My Old Man escrita por WeekendWarrior


Capítulo 6
Since You've Been Gone


Notas iniciais do capítulo

Aqui começa toda a mudança e também toda a trama.



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Aqui estou, eu Elizabeth Grant, em uma casa noturna em Los Angeles tentando agradar um novo grupo de amigos que conheci logo após o término da minha faculdade que na verdade não me serviu de nada, só dinheiro gasto pelos meus pais. Eles não pensavam assim e bom, ambos não me obrigaram a nada, mas...

Não estava mais aguentando essa música ensurdecedora, essas batidas frenéticas não agradam meus tímpanos. Estava quase enlouquecendo.

Me aproximei de Christina a minha mais nova amiguinha em L.A. Digamos que eu e ela éramos um tanto diferentes, mas em alguns assuntos nossos pensamentos batiam. Mas ninguém se comparará a Stefani, que agora já tem dois anos de casada e tem uma filhinha de seis meses. Bom, acho que nunca mais será a mesma coisa. Sentirei falta... bons tempos.

— Chris! — falei, quero dizer, quase gritei perto do ouvido dela — Vou lá fora um pouco, tudo bem?

Virou-se pra mim e disse rapidamente.

— Claro , claro!

Ela mal olhou para minha pessoa, estava totalmente interessada em um garoto com quem mantinha uma conversa animada desde que chegamos. Eu realmente não sei como eles conseguiam manter uma conversa decente nesse ambiente sórdido.  

Levantei rapidamente arrumando meu vestido que comparado ao das outras garotas aqui parecia um vestido extremamente comportado, o que era. Estou bem com ele um pouco acima dos joelhos.

Me direcionei rapidamente até a porta de entrada pedindo “com licença” para as pessoas abarrotadas a minha frente, bom, parecia que não estava funcionando muito. Tive que empurrar alguns indivíduos perto da porta e receber olhares fuziladores, nada que me incomodasse. Só queria sair dali um pouco. Respirar um ar puro, talvez.

Nossa, que brisa gostosa que está aqui fora, enquanto lá dentro mesmo com o ar-condicionado ligado o abafado prevalece.

Porra! Pensei. (É isso mesmo, agora sou adepta dos palavrões). Deixei minha bolsa lá dentro. Eu sou uma baita cabeçuda. Não vou voltar lá novamente, vou ficar aqui e quando me sentir melhor volto. Eu podia escutar um leve zumbido no meu ouvido, culparia Chris mais tarde por isso.

Parei ali perto da entrada, próximo a alguns jovens que davam risadas absurdamente altas e falavam indecências. Eu até ri com algumas coisas que eles falavam. Eles realmente faziam questão que os outros ouvissem, eu acho.

Então vi uma moça e um garoto passarem pela calçada abraçados, ela com cabelos castanhos e ele com uma barba bem saliente. Não sei porquê, mas Jim veio na minha mente no mesmo instante e eu fiquei ali a me lembrar daquela uma semana e meia que passamos juntos, mas o pior foi acordar no dia seguinte àquela noite tórrida de amor, onde praticamente fizemos de tudo e ver que ele não estava lá, nem ao menos se despediu ou algo assim. Eu já devia esperar por tal atitude da parte dele, realmente esperava vê-lo nunca mais. Não vou mentir que chorei um mês a fio igual uma cadela condenada por isso, mas temos que seguir em frente, não? Namorei uns outros dois caras, quais eram, uns molengas e não chegaram e nem chegariam perto de Jim, do que ele me fez sentir. Muita das vezes a saudade de tê-lo era tanta que tive que me tocar e fingir que ele estava lá. Mas, agora eu tentava não pensar tanto nele assim.

Já estava ponderando voltar para dentro da casa noturna quando uma silhueta muito bem conhecida por meus olhos aparece do outro lado da rua, descendo de um carro azul, mas que porra ele estava querendo com aquilo? Tentando não chamar a atenção? Eu não conheço muito bem de modelo de carros, mas vi algo sobre o Chevrolet Nova Yenko.

Meu Deus Maria José! Era ele mesmo. Jim! Seu grande filho duma puta!

Minha primeira reação foi querer correr até ele e socar a cara dele e depois levá-lo pro primeiro quarto de motel que achássemos.  Mas eu não consegui me mover.

O homem atravessou a rua meio correndo e entrou em um pequeno mercado. Minha curiosidade era suprema e fui apressadamente olhar através da vitrine de vidro do mercado e lá estava ele, de costas. Ah, o desgraçado pegou um fardo de cerveja, acho que ia se embebedar com as vadias hoje.

Eu nem sabia o que estava sentindo, era um misto de ódio e uma puta saudade reprimida.

Vi ele se aproximar do balcão e pedir uma carteira de cigarro. Quando vi que Jim ia pagar, corri rapidamente para junto do aglomerado de pessoas perto da porta da casa noturna. Voltou igualmente apressado pra dentro do carro e deu partida.

Se passou alguns segundos e eu fiquei ali, sem reação alguma. Sério! Eu não conseguia pensar em nada, meu coração estava a mil e depois que a euforia passou fiquei pensando no porquê de eu não ter feito nada. Deveria ter me jogado na frente do carro dele e... eu sei lá! Deveria ter causado uma cena. Chamado a atenção dele. Mas, não!

Eu vivia me perguntando e arquitetando coisas caso isso acontecesse, caso a gente se reencontrasse e quando isso realmente aconteceu, eu só consegui bisbilhotar ele e me esconder depois. Sou uma tremenda idiota!

Eu precisava fazer alguma coisa, beber... É isso! Encher a cara pra esquecer a tremenda idiota que eu fui. Mas eu precisava mesmo era fumar um cigarro, isso. Porém minha bolsa tava lá dentro com o dinheiro, merda! Então não pensei duas vezes, cheguei perto daquele grupo de adolescentes insolentes sorrateiramente.

— Com licença — disse e mais ou menos sete adolescentes encaram minha cara, que deveria ser de assustada. Nenhum deles disse nada então logo fui dizendo — Será que algum de vocês teria algum cigarro? Pra me dar ou dividir? Tanto faz.

— Eu tenho moça — um garoto alto de cabelo roxo e enormes alargadores disse — Mas o que eu ganho com isso?

A pergunta dele poderia me assustar em alguma outra ocasião, mas agora eu estava realmente nervosa e precisava fumar a porra de um cigarro, e não estava nada a fim de entrar lá dentro pra pegar minha bolsa.

— Você ganha um grande obrigado e uma bela nova amiga — todos riram.

Bom, o garoto não era feio, mas parecia ter cara de tarado, usava meias listradas que iam até as canelas. Talvez ele fosse do movimento punk ou do movimento Killing The Fashion. Nunca saberia.

Então ele me passou um cigarro e um isqueiro, e Deus, como eu estava precisando disso.

Agradeci em meio a algumas tragadas.

— Obrigada, querido — disse me afastando.

Fiquei ali inspirando aquela fumaça tóxica para dentro do meu organismo, como se fosse me salvar ou algo do tipo, como se aquilo fosse me trazer Jim de volta. Nossa! Se fosse assim, eu fumaria um caminhão inteiro de Marlboro por ele.

Escuto estalo de saltos vindo em minha direção e vejo Christina ao meu lado me encarando curiosamente.

— Você fuma? Ah, essa eu não sabia.

— Pois é, Chris, nem eu. Nem eu...

O cigarro já estava chegando perto do filtro, não tinha mais nada para sugar ali. Joguei-o fora.

— Toma, trouxe sua bolsa — peguei a bolsa da mão de Chris e coloquei em meu ombro.

— Não vai mais ficar aí? Pensei que ia pra casa daquele mauricinho.

— Na verdade eu vou, Liz. Vim te avisar, só isso. Sei que você não ia querer continuar aí — ela apontou pra casa noturna.

— Pois é, você tem razão. Então, boa noite, Chris — coloquei uma conotação maliciosa no meu tom de voz.

— Boa noite, Liz. Se cuida.

Vi ela indo em direção do tal mauricinho que ela ia ‘’sair’’, ela me acenou antes dos dois entrarem no carro dele, acenei de volta.

Fui em direção ao meu carro, mas antes decidi comprar três carteiras de cigarro só para me garantir, pois bebida eu tinha em casa. É, hoje a noite prometia e a manhã também, uma bela ressaca.

No caminho de casa não houve um segundo sequer que não tenha pensado em Jim, droga, eu pensei que já tivesse me livrado disso. Os primeiros meses sem ele foram horríveis, Stefani tentava me conformar e foram muitos potes de sorvetes.

Mas eu tentava pensar assim, ele não deve estar pensando em mim agora, com certeza não, deve estar até com outra, uma bem mais gostosa do que eu, peitões e um grande traseiro. Eu não sei, mas isso me reconfortava. Eu deveria fazer o mesmo, esquecê-lo. Aham!

Tudo bem, mas agora uma coisa martelava na minha mente, será que ele morava aqui? Ou estava de passagem? O que será que ele fazia? Está indo encontrar alguém? Uma garota? Eu tenho um milhão de perguntas borbulhando em minha mente fértil. Oh, como é fértil e maléfica essa minha mente.

Quando acho que estou limpa de pensamentos, lá vem, Jim... Lá vem ele! Eu até falava sozinha às vezes, dizia: ‘’Sai Jim, sai! Você me deixou, mas não deixa minha mente! Isso é injusto’’. Então ele sumia, mas daí o homem vinha me atormentar nos sonhos. Sempre.

Eu poderia chamá-lo de um tipo de droga. Sim, e eu estava totalmente viciada, totalmente! Como que é aquele nome que os gangsters chamam a cocaína? Yayo? Sim, isso mesmo. Yayo! Ele seria pra sempre aquela cocaína, o yayo em minha mente e em minhas veias.

Yayo, Yeah, Yayo.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.
xx



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