual uma boba para o nada.

Quando pequena eu só queria ter um romance igual ao dos filmes, porque sempre pensei que ter uma história clichê seria a melhor coisa que poderia acontecer comigo. Até um tempo atrás, eu achava que eu era uma tola por pensar assim quando criança. Vejo agora que até um tempo atrás eu estava sendo tola. Pensei que efeito causado pela minha história clichê com o Kyungsoo fosse ser um final dramático, mas pelo visto me enganei. E nunca fiquei tão feliz por estar enganada.

Enfim meu final feliz veio até mim. O final que eu sempre quis, o amor de Do Kyungsoo. Mesmo que minha historia com Kyungsoo continue sendo um total um clichê, uma simples repetição da mesma cena, do mesmo filme, essa é a melhor história que eu poderia querer e com toda a certeza do mundo, será o clichê mais perfeito de todos.


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Notas finais do capítulo

Fim! O/
Esse final foi fofo, não me reconheci quando escrevi JDISAJFISDJKFIDHGUH Hyori terminou bem, não é?
Devo esclarecer que eu fiz esse final umas quinhentas vezes, alguns até mesmo ficaram depressivos, todavia, quando escrevi esse final, eu soube que nunca houve uma possibilidade de os outros finais serem realmente o final de Clichê.
Obrigada a todos que acompanharam a tristeza de Hyori JDIUSAJFUDSH ela merece ser feliz, não é?
MInha primeira shortfic, que emoção



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