Probabilidade escrita por prongs


Capítulo 7
Segredos, ciúmes e descobertas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Espero que não me matem pela demora horrorosa desde o último capítulo hahahah e boas-vindas aos novos leitores também! Juro que por mais que pareça eu normalmente não sou assim. Hoje temos um capítulo um pouco maior que o último, e a história vai começar a estacionar um pouco no tempo a partir de agora. É a última vez que vamos ver eles no quarto ano, e agora, com 15 anos, talvez as coisas entre eles comecem a andar entre eles.

Vou deixar de tagarelar e deixar vocês lerem e tirarem suas próprias conclusões! Beijos e aproveitem o capítulo ♥

(TW: breves descrições de ataque de pânico no começo do capítulo)



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CAPÍTULO SEIS

 

Para entender a segunda metade do quarto ano de Scorpius e Rose, temos que pensar em três palavras: segredos, ciúmes e descobertas. Pode parecer dramático demais a primeiro momento, mas tudo é quando se tem quinze anos, e os dois estavam prestes a aprender aquilo.

Aquela primavera estava sendo particularmente agradável e ensolarada, e os dois adoravam caminhar pelos terrenos do castelo até a aula de Trato das Criaturas Mágicas, para a qual Scorpius finalmente tinha conseguido se inscrever ao mesmo tempo que cursava Estudo dos Trouxas com uma leve ajuda do Prof. Slughorn; Rose não estava nela, mas gostava muito de conversar com Scorpius e Albus, então sempre acompanhava os dois até perto do Salgueiro Lutador, quando se despedia e dava meia volta para correr para sua aula de Adivinhação.

— Não se esqueçam que hoje começa a competição não-oficial de xadrez bruxo entre os alunos do quarto ano! — Rose disse, animada, enquanto deixava os amigos e se afastava. — E vocês prometeram que iam assistir comigo!

— Sabemos que você só quer uma desculpa pra ficar babando pelo Benji Clark, Rose — Albus disse em tom de brincadeira e revirou os olhos.

Scorpius observou as bochechas de Rose corarem, e apesar de não ter nada contra Benjamin, desejou fortemente que ele perdesse todas as suas partidas.

— Cala a boca, Albus — A ruiva retrucou e segurou seus cadernos mais forte. — Não pense que eu esqueci que a Alice também vai competir. 

Foi a vez de Albus corar, e dessa vez Scorpius soltou uma risada, tentando despistar o assunto, e passou um braço por cima dos ombros do amigo.

— Parem de falar besteira ou a gente vai se atrasar. Tchau, Rose! — Ele acenou com a mão livre para amiga, que riu, acenou de volta, e pôs-se a correr para dentro do castelo.

— Obrigado por fazer ela ir embora — Albus disse, levemente envergonhado pelo nome de Alice ter vindo à tona. Aparentemente todos sabiam que eles se gostavam, menos eles mesmos. — Ei, você sabe o que a professora vai passar hoje? 

Scorpius procurou o livro da matéria dentro de sua bolsa, se perguntando se as aulas seriam muito diferentes se Hagrid ainda fosse professor antigamente, mas há algum tempo o meio-gigante havia optado por ser apenas o guardião das chaves e cuidador dos terrenos da escola.

— Eu acho que Salamandras de Fogo, se eu estiver lendo isso certo — Scorpius murmurou, e de repente a voz de Albus soou alarmada.

— Salamandras? Tipo, aqueles lagartos? De fogo?

O loiro olhou para o amigo, que estava anormalmente pálido, e se lembrou do último verão, quando James lhe contou que Albus tinha um medo inexplicável de lagartos e todos os outros tipos de répteis existentes. Ele imaginou que o fato das Salamandras serem feitas de fogo não ajudavam.

— É, mas tipo… elas são até fofinhas! — Scorpius tentou ajudar, mas suspeitou que estava apenas soando como um idiota. — Você vai ver, completamente inofensivas!

Os dois chegaram até a clareira onde a maioria dos alunos já estava ao redor de um pequeno cercado montado pela professora, que falava sobre as propriedades mágicas da Salamandra, mas Scorpius não estava realmente prestando muita atenção nela; seu foco estava todo em Albus, que ficava mais pálido e respirava mais rápido a cada segundo que passava encarando os bichos, agora soltos no cercado.

Foi quando ele notou que as pernas de Albus estavam tremendo que ele puxou o amigo pelas vestes e o levou para longe da multidão sem que ninguém notasse. Ele o apoiava nos braços e o arrastou até a parte de trás da cabana de Hagrid, onde Albus se sentou contra a parede de pedra e continuou a hiperventilar. Scorpius o ajudou a tirar a gravata e o robe, e sentia seu próprio coração acelerar sem saber exatamente o que estava acontecendo com seu melhor amigo.

Ele passou alguns segundos observando o peito do amigo subir e descer enquanto suas mãos tremiam, e não soube se por instinto ou impulso, mas não aguentou ficar sem fazer nada, então se sentou do lado de Albus e o abraçou fortemente. Não se mexeu nem falou nada, e depois de alguns minutos a respiração do amigo voltou ao normal e ele o olhou com lágrimas nos olhos.

— Você tá bem? — Scorpius perguntou cuidadosamente.

— Eu realmente não gosto de lagartos, cara — Albus murmurou, a boca seca, e os dois riram.

— É, eu percebi! Mas eu tô falando sério. Você tá bem?

— Acho que agora sim, mas foi esquisito — Ele murmurou em resposta, ajeitando a gravata em seu pescoço. — Eu vou falar com a Alice mais tarde, ela me contou que já se sentiu assim ano passado. E, Scorpius? — Ele olhou para o amigo com olhos amedrontados. — Não conta pra Rose, por favor? Ela vai fazer o maior escândalo sobre isso e contar pros meus pais, e eu realmente não quero isso.

Scorpius mordeu a parte de dentro da bochecha. Não gostava de guardar segredos de Rose, mas gostava menos ainda de trair a confiança de Albus, que o acolhera antes de todo mundo, então resolveu não contar para a amiga sobre o que tinha acontecido naquela tarde e que viria a se repetir mais algumas vezes nas próximas semanas. Albus lhe contara depois de uma conversa com Alice que o que tinha ocorrido com ele era algo chamado de ataque de pânico, e que tinha a ver com ansiedade, e que Scorpius não deveria se preocupar com nada.

Ele obviamente continuava a se preocupar, mas cumpriu sua promessa e guardou o primeiro segredo que viria a esconder durante aquela primavera naquela tarde. Os dois resolveram matar o resto da aula para que nada mais acontecesse com Albus, e foram para o pátio da escola, onde as pessoas já estavam se aproximando para o tal campeonato informal de xadrez bruxo. Ficaram por ali e conversaram bobagem por algum tempo antes de Rose chegar de sua aula e começar a tagarelar sobre como os alunos da Corvinal provavelmente iriam dar uma surra em todos os outros, até mesmo Alice, que era uma exímia jogadora.

Quando Benjamin Clark apareceu, com seu uniforme estupidamente perfeito, sua gravata azul recém-passada e seus cabelos negros penteados para trás, Scorpius quis revirar os olhos. Quando ele destruiu a torre de Alice e Rose perdeu o fôlego do seu lado, ele quis chutá-lo de sua cadeira. Quando ele ganhou o torneio e perguntou a Rose se ela queria que ele o acompanhasse até a torre da Grifinória enquanto lhe ensinava algumas jogadas de xadrez bruxo, ele quis vomitar na própria boca. 

 

 

Veja bem, não é como se Rose fosse apaixonada por Benjamin Clark. Não poderia estar, ela mal conhecia o garoto da Corvinal apesar de ter algumas aulas com ele, mas ela estava cansada de ser uma das únicas meninas em seu grupo de amizade a não ter beijado ninguém, e Benjamin era muito bonito e sempre sorria para ela na aula de Feitiços quando ela acertava alguma coisa, então por que ela diria não para ele?

Benji, como era conhecido, foi extremamente cortês quando a acompanhou pelos corredores da escola, apesar de estar falando sem parar sobre xadrez bruxo, um assunto que Rose achava absurdamente chato. Já tinha que aguentar seu pai e Hugo falando sem parar sobre o jogo em casa, não queria ter que ouvir mais nada sobre aquele jogo brutal depois de assistir a várias partidas dele.

— Benji — Ela interrompeu o garoto enquanto ele falava de uma estratégia para começar o jogo e sorriu para ele gentilmente. Os dois já estavam prestes a chegar no movimentado corredor que dava para a sala comunal da Grifinória, e era a última chance que eles teriam naquele dia de estarem sozinhos. — Foi muito legal te ver hoje no torneio, você foi maravilhoso. E estava maravilhoso também, sabe, sua aparência e tudo o mais — Rose corou. Não sabia porque não conseguia se comunicar com garotos como um ser humano normal, mas Benji sorriu para ela.

— Foi ótimo te ver lá torcendo por mim. Quer dizer, espero que torcendo por mim — Ele riu, e Rose sorriu e segurou sua mão.

— Claro que estava! E fiquei muito feliz que você ganhou — Benji apertou sua mão, e ela sentiu o coração acelerar quando o moreno se aproximou dela.

— Bem, então… espero te ver mais vezes torcendo por mim em outras partidas. E eu vou dar o meu melhor pra ganhar mais vezes.

Então ele se aproximou mais e a beijou.

E Rose se sentiu extremamente decepcionada.

Ela não esperava que seu primeiro beijo fosse perfeito ou avassalador como nos romances que gostava de ler, mas certamente não esperava que ele fosse tão… sem graça. Chato talvez fosse a palavra certa a ser usada. Ela não sentia nada, nem em seu coração ou em seu estômago. Só sentia os lábios molhados de Benjamin contra os seus, tão gelados que era como se ela estivesse beijando as paredes de seu dormitório.

Ela se afastou bruscamente de Benji e sorriu para o garoto, que a encarava confuso, sorrindo mas também com as sobrancelhas franzidas.

— Eu tenho que ir agora, Benji, mas isso foi realmente… — Ela assentiu várias vezes, tentando achar a palavra correta para descrever aquilo sem magoar os sentimentos do garoto. — Proveitoso! Bem… tchau! 

Ela beijou a bochecha do garoto e se apressou até o buraco na parede que a levava até a sala comunal da Grifinória, sentindo-se estúpida e, sinceramente, desapontada. Se beijar alguém era tão decepcionante assim, ela não tinha certeza se queria jamais beijar alguma pessoa de novo. Rose passou o resto da semana revivendo aquele beijo pavoroso e evitando Benji o máximo possível, chegando a vergonhosamente se esconder debaixo da mesa da Grifinória no jantar quando ele foi até Hugo perguntar por ela.

Não sabia o que fazer para não ficar tão desconfortável o tempo todo com o que tinha acontecido, e a última coisa que queria fazer era falar com algum de seus primos sobre seu primeiro beijo. Então, num sábado de tarde, ela teve a brilhante ideia de ir atrás de uma pessoa que sabia guardar segredos como ninguém e já tinha tido a experiência de beijar alguém e rodou o castelo inteiro atrás de Scorpius antes de encontrá-lo sozinho à beira do lago, deitado na grama debaixo do sol.

— Ei, seu estranho — Ela chamou o amigo com um sorriso no rosto, parada em pé ao lado dele, cobrindo-o com sua própria sombra. — O que você tá fazendo aqui sozinho?

— Tomando sol, até você me impedir de fazer isso — Scorpius abriu os olhos para encarar Rose divertidamente. — E você?

— Te procurando — Ela admitiu e se sentou do lado do loiro, que se sentou também. — Preciso de um conselho, eu acho, e também preciso que você guarde um segredo.

Scorpius riu baixinho, e Rose não entendeu exatamente o porquê, mas o ignorou.

— Pode falar — Ele sorriu, gentil como sempre, e Rose suspirou. 

— O Benji me beijou depois da partida de xadrez. E eu beijei ele também, eu acho. Mas foi horrível! — Ela olhou desesperada para Scorpius, que a olhava de volta com uma expressão indecifrável. — Eu não senti absolutamente nada, e foi gelado, molhado e sem graça. Todos os beijos são assim? Por que as pessoas falam tanto sobre beijar, então, se é tão decepcionante assim?

Scorpius continuava com aquele olhar estranho, como se não soubesse exatamente como responder Rose ou até mesmo o que pensar, e ela estava começando a ficar preocupada. Será que tinha algo errado com ela e as pessoas normais sentiam coisas normais quando beijavam? 

— Rose… olha, tipo… — Ele balançou a cabeça, como se estivesse tentando organizar os pensamentos. — Não. Não é pra você se sentir assim quando beijar alguém. É pra você se sentir bem, e um mega frio na sua barriga, e isso só vai acontecer quando você beijar alguém que você gosta de verdade, aí não vai ser decepcionante — Rose riu e se deitou no gramado distraidamente, observando as nuvens no céu e procurando alguma que tivesse um formato engraçado.

— Ah Scorpius, por favor, qual a probabilidade de eu achar alguém que eu goste de verdade pra beijar? Eu só queria saber como era a sensação, sabe.

— E por isso você beijou o Benji? Sério? — Scorpius se virou para ela, os olhos semicerrados, e Rose ainda não conseguia decifrá-los.

— Sim, ué. Qual o problema?

Scorpius piscou algumas vezes, suspirou e balançou a cabeça. 

— Nada, nenhum. Eu tenho que ir, marquei de… encontrar o Albus. Jogar snap explosivo com o Luke.

E sem dizer mais nada, o loiro se levantou e foi embora para dentro do castelo, deixando Rose deitada na grama e um tanto quanto confusa. Scorpius não poderia estar lhe julgando, certamente, não ele que já tinha beijado Bree Barnes no ano anterior, então por que aquela reação estranha? Talvez ele realmente não gostasse de Benji por alguma razão. Talvez eles fossem rivais em alguma aula, mas não tinha como Rose saber, ela não tinha aula com os dois ao mesmo tempo! 

Qualquer que fosse a razão para o comportamento esquisito de Scorpius, ela esperava que ele superasse logo. A última coisa que Rose precisava era de um de seus melhores amigos sendo mais bizarro do que o normal perto dela.

 

 

Scorpius não entendia por que tinha se irritado tanto com toda a situação Rose e Benji, definitivamente não estava com ciúmes, mas não deixou de ficar feliz que pelo menos sua amiga não tinha mais se encontrado com o corvino. Durante o resto do ano letivo ele tinha focado em esquecer a sensação esquisita que sentia toda vez que pensava em Benji Clark lambendo a cara de Rose, principalmente porque ela tinha pedido para ele não contar para ninguém sobre o acontecimento, então além de tudo ele não podia nem expressar para Albus seu descontentamento. Mas aquilo não era para ser tão importante, então ele se concentrara em apenas conseguir boas notas para poder descansar no verão antes do quinto ano sem se preocupar com absolutamente nada.

Felizmente, seus pais tinham permitido que ele passasse o mês de agosto n’A Toca com Albus, Rose e todos os seus outros primos, e ele passou os primeiros meses das férias escrevendo cartas e desejando que a data da viagem chegasse logo. Ele sentia falta de seus amigos e não aguentava mais a solidão que o aterrorizava tanto na Mansão Malfoy, apesar de ter se encontrado com Luke e com seu primo, Lewis, algumas vezes durante as férias. Aos 15 anos não há muitas brincadeiras que se possam fazer durante o verão sem se sentir como uma criança, pelo menos não quando não se está n’A Toca.

Quando o dia primeiro de agosto finalmente chegou e sua mãe foi lhe deixar na casa dos Weasley, Scorpius sentiu que suas férias finalmente estavam começando. Albus estava bem mais alto, assim como ele, e Rose tinha cortado seus cabelos ruivos na altura do ombro e Scorpius não podia negar que ela estava muito bonita. Eles passaram dias nadando no lago que havia ali perto, cozinhando de madrugada, jogando snap explosivo, desgnomizando o jardim para Molly Weasley e o Malfoy se sentia no céu.

— Você tá com medo dos N.O.M.s? Esse próximo ano, sabe — Scorpius perguntou para Rose uma tarde enquanto eles estavam colhendo maçãs e os mais novos corriam entre as macieiras num jogo de esconde-esconde que estava acontecendo no pomar do quintal.

— Ah, não sei. De algumas matérias eu acho que sim, tipo Poções… mas você não deveria estar se preocupando com isso, todo mundo sabe que você é muito inteligente e vai bem — Ela sorriu e jogou uma maçã para ele, que a pegou no ar e sorriu de volta.

— Sou tão inteligente quanto um trasgo comparado a você, mas obrigado — Ele arrancou uma risada de Rose e se sentiu satisfeito. — Não sei se eu já te disse, mas seu cabelo ficou bem bonito. Sabe, curto e… assim, cortado — Scorpius quis bater sua cabeça no tronco da macieira até conseguir enxergar seu cérebro. Por que diabos ele tinha dito aquilo?

— Obrigada, Scorp, o seu também tá legal todo longo e não cortado — Rose riu, uma sobrancelha arqueada para ele, e Scorpius sentiu-se extremamente grato por ela ter levado o comentário na brincadeira. Ele respondeu mostrando o dedo do meio para amiga, e os dois voltaram para a casa aos risos com muitas maçãs.

 

 

Aquele verão estava sendo praticamente perfeito. Rose não tinha que se preocupar com notas, garotos ou com amarrar seu cabelo por causa do calor agora que ele estava mais curto. Só queria tomar sol para ficar cheia de sardas e apostar corridas até o lago com os primos antes de pular nele para nadar, mas é claro que sua família tinha que estragar tudo para ela, ou não seriam os Weasley.

Veja bem, Rose amava Quadribol, amava mesmo; adorava a euforia que arrebatava seu peito ao ver qualquer um desviar de balaços e marcar gols no ar enquanto o pomo de ouro voava pelo meio deles despercebido, mas era isso. Ela amava assistir Quadribol e odiava jogar o esporte. Não gostava de subir em vassouras, visto que tinha um senso de equilíbrio horrível, e não gostava nem de pensar na possibilidade de cair lá do alto e se quebrar toda.

E todo verão seus primos insistiam que ela jogasse apenas um jogo para completar o time. Todo verão ela se negava a participar, mas naquele ano sua missão estava particularmente difícil.

— Hugo e Lily já tem idade suficiente pra jogar com vocês, por que vocês não chamam eles? — Ela argumentou enquanto metade de seus primos e alguns amigos deles a encaravam com vassouras nas mãos.

— Porque eles estão com Louis e os Scamander regando o jardim da vovó — James Sirius respondeu e suspirou. — Vamos lá, Rose, o que custa? É só um joguinho, ninguém vai nem mirar em você!

— Você pode ficar de artilheira aí ninguém te passa a goles, você fica só olhando e completando o time — Roxanne pediu, e Rose bufou, olhando para Albus em busca de apoio. O garoto abriu a boca para falar mas acabou dando de ombros.

— Você sabe que o Teddy não veio esse ano, a gente realmente precisa de mais alguém, sabe… 

Rose bufou e apanhou a primeira vassoura que lhe estenderam, ignorando os gritos de vitória dos primos enquanto eles se dirigiam ao campo improvisado que eles tinham há alguns quilômetros da casa. Deixou todos irem à sua frente, sem querer falar com ninguém, mas não conseguiu evitar que Scorpius andasse ao seu lado. Ele não iria jogar, o que ela achava bastante injusto, mas ninguém iria ser mal-educado a ponto de forçar um convidado a jogar Quadribol com eles, só podiam fazer aquilo com Rose.

— Vou torcer contra o time do James, se isso lhe conforta — Ele murmurou ao seu lado, e Rose não conseguiu evitar a risada.

— Sabia que podia contar com você, amigo — Ela colocou a mão no ombro de Scorpius. Teria colocado o braço ao redor do ombro dele, mas o loiro tinha ficado absurdamente alto naquele verão e ela não conseguia mas fazer aquilo sem se esticar e ter que andar na ponta dos pés.

Eles chegaram no mini-campo e não demorou para que o jogo começasse, e Rose logo sentiu seu corpo inteiro se enrijecer ao subir no ar com a vassoura velha que parecia estar prestes a quebrar a qualquer momento. Rondou seus primos por um bom tempo, desviando de tudo e se mantendo alheia ao jogo, quando de repente ouviu alguém gritando seu nome e, assim que ela se virou para Roxanne para perguntar o que ela queria, sentiu uma bola maciça de couro bater em seu peito e lhe derrubar a alguns metros do chão na grama seca abaixo de si.

No chão, ela sentia a cabeça doer e ouvia os gritos ao seu redor enquanto seus primos interrompiam o jogo para se aproximar, e a primeira coisa que sentiu além da ardência em seu braço foram as mãos de Scorpius na sua testa.

— Você tá bem? Tá tonta? — A voz dele soou preocupada, e Rose ignorou as dores para se sentar no chão. Viu a goles que tinha lhe derrubado largada ao seu lado e Roxanne se aproximando, o semblante culpado estampado em seu rosto. Ela sentiu vontade de gritar.

— Eu tô bem, Scorpius, pode deixar — Ela resmungou e examinou o próprio braço, que estava ralado e sangrando em alguns lugares. Não sentiu que tinha quebrado nada, para a sorte de seus primos.

— Rose! Era pra você ter segurado a bola! — Roxanne foi logo dizendo, e Rose sentiu o estômago ferver.

— Eu? Eu, que disse que não queria jogar, devia ter segurado a bola que você, que disse que eu não tinha que fazer nada, jogou pra mim, depois de ter dito que ninguém ia jogar nada pra mim? — Ela respondeu, 

— Rose, não seja tão… — Fred começou, e Rose o fuzilou com os olhos, sentindo as lágrimas de raiva surgirem em seus olhos.

— Chata? Resmungona? Eu vou ser o que eu quiser, porque eu disse desde o começo que não queria jogar e vocês ficaram enchendo o meu saco, e eu só tô machucada por causa de vocês!

Rose se virou, sabendo que ia começar a chorar, e começou a andar de volta para casa. Só queria ficar sozinha e bem longe de todos eles, principalmente de Roxanne. 

— Foi sem querer! — Ela ouviu a prima gritando, e gritou de volta.

— Eu não quero saber! 

Chorou de raiva durante todo o caminho até A Toca sem nem mesmo olhar pra trás. Ela não gostava de jogar porque queria evitar situações como aquelas, e seus primos não conseguiam nem ter a decência de pedir desculpas depois de lhe verem machucada daquele jeito. Não queria ser considerada a chata ou a sem graça da situação, mas suas emoções estavam muito fora de controle agora para ela ser minimamente racional.

Rose entrou em casa e bateu a porta atrás de si, aproveitando que não tinha ninguém lá para ir à cozinha e tomar um copo enorme de água, tentando se acalmar. Observou seu braço machucado, que ainda sangrava um pouco, e xingou ao colocá-lo debaixo de água corrente na pia para tentar limpá-lo. Estava tão concentrada que não ouviu a porta abrir e fechar vagarosamente atrás de si.

— Ei — Ela ouviu a voz familiar perto dela se virou para Scorpius, que sorria para ela com as mãos nos bolsos. — Sinto muito pelos seus primos, eles foram bem babacas. Você precisa de ajuda?

Rose suspirou e fungou, limpando o rosto dos resquícios das lágrimas que tinha derramado há pouco.

— Acho que sim. Você pode pegar o unto que a vovó usa pra machucados no armário de poções? — Ela murmurou e tirou o braço da água, enxugando-o com a primeira toalha que achou.

Já com a pomada na mão, Scorpius se sentou na mesa de jantar ao lado de Rose e começou a aplicá-la no braço da amiga com cuidado, a olhando nos olhos de vez em quando. Rose ainda estava irritada, mas agora a raiva estava dando lugar para a chateação. Ainda queria ficar sozinha, mas a companhia de Scorpius não era nada ruim e ela não estava com vontade de mandar ele ir embora agora.

— Eu sei que você já sabe disso — Ele disse docemente, sorrindo com empatia para a ruiva. — Mas eles não deveriam ter forçado você a jogar de jeito nenhum. E o mínimo que a Roxy devia ter feito era pedir desculpas… embora eu ache que ela não seja orgulhosa a ponto de não fazer isso quando chegar em casa. Você vai ver, ela vai chegar pra você com o rabinho entre as pernas!

Rose riu, como sempre fazia quando estava triste ou chateada e Scorpius tentava animá-la, sempre com sucesso. Não sabia como ele conseguia, mas ela se sentia melhor toda vez que ele vinha até ela com palavras de conforto e o abraço de exatamente dezoito segundos que só ele sabia dar. Sentada na sala de jantar de seus avós, ela apertou a mão de Scorpius e se sentiu grata por ter um amigo como ele em sua vida.

 

 

Bem ali, sentado na sala de jantar dos Weasley e passando pomada no braço machucado da amiga, quando ela segurou sua mão, Scorpius percebeu pela primeira vez que talvez gostasse de Rose como mais que uma amiga.


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Notas finais do capítulo

Ai, que delícia o amor adolescente HAHAHAHAHAH finalmente um dos dois percebeu o que sente pelo outro e é muito gostosinho escrever sobre isso, porque não sei se vocês perceberam mas eu sou muito sucker de friends to lovers rs. Vocês acham que o Scorpius vai fazer algo a respeito do novo crush que ele descobriu? Será que a Rose gosta dele também? E os NOMs deles, será que vai influenciar na história? Me contem o que vocês acham, sou péssima em responder comentários mas adoro ler todos com muito carinho, juro!!

Vejo vocês no próximo capítulo ♥ beijãoooooooo



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