Chase entrou correndo na sala de parto. Parou na entrada quando viu aquela cena – House junto à Cameron, segurando a frágil mão do bebê.

– Cameron! – ele correu até ela com um sorriso indecifrável no rosto. House aproveitou a deixa para sair do quarto. Os deixou sozinhos... Foi ficar sozinho.

Algum tempo depois, Wilson o encontrou contemplando a paisagem da sacada de sua sala.

– House? Pq vc está aqui?

– Eu queria ficar sozinho. – disse sem se virar para o amigo.

Wilson permaneceu de pé, avaliando a situação.

– Não entendeu? Eu disse que queria ficar sozinho. – repetiu House.

Mas o oncologista não obedeceu. Ao contrário, aproximou-se do outro e ficou ao seu lado, olhando para o horizonte. Disse por fim.

– Vc vai precisar se conformar, House.

O médico continuou calado.

– Aquela criança vai precisar de um pai e uma mãe para criá-la. Não destrua isso.

House abaixou a cabeça. Suspirou profundo e encostou a testa em seus braços curvados na mureta.

– Ela é minha Jimmy. – ele deixou escapar um gemido abafado. – Ela é minha. É minha.

Repetia.

‘Ele estava chorando?’, Wilson não podia acreditar. Nunca vira House tão fragilizado e emocionado como agora. Pousou a mão no ombro do infectologista e o contrariou, tentando traze-lo à realidade.

– Não House... ela não é sua. Ela é do Chase agora... por favor, entenda isso. A Cameron nunca mais será sua.

House cobriu o rosto com as mãos. Tentou apagar os vestígios de sua fraqueza emocional e disse de novo.

– Ela é minha. Vc não entende... – se desvencilhou e saiu.

...

House sabia exatamente para onde ir. Passava a passos lentos pelos corredores do berçário. Seus olhos procuravam com cuidado. A viu de longe. Ela dormia tranqüila numa encubadoura. Grudou a testa no vidro que lhe separava daquela criança e espalmou as duas mãos ali. Não conseguiu evitar um sorriso.

Estava distraído em pensamentos, quase nem notou quando Chase encostou ao seu lado.

– Ela é linda, não é? – o loiro quebrou o silêncio.

House acatou com a cabeça. Não disse nada.

– Allison ainda não falou de nomes. Disse que queria olhar pra ela primeiro... só então saberia escolher o nome certo.

House descansou os braços ao lado do corpo. Suspirou e disse com pesar – Faça ela feliz e cuide dela.

Olhou mais uma vez para a criança que dormia e tentou sair dalí, mas Chase o impediu.

House olhou pra ele. Chase tinha um sorriso triste no rosto. Não compreendia.

– Ela é sua.

– O que vc ta dizendo?

Robert Chase olhou para o lado, para aquela linda garotinha. Voltou a encarar seu ex chefe.

– Eu sempre soube. Desde quando ela me disse que estava grávida... eu sabia, eu sentia que não era meu. Agora, depois de olhar pra ela, eu tive a certeza.

House ouvia calado. Incrédulo.

O outro continuou.

– Achei que Cameron fosse me amar com o tempo... achei que se fosse um marido dedicado, ela... – ele engasgou nas palavras. Tentava controlar suas emoções. Não queria fraquejar na frente de House. Fechou os olhos por um momento, tentando recobrar a linha de pensamento – Hoje, quando vi vcs juntos eu percebi que não queria continuar insistindo. Ela nunca vai dar a mim o amor que eu espero. O coração dela já é seu.

House olhou para sua filha. SUA FILHA. Seu coração e aqueles olhos não o enganaram.

– Sou eu que digo agora – interrompeu Chase – Faça ela feliz e cuide dela. Cuide DELAS.

O médico, conhecido por sua genialidade e seu humor ranzinza, sorriu.

[...]