Instituição JGMB - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 6
É Dada a Largada


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo! Sim, eu mudei de nome, pois me cansei do outro. Podem me chamar só de Sonhadora, ou do que mais vocês quiserem.
Era para esse capítulo ter mais coisa, mas como já tem muitas palavras, resolvi termina-lo por aqui e colocar o que deveria estar neste no próximo.
Como não me mandaram nenhuma ficha feminina para completar a vaga, então eu mesma criei a personagem. Digam olá para Isis!
E, em segundo lugar, provavelmente não terei muito tempo para escrever, já que minhas provas começam amanhã (Do latim, Estoum Ferradus Couns O Tempus.). Assim não vai dar nem para terminar de escrever a minha história para o desafio do Nyah. :'(
Mas, enfim. Agora vou responder seus comentários do outro capítulo. Enquanto isso vocês leem esse. :)



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Aquele rapaz era insuportável. Com certeza, o mais implicante que Isis já conhecera. Miguel Lieber, o guia daquele grupo, a esperava resolver um problema que teve com o visto. Quando acabou de resolver – imagine só – Miguel insistiu que deveria mostrar a Instituição para ela. Isis Khumalo, que já havia se aventurado no mundo todo, escalado montanhas no Tibete, explorado cavernas na Romênia, ou então nadado com tubarões em seu próprio país. Nem para sortear o mesmo quarto de seu irmão, Zulu Khumalo, deu sorte. Ele iria concordar que ela não precisava de que lhe mostrassem o caminho.

—Estou dizendo, senhorita! É muito fácil se perder aqui, é um lugar bem grande! – Ele insistiu atrás dela. – Guiei jovens e uma mulher de nossa idade até o quarto, pode ter certeza de que eu sei fazer o meu trabalho!

—Acontece que eu não preciso de seu trabalho. Pode descansar sabendo que não me fez parecer fraca. – Isis virou nervosa para subir um lance de escadas.

—Sabendo que não a fiz parecer fraca... – Miguel parou um pouco no primeiro degrau e pensou no que ela disse. – Bobagem, não precisa pensar assim! – Ele voltou a subir atrás dela, pulando de dois em dois degraus. – Nenhum dos integrantes dispensou o guia, a senhorita não pareceria... – Ele procurou a palavra certa. – tola por não me mandar embora.

—Você não entende? – A mulher já estava quase do outro lado do corredor. – É exatamente por todo mundo tê-los usado, que estou o dispensando.

Isis subiu outro andar, enquanto Miguel teve que parar um pouco para pegar ar.

—Eu não sou pago para isso. – Ele concluiu entre um suspiro e outro. – Nem fiquei mais de um dia viajando para chegar aqui e encontrar isso.

Depois de recuperar o fôlego, Miguel subiu calmamente degrau por degrau e chegou no primeiro andar de dormitórios. Estava bem calmo, já que todos ainda deveriam estar no refeitório, porém, por detrás da porta do dormitório cinco, ouvia-se a bela melodia de um violino. Quem fosse que estivesse tocando, realmente tinha muito talento. Isis estava em frente à porta ouvindo a música de braços cruzados.

Demorou um pouco para que ela percebesse que ele já havia chegado ao andar, então pôde vê-la por trás por um tempo, já que não queria dar-lhe um susto. Ela era uma bela mulher, apesar de estar acabando de passar da fase “Ainda sou jovem e quero aproveitar” e entrando para “Já sou uma adulta crescida e sei todas as consequências do que faço”, talvez ninguém entenda o critério de avaliação de idade de Miguel, mas era mais ou menos isso, ele mesmo havia acabado de entrar nessa última fase. Isis tinha a pele negra e cabelos escuros, longos e enrolados, lembrando muito a Miguel das rainhas do Antigo Egito, apesar dela visivelmente não vir dessa parte da África. Ela era bem alta, mais do que ele e usava um casaco que parecia realmente esquentar, mas que também era sujo, como se já tivesse o usado muito. E, então, ela finalmente vira a cabeça para trás, e com seus olhos castanhos e profundos o visualiza.

—O que você fez para me impedir de abrir a porta? – Ela perguntou com uma certa raiva.

Miguel realmente não era pago para isso e estava cansado para esse tipo de coisa.

—Eu não fiz nada. A porta simplesmente foi trancada pelos outros integrantes de seu grupo. – Miguel colocou a mão em um dos bolsos do casaco, de onde retirou a última chave destinada aos seus “aprendizes” e entregou-a. – Esta é a sua chave. Com ela pode abrir o quarto e o banhei...

—Sim, eu sei o que uma chave faz, muito obrigada. – Ela respondeu rapidamente e abriu a porta.

A música do violino cessou, pois dentro do dormitório, Miguel pôde ver, o músico os observava com curiosidade e ao mesmo tempo não parecia estar nem aí. Como ele conseguiu unir essas duas sensações, Miguel não sabia.

—Se já está tudo resolvido, só me resta desejar boa noite. – Miguel saiu de perto e caminhou na direção do dormitório dos guias.

Aquela Isis parecia uma garotinha pelo jeito tosco que estava agindo, ao contrário dos quase trinta anos que sua aparência expressa. Precisava ficar de olho nela, e também naquele sujeito que dirigiu-lhe uma piscadela, afinal, dois integrantes pareceram incomodados quando ele chegou. Bom, para manter a ordem nos grupos ele era pago. Iria estudar o perfil deles um pouco antes de dormir.

Isis não queria deixar o guia nervoso, para ser honesta. Na realidade, só queria mostrar para o grupo de pessoas que estava acompanhando ela e seu irmão pelo HologrameAir que podia se virar sozinha ali também. Eles conheciam Isis desde criança e apesar de tudo o que já fizera, sempre a achavam inferior a eles pelo simples fato de que ela era a mais nova e a única menina, mesmo agora que todos eram adultos. Começaram a dar risinhos quando Miguel chegou para ajuda-la a ir para o quarto, então simplesmente saiu correndo na frente dele para mostrar que sabia encontra-lo sozinha.

Está bem, talvez não fosse muito inteligente fazer as “vontades” deles, mas nessas horas ela fica tão nervosa que faz a primeira coisa que lhe vem a cabeça. Realmente não queria irritar o guia, ele parecia ser muito bondoso, mas agora já foi.

Assim que entrou no dormitório, encostou a porta atrás de si e encarou o violinista a sua frente. Ele era alto, esbelto e seus olhos eram de cores diferentes. Enquanto encarava aquelas duas pupilas distintas, saudou-o:

—Olá.

—Oi. – O homem respondeu-a quase friamente. Isis assumiu que fosse apenas impressão. – É uma das meninas que teve problemas para entrar?

—Sim. Sou... Como é mesmo que estavam se apresentando lá embaixo? – Isis sussurrou para si mesma. Ainda não sabia qual era a do rapaz e queria ser cortês. Caso ele não fosse, teria um bom motivo para dar-lhe uma bronca. - Sou Isis Khumalo, de Nelspruit, África do Sul. Vinte e nove anos, descendente de Zarina Khune, a inventora do tradutor. E você?

Isis já estava desistindo de tentar ser gentil, quando o moço finalmente respondeu:

—Sou Edward Maxwell Fleming, de Birmingham, Inglaterra. Vinte e um anos, descendente de Alexander Fleming. – Ele se apresentou. – Sua bagagem deve ser uma dessas atrás de ti. Só a cama de baixo do segundo beliche e a de cima do terceiro beliche estão desocupadas, então te aconselharia a escolher agora onde quer dormir.

Está bem, não é uma das pessoas mais calorosas do mundo, mas Isis já conheceu piores. Seguiu na direção em que ele apontou e reconheceu sua bagagem. Com cuidado, puxou-a por baixo da mochila de outra pessoa e a carregou até a cama de cima do terceiro beliche. Ao olhar novamente para o rapaz, percebeu que ele estava guardando o violino.

—Se quiser continuar tocando, não me importo. Você toca muito bem.

Ele a olhou de lado e terminou de fechar a capa do instrumento.

—O que disse?

—Eu disse que você toca bem.

—Não precisa fingir. Sei que tocar violino não é algo que eu faço bem.

—Como assim não faz bem? Ouvi você tocando, era maravilhoso.

Antes que Edward pudesse pensar em responder o comentário, a porta se abriu novamente e o grupo foi entrando no quarto, com uma garota da qual Ed desconhecia. Provavelmente era a última que faltava para completar o grupo. Eles estavam conversando sobre assuntos aleatórios, algo sobre piratas, mas não demoraram a perceber a presença de Isis.

—Olá. É a última integrante do grupo cinco? – Hyun-Ae perguntou. Elas eram as mais velhas do grupo.

—Sim, sou sim. Tive problemas com meu visto, então não pude encontra-los antes.

—Antes tarde do que nunca. – Chris começou. - Poderia se apresentar?

E, então aconteceu aquilo tudo. Cada um fez aquela longa apresentação, que Ed ignorou completamente enquanto se recostava na cama, dando somente atenção ao nome da outra menina, Carolina. Ao terminarem as apresentações, percebeu que Henry se dirigiu ao seu lado.

—Ei, Ed... Edward, aconteceu alguma coisa séria? Você saiu de repente na hora do jantar.

—Não, só estava sem fome. – Ed sabia que Henry estava preocupado com o caso dele ter tido outro ataque, o que realmente aconteceu, mas ele não precisava saber. Nem sobre a família dele estar presente. Muito menos isso.

—Bem, você é quem sabe. – Henry já estava saindo, mas então se virou para Ed de novo. – Ah, já ia me esquecendo. Eu peguei um bombom na saída para você, já que achei que não havia comido nada. – Ele mostrou

Ed ficou um tempo encarando o chocolate na mão de Henry.

—Eu não gosto de doce.

O sorriso habitual de Henry foi embora. Depois de ter que ficar quase dez minutos na fila para pegar a sobremesa de todo mundo, descobrir que a criatura não gosta de doce foi um chute no peito. O minuto que levou para pegar o bombom foi perdido e nunca mais seria recuperado.

—Ah. Foi mal. – Henry disse sem graça.

—Que bom! Mais para mim! – Arícia usurpou o bombom da mão do menino e o pôs todo na boca. O inglês quase caiu para trás.

—Há quanto tempo essa garota está em jejum? – Isis perguntou baixinho para Chris.

—Desde uns cinco a sete minutos atrás.

Isis pareceu surpresa com a gulodice de Arícia. Mas também, pudera. A menina de vez em quando comia ratos que achava por aí para sobreviver, ao se deparar com um “banquete” como aquele, era de se esperar que fizesse a festa.

Arícia observou que Isis estava na cama acima da de Jean e seguiu até Carol.

—Olha, parece que só sobrou a cama abaixo da minha para você. Mais que divertido!

Chris começou a rir e pôs a mão no ombro de Carol.

—Boa sorte! Conheci essa menina há mais ou menos uma ou duas horas e já não a aguento. Pelo menos contigo aqui ela não deve mais me perturbar tanto.

Arícia deu um sorrisinho. O olhar de Carol passava rapidamente de um para o outro.

—Não seja por isso. Vai sempre sobrar lugar para meu priminho preferido! Vem cá me dar um abraço! – Arícia se aproximou de braços abertos.

Chris parou de mostrar os dentes e se afastou.

—Fique longe de mim.

—Pelo menos, para mim está maravilhoso! – Jean mal abriu a boca e já estava com ar de malícia. - Duas beldades ao meu lado direito, duas ao meu lado esquerdo, e agora tem uma bem acima de mim.

Chris o encarou feio, mas Isis, como sempre, conseguia fazer tudo sozinha:

—Tome tento, garoto! Você tem idade para ser meu sobrinho! Volta pro playground, que lá é o seu lugar.

E é com essa que Jean foi dormir.

...

David Moore estava minuciosamente se devotando à atividade de atirar dardos no rosto de suas “pedras no caminho” na cama quando o celular tocou a nona de Beethoven. Era seu toque para Scarlett, sua esposa e ajudante na missão.

Já eram seis da manhã. David estava acostumado a acordar cedo por causa de seu trabalho: Professor de história em Princeton. O que poucos sabiam era que ele também exercia outra profissão:

Informante.

O presidente dos EUA já havia contratado-o outras vezes, por causa de sua eloquência, que muitos consideravam um dom inativo desde Napoleão. Conseguia fazer com que os outros dessem-lhe informações com pouco esforço. Porém, desta vez a missão era um pouco diferente. Não derrubar ou persuadir, mas sim monitorar e manter os líderes sobre controle – No caso Rainha Margareth VI, Professor Harold Laudrup e Ministro Klaus Jorgensen. Os três que estão listados como “donos” daquela Instituição tola.

David rapidamente se levantou da cama e pegou o celular em cima da escrivaninha. Se passara um dia, e já estava com saudade de sua mulher. Ouvir sua voz não era o suficiente, mas era o que tinha por enquanto.

—David? – A voz doce perguntou do outro lado da linha.

—Quem mais atenderia? – David sorriu. – Novidades?

—Ontem eu repassei o relatório para o chefe, e ele disse para ser mais discreto. Evidente que Laudrup sinta-se no direito de te questionar sobre o que fez, mas as respostas para nenhum deles devem ser tão diretas. – Scarlett censurou-o. – Por que não tenta se aproximar mais deles como amigo? Com certeza eles se sentiriam muito mais abertos se fizesse isso.

—O chefe sempre duvidou de meus métodos. – David começou. Apesar da resposta, Scarlett sabia que seguiria seu conselho. Os dois se lembraram de quando se conheceram. Ela era, e ainda é, da parte técnica das operações do serviço secreto norte americano, e ele fora convidado a participar de um fornecimento de dados depois que uma pessoa influente visitou Princeton e o viu trabalhar. Foi com uma resposta com ar de ironia dessas que os dois se adicionaram no PhizVolume. – Mas quando perguntei por novidades, quis perguntar sobre nosso herdeiro.

Scarlett levou um pouco mais de tempo para responder do que levou na primeira vez. David tinha certeza de que ela inconscientemente pôs a mão sobre a barriga. Descobriram sobre a gravidez do primeiro filho há pouco tempo e logo em seguida David foi mandado a essa missão, da qual ele era proibido de recusar. Não só por causa do dinheiro, mas também pela importância que estava em suas mãos.

—É um menino. – Ela contou alegre. – O doutor confirmou ontem à noite.

David sorriu com a notícia. Mal podia esperar para acabar com aquilo tudo e voltar para ficar com eles.

—Que ótimo! E parece que nosso Thomas viverá como um príncipe se nós formos bem sucedidos, e nós seremos o rei e a rainha!

—Quem disse que o nome dele vai ser Thomas? – Scarlett foi direto ao ponto. Apesar de parecer ríspida, tinha um tom leve de divertimento.

—Eu. Não ouviu? – David respondeu na mesma moeda.

—Você sabe que eu prefiro Albert. – Ela começou. – Mas, quer saber? Nós ainda temos meses para discutir isso. Melhor você continuar com seu trabalho e eu com o meu.

—É. Você está certa. Já está quase na hora do café da manhã. – David comentou olhando para o relógio. – Bom turno da madrugada para você. Só tente maneirar para não se cansar demais.

—Até a próxima. Te amo.

—Também te amo.

Ao se despedirem, os dois desligaram o celular. David calmamente se levantou e se posicionou a frente da foto de cada um dos fundadores e as retirou, para que ninguém visse que os estava usando como alvo de dardos. As colocou dentro da gaveta, onde continha informações que coletara de cada um. David aproveitou o momento para revisá-las.

Rainha Margareth: É diagnosticada com dislexia desde os sete anos, mas por sua teimosia, sempre se recusou a admitir que não conseguia compreender o que lia, o que tardou muito o tratamento, até os dias de hoje. Mesmo com seus quarenta anos continua teimosa e permaneceu contra várias das decisões de seus pais, como os casamentos que recusou. Sabia que não ia deixar de arrumar uma forma de avisar os integrantes sobre a informação, mas por enquanto a segurou. Apesar de tudo, demonstra disciplina e equilíbrio quando não a acusam de erro por causa de sua doença. É a prova que mesmo a pessoa sendo um nobre de alto nível, os defeitos vão persegui-la.

Harold Laudrup: Um simples professor das Ilhas Faroe que foi privilegiado por causa de uma ideia, que quase impediu que tudo o que está acontecendo ocorresse. Tinha que admitir que é um homem perspicaz, mas tem uma essência insegura que o impedia de subir de nível. Mesmo sendo reitor e funcionário real, não consegue se ver totalmente como um bom líder. Praticamente come na mão da Rainha e faria qualquer coisa por ela ou pelo país, apesar de Margareth não perceber. Porém, David percebia, e apostava que tinha algo a mais na mente dele envolvida com Vossa Majestade. Extremamente patriota e calculista. Se não fosse a baixa autoestima e ansiedade, seria um obstáculo muito maior do que realmente é.

Klaus Jorgensen: Se faz de panaca, mas por trás da expressão tola, se esconde uma pessoa inteligente. Se aproveita do fato das pessoas acreditarem que por causa da origem humilde é ignorante. Muito esperto, passa essa imagem para as pessoas, que se surpreendem quando ele toma decisões importantes. Tanto que conseguiu o cargo mais importante da Groelândia, o país de origem. Mas, desconfia tanto das pessoas e fala tão formalmente mesmo em ocasiões do dia-a-dia, que chega a ser cômico. Como conseguiu que votassem nele para primeiro ministro, ninguém sabia. Boatos diziam que ele matou o antigo e fez com que o elegessem para que não fizesse o mesmo com eles, ou então que conseguiu convencê-lo de que eram irmãos separados na maternidade e o comoveu até fazer com que votassem nele para ser o próximo primeiro ministro. Demonstra preocupação com o bem-estar da rainha e com as propostas de Laudrup.

Após repassar a si mesmo as informações, David se vestiu para ir tomar o café da manhã e se virou mais uma vez para os dardos, sorrindo:

—Coitados. Nem imaginam no que estão se metendo. Nunca irão conseguir.

...

—Bom dia, Belas Adormecidas! Hora de acordar! O mundo não se salva sozinho! – Miguel acordou a todos com um megafone, menos Arícia, que já estava até arrumada.

Os outros começaram a se levantar incomodados. Pareciam zumbis se levantando de seus túmulos depois de séculos apodrecendo. Arícia se surpreendeu por só ela conseguir se levantar cedo.

—Que horas são? – Perguntou Chris.

—Seis e meia da manhã. – Miguel respondeu.

—Por que nos acordou a essa hora da madrugada? – Jean perguntou ironicamente.

Miguel não gostou da ironia.

—Seis horas não é madrugada. É de manhã. Muitas pessoas acordam mais cedo que isso todos os dias, inclusive eu. – Ele explicou. - Todo mundo já está se arrumando, portando se não quiserem chegar atrasados, acho bom se apressarem.

Arícia sabia muito bem como era isso. Tinha que acordar as quatro todo dia para trabalhar vendendo a comida que o governo dava por causa dos testes de armamento que faziam aos arredores e influenciavam a população daquela parte da cidade. Sempre faltava para a maioria, ou então não tinha como pagar. Por isso, quando chegou e viu aquela mesa cheia de alimentos fartos se esbaldou. Ela com certeza odiava seu trabalho e agradecia por estar naquele lugar, mesmo sem fazer a mínima ideia do porquê que estava ali.

Carol estava se enchendo de casacos que havia dentro de sua mala.

—Mas por que mesmo com termóstato aqui dentro continua tão frio? Por que essa Instituição tinha que ficar logo na Groelândia?

—Porque é o ponto mais distante do Reino da Dinamarca. – Miguel respondeu. – Sorte a nossa ser perto da capital. Podia ser no meio no gelo, onde não há nada, nem ninguém.

Demorou um pouco, mas logo todos ficaram prontos. Arícia percebeu que Isis ficara um pouco tímida quando viu o Miguel e ouviu eles conversarem lá atrás:

—Olha, queria te pedir desculpas por ontem. – Ela começou. – Admito que fui um pouco grosseira demais.

—Tudo bem. Já esqueci. – Miguel deu um meio sorriso tentando demonstrar que, o que quer que tenha acontecido, é página virada. - É só ser mais obediente com o seu guia da próxima vez.

Isis, por outro lado, após ele dizer isso olhou-o de forma severa.

—Não abuse da sorte. Não é só porquê eu estou arrependida de te tratar daquele jeito que vou precisar de você ao meu lado o tempo todo!

Após dizer isso, ela apressou o passo para sair de perto dele. Miguel pareceu um pouco surpreso, como se não esperasse que sua tentativa de paz falhasse.

—Essa vai me dar trabalho... – Comentou em voz baixa.

—Espionando, é? – Alguém perguntou bem perto de Arícia, que levou um leve susto.

Ela olhou para o lado e se deparou com Jean, o bobo da corte.

—Não estou espionando. Estou apenas observando atentamente as pessoas ao meu redor. – Arícia respondeu olhando para frente, esperando que o rapaz a deixasse.

—Pois então, se eu fosse você, “observava” conversas mais interessantes para si do que esta.

—O que você quis dizer com isso? – Arícia se virou para ele, mas o mesmo já estava conversando com Hyun-Ae e não prestava mais atenção.

...

—Estou te falando, Henry! Aquela menina não para de me perturbar! E o pior: Sou o único com que ela faz isso! Não entendo que fixação ela tem comigo!

Chris estava reclamando com Henry sobre a implicância incomum de sua prima sobre ele. Estavam todos saindo do refeitório e indo para outro lugar do qual o diretor Laudrup havia avisado por caixas de som para irem, já que não estava presente no café da manhã. Também não havia falado com exatidão qual era o local. Apenas dito: “Guias, por favor, os leve para a sala combinada”.

—E que fixação que você tem com ela também, não é? Não para de reclamar da coitada, mas adora defende-la depois. – Henry particularmente já estava cansado do amigo ficar no mesmo assunto o tempo todo. – Vamos mudar de assunto? O que você faz da vida?

—Sou sócio de uma agência de viagens. – Chris respondeu, mas não parecia muito abatido pela mudança de assunto.

Henry olhou para ele assustado.

—Mas... Você é mais novo do que eu e já trabalha assim!? E eu nem terminei a faculdade ainda!

Chris não pôde deixar de se sentir um pouco com essa afirmação.

—Bom, às vezes a vida tem disso, não é? Mas, que faculdade estava fazendo, então?

—Letras. – Henry respondeu sem estar muito atento. – Mas é sério, como você conseguiu isso? Mal é maior de idade em seu país!

Antes que Chris respondesse, Miguel pediu silêncio, pois seriam o próximo grupo a se arrumar na “Sala Mestra”. Para que não ficasse muito confusa a entrada, cada grupo ia entrando separadamente. A grande maioria já estava lá dentro. Se localizava na parede do lado direito, no meio do corredor. Por dentro era bem grande. Várias mesas, uma para cada grupo, se espalhavam pelo cômodo, e em frente, como uma bancada de políticos em debate eleitoral, tinham os especialistas, com Laudrup no meio deles. Eles logo se sentaram na mesa cinco e esperaram os poucos grupos que faltavam entrarem. Assim que todos estavam presentes, Laudrup começou:

—Bom dia a todos. Aqui será a sala onde uma vez por semana iremos nos reunir para verificar qual foi o avanço de vocês quanto à pesquisa de uma solução para o principal conflito que o planeta sustenta hoje. Infelizmente, acreditamos que o tempo seja curto, então quanto mais rápido conseguirmos avançar, melhor. Aqui há passagens para a biblioteca, laboratório, a sala de inspiração, e qualquer outra sala que irão ajuda-los a pensar melhor, até mesmo a sala da descontração, onde poderão relaxar depois de um longo dia de intensas pesquisas.

E, então, o semblante de Laudrup ficou mais sério:

—Porém, apesar de tudo parecer muito divertido, nós temos regras a serem cumpridas. Vocês estão aqui especificamente para estudarem e trabalharem em projetos, em sua maioria de diplomacia, como verdadeiros acadêmicos. Quem não fizer isso, estando aqui apenas pela diversão oferecida como recompensa, voltará para casa. Quem quebrar outros tipos de normas, passará um tempo na sala da discórdia, uma espécie de detenção, só que acreditem, muito pior. Quem quiser saber mais sobre quais são elas, deve pedir ao bibliotecário o papel onde estão expressas.

Ele parou um pouco para respirar, e então, continuou:

—Se tiverem alguma dúvida, podem pergunta a mim, aos especialistas em cada assunto, que darão aulas separadas para que aprendam mais sobre os temas deles, ou então para seus guias, que foram escolhidos a dedo das mais diversas partes do mundo para complementarem cada grupo. E, mais uma coisa. – Laudrup continuou. – O conflito entre Estados Unidos e Rússia que estamos tentando resolver é extremamente delicado. – Ele parecia um pouco enjoado. - Algo nunca visto antes na história do mundo. O que eles estão tentando esconder das pessoas o máximo possível é que...

Harold Laudrup não pôde completar a frase, pois vomitou todo o café da manhã no chão. Todos, evidentemente, ficaram surpresos com o estado de Laudrup, apesar de Chris ter percebido que Moore mostrava-se menos surpreso do que os outros. Como se já esperasse que isso acontecesse.

Alguns dos especialistas, inclusive Moore, levaram calmamente Laudrup para outro lugar, longe dos olhos assustados dos integrantes. Um deles ficou e mandou que todos deveriam começar seus estudos e teorias. Apertou um botão na bancada de Laudrup e a superfície de cada mesa se abriu para dar lugar a objetos de que precisariam.

A partir daquele instante, estava marcada oficialmente o começo de uma competição. De um lado, aqueles que estavam compromissados a encontrar a chave para a porta de saída de algo que eles nem sequer podiam saber o que era, e do outro, aqueles que estão infiltrados e tem a missão de impedir que os “adversários” arrombem o cadeado que prende firmemente esta porta.

E que vençam os melhores.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse "início". Deem sugestões, especulações, críticas, elogios, shippers, o que acham de cada personagem e de como o enredo está sendo desenvolvido. Estarei esperando.
Até a próxima, :)!