Instituição JGMB - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 13
Tudo Tem Um Motivo


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Tudo bem com vocês?
Meus pais decidiram que ficaríamos mais um pouco por aqui, então cá estou com mais um capítulo. Ah, e eu queria impôr uma meta: Parar de enrolar e terminar a fic em, no máximo, mais dez capítulos. Sem contar o epílogo que quero escrever.
Boa leitura, :)!



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Zulu andava de um lado para o outro em frente à porta especial que os especialistas utilizavam para chegar à mesa de jantar. Ele ainda não estava comendo, então deveria passar a qualquer instante. Sabia que estava em desvantagem naquele momento. Estava em desvantagem em qualquer momento. Mas até aquela ocasião não havia tocado no assunto com nenhum deles e uma hora ou outra teria.

“O que Isis faria em uma situação dessas?” – Era o pensamento que invadia sua mente sempre que tinha que falar com um deles. Quem via Zulu sempre achava as mesmas coisas dele: Que era um cara lindo, inteligente, cavalheiro, carismático... Isso tudo estava correto, mas ele sabia que no fundo era mesmo um covarde.

Se lembrava de quando era menor e começou a andar com os outros garotos. Apesar de ser o que conquistava a atenção de quem passava por causa das qualidades listadas anteriormente, eram todos maiores e mais fortes do que ele. Tinham poucas meninas na vizinhança, então sua irmãzinha Isis, que sempre acompanhava seus passos, quis seguir seu exemplo e tentou entrar no grupo.

Obviamente, por ser pequenininha e a única menina a se arriscar a falar com eles, foi logo motivo de chacota. Começaram a procura-la todos os dias para caçoa-la e a obrigar a fazer todo tipo de coisa com o objetivo de “encaixa-la” no grupo. Sendo o irmão mais velho, era obrigação de Zulu defender Isis, porém ele não fazia nada além de observar. Nem se deu o trabalho de contar sobre os laços de parentescos aos amigos. Só foram descobrir que faziam parte da mesma família anos depois. Ao contrário de como era com outras pessoas, com a irmã sempre fora negligente.

Eram sempre os desafios mais idiotas: Mandavam-na mergulhar em lagos cheios de piranhas para entregar-lhes plantas que só cresciam lá dentro, a vendavam e largavam-na no meio de uma floresta que tinha lá perto para ver se sabia como voltar ou então a trancavam dentro dos armários dos distribuidores de comida por horas, sem comida ou água, para ver quanto tempo resistia. Por mais que quisesse retirar a irmã dessas situações, Zulu tinha medo do que os outros poderiam fazer com ele, então acabava deixando fazerem o que queriam com ela, se limitando a de vez em quando escapar de conversas do grupo para ver rapidamente se Isis precisava de alguma ajuda.

O tempo foi passando e as experiências transformaram Isis em uma verdadeira amazona. Corajosa e destemida, sempre com respostas afiadas e preparada para dar foras em qualquer um com quem não fosse com a cara. E se não conseguisse rebater, era porque tinha algo sério acontecendo. Sempre desesperada para mostrar que não precisava de ninguém para ajuda-la e que podia se virar muito bem sozinha, principalmente na frente daquele grupo. Enquanto Zulu continuou o que sempre foi: lindo, inteligente, cavalheiro, carismático. E só. Nem mais, nem menos. Era fácil ver quem se tornara o novo favorito dos pais, apesar da outra aparentemente não perceber.

Ela virou uma exploradora. Passou numa prova de uma grande instituição geológica que a pagava para viajar para lugares distantes e perigosos para trazer amostras de solo e pedras raras. Enquanto ele continuou restrito a cidade em que nasceram, como o simples mordomo de confiança da família do prefeito (Algumas gerações após a invenção do tradutor, a família faliu).

“Mas dessa vez será diferente.” – Zulu pensou ainda meio trêmulo. – “Dessa vez eu tenho a chance de proteger minha família e não vou joga-la fora.”

Foi então que avistou David Moore se dirigindo para a porta. Respirou fundo e criou coragem para se pôr entre ele e a porta.

—Senhor Moore, nós precisamos conversar. – Chamou.

David parou de andar e prestou mais atenção no sul africano. Zulu engoliu em seco, mas continuou imóvel na frente dele. Já tinha ganhado a atenção do americano, agora não havia mais como fugir.

—Descobriu alguma coisa de útil? – Questionou.

—Não, não é isso, senhor. É que dessa vez eu tenho um pedido a fazer. – Zulu se prontificou. – Sabe, além de mim, existem outras pessoas que quero manter a salvo se acontecer o plano. Tenho uma irmã chamada Isis que também está aqui e meu pai que já está bem velhinho também precisa sair de Nelspruit e vir para cá, principalmente agora que minha mãe morreu...

David ouviu a reinvindicação do outro bem atento e não o interrompeu nem uma vez. Ao final, ele encarou melhor Zulu e deu a resposta.

—Khumalo, você não é o único aqui que tem pessoas que quer proteger. – Começou. – Rush tem os avós, Tanaka tem primos próximos, o outro tem mulher e filho e eu tenho uma mãe doente e uma mulher grávida, e isso sem falar na família dela. Por essas pessoas temos que vencer. Não posso nem cogitar o futuro de meu filho no caso de uma derrota. – Continuou. – Você sabe por que cada um de nós foi escolhido para a tarefa?

Zulu balançou negativamente a cabeça. David então olhou pros lados para ter certeza de que não tinha ninguém ouvindo e quando teve certeza listou cada um deles:

—Eu fui escolhido porque sou o único agente especialista em história mundial, Rush porque é o maior coordenador dos testes da arma secreta, Tanaka porque é o colega de quarto do guia mediano e pode sempre espiar os arquivos dele sobre como o Oriente está indo sem levantar suspeitas; o outro nem preciso destacar o motivo. – Moore fez uma pausa. – E você sabe por que está aqui.

Zulu se sentiu ainda mais encolhido do que normalmente se sentia perto dele. Afastou-se um pouco do outro e completou o raciocínio.

—Porque minha irmã está no grupo cinco. – Até para proteger Isis ele dependia dela.

—Exatamente. O mesmo grupo que o informante Christian está. Por causa dela você é o único de fora do grupo que pode se aproximar dele sem suspeitas. – David pensou um pouco. – Na verdade, Comte também tem um irmão lá, mas ele é um imbecil. Você é muito mais inteligente. E agora tenho uma nova tarefa para meu informante: Mais cedo estava andando pelo corredor e por acaso ouvi o final de uma conversa entre Laudrup e Jorgensen. Laudrup perguntou como ele havia conseguido uma certa lista e Jorgensen respondeu que tinha suas fontes. Christian Ford provavelmente sabe que lista é essa que o ministro teve que ter fontes secretas para conseguir. Sua missão é descobrir o que ela é e todas as informações extras sobre ela.

David passou por Zulu, abriu a porta e entrou no corredor. Antes de fecha-la, se virou para o informante de novo e terminou:

—O seu cargo e a proteção de sua família dependem do que conseguir.

E fechou a porta antes de ver a reação que causara a Zulu. Isso tudo só o deixou ainda mais assustado. Ou era vitória, ou era vitória. Simplesmente não podia furar com eles. Ficou lá até endireitar a postura e a expressão de medo sair de seu rosto, mas antes que pudesse completar o caminho de volta ao refeitório, ouviu a voz da irmã logo atrás dele:

—Irmão, também se distraiu e se esqueceu de comer?

Zulu se virou e se deparou com Miguel, Isis e as outras meninas do grupo cinco. Dava para perceber que Carol e Arícia o encaravam como se estivessem o admirando e Hyun-Ae como se estivesse se lembrando de algo.

—Pois é. Para acompanhar vocês do grupo cinco tem que estudar muito e eu acabei perdendo a hora. – Disfarçou. – Cadê os meninos?

—Ainda tinham algo para fazer no quarto. – Miguel respondeu abrangente, pois não sabia o que estavam fazendo e não era tão enxerido para perguntar.

—Então seria uma completa falta de educação se eu não acompanhasse as moças à mesa. – Estendeu os dois braços como se passarinhos fossem pousar neles. – Me permitem...?

O pior era que Zulu não estava fingindo. Esse era seu jeito de ser mesmo. Por isso todos sempre o observavam com tanta maravilha estampada nos olhos. Carol e Arícia se deslocaram tão rapidamente, cada uma para segurar em um braço diferente, como se fossem insetos atraídos por uma lâmpada. Desde o dia em que uniram os grupos as duas eram suas maiores fãs, cheias de paixonite.

—Nem precisava, Zulu. Você é tão cavalheiro! – Elogiou Arícia.

—É, nós bem que estávamos necessitadas de um homem para nos guiar. – Carol completou.

Os três foram na frente, Zulu praticamente carregando as duas amigas pelo corredor. Hyun-Ae, apesar de não ser muito de cair nesses encantos, não se importou com a mudança de liderança e foi logo atrás. Miguel ficou parado que nem uma estátua por alguns segundos, sendo encarado por Isis. Finalmente revelou o motivo de seu olhar transtornado.

—Mas... Eu sou homem. E não fiz nada além de guiar todo mundo desde que cheguei aqui. – Ele desviou o olhar para a outra. – Eu sou tão ruim assim?

—Comparados ao meu irmão, todos são. – Isis deu um tapinha solidário nas costas dele. – Bem-vindo ao meu mundo.

E então eles continuaram o caminho, logo atrás do covarde perfeito.

...

Henry não estava conseguindo se concentrar muito desde a noite anterior. Mesmo com a leitura, que sempre fora o seu maior remédio, não obteve sucesso em se distrair. Era a melhor parte do livro e ele tinha que ficar voltando nos parágrafos por pensar em coisas aleatórias ao invés de prestar atenção.

Se o menino cogitava a ideia de seu pai estar arquitetando um plano maligno digno de ser um vilão do James Bond? Não, impossível. Para ele a hipótese estava fora de questão. Infelizmente, para seus amigos não estava.

—Deve ter sido um engano. Ou então o obrigaram a fazer isso. – Henry sussurrou antes que a chamada fosse atendida pelo pai.

Por causa do fuso horário, em Londres deveriam ser umas dez ou onze da noite, mas Randhir tinha o hábito de ficar acordado até tarde, então depois do terceiro toque atendeu o comunicador. O homem apareceu na tela ocupando quase toda a visão que se era possível ter do cômodo. Não porque queria esconder o que estava atrás, mas por causa de seu tamanho avantajado. Parecia confuso com o fato de ter recebido uma ligação do filho.

—O... O... Oi, pai! – Henry gaguejou um pouco de nervoso.

—Henry, algum problema? – O pai jogou logo de cara. Cordialidade nunca foi seu forte.

—Quê? N... Não. Problema nenhum.

—Tem sim. – Insistiu – Você não ligaria a essa hora e ainda por cima está gaguejando.

Henry por algum motivo se sentiu um pouco comovido com isso. Para acalmar o nervosismo repentino contou até três mentalmente e inventou uma desculpa.

—Ah, pai. É q... Que aqui é bem... Bem frio! Peg... Peguei um resfriado. Um resfriado muito... Muito forte.

O garoto até fungou no final da frase para parecer mais convincente, mas o pai não parecia ter caído.

—Ontem você não estava assim.

—Peguei hoje de manhã. – Disse num sopro. – E quan... Quanto a ligar a essa ho... Hora...

Henry pensou um pouco. Se Jennifer não apareceu é por que ele estava no escritório, aonde ela quase nunca ia. Era o lugar onde poderiam encontrar alguma coisa incriminadora. “Isto é, se tiver alguma coisa.” – Pensou. Precisava de uma desculpa para afastá-lo de lá e visualizar a escrivaninha.

—Eu ter... Terminei de ler meus... Livros. – Começou. – Queria pedir que... Que fosse ao meu quarto... E me mandasse uns livros novos.

Randhir deu um longo suspiro de desapontamento e observou o filho com mais cautela. “É isso então. Sempre isso.” — Pensou o pai. Enquanto não fosse pegar os livros sabia que o garoto não o deixaria em paz. Se virando para ir embora proferiu um baixo “Vou buscar” e saiu.

Os três amigos saíram de trás de Henry para observarem melhor o cenário. Antes de fazer isso, Jean ainda comentou com o outro meio alto.

—Que ótima ideia gaguejar, Henry. Que tal da próxima vez falar logo que queremos espionar a sala do cara?

Henry se sentiu encolhido atrás das três cabeças que examinavam com cuidado a cena. Queria responder, mas já estava envergonhado o suficiente com o que estava fazendo. Sentindo isso e querendo amenizar o clima, Chris tentou ajudar.

—Não fale assim. Aposto que se fosse você e seu pai também estaria nervoso.

—Não. Não consigo ficar mal. Há uma muralha de glitter que me protege do estresse e das energias negativas do mundo.

—Vem nos ajudar a procurar, Henry. – Ed chamou sem desviar o olhar do holograma. – Você conhece esse escritório melhor do que nós.

O garoto se aproximou devagar para ver melhor a cena. Na verdade não conhecia tão bem assim aquele cômodo. Não gostava de passar o tempo ali, apesar de ser onde o pai passava a maior parte do tempo dele. O alcance do comunicador só se dava da porta até o microcomputador. Dava para ver a estande com arquivos e a escrivaninha com alguns objetos espalhados. Henry notou algo estranho entre as coisas dispersadas. Algo brilhoso.

—Aquilo. – Apontou. – Aquele papel com o símbolo de águia marrom.

—O que tem ele?

—Ele já me falou sobre ele antes. Esse é o símbolo que líderes têm usado para trocar mensagens entre si. E só mandam se for algo muito importante.

—E parece que é de hoje. – Ed constatou apertando os olhos para enxergar a data.

—Então se tiver indício de algo suspeito, é aí que está. Entendi. – Chris confirmou enquanto mexia no comunicador. – Vou gravar o papel e imprimir ele que nem seu pai deve ter feito com o mapa da Instituição.

Henry só ficou ainda mais nervoso com o comentário. Quis pular no meio dos três e impedir Chris de continuar, mas ele já tinha começado. Protestou com uma voz esganiçada.

—Por favor, é meu pai! Tenho certeza absoluta que aí não tem nada! – Começou e quando viu que não surgiu nenhum efeito mudou de tática. – Vejam o que estão fazendo! Fuxicando arquivos secretos! Podem ser presos por isso! E eu sou cúmplice! O que meus pais vão pensar!?

—Fuxicar mensagem do celular dos outros é pros fracos. Nós fuxicamos as mensagens do serviço secreto. – Jean respondeu com um sorriso de orelha a orelha.

—Pronto. – Chris disse. – Terminei de copiar. Agora é só passar a imagem salva no comunicador para um computador da sala de informática.

Nesse momento a maçaneta girou e os três se esconderam para longe da câmera de novo. Randhir entrou com cinco livros debaixo do braço e se dirigiu apressado a Henry.

—Rápido! Antes que sua mãe chegue! Qual você prefere? “O Diário de Anne Frank”, “Laranja Mecânica”, “Oliver Twist”, “O...”

Randhir nunca completaria a lista, pois Jennifer entrou quase arrancando a porta do escritório e com o rosto transbordando um misto de preocupação e raiva. Correndo, quase derrubou o marido – O que já é bem complicado. – e se pôs na frente do filho.

—Henry Kamadewa Murray, o senhor fica até tantas horas sem dar sinal de vida e quando liga está doente! Essa não foi a educação que eu te dei, mocinho! Aposto que não está usando aquele cachecol da sorte que sua vó tricotou com tanto carinho para você. – Henry fazia sinal para que a mãe se calasse, mas ela continuou com a vergonha alheia. – O que está sentindo? Está com quanto de febre? Está com manchas na pele? Com dificuldade para respirar? Ouvi dizer que aquela doença do Oriente Médio está se espalhando pros lugares frios. Devo enviar mais agasalhos? E alguns remédios, com certeza. Ah... E você vai querer o Kléber também?

—Mãe! – Henry sussurrou entredentes. – Já estou bem! Eu... Eu tenho que comer. Ligo amanhã!

Antes mesmo de Henry conseguir desligar o comunicador ainda ouviu-se a mãe dele falando “Pelo menos está se alimentando direito, eu espero”. As bochechas do menino coraram ainda mais ao se deparar com um Jean pronto para avacalha-lo. Depois das provocações os quatro desceram para jantar.

Só havia três coisas que tiravam Henry do sério se comentasse sobre elas: Seus livros, que sempre foram seu portal para o mundo dos sonhos, seus amigos, dos quais sempre tivera o suficiente para contar apenas com os dedos de uma única mão, e sua família, que só conseguia ou envergonhá-lo de tão presente ou entristece-lo de tão ausente. E apesar de ter passado por um dos momentos mais constrangedores de sua vida, estava feliz que pelo menos veriam que seu pai não tinha nada a esconder com aquilo tudo.

...

“-Mas ainda não entendi. Como conseguiu aquela lista?

—Tenho minhas fontes. – Jorgensen respondeu a Laudrup logo após despedirem-se da rainha.

Os dois seguiram o caminho pelo corredor. Laudrup continuou.

—Fico surpreso com isso tudo. Nunca pensei que conseguiria notar algo importante a partir daquilo. – Fez uma pausa até perceber o que disse. – Quero dizer, não estou falando que é estupido. Só que... err...

Jorgensen deu um pequeno sorriso.

—Mas estaria certo. Eu sou estúpido. É o lado que demonstro para as pessoas sempre que as conheço. Assim quando faço algo relevante elas se surpreendem. Se mostrasse que posso ser inteligente logo quando as conheço não seria tão divertido. Elas achariam banal. – Se virou para Laudrup. – Fico feliz que tenha se surpreendido, pois significa que meu truque funciona. Sabe, você também deveria tentar. É inseguro, mas tenta mostrar que é confiante. Talvez se mostrasse o outro lado primeiro, ficariam todos maravilhados quando se demonstrasse realmente confiante. Quando se finge ser alguém que não é as consequências podem ser terríveis. Sorte a sua que a rainha Margareth se identificou com a sua situação. Os dois são parecidos por dentro, espero que consigam resolver seus problemas motivacionais juntos.

Laudrup parou e observou Jorgensen com mais atenção. O olhar dele deveria mostrar muita dúvida, pois o outro respondeu.

—Eu observei os dois pela câmera de segurança. Por que acha que interrompi vocês naquele momento? Se não fizesse, nunca mais me deixariam entrar lá.

—O senhor nos espiona!? – Perguntou incrédulo – Desde quando?

Jorgensen ficou um pouco sem jeito.

—Bem, às vezes não tenho muito que fazer e fico com tédio. E as conversas que vocês tem aqui se tornam tão interessantes... Por favor, pare de me olhar com essa cara. Aposto que faria o mesmo comigo se pudesse.”

Laudrup relembrou a conversa que teve com Jorgensen mais cedo enquanto dava a última olhada no projeto que precisava das planilhas de barcos com teleporte da Hyun-Ae. Era um prédio alto e redondo. Tinha áreas para produção de energia solar, de água, de criação de animais e plantas para que uma população toda pudesse morar lá. O teleporte serviria para que pudessem receber pessoas do mundo todo de uma forma que pudesse ser fácil a elas. Ele sentia um impulso por chamar aquela construção de “Base”.

A Base era como um plano B. Com Moore atrás deles e a guerra estourando, talvez não desse tempo. Seriam nômades, recolhendo pessoas de toda parte para ficar com eles. Já haviam apanhado todas as televisões, computadores, celulares e todas as outras formas de tecnologia da população comum. Só universidades, governo ou os muito ricos tinham acesso a eles. Como as pessoas não tinham como pesquisar a fundo; acreditariam em qualquer coisa que falassem a elas. Para terem o que queriam as pessoas não viveriam. Sobreviveriam.

Os planejamentos da Base já estavam quase concluídos. À sua ordem, e apenas à ordem dele, ela seria instalada e começariam sua nova vida (Afinal, ele é o diretor e a ideia foi dele). Ele realmente torcia para que o pior passasse e que nada daquilo fosse necessário.

Durante seu caminho até o refeitório também pensou em Margareth, ou melhor, em sua namorada. “Ela nem mesmo me deixou dar minha opinião sobre isso. Será que essa atitude tem ligação com o que Klaus me contou? Ela sabia que eu ficaria com medo de dizer que queria isso e se adiantou?”

Passando por trás de onde Moore estava sentado, o estômago de Laudrup deu um pequeno tremelique ao lembrar do aparelho que ele fora capaz de injetar dentro dele. Isso tinha que acabar logo, pelo bem de sua sanidade mental.


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Notas finais do capítulo

Pela sanidade mental de Laudrup, vamos tentar terminar com tudo isso em dez capítulos.? O que acham?
Até a próxima, :)!