Entre Memória Brancas escrita por ItsJhay


Capítulo 2
Capitulo 1 - Caminho X


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
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Grace estava sentada no chão ao lado da fogueira, observava Jean através do fogo, seus olhos verdes refletiam o movimento das chamas, seu cabelo preto estava bagunçado com pedaços de folhas secas. Mas ele nem se importava com isso, o dia foi cheio e cansativo.

Desde que chegaram na ilha, pela parte da manhã, todo o trabalho que tiveram de tentar recordar algo foi em vão. Lembravam-se apenas do nome, e de alucinações no avião, talvez causadas pelas fortes pancadas na cabeça de ambos.

A garota foi se deitar na cama de folhas improvisada. Ao deitar o rosto na superfície gélida, começou a recapitular tudo o que havia feito no dia:

No início do dia somente o que fez foi sentar na sombra de uma arvore e pensar no que tinha acontecido, trocou algumas palavras com Jean e relaxou ao som da maré, até ouvir um barulho mais desagradável: sua barriga roncando. Levantou e caminhou na areia macia indo na mesma direção onde Jean sumiu na mata. Em alguns momentos pensou em tirar o chinelo, mas a areia estava quente demais e não podia se atrasar e correr o risco de se perder.

Continuava andando, pulando raízes, desviando de galhos, observando pássaros e desenhando um “X” com seu facão nas arvores onde passava. Avistou de longe algo brilhante, aproximou-se na esperança de ser Jean, a essa hora já podia se considerar perdida.

Chegando mais perto percebeu que o brilho era a luz do sol reluzido na água, sem nenhum sinal de Jean decidiu parar para se refrescar, o calor estava atordoante e a fome já estava deixando a garota zonza.

Ela largou seu facão e chinelos em um emaranhado de raizes e foi até a margem do lago. Moudou uma concha com as mãos pegando a água e molhando o rosto, retirou o excesso dos olhos com a mão. Ao abri-los novamente viu seu reflexo no lago tremulo, estava mais velha, seu rosto mais fino, suas rugas de expressão mais acentuadas, seu cabelo castanho claro estava incrivelmente grande e armado. Quanto tempo havia se passado desde a tragédia do avião?

Estava cansada, desarrumada, faminta e irritada com a areia em suas roupas, intrigada com tudo que aconteceu e ainda estava acontecendo. A pressão para que ela descansasse ali onde estava era enorme. Mas ainda precisava encontrar o garoto.

A água havia lhe dado forças, quase como algo magico, então molhou seus pés e braços na lagoa, pegou suas coisas e voltou pelo caminhos que havia feito momentos antes, se guiando pelos “X” nas cascas grossas e até tempo antes nunca tocado por ninguém, na esperança de achar Jean na praia.

A borracha molhada dos chinelos de Grace coaxava a cada passo, uma gota de suor escorria pelo lado de sua bochecha, o vento assoviava entre as arvores e a garota seguia em frente.

Sempre haviam pássaros voando com frutas entre os bicos, sua barriga roncava e ela acreditava na remota possibilidade de acertar alguma ave e pegar seus alimentos, em todas as tentativas a pedra não ia além da copa das arvores.

Por não estar mais tão sonolenta, Grace reparava em tudo, desde os pequenos insetos no chão, até os estranhos desenhos que os galhos formavam e até mesmo nos “X” desproporcionais que ela fizera deixando um risco maior que o outro.

Pelos galhos das arvores haviam vultos de animais. Grace se encolhia toda vez que uma sombra atravessava os pequenos relances de sol.

Em algum momento da caminha a garota percebeu um vulto cada vez mais perto e a seguia constantemente, então começou a correr, correr desesperadamente, enquanto a sombra a acompanhava.

Numa tentativa falha de pular uma raiz alta, Grace tropeçou, machucando o calcanhar e cambaleando até não aguentar e cair. A garota tremia de medo.

“O medo é bom, difere heróis de tolos” pensava a garota. Alguém muito importante havia lhe dito aquilo, mas no momento nem lhe ocorreu pensar em quem.

Via a sombra através dos galhos cada vez mais perto e se arrastava na direção oposta usando a força dos braços, até que bateu em uma arvore pegou o facão e se encolheu.

Espiando com o olho entreaberto, acalmou-se quando viu que o animal não era de grande porte, e que talvez estivesse com mais medo do que ela. Caminhava devagar e receoso.

Grace foi se soltando, deixou de contrair os músculos e estava observando a criatura que andava com passos lentos em sua direção. No momento em quem ele colocou o rosto num feixe de luz a garota o reconheceu, era o seu furão de estimação. Embora estivesse alguns centímetros maior, seus traços não haviam mudado nada.

— Larel – Exclamou chamando o animal para perto – Estava com saudades!

Ele subiu pelo braço direito da menina e se enrolou no pescoço da mesma. O bicho arregalou os pequenos olhos como se tivesse se lembrado de algo muito importante, então começou a saltitar de um lado pro outro e correu pela mata, parou alguns metros adiante e olhou para trás coma expressão de quem diria “vai vir?”

Ela levantou-se e correu atrás dele, fazendo-o partir em disparada.

Muitas vezes Grace tinha que usar caminhos alternativos por não passar pelo meio de arvores onde Larel passava.

Correu cerca de 5 minutos, mas foi o bastante para deixar ela exausta, pela correria e pela fome.

De longe conseguiu ver Jean na praia, abaixo de uma estrutura feita de folhas de bananeiras, como um toldo, ao lado de uma fogueira acesa. O garoto foi correndo em sua direção e abraçou-a.

Jean sentou-a num pedaço de casca de tronco iguais as quais ela marcou  o caminho e lhe entregou varias bananas, algumas verdes, mas Grace não reclamou, nem podia.

A visão da garota foi ficando escura, ela foi se deitando, depois da correria e do dia inteiro faminta, sua pressão baixou. Jean correu ergue-la e falou:

— Venha aqui, vou cuidar de você. Vamos ficar sempre juntos, ok?

— Promete?

— Prometo.


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