P.O.V Thalia

Seria estranho dizer que eu estou nervosa? É sério. Provas de vestidos, escolha do cabelo, escolha dos vestidos para a valsa. É muita coisa.

Eu, Hera e Piper estamos no salão de beleza para nos arrumarmos, e como Piper é como se fosse minha irmã, pedi para ela me acompanhar, ela será uma das meninas que irá dançar a valsa de 15 casais, e irá junto com Chris.

–E então Thal’s, animada? –Piper me perguntou enquanto mexia no celular.

–É...muito. –respondi forçado, fazendo assim Piper virar em minha direção –Quem eu quero enganar? Eu to pirando. –finalizei

–Agora sim é a Thal’s. Não se preocupe, ok?! As músicas foram selecionadas do jeito que imaginamos, a decoração, os vestidos tudo do jeito que tu escolheu. –ela tentou me acalmar

–E querida, o jantar já foi selecionado também. –Hera me avisou.

–Meu santo Zeus, juro que eu havia me esquecido do jantar, obrigada Hera. –agradeci.

Ficamos umas boas horas no salão de beleza e logo fomos para a mansão Grace. A festa iria ser no salão de festas (N/A: Obviamente). Fiquei olhando-me no espelho, e hoje posso afirmar, estou bonita. Ouço uma batida na porta e em seguida ela é aberta, revelando Piper e Silena. Após a saída de Clarisse, Silena se revelou ser uma ótima amiga e ouvinte.

–Oi Thalia, podemos entrar? –Silena perguntou educadamente.

–Pra que toda essa cerimônia? –disse a olhando debochada –É claro que podem.

–Nunca tinha vindo nessa parte de cima do salão de festas. Nem ao menos sabia que possuía um segundo andar. –Piper disse após elas entrarem e se sentarem ao meu lado no sofá.

–Pois é, aparentemente, Hera que pediu para fazer uma escada centralizada e o segundo andar porque queria que eu fizesse uma entrada triunfal em meu aniversário de 15 anos. –justifiquei revirando os olhos. –E Hazel? Já chegou?

Nesse ano que ocorreu minha “mudança” muita coisa aconteceu, fiz muitas amizades. Não amizades das pessoas que viviam me criticando pelo jeito que eu era à alguns anos atrás, amizades com os novos alunos que entraram e algumas com os considerados invisíveis. Hazel, Katie, os Stolls, Juniper e Grover são alguns exemplos.

–Aparentemente não, mas ela já sabe tudo o que tem que fazer, ela e Grover. –ela disse dando um sorriso lateral cheio de insinuações –Posso dizer minha querida amiga, que essa noite promete. –disse arrancando risadas vindas de mim e de Silena.

Ficamos conversando por muito tempo até que Hera entra no cômodo já arrumada.

–Meninas se aprontem, daqui a pouco começa a entrada, os vestidos estão ali no closet, e Thalia, quero ser a primeira a dizer, feliz aniversário meu amor, quero que saiba que eu te considero como minha filha, mesmo que você não tenha saído do meu ventre. –ela finalizou vindo me abraçar.

–Obrigada Hera, eu te amo muito, muito mesmo. Obrigada por tudo que fez por mim. Por tudo o que aconteceu no passado, eu não consigo te chamar de mãe, mesmo querendo, eu não consigo...eu não posso. Mas eu te considero como uma mãe, meu coração te considera minha mãe, você É minha mãe. –disse ainda a abraçando e esclarecendo –Desculpa se, em algum momento, eu te fiz pensar o contrário apenas por não te chamar desse jeito.

–Não minha querida, está tudo bem, eu te entendo e não vou cobrar nada de você, mas mesmo você não me chamando de mãe e eu não te chamando de filha, eu SOU sua mãe e você É minha filha, estamos entendidas? –perguntou tentando fazer uma expressão brava porém falhando, me fazendo sorrir e assentir

–Awn, eu realmente amo esses momentos mãe e filha de vocês, acontece todo ano. –Piper interrompeu –Mas, precisamos nos arrumar, certo?

–Certo, estarei esperando lá em baixo. Não se atrasem –Hera disse já saindo do cômodo.

Pip’s, Si e eu fomos para o closet e nos revezamos para usar o banheiro que tinha lá. Eu iria usar três vestidos, um para a entrada, outro pra valsa e outro para a festa, enquanto que minhas amigas que iriam dançar a valsa de 15 casais iriam usar dois, um para a valsa na qual eram todos iguais, Hera meio que decretou isso, e outro para a festa na qual era livre a escolha.

–Eu estou pronta –avisei as meninas que estavam reforçando o batom em frente ao espelho.

–Nós também –disseram juntas –Vamos? –Silena perguntou. E eu assenti.

Saímos do quarto e fomos para perto das escadas, olhei de relance e já havia uma boa quantidade de pessoas. Eu e as meninas nos olhamos e em seguida olhei para baixo onde estava o “DJ” e pedi para ele tocar a música. Assim que a música começou a tocar, todos que iriam dançar entraram em formação do jeito que foi ensaiado, assim como nós três, eu na frente, Piper logo atrás à direita e Silena junto a Piper porém do lado oposto.

Começamos a descer as escadas, de um lado estava meu pai, de outro estava Leo, que seria meu “príncipe” e ao seu lado estava Chris e Charles. Ao chegar no fim da escada, enlacei meu braço no de Leo e meu pai deu um beijo em minha testa. Cumprimentei todos os presentes, e quando eu digo todos, são TODOS. Quando acabei, fui até meus amigo que já estavam todos reunidos.

–Oi, oi, pessoal. –disse a todos e seguindo um coro de oi’s e ola’s. –Preparados para a valsa? –perguntei

–Mais ou menos Lia, tenho medo de fazer algo errado e te decepcionar. –disse Hazel receosa.

–Olha aqui Hazel Levesque, se você errar... –disse bancando a severa e elas e encolheu pelo meu olhar -... não vai ter problema, siga em frente com a coreografia. Você nunca vai me desapontar, seja em qualquer coisa que for. –completei a vendo soltar o ar que nem sabia que havia prendido.

–Ok, obrigada. –ela disse e sorriu

–Thalia, você sabe que eu te amo, mas, será que dá para trocar de par? –Katie perguntou. Ela e Travis viviam se provocando, chegava até a ser uma situação engraçada.

–Por que? Medo de durante a dança se perder nos meus lindos olhos castanhos? –Travis perguntou piscando para Katie.

–Ah claro, com certeza. –ela respondeu debochada –Só aviso uma coisa okay Stoll?! –perguntou se aproximando dele e ficando próximo em seu ouvido –Não se ilude, pois no dia em que eu quiser algo com você, é porque eu perdi completamente a razão. –disse em uma altura em que nós ouvimos e se virou. Porém, Travis impediu que ela saísse segurando em seu braço.

–Até porque, ao meu lado, quero ver você ter alguma. –revidou no mesmo tom que ela havia usado olhando em seus olhos e sorrindo lateralmente. Ela o fuzilou, puxou seu baço com força e andou até ficar do meu lado.

Todos estavam atônitos com o que acabara de acontecer, porém, todos possuíam um sorriso malicioso no rosto.

–Não acredito que presenciei um momento Tratie, meu santo Zeus, já pode me levar. –disse Connor para irritar o seu irmão, e parece que funcionou, já que ele deu um tapa em sua cabeça.

–Ok, gente, sem briga. Katie e Travis, vocês já tem 15 anos, sem brigas, só hoje, por favor. –disse quase implorando e eles assentiram.

Cerca de dois minutos de conversa depois, Leo interrompeu.

–Vejo que está com o colar que eu te dei –disse sorrindo

–Sim, ele é muito importante pra mim, além de ser muito bonito.

–Que bom que está com ele, pois eu trouxe um presente que eu acho que é um pouco mais versátil para você usar. –ele completou e retirou uma caixinha de veludo preta do bolso –Espero que goste.

Peguei a caixinha da sua mão e a abri com todo cuidado do mundo. Havia um anel, com o seu centro formada por metade de uma asa. Senti meus olhos lacrimejarem e abaixei a caixinha para poder olhar para Leo.

–Você sabe o que significa? –ele perguntou me olhando com as mãos nos bolsos.

–Sim, eu que te contei essa história. Significa a pouca liberdade que eu tinha para ser quem eu realmente era, para fazer o que eu queria. Obrigada Leo, foi um dos melhores presentes que eu ganhei hoje, não pelo valor, mas sim pelo seu significado.

–Sério que você não vai nos mostrar? –Silena perguntou

–Depois, agora, preciso me trocar, já está na hora da valsa e troca de sapato.

Fui até o quarto que estava meus outros dois vestidos e me troquei rapidamente. Olhei para a caixinha que estava em minha mão e resolvi usar o anel. Me dirigi para a porta e a abri, me deparando com um tapete vermelho no chão, isso não estava planejado.

Sai com passos vacilantes seguindo o tapete. Meu pai me esperava no final e me abraçou enquanto sussurrava “Parabéns meu anjo”. Ele fez um breve discurso e assim que ele terminou, eu pedi a ele pra me entregar o microfone. Ele se surpreendeu mas não reclamou e me entregou.

–Boa noite pessoal. –comecei a falar, e como não tinha nada planejado, resolvi abrir o jogo –Primeiramente, queria agradecer pela presença de todos aqui. Em segundo, queria agradecer ao meu pai e a Hera, que me aturaram, aturaram minhas maluquices, minhas loucuras e crises, e Hera, obrigada novamente por ser minha mãe. –disse olhando para eles que possuíam lágrimas nos olhos –Também queria agradecer à Leo, que foi meu amigo, literalmente, desde o primeiro dia de aula do ginásio, que me protegeu de tudo e todos que queriam meu mal, à Piper que sempre puxou minha orelha para eu ser realmente quem eu sou, porém com mais estilo, palavras dela não minhas. –brinquei arrancando uma breve risada de todos –E a todos os amigos que eu conheci ao longo desses anos. Bem, durante esses anos, poucas pessoas sabem o que eu passei, e quando eu digo poucas, quero dizer apenas duas ou três que sabem realmente o que eu passei, contadas por mim, é claro. À cinco anos atrás, eu era uma garota normal, uma criança, porém eu era zoada na escola por conta do meu peso. Todos riam de mim porém, possuíam quatro pessoas em especial que faziam isso por diversão. –disse e olhei para Silena e Charles que entenderam o que eu estava falando –E em uma dessas zoações, eu me irritei e saí da sala indo pro banheiro e lá conversei brevemente com uma garota, mais ou menos da minha idade, que me recomentou um método, que hoje eu me arrependo amargamente de ter cometido, mas cometi, e assim eu fiquei com estágio de Bulimia. Durante um ano, eu sofri transtornos alimentares, e antes, que eu era chamada de baleia, passei a ser chamada de doente. Nessa mesma época, pedi ao meu pai para deixar eu participar de um acampamento para saber se eu conseguia fazer amigos, e eu consegui. No ano seguinte, eu conheci o Leo, que por incrível que pareça, decidiu ser amigo de uma doente a ser amigo da Queen da escola. Eu agradeço eternamente a isso, pois foi naquele ano que eu realmente soube o que era ter um porto seguro. Ficamos por muito tempo aturando as pessoas falarem que estávamos namorando, mas não pessoal, não estamos, ele só é um irmão que nasceu em outra família. –novamente arranquei risadas breves de todos –E no ano seguinte a esse, conheci Piper, que recusou a andar com a própria irmã só por minha causa, e Chris, que mesmo gostando da Queen não me abandonou por nada, fizemos um acordo e eu venci os transtornos alimentares graças a esses três patetas, e eu descobri que quando criança havia sofrido um acidente que fez com que eu perdesse parte da memória. Esse ano foi um caos, mas não tanto quanto o do seguinte, que a Queen foi expulsa, ou no outro que ocorreu a minha mudança, é, muita coisa aconteceu em cinco anos, e durante esses cinco anos, eu senti que parte da liberdade de ser quem eu era não existia. Hoje, eu ganhei esse anel, com metade de uma asa como pedra, e foi isso que fez eu me lembrar de tudo que tornou o que eu sou hoje, e até que agradeço ao meu passado, pois sem ele, eu seria uma Thalia completamente diferente. –finalizei o meu discurso sendo seguida por aplausos, depois de me abrir, me senti completamente leve. –Última coisa, agora será a troca de sapatilha, mesmo eu não estando de sapatilha e já estar usando salto.

Me sentei na cadeira que havia ali e meu pai fez todo aquela tradição da troca, até que começou a valsa, primeiro foi a valsa tradicional, somente eu e meu pai. Quando acabamos acenei para o DJ e ele colocou a música Big Girls Don’t Cry, e Leo ficou em minha frente enquanto meus amigos ficaram ao redor. Acabou a música e o jantar foi anunciado.

–Me surpreendi com o seu discurso Thals, eu não fazia ideia do que havia acontecido contigo. –Hazel disse assim que acabamos de jantar e Katie assentiu.

–É, mas está no passado, vamos esquecer isso. Sabe o que vem agora? –perguntei dando um sorriso às meninas.

–FESTAA –gritamos todas juntas fazendo os adolescentes presentes gritarem junto e o DJ começar a tocar uma música eletrônica qualquer.

Eu e as meninas fomos trocar de roupa. Finalmente vou soltar meu cabelo. Colocamos um short por baixo pois temos uma coreografia ensaiada na qual ninguém sabe. Voltamos para o salão de festas e fomos para o centro onde todos dançavam loucamente. Levantei um braço e um holofote parou em nós e todos entenderam o que era para ser feito, eles se afastaram e fizeram uma roda em torno de nós, com os meninos sendo um dos primeiros, por curiosidade.

Acenei para o DJ e ficamos em posição, um remix de Hey Mama começou a tocar enquanto luzes de várias cores ficavam iluminando os convidados enquanto eles dançavam conforme o ritmo da música. Quando acabamos, agradecemos e outra música eletrônica qualquer começou a tocar.

–E então, o que acharam –Katie perguntou a todos os meninos enquanto dava um sorriso

–Uou, só isso que eu tenho a dizer. –disse Chris vindo ao meu lado e me abraçando pela cintura –Vocês foram incríveis, pra você ter uma ideia, nosso querido Travis aí...não tirou os olhos da Gardner por um segundo sequer. –completou dando um sorriso malicioso, fazendo assim, um igual surgir em meu rosto.

–Aé Stoll? Bom saber. Agora me diz, quem não sabe dançar? Einh? –Katie alfinetou Travis que estava de braços cruzados. Aquela parecia ser uma conversa paralela entre eles –Ah, é que essa coisa aí, disse que eu não tinha corpo, que eu não sabia dançar e muito menos sensualizar. –explicou vendo a nossa expressão confusa –E bem, como pôde ver, no caso do corpo, dá pra ver que é o oposto do que ele disse... –puxou um pouco de seu vestido para trás marcando sua cintura e apontou para o próprio corpo -...que eu sei dançar e pelo seu olhar em mim, querido Stoll, eu sei sim sensualisar. –completou piscando para ele e mordendo o lábio inferior.

–Acho melhor você parar com isso –ele disse ainda com os braços cruzados e ela não fez nada –É sério, para com isso –ela apenas sorriu mais –Connor, alerta E, manda ela parar. –ele disse fazendo com que seu irmão risse e o tirasse de perto da gente.

–O que é alerta E? –perguntei a Connor assim que ele passou por mim. Ele riu um pouco e por fim respondeu.

–Ereção.