A Guerra Greco-Romana escrita por Maresia


Capítulo 28
Capitulo 27 - Minerva


Notas iniciais do capítulo

Nymphaea rubra, também conhecida por lótus vermelha aquática, é uma flor como o nome indica aquática e vermelha, eu decidi usar o nome em latim tendo em conta que Luccia faz parte das forças romanas



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No topo das doze casas, no templo que protege a jovem Deusa Atena, Shion de Carneiro olhava o vazio da sua mente com profundo detalhe e pormenor. Num súbito laivo de curiosidade dirigiu-se energicamente ao Grande Mestre Sage.

– Grande Mestre, este cosmo que sentimos há pouco elevar-se na atmosfera, pertence a Albafica de Peixes, estou certo? – Questionou o jovem dourado.

– Mais uma vez a tua perspicácia me surpreende meu caro Shion, sem dúvida alguma estás certo. Sim, de facto este cosmo pertence ao cavaleiro que protege o templo sagrado de Peixes. – Confirmou Sage com simpatia e aprovação.

– Sabe senhor Sage, eu lamento profundamente que Albafica tenha adoptado uma posição tão isolada em relação à sua vida. – Confidenciou o dourado que protege a Primeira Casa Zodiacal.

– Eu compreendo o que dizes, meu jovem, no entanto, apesar de Albafica viver de mãos dadas com a negra e fria solidão, sempre foi e será um respeitado cavaleiro de Ouro, apesar de viver sem amor e calor humano, todas as pessoas que com ele se cruzam não deixam de sentir simpatia por ele. – Sage respirou fundo, coçando o queixo enrugado pela indubitável passagem dos anos. – Ele é bastante forte e determinado, tenho plena confiança nas suas capacidades de luta e acredito plenamente que o seu coração solitário um dia conhecerá o carinho humano. – Concluiu orgulhosamente.

– Sim, talvez tenha razão. – Concordou Shion pensativo.

O sol radioso banhava calorosamente o combate entre o Dourado de Peixes e a Princesa Lúccia, nas praias que circundavam o antigo santuário. Os seus cosmos elevavam-se até ao infinito celestial. As suas mãos seguravam mortíferas flores com tenebrosos poderes ocultos, guardados pelas suas suaves e perigosas pétalas.

Albafica agarrava uma imponente e belíssima rosa, tão branca como a espuma das ondas que saltavam felizes no vasto e lindo oceano. Lúccia, por outro lado segurava na sua delicada mão real uma rosa tão carmesim como o sangue que brota honradamente dos seus rostos. As pernas dos dois oponentes tremiam ligeiramente fruto dos ambiciosos ferimentos que a luta voluntariamente lhes ofereceu.

– Aquela flor! – Exclamaram em simultâneo.

Ambos fitaram com inquietação o contraste perfeito entre o carmesim sangrento e o branco ondulante das flores.

– Esta rosa branca quando te atingir tornar-se-á completamente vermelha, quando beber por completo todo o teu sangue. – Explicou o dourado tentando controlar o tremor que ameaçava a sua tranquila voz. – Perdoa-me, eu não tenho escolha. – Pensou o cavaleiro.

– Faz o que tens a fazer, não te contenhas cavaleiro! – Desafiou a bela ninfa. – Esta flor que seguro na minha mão, quando te almejar reduzirá o teu cosmo a nada. Quando toda a tua energia estiver encerrada no seu interior, ela adoptará um tom branco, puro e claro como o universo que explode no teu íntimo. – Explicou a filha de Neptuno, girando a flor entre os seus dedos. – Será que algum dia poderei ultrapassar esta enorme barbaridade? Peço perdão Albafica.

As duas flores agitaram-se freneticamente prontas para destruir toda aquela ligação maravilhosa, toda aquela união perfeita.

– Adeus Albafica! – Despediu-se Lúccia mergulhando em profundas lágrimas de doce sal.

– Adeus Lúccia! – Despediu-se igualmente o cavaleiro deixando escapar belas lágrimas de prata.

– Rosa sangrenta! Nymphaea rubra! – Duas vozes cortaram a calmaria oceânica enquanto duas magnificas setas decoradas com delicadas pétalas se exibiam num voo impressionante e mortal, tocando-se apaixonadamente em pleno ar. Os dois adversários foram arremessados para lados opostos pelo forte impacto dos seus ataques. Lúccia foi atirada nas águas que tanto adorava, Albafica chocou ruidosamente contra as rochas que completavam o cenário marinho.

De súbito, um enorme, calmo e quente cosmo pairou sobre a praia banhada de sangue e lágrimas. Uma poderosa rajada de vento desfolhou as mortíferas adagas destruidoras do destino. O espírito de uma linda mulher flutuava pela areia castanha.

Lúccia emergiu heroicamente das profundezas fantásticas do mar azul. Albafica levantou-se corajosamente escapando às afiadas garras das rochas. A confusão estava desenhada nos rostos feridos mas ainda repletos de beleza e inocência. Olhavam em seu redor tentando compreender o que se passava. Tentavam descobrir quem os livrara da morte certa.

– Lúccia! – Uma voz suave e doce invadiu o local. – A morte nunca é a única saída para vencer uma luta. – Disse a mulher com ternura.

A ninfa e o cavaleiro olharam intrigados para aquela doce e sábia mulher. Um grande sorriso de felicidade dançou nos lindos olhos azuis da princesa do Mar.

– Senhora Minerva! – Exclamou Lúccia. – O que faz aqui?

– Bem, eu vim impedir-te de cometeres o pior erro da tua vida, minha querida. – Explicou Minerva lançando um olhar ternurento a Albafica.

– A senhora não pode estar aqui, vai arruinar a missão. – A expressão de felicidade da ninfa dera lugar a uma preocupação extrema.

– Lamento ter de interromper um reencontro que provavelmente seria emocionante. Mas se querem concluir a missão terão que passar por mim. – Arfou o dourado com dificuldade, colocando-se no caminho das duas inimigas.

– Lúccia os vossos sentimentos são puros e claros, não devem ser mascarados com sangue, lágrimas e ódios sem sentido. – Afirmou a Deusa Romana olhando os dois jovens.

– Mas senhora Minerva, eu não compreendo e a missão? – Inquiriu Lúcia confusa.

– Parece que não fui suficientemente explícito, esta missão não será realizada. Eu não vou permitir que matem Atena! – Garantiu o dourado de peixes, elevando o seu florido cosmo.

– Calma meu querido Albafica. – Pediu Minerva educadamente. – Lúccia fará o favor de te explicar tudo.

– Mas se eu contar o nosso plano a minha vida corre um grande risco, nunca me vão perdoar. – A princesa falava muito rápido, estava visivelmente em pânico.

– Eu já sei tudo o que tenho a saber. – Gritou Albafica exibindo uma bela rosa negra na sua mão. – Agora darei um fim nesta conversa descabida e falsa!

– Não sejas precipitado Albafica. Lúccia é como uma das tuas rosas, frágil mas perigosa, as aparências por vezes mascaram os nossos verdadeiros motivos, sentimentos e planos. – Afirmou com sabedoria Minerva.

– Não compreendo o que querem com esta história toda, talvez ganhar tempo. Não estou interessado em ouvir explicações sem fundamento. – Respondeu o cavaleiro com arrogância.

– Por favor Albafica deixa-me explicar. Se no fim não acreditares em mim eu parto e nunca mais ouvirás falar no meu nome. – Garantiu a Ninfa desesperada, porém decidida, agarrando a mão que segurava a fatal rosa piranha.

Os dois afundavam-se no lindo azul dos seus doces olhos. Os peixes, as estrelas, as ondas e o mar dançavam ao sabor daquele olhar cúmplice e apaixonado. As suas mãos estavam unidas, presas por fortes algas de diamante, unindo o destino de ambos.

– Tens uma única e última oportunidade. – Disse Albafica em voz calma e baixa, perdido nas profundezas azuis e angelicais.

– Senhora Minerva tem a certeza disto? – Perguntou serenamente a ninfa, todavia a única resposta que veio ao seu encontro foi a tranquila melodia do misterioso oceano.

O cavaleiro e a Princesa olharam em seu redor, todavia apenas o castanho da areia quente e o azul frio do mar se cruzaram com os seus olhares curiosos. A Deusa Minerva sumira num nevoeiro de sabedoria e amor.

– Bem, estou por minha conta. – Constatou Lúccia, agarrando a mão do Dourado ainda com mais firmeza, como se receasse que as cruéis brisas do destino o levassem para longe de si.

– Podes começar a tua explicação o tempo foge-me por entre os dedos como as belas águas do mar. – Pediu com urgência o cavaleiro de Peixes.

– Bem, eu menti em todas as palavras que prenunciei, e peço desculpa por isso. – Principiou a misteriosa e doce Lúcia. – Eu vim a este santuário infiltrada no exército do Deus Júpiter sobre o comando da minha protectora a Deusa Minerva. Eu ao contrário do que te tenho vindo a dizer, nunca quis assassinar a Deusa Atena, apenas a queria informar dos planos do pérfido deus supremo, daria a minha vida para a proteger se fosse necessário. – A ninfa suspirou a agradável maresia silenciosa. Albafica escutava a sua narrativa boquiaberto, de facto o seu coração não o enganara. – No entanto, eu tinha que passar despercebida, não podia deixar que ninguém descobrisse as minhas verdadeiras intenções. Por isso, fui obrigada a fingir que partilhava e aprovava as mesmas ideologias que moviam todos os outros que penetraram no santuário.

– Então porque não me contaste? Eu podia ajudar. Quase nos matámos um ao outro, que estupidez. – Disse Albafica zangado consigo próprio.

– Eu prometi à Deusa Minerva que não contaria a ninguém. Todavia, parece que caíste nas suas boas graças! – Brincou a ninfa, acariciando a mão do dourado que continuava bem apertada na sua.

– Eu juro que não queria roubar a vida a nenhum cavaleiro, porque eu vos admiro do fundo da minha alma. Ainda bem que foste tu o meu oponente Albafica, caso contrário se fosse outro cavaleiro eu provavelmente não hesitaria tanto. – Confessou Lúccia em voz baixa.

– Porque não me mataste? – Perguntou o dourado ansioso.

– Porque o meu coração me traiu. – Foi a simples resposta dada pela Princesa do Mar. Albafica sorriu ao ver a pele da ninfa ficar rubra.

O brilhante oceano cantava doces e sonhadoras melodias, os peixinhos saltavam energicamente das profundezas das águas encantadas, o sol beijava carinhosamente a areia castanha, as ondas levavam para longe os segredos daquela pura rapariga, a brisa sopra a favor da felicidade e da esperança, as rochas coloridas escondiam aquele amor, talvez impossível e perigoso.

Com um leve gesto os dois amantes uniram os seus lábios num beijo tão profundo e puro como o imenso oceano de desejo e paixão. Albafica rodeou o fino e elegante corpo da sua Princesa com os seus fortes braços, unindo-se a ela como o mar se une ao longínquo céu. Ficaram ali, imersos naquele beijo salgado e doce, tendo apenas o oceano como testemunha do seu grande e fatal amor.

Qual será o destino que aguarda esta história de paixão? Quantos mais perigos estarão escondidos pelo opaco véu da guerra?


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