Antes de contar-lhe meus pensamentos oscilavam entre satisfação e rejeição. Mas a última coisa que eu esperava dele, era que ele fosse ficar tão feliz a ponto de chorar da forma que está fazendo agora.

— Estou curioso pra ver o rosto de nossos filhos! (Ele riu abafado)

— Hei, não são gêmeos! (Eu ri tentando me afastar dele, mas ele me segurou)

— Era pra isso ter ficado apenas na minha cabeça… (Ele riu envergonhado) E isso não significa que eu não queira ter mais filhos com você!

Depois de algum tempo abraçados daquela forma, nós estávamos sentados na beirada da cama. Minha cabeça estava no colo dele enquanto ele acariciava meu cabelo.

— Você gostaria de uma filha ou um filho?! (Eu disse olhando pra ele)

— Os dois… (Ele sorriu) Mas eu acho que nossa filha virá primeiro.

— Curioso, a Tamy também acha que é uma menina…

— Por que a Sininho sabe disso a mais tempo do que eu que sou o pai?!

— Você está com ciúme da Tamy?! É sério?! (Eu ri)

— É claro! Meu filho logo eu quem tenho que saber primeiro!

— Não era minha intenção contá-la antes de você, mas ela percebeu lá no karaokê. O que eu posso fazer se você não é uma pessoa atenciosa?!

— É porque eu sou homem!

— O Igor também é homem e… (Não devia ter falado isso… Ele parou de acariciar meu cabelo e eu me levantei me sentando e olhando pra ele)

— E?! (Ele perguntou cruzando os braços)

— Quer saber a verdade?! Não gosto de mentir pra você, então a verdade é que foi o Igor quem me obrigou a fazer o exame porque eu estava me sentindo mal há alguns dias toda vez que tomava café, daí ele desconfiou. E também foi ele quem viu o exame primeiro porque eu estava sem coragem. Pronto falei! (Eu disse aliviada)

— Aquele via… (Eu o interrompi)

— Castiel para com isso! Eu estava com medo e angustiada… Eu estava agoniada em pensar que eu vou ser mãe, também estava com medo de que você rejeitasse isso e achasse que foi muito repentino. Eu realmente estava aflita! Não era o que eu queria, por mais que eu esteja feliz, eu nunca pensaria em engravidar agora. Meus planos eram outros! Nós só estamos juntos há um ano. Eu confesso que não acho que você ter me pedido em casamento sete meses após ficarmos juntos foi uma boa ideia! Considerando a forma como você é mulherengo e como eu sou paranoica e mais um monte de coisas que você diz, eu realmente tenho direito de ter medo! Não quero que meu filho viva o que eu vivi… (Então eu lembrei de toda minha história familiar) Não quero que ninguém viva isso… (Sem querer eu deixei algumas lágrimas caírem)

— Morgan! (Ele balançou meu ombro e eu despertei) Você estava falando e de repente parou… Aconteceu alguma coisa grave com você naquela época?!

— Não… Não foi nada demais… (Eu disse secando minhas lágrimas)

— Certeza?! (Eu assenti) Então agora eu posso gritar com você?!

— Pode… (Eu sorri com os lábios)

— Ok, então… Por que é mesmo que o Igor viu o exame antes de mim?! Você podia ter me pedido para ver pra você. (Ele disse grosso, mas enciumado)

— Desculpe… Eu estava com medo da sua reação. Além do mais quando deu positivo e eu tive um pequeno surto e o Igor me obrigou a ir ao médico foi quando o médico disse que é uma gravidez de risco. E então eu saí de lá angustiada… Eu estava feliz, mas ao mesmo tempo triste e assustada… Eu não sabia o que fazer…

— Você devia ter me contado! (Ele disse grosso)

— Eu sei… (Eu comecei a lembrar-me ainda mais dos momentos de pavor) Eu estou com medo… Estou assustada… Eu estou com medo de não ser uma boa mãe, estou com medo de perder nosso filho, estou com medo de como tudo vai acontecer… (Eu simplesmente não consegui me conter, era uma mistura de hormônios mais lembranças e medo. Ele me abraçou forte enquanto eu tentava conter as lágrimas)

— Não sabia que você estava se sentindo assim… (Ele disse suavemente) Nada disso vai acontecer, minha pequena. Eu vou te proteger, eu prometo!

— Eu estava com tanto medo que pensei em abortar…

— Nunca mais pense uma besteira dessas. Você entendeu?! (Ele disse grosso)

Eu assenti e ficamos abraçados por alguns longos minutos até que eu me lembrei de algo que ouvi uma das mulheres na maternidade falar.

— Castiel… (Eu disse e então ele me afastou gentilmente) Quando eu estava na maternidade semana passada eu ouvi uma das mulheres dizer que daria um "passe livre" ao marido. Daí eu fui procurar o que era na internet e descobrir que…

— Eu sei o que é! Onde você que chegar com isso?! (Ele disse grosso)

— Você quer um?! (Eu perguntei direta ignorando meus sentimentos)

— Quero! (Ele disse grosso)

— Sério? (Eu perguntei espantada e sem querer caiu uma lágrima)

— Uhum! É sério! (Ele sorriu) Você não perguntou por que queria uma resposta?! Então… São durante nove messes, você sabe né?! (Eu assenti ignorando as lágrimas que estavam escorrendo dos meus olhos) Nada vai mudar entre a gente, certo?! (Eu assenti novamente) Por que está chorando?!

— Porque dói!

— Olha: se você não queria que eu aceitasse então por que me ofereceu?!

— Porque eu pensei que você iria dizer não! Pensei que você iria gritar comigo e me chamar de maluca! Achei que você iria dizer que sou o suficiente pra você! Por isso… Eu só queria ouvir você dizer que me ama… (Eu continuei chorando)

— Se você tivesse pedido pra eu dizer que te amo iria doer menos!

— Você acha que eu também não tenho orgulho próprio?!

— Eu só sei que agora que eu tenho meu passe livre vou poder conquistar a mulher que eu quiser. (Ele riu o que me doeu ainda mais)

— Argh! Eu te odeio! (Eu disse ainda chorando)

— Eu não tenho culpa foi você quem me ofereceu! (Ele disse grosso)

— Ás vezes um “eu te odeio” significa “você me machuca”… Eu vou dormir…

— Isso é uma desculpa pra você continuar chorando sem eu te perturbar?!

— Sim! (Eu disse grossa me deitando e virando para o lado)

— Então não vou ficar no seu pé. Chora a vontade aí! (Ele disse grosso)

Tá! A culpa foi toda minha! Mas eu… Argh!!!! Eu sou uma idiota!!!! Eu estou novamente sofrendo porque quero! Assim como foi na lua de mel! Eu chorei de verdade desta vez. Eu comecei a me lembrar da minha adolescência. E chorei ainda mais. Idiota! Mesmo você me fazendo sofrer eu ainda queria você aqui. Depois de todo aquele drama eu acabei dormindo exausta de tanto chorar. Sem necessidade! (raiva)

Óbvio que depois de todo o estresse eu iria começar a passar mal. E então no meio da noite eu comecei a sentir fortes dores e acordei gemendo sem perceber.

— Morgan! O que houve?! (Ele me chamou e me perguntou preocupado)

— Tá doendo… (Eu dizia apertando forte minha barriga)

— Vamos ao médico… (Ele disse se levantando rápido)

— Mas eu n… (Fui interrompida)

— Morgan, nós vamos ao médico, ok?! Sem mais! Não é só você, agora é nosso filho também! (Ele disse convicto e eu assenti) Consegue se levantar?! (Eu concordei com a cabeça e me sentei na cama) Vou pegar algo pra você vestir…

Ele foi em direção ao nosso guarda-roupa e pegou uma roupa para que eu vestisse depois me ajudou a vesti-la. Em pouco tempo depois já estávamos no hospital esperando sermos chamados. Depois de algum tempo eu fui chamada e ele entrou comigo. Eu expliquei ao médico tudo o que estava acontecendo. Ele me proibiu de fazer um monte de coisas como dirigir, correr, me estressar e até mesmo de ter relações… Durante um mês! Um mês inteiro! Ah… Vou entrar em abstinência! Correr é parte da minha vida! Enfim, por último eu ainda tomei uma injeção no braço que doeu muito.

Nós voltamos pra casa e eu estava meio mole por causa da injeção, então precisei de ajuda para me trocar. Então ele me olhou e olhou minha barriga e a acariciou. E depois a beijou. Eu estava apenas de lingerie. Então ele se levantou e olhou nos meus olhos…

— Desculpe… Sei que a culpa foi a minha… (Ele selou seus lábios aos meus)

— Tudo bem… Também foi minha…

Ele sorriu e beijou minha testa, depois terminou de me ajudar a me trocar e nós fomos dormir.