Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 14
Capitulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639862/chapter/14

No sábado, Jill veio até o meu quarto, e quando a ouvi bater na porta, pedi para que entrasse quando eu não consegui levantar da cama.

– Bom dia – ela me disse, me trazendo uma caixinha de suco que eu aceitei sem perguntar.

Eu balancei a cabeça e tentei me sentar.

– Quer falar o que sobre o que aconteceu ontem? – ela disse se sentando ao meu lado.

Eu contei o que aconteceu, escondendo a parte em que eu havia secretamente gostado do beijo.

– Nossa, ele realmente é igual ao irmão. – ela me disse revirando os olhos.

Eu fiquei sem saber.

– Dane é o irmão mais novo de Jesse. Você pode perguntar sobre ele para a sua irmã. Aposto que ela vai ter algumas historias interessantes para falar.

Eu pensei sobre o quanto eu estava certa sobre minha primeira impressão sobre Dane e gemi me levantando.

– Acha que ele vai me perseguir na escola? – eu disse, me preocupando.

– Duvido muito. – ela disse e mudou de assunto – E sobre a escola... não vou poder começar na segunda. Lissa me pediu para ficar aqui por pelo menos mais duas semanas. Ela vai precisar da minha presença para algumas coisas e eu vou ter que ficar.

Jill parecia triste, mas não manifestou nada disso para mim. Ela realmente tentava ser útil para sua irmã e era boa pessoa o suficiente para se sacrificar pelas pessoas que gostava.

Depois que eu me sentia um pouco melhor, coloquei meu anel no dedo, mas sabia que a dor de cabeça que eu sentia no momento nada tinha a ver com a escuridão shadow kissed. Nós passamos o sábado arrumando minhas coisas para minha ida para a academia e Jill me dava conselhos enquanto me dizia o que eu ia precisar. Eu agora me sentia triste e desencorajada a enfrentar St. Vladmir sozinha, mas se Jill chegaria logo, eu só precisava “ser invisível” nas primeiras semanas. Eu conseguia isso com facilidade na Rússia, eu deveria conseguir isso lá. Depois de arrumar minhas malas, fomos tomar café e por mais que eu desejasse o contrário o dia se passou rápido.

Estávamos voltando da casa de Sonya – que eu costumava visitar com Jill e ajudar com ideias para o casamento – quando encontrei Janine.

– Olá, princesa Dragomir. – ela fez uma curta referencia para Jill – Ana, posso falar com você um momento?

Eu olhei para Jill e ela pegou o celular e começou a digitar enquanto eu me afastava.

– Filha, amanhã eu lhe levarei até a St. Vladmir. Tudo bem para você? – ela me perguntou.

Eu gaguejei por um tempo até soltar um “sim”.

– Okay, amanhã eu te acordo bem cedo para podermos ir.

Eu balancei a cabeça em afirmação. Ela refletiu um pouco me observando e depois me abraçou. Eu não consegui abraçar de volta, então só fiquei ali e depois ela saiu, enquanto Jill vinha até a mim.

– E então...? – ela me perguntou curiosa.

– Fugir parece cada vez mais tentador – eu disse em uma careta.

– Ah, Ana! Vamos lá! A guardiã Hathaway é-

– Legal. Eu sei. – eu disse revirando os olhos e recebendo um empurrão de leve.

Eu me despedi de Jill, me sentindo mais triste do que eu estava demonstrando e torcendo para que ela fosse o mais rápido possível para a academia. Por mais que ela fosse o oposto de mim com sua educação, delicadeza e sendo a pessoa extrovertida que ela era, eu havia me apegado a ela e ir para a minha prisão em sua companhia, parecia menos assustador. Agora que ela ficaria aqui e eu seria jogada aos leões, eu não conseguia deixar de pensar que em outros tempos eu já teria fugido há muito. Mas de alguma forma eu estava me mantendo naquele lugar. Força de vontade era realmente algo muito forte, eu estava aprendendo. Quando finalmente eu consegui vencer a ansiedade e dormir, eu fui puxada para um sonho. Ultimamente, era Oksana quem havia entrado em meus horários, por mais que eu tivesse pedido para que ela esperasse que eu entrasse nos meus antigos horários.

– Ansiosa? – ela me perguntou depois que nos abraçamos e dessa vez nos sentamos no sofá de casa.

Eu confirmei soltando um suspiro.

– Vai ficar tudo bem, Ana. Não se preocupe. – ela me disse mais para me confortar do que ser realista.

Eu não sabia o que falar ou sobre o que falar e optei por contar sobre Jill e tudo o que tínhamos feito na semana, com exceção a festa.

– Sinto muito por ela não poder ir com você, mas isso talvez possa fazer com que você arranje outras amizades. Não fique triste e pensando sobre isso, okay? Ela logo vai estar com você – ela disse beijando o topo da minha cabeça.

Depois disso ela me atualizou sobre algumas coisas que haviam acontecido na cidade e nós nos despedimos.

No começo do dia – no caso noite – ouvi alguém bater em minha porta e ao pedir para que entrasse vi Janine já pronta em sua roupa discreta de guardiã.

– Acha seguro pedir para as pessoas simplesmente entrarem no seu quarto? Por que mantem a porta aberta alias? – ela disse, abrindo a luz e me fazendo por o travesseiro no rosto.

Eu murmurei algo em resposta e me virei ainda sonolenta.

– Vamos, Ana. Desse jeito vamos nos atrasar para o voo.

Eu me arrastei me levantando e depois segui para o banho enquanto Janine juntava algumas coisas que eu não havia lembrado de guardar e reclamava algumas coisas em um idioma que eu não conhecia.

Bocejando, mas pronta eu segui para a porta arrastando as malas. No espelho da recepção, enquanto Janine fazia o check-out eu ajeitei meu cabelo em um coque já que não havia conseguido controla-lo e vi Abe e Rose se aproximarem de mim. Eu me virei e sorri, de repente me sentindo animada com a surpresa.

– Não achou que nós não nos despediríamos, não é? – Rose me disse e me abraçou. – Você me fez acordar cedo em um domingo, mas mesmo assim eu te desejo boa sorte, irmãzinha.

Eu bocejei e Rose me refletiu me fazendo rir.

– Espero que não nos faça ir até a St. Vladmir o tanto quanto Rose fazia – disse Abe – mas acho que isso é coisa de família, certo? Então nos vemos logo.

Eu sorri e o abracei, de verdade. Eu realmente ia sentir falta de Abe enquanto estivesse trancada na academia. Ele podia tirar toda a minha paciência que já não era muita, mas ele também era o meu melhor amigo.

Eu me despedi deles e então era novamente só eu e Janine. No carro, nós ficamos em silencio na maior parte do tempo e eu aproveitei para dormir mais um pouco até chegarmos ao aeroporto.

O voo foi de quase sete horas, Janine trouxe um caderno em que começou a escrever o que eu achava que eram algumas anotações e eu trouxe meu exemplar surrado de O Mágico de Oz, um dos livros que ganhei no meu aniversário de doze anos. “There’s no place like home”, na época era uma indireta vinda de minha mãe, mas agora eu realmente entendia o que Dorothy queria dizer com isso.

– Ana? – chamou Janine que havia parado de escrever.

Eu tirei um fone de ouvido e fechei o livro prestando atenção.

– Rose lhe falou algo sobre... sobre falar de onde você veio? – ela parecia não conseguir se expressar direito.

– Não, como assim? – eu perguntei confusa.

– Entenda, não é que você deva esconder ou ter vergonha de ter crescido próxima a uma comunidade de... mulheres dhampir, mas isso pode ser visto de maneira... errônea por muita gente. – ela tentou me explicar.

– Não parece certo ter vergonha de onde eu vim. – eu disse levantando uma sobrancelha.

– Não, você não deve ter vergonha. Só... cuidado. Algumas pessoas podem pensar que porque você costumava morar lá, você também é uma-

Bloodwhore?

– Uma das moças que existem lá – ela me corrigiu e pigarreou.

Eu fiquei calada, enquanto processava a informação. Por mais que eu odiasse admitir ela estava certa. Se alguém pesquisasse sobre a minha cidade, a maioria do que encontraria seria bloodwhores e isso era um fato conhecido para mim. Já que era meu trabalho traze-las até a cidade.

– Okay. Vou evitar falar sobre de onde eu vim. – eu disse num suspiro.

– Os seus documentos mostram que você nasceu Moscou, você pode dizer que vivia lá.

– Certo. – eu disse encerrando o assunto.

– Eu sinto muito. – ela disse com uma careta me observando.

Eu não respondi e pus o fone novamente, abrindo o livro. “There’s no place like home”. Oh, Dorothy. Você não faz ideia.

Seguimos em silencio depois disso e quando chegamos, continuamos o percurso de carro mais uma vez. O caminho até a St. Vladmir era montanhoso e extremamente verde. E a cada placa por onde nós passávamos, eu me sentia mais nervosa. Saber que eu estaria vivendo ali ainda hoje me fazia balançar a perna e em um tique nervoso e logo senti a mão de Janine em minha perna. Quando a olhei, ela sorriu para mim e eu não consegui sorrir de volta, apenas comecei a morder o lábio e voltei a olhar para a janela.

Quando chegamos até os portões da escola, foi mais ou menos a mesma reação que na Corte. Janine conhecia todos e todos conheciam ela. Eu me mantive quieta e algumas pessoas me deram sorrisos simpáticos que eu tentei retribuir do melhor jeito que eu conseguia, depois que ela me apresentou como sua filha e depois disso Janine pediu para que minhas malas fossem carregadas para o meu quarto, enquanto seguíamos na direção oposta.

– Para onde vamos?

– Visitar uma amiga, você precisa conhece-la antes de qualquer coisa – ela me disse e sorriu novamente.

Nós caminhamos e eu pude observar o lugar que parecia com as fotos que vi nos panfletos. A construção era feita de pedra e parecia da era vitoriana, havia uma estatua de São Vladmir no centro e nós andamos por diversos blocos que me lembraram como a Corte era dividida. Aparentemente o edifício do meio deveria ser aonde as classes ocorriam ou ao menos foi isso que deu para perceber. Passamos próximo a uma igreja e eu agradeci por ter finalmente uma igreja próxima a mim, o que era uma remota lembrança de casa. Passamos por uma área onde haviam crianças menores, sendo deixada por seus pais. Alguns choravam e outros estavam reencontrando professores e amigos. Eu iria precisar de um mapa ou um guia, mas duvidei que alguém fosse simpático o suficiente para me mostrar tudo isso e imediatamente senti falta de Jill. Ela faria isso por mim, ela seria paciente o suficiente para isso. Nós andamos seguindo adiante até chegarmos numa área com diversas cabanas e paramos em uma dessas. Janine bateu na porta e uma senhora morena de cabelos curtos com algumas mechas grisalhas e feições duras nos atendeu:

– Janine! Como é bom ver você aqui novamente! – ela disse.

Janine a abraçou e nós entramos na cabana. O lugar era pequeno, mas bem iluminado e organizado.

– Você deve ser Anastacia, certo? Eu sou Alberta Petrov. – ela disse estendendo a mão calejada. – Fico feliz por você ter vindo e garanto que você vai se acostumar logo.

Dificilmente, eu quis dizer, mas me contive e ao invés dei um sorriso curto enquanto segurava sua mão.

– Alberta é a capitã dos guardiões aqui na St. Vladmir e ela mesma conseguiu pessoas para lhe ajudar com suas aulas extras, Ana – disse Janine.

– É um prazer conhece-la. – eu disse, sem querer chama-la de “senhora”.

E depois disso Janine manteve uma conversa com Alberta onde eu só precisava observar. Em grande parte, elas conversaram sobre os guardiões e as coisas que estavam acontecendo na Corte e logo eu me vi olhando pela janela. Da cabana de Alberta ela tinha plena visão do bloco onde deveria ser o dos aprendizes – minha nova cela. Muitos dhampirs estavam entrando e saindo por ali, a maioria chegando com suas malas desacompanhados e encontrando amigos antigos. Depois que Janine nos serviu suco de laranja e sanduiches de pão integral e vegetarianos para comer, elas conversaram um pouco mais, se levantaram e então Janine se despediu dela, depois virou-se para mim:

– Nos vemos amanhã. Eu supervisiono o 6º horário, espero que você seja tão boa quanto sua mãe. – ela me disse com um sorriso curto.

– Até amanhã. – eu respondi, sem querer prometer nada.

Nós saímos e agora estávamos indo em direção ao bloco que eu consegui ver pela janela. O edifício era como uma espécie de republica que eu só havia visto em filmes, exceto por guardiões que se mantinham vigiando o local, fazendo tudo ficar em ordem. Alguns alunos ficaram em silencio quando viram Janine e eu aproveitei para analisar o lugar e seguir atrás dela. A ideia de “ser invisível” ficava difícil quando minha mãe biológica era uma espécie de super estrela. No térreo eu vi uma sala com sofás e por uma porta aberta eu vi uma espécie de sala de lazer, também tinha a cozinha e uma escada que começamos a subir. Meu quarto ficava no segundo andar e eu me perguntei quais seriam minhas chances de me transferir para o térreo ou dormir no sofá. Imaginar um dia com todas aquelas aulas e depois disso subir dois lances de escada, parecia uma grande injustiça.

Meu quarto dessa vez era mais simples, mesmo que ainda maior do que o quarto que eu tinha na cabana. Minhas malas foram deixadas próximo a porta e no quarto havia uma cama de solteiro, uma mesa e um guarda-roupa, além de um banheiro também simples. Eu olhei ao redor e fui até a janela, olhando lá para baixo.

– Quer ajuda para organizar suas coisas? – Janine perguntou.

– Não, não precisa. – eu disse.

Janine então andou pelo quarto e depois veio até a mim. Ela me abraçou – eu mais uma vez, não consegui ter nenhuma reação – e depois passou a mão em meus cabelos, o que me fez olhar para ela. Não, ela não era Oksana e eu sempre ia sentir falta da minha mãe, mas às vezes perceber que eu tinha tantas coisas em comum com Janine estava começando a fazer com que eu prestasse mais atenção nela. Bem, o tanto que eu podia, já que tivemos poucos momentos.

Isso, esse abraço seguindo de carinho, era ela sendo sentimental. E no momento era ela tudo o que eu tinha antes de ser deixada aqui.

– Eu realmente espero que você se adapte aqui, Ana.

– Eu vou tentar, eu já prometi. – eu disse, olhando para ela.

Janine então beijou minha têmpora e depois me soltou.

– O anel que Oksana lhe deu ainda serve, certo?

A verdade é que eu não tinha certeza. O problema é que deveria servir, mas eu acabei usando com frequência, mais como uma recordação de minha mãe e agora eu não sabia se ainda funcionava ou por quanto tempo mais funcionaria. Segundo Rose, as wards me protegeriam das visões, mas não do humor e das outras coisas que vinham com a escuridão, mesmo assim eu estava me mantendo bem na Corte e achei que a força de vontade ainda estava valendo.

– Sim, está tudo bem.

Ela se despediu então e foi embora, fechando a porta. E então eu estava sozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shadows of the past" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.