–Essa foi boa, Houston. Mas não o suficiente. -Ele disse e deu outro golpe com a espada.

–Se eu fosse você eu falaria menos. -Bati minha arma na base da lâmina dele e a joguei para o alto. -E lutaria mais, Stewart.

James riu e ergueu as mãos em rendição. O acompanhei em sua risada e caminhei até onde suas espada havia caído, pegando e devolvendo-a. Estávamos treinando a luta com espadas havia um bom tempo, nosso horário já tinha acabado e agora estávamos praticando. Sabe, James não é muito bom nisso de fazer duas coisas ao mesmo tempo, então estamos trabalhando nessa tática nova: "Manter a boca fechada e prestar atenção no que está fazendo antes que acabe morto".

–No que está pensando?

–No quão patético você fica quando está lutando comigo. -Fui sincera.

–Qual é, Angie, dá pra parar com isso? Eu não sou tão ruim assim! -Jamie olhou pra mim com os olhos verdes transbordando de falsa melancolia. -Isso acaba com a minha reputação.

–Reputação? Qual? Aquela de ser o único cara nocauteado por não calar a boca enquanto luta? -Ri do olhar fuzilante que ele me lançou e continuei. -Ta legal, ta legal! Parei, juro!

Stewart balançou a cabeça em negação e ergueu a arma novamente, desafiando-me.

–Nop.

–O que foi? Com medo?

–Não vou lutar com você e deixar você ganhar por pena, James.

–Ei, eu nunca disse que queria que me deixasse ganh...

Antes mesmo que ele continuasse saquei minha espada e com a minha lâmina tirei a sua do caminho, batendo o cabo da minha arma contra sua armadura de couro com força, fazendo-o desequilibrar e o passei uma rasteira, derrubando-o. Tudo tão rápido que creio que nem mesmo James percebeu o que havia acontecido.

–Ei! -Ele gritou, com raiva, sentando-se sobre seus calcanhares quando recuperou-se da surpresa da queda. -Qual é o seu problema, Houston?!

–Menos papo, mais atenção. Você baixou a guarda, Cabeça de Algas Junior.

Ele revirou os olhos e se levantou, chegando mais perto de mim. Deixou a espada na grama e me olhou como se dissesse pra eu fazer o mesmo. O sorriso que brincava em seus lábios me fazia sorrir também. James pegou uma mecha dos fios castanhos que havia caído sobre o meu rosto e a levou até atrás da minha orelha, os olhos verdes fitando os meus com intensidade.

Ele sussurrou:

–Cabeça de Algas Junior?

Mordi o lábio inferior, com ar de desafio:

–Aham. -Minha voz mais rouca que o normal.

–Eu não vou nem comentar sobre isso, Sabidinha Deluxe Edition .

Tentei segurar o riso, mas foi mais forte que eu. Gargalhei com vontade e Jamie me acompanhou rindo baixo e negando com a cabeça, fitando o chão. Levei meus braços até seus ombros, agarrando seu pescoço. Suas mãos foram quase como automaticamente para a minha cintura, segurando-me com força.

Stewart ainda olhava para baixo quando levei minha mão até seu queixo e ergui sua cabeça, fazendo-o olhar pra mim. As orbes verdes brilhavam tão intensamente que eu quase podia ver o oceano através delas. Ele sorriu desviando o olhar do meu e focando em meus lábios. Por ser quase vinte centímetros mais alto, eu estava quase totalmente na ponta dos pés.

–Sabe? -James falou, sorrindo. -Isso de ser remake de Percabeth é um saco.

Eu ri e o puxei para mim, tomando seus lábios com carinho. Nossas respirações compassadas e nossos movimentos cheios de certeza, como se o ato de nos beijar fosse algo tão natural quanto acordar pela manhã. Senti Jamie sorrir sobre os meus lábios e abri os olhos, olhando no fundo dos dele. Nos separamos com selinhos demorados.

Esqueci de mencionar: James Stewart, filho de Poseidon, é meu namorado nas horas vagas.

–Eu sei, mas fazer o que?

Ele riu.

–O que?

–Nada.

–Fala vai.

Ele se afastou de mim apenas para pegar sua espada caída no chão e colocá-la na bainha amarrada á sua cintura. O observei: Os cabelos escuros e rebeldes começavam a grudar em sua testa devido ao suor e a pele extremamente branca estava corada devido ao esforço. Os ombros largos e o peitoral forte cobertos pela camisa laranja do Acampamento e uma daquelas armaduras de treino.

James não era o cara mais bonito do acampamento, mas com certeza entra no páreo, na minha opinião. E o melhor: Era somente meu.

–É só que... –Jamie passou um braço sobre os meus ombros e eu o abracei de lado. Começamos a caminhar para fora da área de treino. –Afrodite parece gostar disso: Fazer opostos se atraírem.

–É, não somos os primeiros. –Eu ri.

–Percy e Annie. Agora eu e você... Como pode? Quer dizer, nossos pais se odeiam.

Eu parei de caminhar quando chegamos ao lago. Tirei braço de sua cintura e entrelacei nossos dedos, ficando de frente para James. Ele parecia... Preocupado?

–Se odeiam agora. –Eu ofereci um sorriso solidário. –Você conhece a história.

–Acha mesmo que eles já se gostaram algum dia?

Pensei um pouco a respeito.

A única certeza que eu tinha sobre isso era que nós nunca saberemos como, quando ou se isso realmente aconteceu. Não saberemos porque ambos os deuses jamais admitiriam ter tido algum romance ou algo assim algum dia. O simples pensamento de uma de outra de suas filhas namorando um filho de Poseidon já causava repulsa em minha mãe.

O deus dos mares não fica muito atrás.

Poseidon é teimoso como seus filhos. E como o oceano não gosta de ser contido. Acontece que Atena não é muito de aceitar opiniões contrárias e muito menos de aceitar certas rebeldias. Alguns diriam que, não só ela, mas também nós, seus filhos, somos... Controladores. E, definitivamente, o mar não consegue ser controlado.

–Eu não sei. –Finalmente respondi, suspirando. –Mas eu sei sobre nós dois, James. Nós nos gostamos, certo?

Ele assentiu, sorrindo timidamente.

–Por mais que sejamos comparados á Percy e Annabeth, podemos tê-los como exemplo: Deu certo com eles. –O puxei pra perto e selei nossos lábios demoradamente. –Tenho certeza que com a gente não vai ser diferente.