– Okay, isso foi... inesperado. – eu conclui sentando à mesa ao lado de Rose e me sentindo exausta.

– Com certeza, inesperado. – ela afirmou olhando para sua mão esquerda e então para Dimitri. – Você andava com um anel de casamento o tempo inteiro no bolso?

Dimitri parecia exultante e deu um curto aceno.

– Na verdade, sim. Desde que você aceitou meu pedido de casamento.

Eu olhei ao redor para as poucas pessoas que ainda dançavam no salão, a neve tinha caído para valer e era incrível ver o pôr do sol se acumular nas montanhas brancas lá fora com flocos de neve caindo pela grande parede de vidro que havia ali. Eu reconhecia cada rosto no salão e me sentia feliz pela felicidade deles. Lissa e Christian tinham casado e Rose e Jill tinham sido as madrinhas de Lissa. Dimitri e Eddie, os padrinhos. Foi um casamento simples, porém extremamente elegante. Toda a papelada foi bem planejada e cada detalhe muito bem organizado. Lissa se aproximou de Jill para pedir para que ela fosse sua madrinha de casamento e Jill levou o papel a sério. Eu nem conseguia imaginar o trabalho que isso deveria ter dado as duas, mas essa foi provavelmente a semana onde elas mais se falaram e se uniram em um proposito.

Mas o que eu realmente não tinha conseguido imaginar, foi que depois que maioria dos convidados de Lissa saíssem para o buffet, Rose tivesse tomado uma decisão. Eu e Lissa tínhamos sido as madrinhas. Christian e Dane os padrinhos. Rose iria casar com o vestido de madrinha de Lissa, mas Jill tinha conseguido vestidos de reserva para a irmã e em cerca de trinta minutos, eu, Lissa e Rose estávamos com outros vestidos e celebrando outro casamento. As cores do casamento de Lissa foram branco e menta, as de Rose foram branco e blush. Enquanto estavam no altar, essa foi uma das raras vezes em que eu vi Rose envergonhada e tremendo nervosamente de felicidade, enquanto Dimitri sorria como nunca.

Os convidados de Lissa acharam que ela tinha apenas se atrasado na troca de vestidos ou em qualquer outra coisa, mas nem sequer desconfiavam que tinha havido um outro casamento.

Jill dançava com Eddie e parecia extremamente feliz com seu trabalho. Sydney e Adrian também estavam. Eles estavam tendo uma espécie de lua de mel atrasada com a minha ajuda e de Jill, que passávamos boa parte do tempo com Declan ao longo da semana lhes dando tempo para aproveitar a semana no resort a sós. Bem, eu estava passando boa parte do tempo com Declan, já que Jill tinha se ocupado com o casamento de Lissa e levado o bebê para o ateliê. Agora, ele estava com Dane que corria atrás dele para que ele não caísse enquanto Declan corria atrás dos balões que tinham espalhados no salão.

– Três já foram, faltam duas. – eu ouvi Christian dizer em voz alta para que eu ouvisse propositalmente. A principio eu não entendi exatamente qual era sua intenção, mas olhando para Sydney e em seguida para Rose e Lissa eu entendi.

– Não que seja da sua conta, mas não está nos meus planos. – eu disse com uma careta.

– É bom que não estejam mesmo. – eu ouvi Janine dizer e então me virei para vê-la chegar até nossa mesa com Abe ao lado. Os dois tinham vindo para o casamento de Lissa e acabaram testemunhando o casamento da própria filha. Janine tinha chorado, mas tinha sido rápida limpando o rosto antes que mais alguém percebesse suas lagrimas.

Ela pôs a mão em meu ombro e eu segurei, notando que sua outra mão estava segurando a de Abe.

– Ew! – eu disse e ri. – Eu desconfiava que isso aconteceria, mas não precisava descobrir ou perceber isso. Nunca.

Janine e Abe riram.

– Espere até descobri como vocês foram feitas. – Abe disse com um de seus sorrisos espertinhos e eu estremeci balançando a cabeça.

Abe estava com um terno prateado e uma gravata verde e Janine tinha insistido em não tirar a roupa de guardiã, já que ela estava no comando da guarda de Lissa, enquanto Rose seria a madrinha do casamento.

– Vocês estavam lindas. – ela disse com um suspiro.

– Mas aposto que Yeva vai fazer você casar de novo e dizer que essa cerimonia não valeu porque não seguiu a tradição russa. – Abe disse rindo.

Rose parecia desdenhar e cruzou os braços.

– Ah, vai sonhando. Essa cerimonia foi mais que válida e mais que suficiente. – ela disse e então Dimitri pôs o braço ao seu redor.

– Foi suficiente, Roza. Foi perfeito. – ele disse e então beijou sua têmpora.

– Okay... casais demais para mim. – eu falei em voz baixa e então me levantei rindo e indo até Dane e Declan.

– Hey, como está o rapaz mais charmoso dessa festa? – eu brinquei e quando Dane me abraçou eu virei para ir atrás de Declan. – Eu estava falando com ele.

Dane riu e então me beijou de maneira rápida, sem tirar os olhos do bebê.

– Clichê você me trocar por uma versão mais nova. – ele riu e então pegou Declan nos braços, trazendo para o nosso meio.

Declan e eu agora tínhamos uma amizade legal e ele veio para os meus braços, me mostrando que tinha pegue um balão. Eu sorri e então enganchei a fitinha em seu pequeno dedo. Dane me abraçou e então nós ficamos por um tempo, dançando os três, até que Adrian veio até nós.

– Que bela imagem! Declan, baby Hathaway e o outro eu. – ele disse e então Declan o viu e deu os braços para ele. – Mas, para você: hora de dormir. Para vocês: não façam bebês agora. Eles são incríveis, mas dão um trabalho que não tem folga.

Eu prendi os lábios e o observei afastar levando Declan que nos deu um tchauzinho que veio com um bocejo. Em seguida Dane provavelmente percebeu minha aura e então pôs os braços ao meu redor.

– Ele não sabe, não falou de proposito. Não fique triste por isso. – ele me disse e então me virou, pondo meus braços em seus ombros e segurando minha cintura.

Eu respirei fundo e balancei a cabeça, mas pensei nas palavras de Adrian. Mesmo se eu quisesse, eu não poderia ter filhos. Tinha contado isso para Dane essa semana, quando ele estava me ajudando com Declan e mencionou que gostaria de ter um futuro comigo, um que incluísse uma família. Eu me vi obrigada a contar que quando meus pais sentaram comigo para ter a conversa, eles também me falaram que devido ao que tinha acontecido comigo, eu tinha adquirido uma falha em meu sistema reprodutor. Eu não quis saber mais nada além disso e tinha odiado saber de tudo aquilo me prometendo que nunca mais pensaria nisso. Mas quando Dane resolveu abordar esse assunto, essa conversa voltou a minha mente e a tristeza me invadiu enquanto eu contava a ele.

Eu afundei o rosto em seu ombro e ele sussurrou no meu ouvido.

– Não é nada demais. Isso não muda nada e sempre poderemos adotar. Você é um exemplo disso. – ele disse firmemente e então nós continuamos dançando ali.

Eu olhei mais uma vez ao redor e mais uma vez eu podia sentir o apoio de Dane. Talvez um dia nós formássemos uma família ou talvez fossemos só nós dois, mas nós dois éramos uma grande certeza em minha vida. Ele havia me ajudado a ficar e não fugir. Eu tinha o ajudado a parar de beber e controlar o espirito. A minha escuridão e o dom dele seria nossa luta diária, mas eu tinha certeza que nós conseguiríamos.

– Obrigada. – eu disse e ele pareceu não entender.

– Pelo quê?

– Por ter aparecido na minha vida. – eu disse e dando de ombros.

Ele balançou a cabeça.

– Não, foi você que apareceu na minha. E desde então meu mundo nunca mais foi o mesmo.

– É, você passou a ter mais experiências de quase morte desde que me conheceu. – eu lembrei rindo.

– E mesmo assim eu não faria nada diferente. – ele disse, pondo a testa na minha e me fazendo encara-lo.

Ali, no meio daquela festa, enquanto nos encarávamos, o mundo pareceu parar e eu voltei no tempo em minhas próprias memorias, desde o dia em que Rose entrou no Nightingale.

– Eu também não. – eu disse.

Todas as coisas pelo que eu passei, estariam sempre em minha memoria, mas era isso que elas eram agora. Memórias. Eu sentiria falta da Rússia, dos meus pais adotivos e de Bea, mas eu sempre os teria em mim. Eu sempre poderia voltar para a Rússia, meus pais sempre me veriam como filha deles e eu sempre lembraria de Bea como a irmã que ela foi para mim quando eu precisava. E eram essas memorias, essas pessoas que me fortaleciam e me faziam quem eu era agora. Eu tinha encontrado muito mais que meus pais biológicos. Eu tinha encontrado uma família, amigos verdadeiros e um amor para toda vida.