A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia
Na madrugada seguinte à divulgação da nova estratégia, os Cavaleiros de Ouro levantaram-se, ainda não existiam raios de sol a banhar as doze casas. Todos se dirigiram em silêncio para as arenas de treino. Depois do que acontecera com Manigold era imperativo estarem prontos para a batalha que aí vinha.
Treinavam arduamente como se aquele fosse o derradeiro treino. Ninguém sorria, nem mostrava qualquer tipo de boa disposição, apenas queriam aperfeiçoar os movimentos que precisassem de ser aperfeiçoados.
El Cid e Sísifo treinavam juntos como era habitual. O Capricórnio era um homem de poucas palavras, a única pessoa que conseguira ter uma conversa com ele, fora Sísifo seu grande amigo. A sua expressão era sempre bastante carregada, séria e pesada. Parecia que estava em constante sofrimento. Ele moldara a sua vida e o seu corpo à semelhança de uma espada bem afiada, capaz de cortar tudo o que se colocasse no seu caminho.
Contudo, apesar de El Cid não deixar transparecer o que ia na sua alma, naquele dia ninguém pode deixar de notar na agitação e pressão que o seu rosto exibia.
– Senhor El Cid está tudo bem consigo? – Perguntou Régulos olhando o outro
– Sim estou óptimo. – Foi a resposta dada por Capricórnio.
– Não acredito, mas se não quer dizer eu compreendo. – Disse o Leão voltando ao seu treino com Aldebaran.
– El Cid importas-te de parar um pouco o treino? Preciso de beber um pouco de água. Já estamos aqui faz muitas horas. – Pediu o Sagitário.
– Claro, mas não demores.
Os dois dirigiram-se ao repuxo mais próximo. A água era muito transparente, fresca e deliciosa.
– Que agradável! – Murmurou Sísifo limpando a boca com as costas da mão.
– Podemos continuar o treino? – Questionou o Capricórnio.
– Espera, quero falar contigo. Pareces muito estranho. Queres contar o que te vai na alma, amigo? – Sísifo estava de facto preocupado.
– Desculpa Sísifo mas o treino terminou para mim.
– Porquê? Nunca negaste nenhum treino.
– Desculpa não tenho tempo para justificações. Vou visitar Atena. – Sem mais palavras afastou-se em passada apressada em direcção ao Décimo Terceiro Templo, deixando todos os presentes com a curiosidade estampada nos rostos.
– O que se passará com ele? Nunca o tinha visto assim. – Sísifo estava com o coração apertado, não sabia o que esperar daquela atitude.
El Cid chegou junto das enormes portas que davam entrada para o imenso salão. Abriu a porta sem fazer barulho e adentrou.
– Gostaria de falar coma Deusa Atena. – Pediu a uma empregada que lhe barrou o caminho.
– Claro, aguarde um momento que eu vou informá-la de que está aqui. – A serva dirigiu-se aos aposentos de Sasha.
Alguns minutos se passaram, a agitação e tristeza invadiam ainda mais o espirito do Capricórnio. Finalmente paços quebraram o silêncio, a serva retornara acompanhada por Atena.
– Bom dia, Senhor El Cid. O que o traz à minha presença? – Sasha olhava-o com preocupação.
– Bem, Atena – El Cid não sabia por onde começar. - Tenho algo para lhe transmitir, porém é bastante difícil.
– Senta-te. – Disse a Deusa indicando as cadeiras em redor da mesa, onde o mapa da estratégica repousava tranquilamente. O cavaleiro sentou-se. - Bem tenta começar pelo início. – Incentivou a Deusa, sentando-se a seu lado – Se existe alguma coisa a perturbar-te podes contar-me. Juntos encontraremos a melhor solução para o teu problema.
– Atena, eu sei que estamos na iminência de uma grande batalha, e que todos os cavaleiros são preciosos. – El Cid fez uma pausa. – Pode achar que eu sou cobarde, ou que estou a virar as costas aos meus companheiros e ao santuário. Pode pensar que estou a deitar o meu destino para o lixo, porém nada disso me passou pela mente.
– Eu não estou a perceber o que me estás a tentar dizer El Cid. – Sasha estava bastante confusa. Nunca tivera uma conversa com o dourado que estava sentado a seu lado, por isso não o conhecia bem.
– Bem, eu gostaria de pedir para partir para o meu país, para continuar a treinar. – El Cid cobrira o rosto com as mãos.
– Partir? – Perguntou Atena.
– Sim, espero que compreenda eu não me sinto preparado para ingressar nas fileiras que protegerão o santuário. A minha espada ainda não está suficientemente afiada. – O cavaleiro estava visivelmente embaraçado e envergonhado com a sua atitude. Contudo ele sabia que era o melhor a fazer.
– Eu compreendo. Porém não nego que fui apanhada de surpresa. Tens a minha permissão para partires assim que o desejes. – A deusa falava docemente. Ela não suportava ver os seus cavaleiros sofrerem, e claramente El Cid mergulhara neste sentimento.
– Obrigado Atena.
– Contudo, acho que tenho o direito de te pedir uma coisa. – Afirmou a jovem Atena.
– Claro, tudo o que quiser.
– Volta depressa, mais forte e mais confiante, porque tu és um grande cavaleiro, e todos aqui precisam de ti. – Dizendo isto, deu uma pequena caricia de conforto no braço do seu protector.
– Cumprirei o que me pede Atena prometo pela minha honra e pela minha armadura.
– Então, até ao teu regresso. – Atena levantou-se e dirigiu-se aos seus aposentos.
O dourado de Capricórnio dirigiu-se em direcção à décima casa. Aí preparou uma pequena maleta com alguns pertences e seguiu viagem até ao seu país de origem, Espanha.
Mais tarde, Atena pediu a todos os Cavaleiros de Ouro para se reunirem no refeitório à mesma hora, pois jantariam todos juntos. Durante o jantar, a Deusa informou-os da partida e dos motivos de El Cid. Todos compreenderam e aceitaram a decisão do companheiro. Porém, Sísifo não pode deixar de sentir um enorme sentimento de perda.
A noite já cobrira a antiga e nobre Grécia com o seu manto negro pintalgado de inúmeras estrelas de ouro, quando os dourados repousando tranquilamente em suas casas sentiram algo de anormal.
– Por Atena, são os cosmos dos inimigos. – Murmurou Sísifo levantando-se de sua cama.
– Quem é que se lembra de atacar o santuário a uma hora destas? Que falta de respeito por aqueles que estão a tentar dormir! – Reclamou o Escorpião pegando na sua armadura e saindo de rompante de sua casa, encontrando Dégel a descer as escadarias.
Todos os dourados percorreram o Santuário até chegarem aos seus postos de batalha, onde aguardariam os seus oponentes.
Aldebaran corria rapidamente até ao refúgio, onde residiam as crianças que tanto amava.
– Senhor Aldebaran. – Uma voz de menino cortara o ar pesado.
– Teneo! Volta imediatamente para dentro de casa. É muito perigoso estares cá fora. – O Touro dourado agarrou o seu aluno pelo braço, tentando levá-lo para o interior da habitação.
– O que se passa, Senhor Aldebaran? Senti cosmos estranhos aproximarem-se do santuário. Estou preocupado. – O menino falava muito rápido.
– A batalha vai começar, meu querido Teneo. – Explicou carinhosamente o enorme homem.
– E o senhor quer que eu fuja como uma criança? Não eu não vou fugir. Lutarei a seu lado. – Teneu estava indignado porém decidido.
– Algures no futuro o teu dia chegará, por enquanto ainda é cedo. – A grande estrela sorriu docemente.
– Mas, senhor Aldebaran! – Insistiu o menino.
– Teneo o tempo é escasso. Volta para casa e tranquiliza todos os outros. – O cavaleiro estava preocupado.
– Assim serei útil, senhor Aldebaran. – Teneo sorriu e afastou-se da zona de perigo.
– Um dia brilharás como eu na imensidão do universo. Por enquanto aproveita a tua infância. – Pensou Aldebaran, espreitando por cima do ombro.
Um enorme e poderoso cosmo aproximava-se a uma velocidade alucinante, não temendo quem o esperava.
– Que honra a minha ser recebido por um cavaleiro de Ouro. – Um homem chegara perto de Aldebaran.
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