Instituição JGMB - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 5
Suspeitos Que Circulam a Instituição


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, mil perdões por não ter postado antes! De castigo, estou dormindo no sofá, podem confiar! Eu atrasei - e muito, diga-se de passagem. - a postagem porquê:
A) Estou escrevendo outra história para participar do desafio do Nyah e requer muita pesquisa.
B) Minha escola inventou um monte de trabalho maluco, como um podcast do qual quase vendi minha alma no mercado negro para arrumar uma forma de colocar áudio no blog.
C) No feriadão da independência viajei para o campo, onde não tinha internet.
D) Mais nada, só não queria que tivesse só até a C mesmo.
Mas, sério! Me desculpem mesmo, e já vou pedindo para o caso de acontecer mais alguma coisa assim futuramente. Podem me xingar nos comentários, eu deixo. E, é sério, estou dormindo no sofá. Na verdade não é por causa disso, meu irmão tá doente e precisa do quarto todo pra ele pro caso de vômitos noturnos. Quem nunca, né?
Enfim, boa leitura!



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Se a espécie de auditório parecia um salão de baile e os dormitórios uma miséria, era de se esperar que um lugar como o refeitório fosse ou muito bom ou muito ruim. Mas, se enganaram. Era um meio termo. Ao contrário do que pensaram, parecia muito com um restaurante serf-service. O lugar onde se pegava a comida era na parte central do recinto, e as mesas redondas se espalhavam ao redor, com exceção de uma longa e estreita, onde comiam virados para o futuro da humanidade o diretor Laudrup, David Moore, e algumas outras pessoas das quais Edward desconhecia.

Porém, para seu azar, ele encontrou outra que conhecia. E muito bem.

Somente ao entrarem na fila para pegar a comida, ele repara na diversidade dos alimentos. Reparou no peixe com fritas, na feijoada, no sushi, e outras coisas que nem suspeitava o quê seriam.

–Caramba! Tudo aqui tem cheiro maravilhoso! – Arícia comentou enquanto pegava uma bandeja cheia de comida e jogava tudo no prato.

–Não teria tanta certeza em jogar tudo no prato. – Chris parecia horrorizado, mas não somente pela atitude esfomeada de Arícia.

–O que quer dizer com isso? – Arícia fez beicinho, tentando implicar com o primo.

Edward só olhava aquela cena de longe, enquanto pegava silenciosamente a sua omelete. Ele secretamente admirava as pessoas que conseguiam cozinhar corretamente sem incendiar a cozinha inteira.

–Esse treco está se mexendo!

Disfarçadamente, Ed olha para a direção em que Chris apontou. Realmente, aquele animal não estava morto! Era um polvo, mergulhado em um líquido estranho, do qual apesar de estar lá para ser comido, ainda não havia sido morto para que tal tarefa fosse realizada. Era inevitável que sentisse certa repugnância.

–Que maneiro! – Jean sorriu para aquela coisa que ainda se mexia. – Nunca havia visto um cefalópode vivo antes.

–Mas como esperavam que ele estivesse? – Hyun-Ae perguntou. – Isso é um Sannakji, um prato lá da Coréia, muito bom para falar a verdade.

A mulher pegou uma faca que estava lá e cortou um dos tentáculos do animal. Não deu para ver muito bem se ele sentiu a dor, mas parecia que ele havia dado uma leve retrocedida. Hyun-Ae cuidadosamente colocou o tentáculo em um canto do prato, com ele ainda se contorcendo.

–O melhor de tudo é que ele continua se contorcendo na boca, e algumas vezes as ventosas agarram na garganta. – É nesse momento em que sente-se um leve refluxo. Ela pega a faca e a posiciona novamente sobre o polvo – Estão servidos também?

–Eu passo. – Arícia respondeu rapidamente.

–Estou com ela dessa vez.

–Sinto como se os movimentos peristálticos de meu sistema digestório estivessem empurrando a comida para cima, ao invés de fazer isso para baixo. – Jean disse. Ao contrário do que Ed achava, ele até que não parecia tão fútil assim.

Hyun-Ae revira os olhos e guarda a faca. “Vocês não sabem o que estão perdendo” foi o que ela respondeu.

–Vocês ficam reclamando do polvo, mas não viram o pior! – Henry quase gritou, estava na frente de todos.

–O quê? – Ed perguntou.

–Olhem essa barbaridade!

Ed retirou os olhos de Henry e foi para a comida para que ele estava apontando, esperando uma atrocidade. Se depara com um suculento bife a milanesa. Ficou procurando o que havia de errado com aquele prato, mas não encontrou nada.

–O que há de errado?

–Aqui diz que é carne bovina! Carne bovina! – Henry atacava como se estivesse sendo acusado de um assassinato. – Como diabos alguém consegue comer uma vaca!? Meu pai me ensinou desde cedo que vacas são amigas, não comida, para encontrar isso aqui!? Cadê o cordeiro?

–Então é isso!? Deixa de frescura, menino! – Arícia deu um tapa nas costas dele.

–Arícia, deixa ele. – Chris o defendeu. - Na índia, vacas são consideradas sagradas, e o pai dele deve ser de lá. Evidente que ele tenha sido ensinado a ter horror a comer vaca também.

–Continua sendo frescura para mim...

Apesar daquela conversa estar sendo superinteressante para o Ed (Ironicamente falando), ele avista outras pessoas, o encarando.

Tinha mais cabelos grisalhos, a barba cresceu, usava óculos e claramente envelheceu. Mas era ele. Sem dúvidas, só podia ser ele.

Ed tenta se esconder um pouco atrás de Jean, para ver se o fazia parar de olhar para ele, mas parecia ter sido em vão. Pior ainda, fez Jean reparar nele.

–Está tentando algo? – O sorriso irônico daquele cara era nauseante.

–Cala a boca, não está vendo que estou me escondendo?

Isso não o enfureceu. Muito pelo contrário, só o fez abrir um sorriso ainda maior e voltar a escolher o que iria comer. Ed não fazia a menor ideia do que ele estava pensando e nem queria saber. Desde que parasse de perturbá-lo, estava ótimo.

Ed aproveitou que ele havia parado de olhá-lo para largar o prato ali e fugir.

...

–Então, o que acha dos escolhidos? – Harold perguntou como quem não queria nada para David enquanto acabava de mastigar. – A Rainha comentou que os achou despreparados para essa situação.

David o olhou de lado, com ar de quem suspeita de algo.

–Se ela já contou o que achei, então não tenho mais nada a dizer. – Ele estava claramente desconfiando de Harold, e vice-versa.

Laudrup, Klaus e Margareth chegaram a conclusão de que ninguém interromperia um discurso de alguém tão importante quanto à rainha, mesmo sem concordar com o que a mesma está falando. Pelo menos, não se está realmente querendo ocultar a informação. Harold só não o despediu depois de cortar a tão amada Rainha por insistência dela. Segundo ela, iriam desconfiar o fato de estar o mandando para casa, e que talvez tenha sido melhor a interrupção. Iriam dar indireta aos escolhidos e então, finalmente revelar o que era aquela arma.

–Mas eu quero ouvir pelo senhor. – Laudrup insistiu. – Por que acha que eles não podem saber? Estão procurando uma solução para o problema, mas nem ao menos sabem qual é esse problema, exatamente.

–Ainda não está na hora. Eles não são maduros o suficiente. Quando crescerem aqui dentro, poderemos mostrar.

–Mas... – Harold não sabia ao certo o que dizer, até que reuniu coragem para falar. – Quem acha que é para dar ordens a superiores assim?

–Sou David John Moore, o maior historiador de Princeton, uma das melhores universidades americanas. Ganhei prêmios consagrados consecutivos, fui convidado para eventos pelo presidente de meu país, a família real da Inglaterra, o chanceler alemão, por sheiks árabes, e até mesmo pela sua Rainha. – Ele continuou sorrindo. – E o senhor, Harold Laudrup, pelo que sei, nunca foi chamado a nada, tirando para ser o reitor deste local. Nasceu nas Ilhas Faroe, na cidade de Vestmanna. Se formou na universidade regional, no curso de ciências sociais e educação e deu aula para crianças do segundo ao quinto ano. Se inscreveu naquele concurso por bobeira e ganhou com a sorte. Esse é um grande sonho seu e não consegue ver como administrá-lo corretamente. – David parou um pouco para respirar e aumentou ainda mais o sorriso. – E é para auxiliá-lo que estou aqui.

David ficou parado um bom tempo o encarando, com o olhar crescendo assustado a cada palavra dita. Isso era uma ofensa sem tamanho. A pouca segurança de que estava fazendo alguma coisa certa ao questionar-lhe sobre o assunto foi soprada para longe como se fosse um grão de areia comparada a certeza de David de que ele estava errado, que seria a praia inteira. Harold ficou sem reação, completamente embasbacado.

–Como sabe de tudo isso? – Foi o que ele conseguiu perguntar.

–Fácil. Uma rápida consulta em seu PhizVolume, e outras redes sócias me deram todas as respostas. Se não queria que soubessem, não deveria comentar nada em sites onde suas informações são públicas. – David rapidamente respondeu. -Não pense que estou contra o senhor. Muito pelo contrário, estou apenas querendo ajudar. Me perdoe se pareceu um insulto.

–Acho que já comi demais. – Harold simplesmente não queria mais ficar ao lado de David. Arrastou a cadeira e se retirou. – É melhor eu dormir.

David não conseguiu deixar de dar um pequeno sorriso maligno ao ver que o efeito desejado havia aparecido. Harold já era inseguro, e naquele momento, estava completamente mal. Facilmente conseguiria comandar aquela Instituição no lugar dele.

...

O grupo estava sentado à mesa já fazia um tempo. Ed saiu, mas Jean garantiu que viu-o antes de sair e que não queria ser procurado, então foram todos comer na mesa indicada.

Estava tudo indo bem, até. Tirando pelo fato de Jean fazer piadinhas que deixavam as pessoas envergonhadas, Hyun-Ae estar comendo aqueles tentáculos vivos como se fosse a comida mais deliciosa do mundo, Arícia enviando duas colheres de uma vez só na boca com comida o suficiente para acabar com a fome na África, Henry reclamar que quem estava comendo carne bovina estava cometendo crimes antiéticos tão ruins quanto o canibalismo, e Chris tentar fazer com que os demais parassem de se exaltar porque estava com vergonha das outras mesas olhando para eles.

É, com certeza era o começo de uma grande união nascendo.

Entre tantas risadas e falatório uma voz calma e delicada atrás do francês quase que não conseguiu ser ouvida:

–Com licença, aqui é a mesa 5?

Quando Jean virou para trás se deparou com um corpo feminino muito bem esculpido, como se fosse de um escultor muito habilidoso, se inspirando na Vênus de Milo para fazê-la. Se inspirando, não era igual. Tinha uma blusa de frio por cima, ao invés de uma toga, para descontamento de Jean. Ele teve que levantar um pouco a cabeça para olhar o rosto da menina. Ela era branca e tinha longos cabelos castanhos, da mesma cor de seus olhos, encobertos por um óculos de armação redonda. Apesar de óculos não ser do gosto de Jean, ele tinha que admitir que a moça era bonita.

–Sim, é sim. – Chris parecia aliviado pelo silêncio que se formou quando ela chegou. – Você é uma das pessoas que não conseguiu ir no primeiro tour?

–Sim, sou eu. – Ela sorriu timidamente ao se sentar. – Tive alguns problemas nas hora de entrar.

Jean pegou um cacho de cabelo dela e alisou-os. Ela claramente se sentiu um pouco incomodada.

–Como uma menina tão linda quanto você é barrada de entrar aqui? Se ofuscaram com sua luz e não conseguiram enxerga-la direito?

A menina corou até ficar como um pimentão. Chris logo interviu.

–Jean, deixa ela. Se tentar dar em cima desse jeito de outra garota de nosso grupo, vamos ter problemas de integração.

–Está bem, então.

Jean disfarçadamente tentou acariciar uma das mãos de Henry, que estava ao seu lado esquerdo. O menino quase deu um pulo de susto.

–Que isso, Jean!? Está me estranhando? – Quando ele se recuperou do susto, acrescentou: - Sem ofensas.

–Jean! – Chris reclamou e Arícia deu uma pequena risadinha e tentou passar para a nova integrante, mas que permaneceu quieta. Hyun-Ae continuou comendo o polvo.

–Você disse que eu não podia fazer com garotas, e Henry é um garoto.

Chris respirou bem fundo.

–Está bem. Não dê em cima de meninas, meninos, e nem do que você não tiver certeza, que faça parte de nosso grupo ou na nossa frente.

–Falou, chefia. – Jean fez sinal positivo.

–Mas, então, qual é o seu nome? – Arícia perguntou a menina ao seu lado.

–Bem, vou me apresentar da forma como o pessoal está fazendo, tudo bem?

–Sim, pode ir, seja qual for essa forma que a gente não está sabendo.

A menina respirou fundo e começou:

–Sou Carolina Jackson, de Recife, Brasil. 14 Anos, mas farei 15 daqui a mais ou menos uma semana. E sou descendente de Harry Jackson. E... Eu garanto que só sou tímida assim no começo. Amanhã já devo estar toda agitada. Podem me chamar de Carol, inclusive.

–Então esse é o jeito que as pessoas estão se apresentando? – Hyun-Ae parou um pouco de apreciar aquela iguaria pegajosa e observou Carolina. Jean quando a viu pela primeira vez, ficou decepcionado, achando que dividiria o quarto com alguém velho, chato, e severo, mas ela não era exatamente assim. Bem, talvez só um pouquinho. – Se eu soubesse teria pedido direitos autorais.

–Espera, esse Harry Jackson não era um pirata? – Jean se lembrou vagamente de uma de suas aulas de história. – Olha, meu doce, desculpa, mas o que esse cara fez para você ser tão importante a ponto de vir para cá?

Carol parou um pouco de batucar os dedos na mesa e encarou Jean.

–Ele não foi um simples pirata! Foi o maior aventureiro de todos os tempos! No século 22, mesmo com eles fora de moda, se empenhou para navegar pelos sete mares e descobriu algumas ilhas que ninguém havia pisado antes e também a fauna e flora que viviam nelas, que eram muito diversificadas. Catalogou novas espécies das mais diversas coisas! Ele foi, sim, extremamente importante porque foi aonde todos tinham medo de por os pés e descobriu espécies que conseguiu salvar da extinção, além de uma planta que foi a raiz para o desenvolvimento da cura de diversas doenças! – Carol defendeu seu parente com entusiasmo. – Não importa o que digam, ele foi muito importante para a história da humanidade, e eu acredito nos feitos dele mais do que ninguém!

Depois de ter dito isso, o assunto acabou. Nada mais tinha a se dizer. Carol iria a fundo defender seu tão adorado ancestral.

...

–Tem certeza, senhor Laudrup? Não é possível que tenha sido diretamente assim. O senhor deve estar exagerando. – Margareth afirmou sua opinião quando Harold contou sobre David.

Margareth estava em seu quarto, no castelo. Havia acabado de chegar da viagem. Por sorte, graças ao novo modelo de transporte super veloz destinado aos governantes para que cheguem mais rápido nos compromissos, ela conseguiu chegar a tempo de atender a conferência. Na verdade, ela já havia até tomado banho e teve que colocar um roupão para não aparecer de pijama, ato considerado deselegante por sua mãe e que ela aprendeu. Teve que pedir ajuda a dois funcionários do castelo para mexer no micro computador hologramatico para atender a ligação, e os expulsou do quarto logo em seguida.

–Eu estou dizendo a verdade, sem exageros, garanto! Esse homem não é confiável! – Harold confirmou. – Ele quer alguma coisa não a deixando revelar a verdade, Rainha Margareth.

–Vossa Majestade, avisei-te que aquele Moore fez a unha de meu dedão do pé encravar quando passei por ele! Quando isso acontece, nunca é um bom sinal, e minha unha nunca se enganou! Sempre teve razão em se esconder do perigo dentro da pele! – Klaus defendeu o lado de Harold. – Querem que eu mostre?

–Não precisa! Acreditamos no senhor, Jorgensen! – Harold rapidamente respondeu, antes que o ministro realmente mostrasse a unha encravada.

–Voltando ao assunto, apesar de tudo, precisamos do Senhor Moore na Instituição. Além de eu já o conhece-lo, ele foi recomendado por pessoas das quais se eu recusasse, estaria colocando a Dinamarca diretamente dentro de uma guerra. E, além disso, não podemos simplesmente demiti-lo. Para ser legal, deve ser por justa causa. Desconfiar que ele esteja envolvido em algo sem provas, torna-a injusta. – A Rainha explicou. – Mas, qualquer sinal estranho, pode dar bronca nele, Laudrup. Faça o que quiser com ele para que pare de achar que é o líder, dou-lhe permissão para isso. Cedo ou tarde descobriremos uma forma de contar sobre o projeto Guerra 3.000 para eles. Tenham todos uma boa noite.

Quando a Rainha se despediu, Klaus desligou a chamada, e antes que ela pudesse fazer o mesmo, Laudrup a parou.

–Majestade, espere!

–Sim!? – A Rainha perguntou. Era impressão dela, ou Laudrup ficou um pouco vermelho?

–Eu... Lembra de quando eu lhe disse que podia me chamar apenas de Harold?

–Vagamente.

–Porque não faz isso?

–Ora. – Foi a vez da Rainha corar um pouco. – Aprendi com minha mãe que chamar aqueles com quem não deve ter afinidade pelo primeiro nome é incorreto.

–Nós nos falamos quase todo dia a quase cinco meses. Achei que isso já seria considerado... Afinidade. Apenas pensei que a Rainha precisasse de alguém para ser uma espécie de “amigo”, já que perdeu as pessoas que eram...

A Rainha, por algum motivo parecia quase tão constrangida quanto ele.

–Sim. Talvez seja disso que eu esteja sentindo falta. Quando estivermos fora de conversas formais, te chamarei de Harold, como quer. – Ela deu uma pausa. – E acho que isso automaticamente lhe daria o direito de me chamar apenas de Margareth...

Harold sorriu abertamente com o que a Rainha disse.

–É uma grande honra, senhorita! Então... Acho que é isso. Até mais,... Margareth. – Ele demonstrou estar um pouco sem jeito pela voz.

–Até, Laudr... Harold.

O homem parecia que depois que Margareth pronunciou seu nome, não queria mais desligar. Porém, de qualquer forma os dois desligaram.

Margareth olhou ao redor. O quarto era grande e belo. As paredes eram brancas com diversos detalhes em dourado. As portas se estendiam a metros acima dela, assim como as janelas. A cama era enorme e ocupava boa parte da parede mais ao fundo. Era de casal, apesar de não ter com quem dividi-la. Margareth sempre imaginava seus antepassados, que dormiram nesse mesmo quarto. Todos grandes líderes, que fizeram grandes coisas. E, então tinha ela. Nunca pensou em assumir o trono, pois essa era tarefa de seu irmão. Mas, agora que assumiu, desejava realizar feitos memoráveis como seus antepassados, e ser mais uma que levasse honra para as almas daquele quarto, e que no futuro a pessoa que dormir ali, sinta orgulho de dormir no mesmo quarto que ela. Podia dizer que sabia como os escolhidos da JGMB se sentiam.

Não teve muito tempo para refletir, pois logo ouviu barulhos vindos da janela. Os reflexos a fizeram levantar-se e caminhar a passos longos até a janela para ver o que acontecia lá fora.

Uma manifestação ocorria lá fora. Nem se estivessem em sua frente, conseguiria ler os cartazes, mas sabia exatamente o que eles pediam. Que alguém que uma preparação de verdade para ser rei fosse o símbolo do país, não alguém que não foi treinada e ainda por cima com algo como dislexia.

A Instituição tinha que dar certo. E Margareth viu que Harold estava certo. Ela realmente precisava de um amigo para se abrir.

...

"Ed parou no meio do corredor e recostou a mão na parede, com a outra apoiada no joelho. Inspirou fundo e expirou. Uma, duas, três vezes, até achar uma injeção de emergência no bolso. Se acalmando, limpou o suor que escorria de sua face e encarou o final do corredor.

Fazia muito tempo que não via aquela pessoa que encontrou no bufê, e realmente não queria ver de novo. Observa-lo deu-lhe um choque, um medo repentino que desencadeou em um ataque das síndromes. O pior de tudo é que ele o viu também, o medo se concretizou. E saber que tudo isso era culpa dele o deixava ainda mais enojado.

–Max? – Ed ouviu a voz dele atrás de si.

“Não, não pode ser! Ele me seguiu até aqui.” – Edward pensou.

Se virou para encarar o homem. Quem o via, não deveria nem desconfiar que era um velho desgraçado que acabou com a vida de uma criança. Não desse jeito que estão pensando. De uma forma muito mais dolorosa.

–Eu não acredito! Max, é você mesmo! Há quanto tempo! Todos sentiram tanto a sua falta!

–Quando sai de casa, disse que nunca mais queria olhar para o rosto de vocês. Não se lembra, pai?

O homem passou a observar o filho com um ar de preocupação.

–Filho, já falamos sobre isso. Nós só queríamos o melhor para você! Nunca imaginamos que aconteceria isso. Se soubéssemos, nem tentaríamos.

–O quê? – Edward não ouviu direito.

O pai ficou ainda mais preocupado.

–Disse que não quisemos fazer isso de propósito.

–Acontece que “isso”, foi uma grande desonra ao Alexander Fleming. Não posso suportar ficar perto de você e lembrar-me do que fez. Tão friamente, tão desumano.

–Max, nós sentimos muito! Estamos muito arrependidos!

–Pensassem nisso antes de fazer. – Ao disser isso, o menino caminhou em direção ao quarto, mesmo sem comer. – E, antes que eu me esqueça. Não fale comigo, nem me chame de Max. Sou Edward Maxwell Fleming."

Edward não deixou de pensar na cena que acabara de acontecer enquanto tocava seu violino. A única coisa que o pai ensinara que não havia esquecido de propósito. Guardou a forma de como tocar para o resto da vida, apesar de duvidar conseguir retirar uma melodia boa do instrumento.

Nesse momento, ele reparou que a porta se abriu lentamente e parou de tocar para ver quem estava entrando no quarto.


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Notas finais do capítulo

Ainda necessito de mais uma vaga! Sério, nunca vi uma vaga feminina sobrar tanto. Cada uma que me aparece...
Mas, bem, deixe sua opinião nos comentários para eu melhorar! E também o que acham que vai acontecer, e tal. Sempre gosto de saber o que os leitores estão tramando. Contem-me tudo, não me escondam nada!
Até a próxima, :)!