A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia
No dia seguinte ao desaparecimento de Manigold os rumores encheram todos os cantos do santuário. Todos os habitantes sabiam que o Italiano tinha sido gravemente ferido e que estava à beira da morte, contudo ninguém sabia contar correctamente o sucedido. Alguns empregados comentavam que ele tinha sido feito prisioneiro da máfia Italiana, alguns cavaleiros de bronze espalhavam que ele tinha sido derrotado por um bruxo em terras desconhecidas e os cavaleiros de prata afirmavam com plena convicção que Manigold fugira do santuário porque estava farto daquela vida, esta era a história que mais sucesso tinha. Apenas os cavaleiros de Ouro sabiam de facto o que tinha acontecido com o companheiro, apesar de lhes ser completamente desconhecido o seu verdadeiro paradeiro. Kardia apesar de bastante preocupado com o Caranguejo não deixava de brincar, alimentando as fantasiosas histórias criadas pelos cavaleiros e empregados.
– Eu tenho a certeza que o bruxo o transformou em sapo, foi o que disse o senhor Sage! Acreditem. – Comentava o Escorpião divertido quando foi abordado por um cavaleiro à entrada da casa de Manigold.
A quarta casa sempre cheia de diversão energia e traquinice, agora, estava triste, fria, parada e sem vida. A serva de Manigold estava bastante abatida com a súbita ausência do seu senhor, ele não era sempre delicado com ela, mas gostava dele assim, tomara conta dele desde quando ele chegara ao santuário, era ele ainda um menino.
– Não chores! – Disse Shion docemente à empregada enquanto esta cozinhava, algumas lágrimas caíam no taxo pousado em cima do fogão.
– Ele adorava esta comida. – Disse ela entre vários soluços. – Desculpe senhor Shion. O senhor não tem que aturar os lamentos de uma serva maluca.
– Não te preocupes comigo. Chorar por vezes alivia o nosso coração e a nossa alma.
– Só desejo do fundo do meu coração que ele esteja bem e volto rápido para o lugar que lhe pertence.
– Ele com certeza está bem. E logo, logo voltará. – Shion não estava seguro das palavras que acabara de prenunciar. – Mas desculpa a pergunta! Existe algo que me queiras contar?
– Contar? Não nada Senhor. – A serva estava visivelmente atrapalhada, porém Shion não insistiu.
– Se precisares de falar procura-me, estou na casa de Carneiro. – Disse o jovem saindo da cozinha deixando a serva imersa em pensamentos.
– Como é esperto o senhor Shion! - Exclamou limpando algumas lágrimas do rosto cansado e triste.
Alguns cavaleiros da elite de Atena entre eles: Dokho, Shion, Régulos e Dégel, tentaram visitar o Grande Mestre com o intuito de o questionar sobre o paradeiro de Manigold, porém não foram atendidos. Os guardas informaram-nos que Sage estava em reunião com Atena e que não queria ser interrompido por ninguém.
– Uma reunião numa altura destas? – Reclamou Kardia indignado.
– Cuidado Kardia não vou tolerar faltas de respeito! – Avisou Sísifo zangado.
– Eu só estou a constatar um facto real! – Kardia sorriu.
Dégel aproximou-se discretamente do amigo.
– Não arranjes confusão por favor não é o momento apropriado – Murmurou ao ouvido do escorpião.
– Então avisa quando for o momento certo! – Os lindos olhos azuis iluminaram no grande sorriso traquina que Dégel não aprovou.
– Tio Sísifo sabes alguma coisa do que se passa com o Senhor Sage? – Perguntou o Leão com a voz cheia de falsa doçura tentando desta forma obter respostas concretas.
– Sei tanto como todos vós. – Declarou o Sagitário não indo em conversas.
– Temos que concordar que tudo isto é bastante estranho! – Prosseguiu Aldebaran
– Bem tenham todos calma o Grande Mestre sabe o que faz. – Tentou tranquilizar o Aquário.
– Tu sabes alguma coisa de certeza Dégel. Pensei que éramos amigos! Mas afinal enganei-me – Dramatizou Kardia fingindo falsas lágrimas.
– Kardia devias seguir a carreira de actor. – Disse Dégel passando a mão pelos lindos cabelos verdes.
– Sim eu sei! Mas, olha tenho uma proposta irrecusável!
– Vamos lá ver o que vem aí desta vez! – Murmurou o Francês mal mexendo os finos lábios.
– Eu dou-te esta deliciosa e suculenta maçã e tu contas-me o que sabes!
– Kardia sabes perfeitamente bem que eu não gosto de maçãs prefiro os frutos vermelhos. – Dégel fazia um enorme esforço para não sorrir.
– E onde diabos eu arranjo esses frutos?
– Bem chega de conversa na porta do salão do grande mestre. Querem continuar com a brincadeira vão para as vossas casas. – Ordenou Sísifo zangado com o rumo que a conversa estava a levar.
Todos os presentes dispersaram, dirigindo-se cada um ao seu respectivo templo.
A curiosidade era o único sentimento que naquele momento fazia pulsar o coração e mente dos cavaleiros de Ouro, até mesmo os mais tranquilos compartilhavam desta agitação. Na noite anterior fora a última vez que sentiram o cosmo de Manigold explodir e após esse acontecimento nem um único laivo se fez sentir. Será que Sage estava a arranjar a melhor maneira de lhes dizer que o Dourado de Caranguejo tinha partido para o mundo das trevas? Não, não podia ser isso, era terrível de mais! Pensavam os dourados acolhidos em suas casas.
O pôr-do-sol já anunciava a sua chegada quando Sage pediu a um servo para reunir os Cavaleiros no Décimo Terceiro Templo. Finalmente o silêncio fora quebrado para alívio de todos.
O chamado foi prontamente atendido pela elite de Atena. Caminharam em silêncio até às grandes portas que davam aceso ao salão. Quando entraram viram Sage e a pequena Deusa sentados numa bonita mesa castanha envernizada, esta estava rodeada por diversas cadeiras forradas a couro.
Os dez dourados fizeram uma vénia aos presentes na enorme sala, ficando em silêncio esperando novas ordens.
– Podem sentar-se. – Disse Atena indicando as cadeiras em volta da mesa.
Os dourados assim o fizeram, excepto um deles.
– Albafica porque não te sentas? – Perguntou Sage, olhando o belo homem de pé afastado de todos os outros.
– Desculpa a insolência Senhor, prefiro ficar aqui. – Foi a resposta dada por Peixes.
– Se assim preferes por mim está tudo bem. – Concordou o grande Mestre.
– Bem, em primeiro lugar, quero pedir-vos desculpa por vos ter feito esperar. – Principiou o Grande Mestre. – Em segundo lugar, acalmem os vossos corações porque Manigold vai ficar bem.
– Mas onde ele está? – Perguntou Shion não conseguindo conter as palavras. – Desculpe senhor.
– É bom aperceber-me que se preocupam com o vosso amigo. – Afirmou Sage orgulhosamente. – Todavia, não me é possível dar-vos essa informação. – Para evitar novas interrupções Sage prosseguiu rapidamente. – E em terceiro lugar, eu e Atena estivos reunidos todas estas horas, porque estivemos a trabalhar pormenorizadamente numa nova estratégia de defesa do Santuário para a batalha que aí vem.
– Uma nova estratégia? – Perguntou Aldebaran confuso.
– Mas a que tínhamos não era suficientemente boa para parar esse, bem esse exército? – Questionou Kardia
– Se me deixarem continuar eu explico com todo o prazer. Eu e Atena decidimos alterar o modo de protecção para evitar mortes desnecessárias. Por outras palavras, só os cavaleiros de ouro estão responsáveis pela protecção do Santuário.
– Fica tudo para nós! – Exclamou Kardia.
– Não te entusiasmes Kardia – Avisou o Aquário impaciente.
Sage ergueu-se da cadeira onde estava sentado e dirigiu-se para uma pequena porta que ficava situada na lateral do imenso salão.
– Maria, por favor traz aquele rolo de pergaminho no qual eu e Atena estivemos a trabalhar. – Pediu educadamente, voltando a sentar-se junto dos seus companheiros e de Atena.
Alguns segundos se passaram até que uma linda rapariga de longos cabelos negros emoldurando um fino e bonito rosto com uns enormes olhos verdes, trajando um elegante e prático vestido azul claro que lhe chegava aos joelhos, calçava umas lindas sandálias cor de neve.
– Também quero ter uma empregada como esta! – Murmurou o escorpião. Dégel deu-lhe uma valente cotovelada nas costelas para o fazer fechar a boca.
– Aqui tem senhor Sage. – Maria esticara um enorme rolo de pergaminho impecavelmente enrolado.
– Muito obrigado. Podes retirar-te.
Todos os cavaleiros olharam curiosos para aquele misterioso documento.
– Bem, quero que prestem todos muita atenção ao plano que está desenhado neste mapa. – Sage desenrolara o pergaminho e estendera-o sobre a superfície bem polida da mesa.
– Aqui estão destacados como podem ver, lugares estrategicamente escolhidos para serem protegidos.
– Mas não vamos proteger as doze casas? – Perguntou Asmita.
– Como podemos analisar apenas duas casas vão ficar protegidas. Mas comecemos pelo início se me permitirem. – Sage começou a observar detalhadamente o mapa. – A protecção da aldeia de Rodório ficará a cabo de Sísifo.
Albafica sem aviso prévio soltou um audível suspiro. Sísifo levantou-se e aproximou-se o quanto lhe foi possível do cavaleiro de peixes falando baixo.
– Não te preocupes, protegerei a aldeia que tanto amas com a minha própria vida se for necessário. – Albafica acenou afirmativamente com a cabeça.
– Os responsáveis pela protecção da entrada principal do Santuário serão Dégel e Kardia. – Continuou Sage.
– Hei! Eu não preciso dele para cumprir com os meus deveres. Não preciso de baby-sitter. – Protestou o Escorpião.
– Acredita que precisas de mim Kardia só que tu ainda não te apercebeste disso. – Murmurou Dégel irritado.
– Não preciso nada! – Insistiu o outro.
– Não se preocupe eu e o Kardia trabalharemos juntos. – Afirmou o Aquário colocando uma mão na boca do Escorpião.
– Com este pequeno problema resolvido posso prosseguir. Dokho e El Cid ficam encarregues de proteger as doze casas.
– Faremos o nosso melhor! – Responderam os dois cavaleiros.
– Asmita protegerá o sítio mais sagrado deste santuário, ou seja, o cemitério onde descansam os cavaleiros que já se transformaram em estrelas.
– Cumprirei com todo o respeito a minha tarefa. – Asmita falava com voz profunda e calma.
– Meu caro Aldebaran tu protegerás as gerações futuras.
– Sim Grande mestre com a maior honra. – O touro sempre adorara crianças, acolhia e cuidava delas como se fossem seus filhos.
– Régulos meu rapaz tu protegerás as arenas de treino.
– Claro. – Concordou o pequeno Leão entusiasmado.
– E por fim Albafica tu ficarás responsável pela protecção e vigilância da zona marítima que rodeia o santuário.
– Pode confiar em mim Grande Mestre. – Afirmou o lindo homem.
Todos os dourados estavam bastante satisfeitos com as suas tarefas, de facto era uma óptima estratégia.
– Senhor Sage desculpe a minha ousadia. – Shion falava apreensivo. – Acho que o senhor se esqueceu de mencionar o meu nome.
– Desculpa Shion meu rapaz. A minha cabeça já não é o que era. Claro que tu também tens um papel importante neste novo plano. – Sage sorriu para o carneiro dourado. – Tu ficarás aqui mesmo neste exacto lugar.
– Não estou a perceber. Aqui? – Shion estava visivelmente confuso.
– Sim ficarás comigo a proteger a Deusa Atena. – Finalizou Sage.
– Sim Grande Mestre. – A voz de Shion saiu um pouco toldada pela emoção.
– Bem, agora os nossos oponentes podem atacar a qualquer momento. Precisamos de estar prontos para a batalha. Cavaleiros chegou a hora de cumprirem o vosso destino. Chegou a hora de colocarem em prática tantos anos de treino dedicado. Chegou a hora de brilharem na imensidão do universo. – O discurso de Atena fizera os dourados vibrarem de emoção e apreço pela Deusa que juraram proteger com as suas próprias vidas, o momento tinha chegado finalmente.
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