Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 51
Capitulo 51




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639862/chapter/51

Acordei abraçada e com a cabeça no peito de Dane. A luz estava dentro do quarto, mas era obvio que ainda estávamos em Washington. As nuvens eram pesadas e densas, sem sinal de sol e apesar de não estar sentindo frio, eu sabia que o vento lá fora não deveria estar nada agradável.

– Bom dia. – eu ouvi Dane dizer ao ver que eu estava acordada.

– Bom dia. – eu respondi e então percebi que nós ainda estávamos despidos. Eu estava abraçada a ele e nós estávamos enrolados no mesmo cobertor.

As imagens do que tinha acontecido ontem começaram a vir em minha mente e eu fechei os olhos, tentando controlar a vergonha que veio junto.

– Estava escuro e eu prometo que não vi nada. – eu ouvi Dane brincar e então sua risada. – Posso fechar os olhos para que você se vista, mas seria horrível me negar essa visão.

– Dane! – eu disse rindo e então ele rolou, me fazendo ficar por baixo. E eu comecei a perguntar sendo vencida pela curiosidade. – Onde estamos?

– Eu me hospedei aqui uma vez. Depois que nós saímos, eu olhei o GPS para saber onde poderíamos passar a noite e tive a ideia de vir para cá. É uma pousada simples, se comparar ao resort em que estávamos, mas eu tenho planos para hoje. – ele disse com um sorriso.

– Tem? – eu perguntei, levantando uma sobrancelha.

– Sim, mas infelizmente, eles incluem sair desse quarto maravilhoso. – ele acenou e então me beijou de leve. – Anda, vamos sair por aí e tomar café-da-manhã em algum lugar.

Eu procurava por minha mochila e me vestia, mas não conseguia deixar de pensar no que estava por vir. Eu voltaria. Eu imploraria pelo perdão de Rose, Janine e Abe. Eu aceitaria as consequências pelo que eu tinha feito. Enquanto eu pensava nisso, eu me senti angustiada de sair do quarto, mas Dane se aproximou e começou a por algo em meu pescoço, afastando meu cabelo para o lado. Eu olhei para baixo e vi meu cordão com o pequeno nazar.

– Eu o tornei um amuleto. Vai controlar sua escuridão, mas eu não sei se sou bom o suficiente nisso, então talvez só sirva para hoje. – ele falou como se pedisse desculpas e então beijou meu pescoço devagar.

– Tudo bem, obrigada. – eu disse e então sai organizando as coisas pelo quarto enquanto ele me ajudava.

– Sabe, você tem um problema sério de organização... – ele disse, me vendo arrumar a cama.

– Um dos muitos. – eu suspirei.

Ele sorriu e então veio até mim, me puxando para deitar na cama que eu tinha acabado de organizar e me dando um beijo de tirar o folego, mas depois interrompendo e então me estendendo a mão.

– Vamos, Ana. Ou nós vamos ter que pagar mais uma diária aqui. Talvez uma semana ou um mês. – ele disse rindo e então eu me levantei e nós pegamos nossos pertences, saindo dali e fazendo check-out.

Quando chegamos ao carro, no entanto, Dane não me devolveu as chaves.

– Hey, Eddie me emprestou. – eu disse um tanto emburrada.

– Mas eu preciso dirigir até onde vamos. É surpresa. Não estrague meu ato aqui, Anastacia. – ele disse e então abriu a porta do carona para mim.

Nós seguimos sem que eu soubesse para onde estávamos indo, mas dessa vez a viagem foi curta. Dane parecia focado no que quer que estivesse fazendo, mas mesmo assim ainda conseguia implicar comigo enquanto eu tentava achar algo para escutar na rádio.

Quando chegamos, eu não consegui entender direito onde estávamos, mas Dane desceu do carro e veio abrir a porta para mim. Nós estávamos na estrada, onde ele tinha estacionado próximo a uma arvore que estava no que parecia ser um penhasco.

– O que, é aqui que você me joga de um penhasco e volta para o resort dizendo que eu enlouqueci e me matei? – eu disse e então ele tentou por a mão em meus olhos e eu me afastei.

– Confia em mim? – ele perguntou.

– Sim. – eu respondi sem hesitar.

Ele pôs as duas mãos em meu rosto e nós caminhamos. Eu sentia medo de tropeçar por não conhecer o terreno, mas Dane estava me guiando o melhor que podia, até que ele parou e tirou as mãos dos meus olhos.

– Não é como nos sonhos, mas eu espero que seja o suficiente para sua primeira vez.

Eu olhei para onde eu tinha achado que era a descida de um penhasco e vi o mar pela primeira vez. Ali, há poucos metros de distancia. Era cinza escuro devido onde estávamos, mas as ondas estavam fortes. Eu desci a mata que nos separava da praia com Dane atrás de mim e depois de alguns minutos nós estávamos na areia. Eu tirei minhas botas e finquei meus pés na areia gelada.

– Seria melhor no verão, mas você teria que vir sozinha. Talvez se você pedir para Rose viajar com você...

– É perfeito. – eu disse, afundando meus pés na areia e começando a caminhar até olhar para o mar.

– Podemos entrar. Eu roubei alguns cobertores e toalhas da pousada e nós podemos ligar o aquecedor no carro. – ele disse, apontando para o mar.

Eu sorri e então acenei, começando uma corrida com ele até o mar.

A água era gelada, mas eu não estava me importando. Eu nadei sem pressa e com Dane ao meu lado. Ele parecia não entender o quão incrível isso era, mas provavelmente ele já teria entrado no mar outras vezes. Ele só se mantinha me observando, enquanto eu agia de maneira boba e infantil.

Depois que eu comecei a ver seus lábios começarem a perderem a cor e então ganharem um tom levemente azulado, eu entendi que ele realmente estava com frio e então disse para irmos nos secar.

Quando ele abriu o porta-malas do carro e nós começamos a nos trocar, ele também parecia um tanto lento e então eu percebi o que estava acontecendo.

– Você está com fome. – eu disse e ele entendeu, mas preferiu ignorar, enquanto entravamos no carro e ligávamos o aquecedor.

– Você também. – ele brincou. – Vamos a alguma lanchonete resolver isso.

– Não. – eu neguei e então segurei suas mãos, fazendo com que ele me olhasse e ele também entendeu o que eu queria dizer.

– Ana, eu estou bem. Nós voltamos hoje para o resort e com certeza vou ter tempo para fazer isso.

– Você usou as forças que tinha para encantar o colar, não foi? – eu perguntei e então me aproximei, sentando em seu colo de lado.

– Meus motivos foram bons. – ele disse, dando de ombros.

– Os meus também são. – eu argumentei.

– Não quero fazer nada que possa fazer você se sentir...

– Dane, eu estou bem. No momento, eu estou ótima e contando que você e eu voltemos para o resort juntos, eu posso encarar o que eu fiz também. Eu só preciso que você me deixe eu te ajudar como você me ajudou. – eu falei, passando a mão em seu rosto.

Ele beijou a palma da minha mão e seguiu dando beijos, enquanto eu dobrava a manga da camisa que eu vestia e quando chegou ao meu pulso, ele parou.

– Me prometa que vai me deixar curar você para que não fique marca alguma.

Eu acenei e ele também, se aproximando mais uma vez do meu pulso e então mordendo, enquanto eu entrava em êxtase e perdia os sentidos.

Quando chegamos a lanchonete da cidade, um lugar pequeno e abafado, que no momento em que eu abri a porta, preencheu minha mente com o cheiro de fritura e café. Quando Dane tinha me curado da mordida, isso também me curou da sensação pacifica que ela causava. Eu estava bem e me sentia feliz, mas apenas com muita fome.

– Naquela mesa. – ele disse apontando para a mesa mais distante da porta e próxima a janela onde Rose e Dimitri estavam sentados.

Eu senti minha alegria ser substituída por nervosismo de maneira rápida.

– Como...? – eu tentei começar a perguntar.

– Eu avisei. Eu mandei nossa localização e pedi para que eles esperassem aqui. Vocês precisam ter essa conversa a sós. Longe de toda a loucura de guardiã e da Corte. – ele explicou e então segurou minha mão, me fazendo caminhar até a mesa onde eles estavam.

– Bom dia. – Dimitri foi o primeiro a falar e então se levantou. – Eu vou atrás de algo para vocês comerem. Sente-se, Ana.

Eu me sentei enquanto ele se levantava e Dane apertou minha mão de leve e seguiu Dimitri. O silencio que seguiu foi constrangedor, enquanto Rose me observava e eu prendia meus lábios com força e tentava analisar o que ela faria.

– Hey, uma vez eu assisti um filme onde falavam uma senha para uma garota e ela meio que se tornava uma máquina de matar. – Rose começou. – Janine nunca tinha me dito que você tinha vindo com essas instruções também.

Eu não consegui responder nada por estar em choque e então ela tentou não rir.

– Não é engraçado. – eu disse me esforçando para não chorar e sem conseguir encara-la.

Rose balançou a cabeça e então se levantou, vindo para o meu lado e me pedindo para que eu afastasse para o lado, para que ela se sentasse.

– Ah, é sim. – ela disse, se sentando e me abraçando. – Está tudo bem, Ana. Eu sabia que uma hora ou outra nós teríamos algumas brigas e talvez você tivesse vontade de me matar...

Dessa vez eu ri e ao mesmo tempo senti minhas lágrimas começarem a vir enquanto a abraçava.

– Eu sinto muito, eu agi como uma louca. Eu nunca machucaria você de proposito. – tentava me explicar.

– Eu sei, eu sei. – ela disse. – E como eu disse, está tudo bem. Afinal, você é uma louca. Você é uma Hathaway.

Eu sorri e então tentei enxugar minhas lágrimas com os guardanapos da mesa e minhas mãos. Rose continuou me abraçando até que eu me controlasse e depois eu passei a olhar para as pessoas ao redor até achar Dane e Dimitri no balcão. Dane parecia se esforçar para conversar com Dimitri, que tinha a mesma altura, mas parecia fazer com que Dane se sentisse menor.

– Hey, tentem pegar leve com Dane. Ele tem se esforçado. – eu disse tentando não rir.

Rose olhou na direção onde eu olhava.

– É, ele tem. Até teve a ideia de me pedir para vir aqui conversar com você. Falando nisso, acho que essa é uma boa hora para contar o que vai acontecer na próxima semana. Precisamente no próximo final de semana. – ela disse se aproximando para falar em voz baixa. – Lissa vai casar com Christian.

Eu a encarei impressionada e feliz ao mesmo tempo.

– Ela não queria fazer uma coisa grande, então alguns dos nossos amigos virão para o resort, enquanto a maioria do pessoal da St. Vlad vai embora. No sábado pela manhã, quando segundo os meteorologistas a neve vai dar uma pausa, o casamento vai acontecer. Quase ninguém sabe e Lissa está obcecada com cada detalhe. É de dar nos nervos. – ela disse e então estremeceu.

Eu ri e olhei para Dimitri novamente, que dessa vez estava nos observando. Na verdade, observando Rose e com a mesma expressão boba de sempre. Dimitri era um cara a se temer na maioria das vezes, mas eu o conhecia a tempo suficiente para também conhecer o lado humano dele. O lado que faria qualquer coisa pela minha irmã.

– Rose... Você aceitou o pedido de Dimitri. – eu comecei. – Agora que Lissa vai casar, por que não tenta agendar uma data também? Aposto que com Lissa e Christian casando, Dimitri deve estar se sentindo triste, afinal... Eu nem sabia que eles estavam noivos e agora eles estão casando antes mesmo que vocês.

E então eu realmente me deixei pensar se eu sabia de alguma coisa do noivado de Lissa e Christian. Rose não me respondeu imediatamente e começou no outro assunto.

– Lissa não queria que ninguém soubesse nada. Os dois gostam de manter seu relacionamento reservado. – ela disse dando de ombros e em seguida olhando para Dimitri e parecendo sem jeito. – E quanto ao... casamento, acha mesmo isso? Ele não falou nada.

– Eu não acho que ele falaria, Rose. – eu respondi e então nossos pedidos chegaram. – Mas você deveria pensar sobre o assunto.

E então Dane e Dimitri estavam de volta e nós começamos a comer.

– Como ficou a situação para todos? – eu perguntei depois de ter acabado meu primeiro prato.

Rose demorou para falar por também estar comendo, então Dimitri respondeu por ela.

– Os alquimistas limparam tudo. Além da dona do hotel onde vocês estavam, não tinha outras pessoas ali acordadas naquele horário e quanto as pessoas que tinham vindo para a festa, alguém espalhou um boato de que a polícia viria, o que fez com que boa parte das logo fossem embora. Até as pessoas que estavam hospedadas ali e tinham ouvido sobre isso, acabaram por saírem do hotel as pressas. Que belo lugar para vocês resolverem fazer uma festa, não? Vocês sabiam que aquela cidade era praticamente comandada por Strigois? – ele perguntou estreitando os olhos.

Eu olhei para Dane e ele também me olhava. Jesse tinha escolhido a cidade e dito Logan ir visitar ali antes com Gwen. Algum deles teria descoberto?

– Não pensamos muito. Só queríamos festejar o fim do treinamento. – eu respondi. – O que os guardiões disseram? Alguém foi punido?

Dimitri balançou a cabeça.

– Vocês fugiram, mas sobreviveram a um ataque Strigoi estando em menor número. A maioria está bem impressionada com o que houve. Alberta e Stan estão tentando fazer algum de vocês confessar de quem foi a ideia, mas até agora sem sucesso. – ele respondeu e então deu um sorriso curto. – Imagino que eles continuarão sem resposta.

– Isso também se aplica a Eddie? – eu fiz mais uma pergunta.

– Sim. Na verdade, depois que vocês dois saíram, seus amigos consideraram continuar com o plano. Eddie foi quem disse que ficaria e assumiria o que aconteceu. Todos também ficaram por ele.

Eu acenei em resposta e não consegui evitar sorrir. Eddie não tinha sido responsabilizado, todos tínhamos sobrevivido...

– Janine sabe do que aconteceu? – eu perguntei a Rose me lembrando de repente.

– Ela sabe que você estava com eles, mas não sabe da parte “maquina mortífera”. Eu não sairia por aí contando que levei uma surra da minha irmãzinha. – Rose disse balançando a cabeça. – Tenho uma reputação a zelar! Alias, nós vamos remarcar essa luta. Eu preciso saber o que houve.

Eu ri da sua seriedade.

– Rose, foi só a escuridão. E pode esquecer, eu nunca mais vou lutar contra você. – eu disse mais para mim mesma.

– Veremos. – ela disse e então começou a voltar a comer, mas antes lembrou: – Falando nisso, todos estão tentando contar quantos Strigois tinham ali. Eddie diz que eram dezesseis e que você matou no mínimo três. O que significa que as coisas vão ficar caóticas quando vocês voltarem para St. Vlad e receberem suas Zvezda. Quer dizer, se as pessoas já estavam pirando por você ter sua primeira Molnija e não ter nem se formado ainda...

Rose começou a parecer extremamente orgulhosa e eu não entendia o porque, mas ter a atenção de Rose, Dimitri e Dane ali, fez com que eu começasse a me sentir constrangida.

– Como eu disse, foi a escuridão. Eu não acho justo receber uma marca por causa de um descontrole meu. Eu não sei se quero fazer isso. – eu disse.

– Uma ova! – Rose exclamou, me assustando. – Com escuridão ou não, foi você e você vai me deixar comemorar sua vitória.

Eu balancei a cabeça ainda sem entender, mas logo depois acenei rindo.

– Okay, sem pressão. Pode comemorar. Não faz sentido que você se empolgue com isso, mas pode comemorar a vontade.

Depois de um tempo, nós terminamos, pagamos a conta e Rose e Dimitri se dirigiram para o carro que estavam. No outro carro, assim que eu e Dane chegamos a estrada, eu tentei voltar no assunto que Dimitri tinha começado.

– Dane, você acha que Jesse sabia que aquela cidade era...

– Não. – ele disse firmemente, mas algo em sua voz, parecia ensaiado. Como se ele já tivesse pensado nisso e apenas tentado se convencer de que era verdade.

Para mim, não parecia coincidência que Jesse tivesse saído antes do ataque Strigoi e que ele tenha sugerido aquela cidade para fazermos a festa. Mas o que ele queria com isso? Se as coisas tivessem dado errado, não seria só a minha vida perdida. Seriam muitas pessoas e seu próprio irmão.

Eu olhei para Dane novamente e vi que ele parecia estar seguindo a mesma linha de pensamento que eu, mas sem conseguir acreditar. Honestamente, eu também não queria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shadows of the past" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.