Viagens escrita por Silas Moreira


Capítulo 5
Capítulo 4 - Entre Espadas e Magia


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá. Welcome to my tale.
Primeiramente, mil perdões por demorar para postar. Correria com estudos para provas e vestibular, mas vou tentar ser mais rápido para o próximo capítulo.
Enfim, quanto ao capítulo: "Marcos e André continuam a descobrir o fantástico mundo de Yocä e encontram possíveis aliados além de conhecerem um pouco mais sobre o passado de seus conhecidos."
Para o próximo capítulo uma surpresa de proporções elevadas os aguarda, caros tripulantes desta viagem.
Espero que gostem e boa viagem!



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Em Yocä tudo estava calmo. Assim que Marcos e André descobriram a entrada da Central de Magia, a porta cor de âmbar se abriu e em poucos segundos Merly estava flutuando árvore adentro. Ficaram confusos de início, mas, ao focalizarem o olhar mais profundamente, puderam enxergar duas formas femininas quase invisíveis como o vento, em tons que vacilavam entre roxo e rosa, carregando a garota suavemente. Quase não se conseguia vê-las, mas tinham uma alta estatura e eram de beleza exuberante.

Os meninos seguiram os espíritos do vento e ao entrarem se surpreenderam com as dimensões daquele lugar. Se do lado de fora a árvore parecia ser do tamanho de um prédio, dentro parecia equivaler a um quarteirão inteiro. Em formato circular, o primeiro piso possuía dois blocos compridos com vários gabinetes que se estendiam pelas paredes, um de cada lado da entrada, até serem interrompidos por uma abertura circular nos dois cantos laterais que encaminhavam para pequenas salas à parte apresentando escadas que espiralavam ao redor de todo o Centro — a da direita se dirigia para frente e a da esquerda, o oposto. A metade de uma grande fonte de mármore com água cristalina estava centralizada na parede adiante, onde alguns seres de água brincavam contentes. O resto do salão estava vazio no que se referia a móveis, porém muitas eram as criaturas que circulavam por sua área, saindo de um gabinete a outro e levando papeladas.

Os dois seres aerófanos voaram por uma abertura central no teto alto também feito de madeira. Abaixo dessa entrada aérea, estava pairando no ar um grande lustre brilhante. Se no chão havia movimento, assim também era no ar. Seres alados batiam suas asas em diferentes ritmos enquanto alguns outros planavam como se estivessem dançando no espaço. Muitos tamanhos e tons envolviam o lugar. Pequenas bolinhas brilhantes de várias cores passavam voejando, serzinhos verdes e de orelhas compridas andavam mancando com os óculos fixos em documentos, diversas formas humanoides e animalescas além de outras indescritíveis coloriam o lugar.

Mais ao fundo, uma figura se sobressaía. Tinha mais de dois metros de altura e a careca mostrava o que pareciam ser tatuagens geométricas roxas em sua pele completamente azul. Marcos deveria conhecê-lo de algum lugar pois ele vinha na direção dos garotos gritando com sua voz grave:

— Marcos! Marcos, criança! Não achei que ficaria vivo para ver-te cumprir teu destino! Fico feliz com tal equívoco.

A voz do homem era grave e tão chamativa quanto sua aparência e logo todo o burburinho do local deu lugar a um silêncio embaraçoso e a incontáveis olhares voltados para os terráqueos, mais especificamente para Marcos.

— Desculpa, mas acho que não me lembro de você — disse o menino quando o grandalhão se aproximou, corando, por tamanha atenção recebida.

— Era esperado que não. A última vez que o vi havia apenas dois anos que nascera. Eu sou Thornton, ferreiro e encantador de armas e armaduras de Yocä. Perdoe-nos os maus modos ao te requisitarmos sem anúncio, mas tudo foi para um bem maior. O que tens achado da aprimorada Central de Magia?

— Legal. Eu acho — disse Marcos, claramente constrangido por tantos olhares.

— Oh! Que tolo, eu! — disse Thornton espalmando a própria testa — Toda essa situação deve lhe ser incomum. Venha, siga-me, vejamos se conseguimos fugir destes curiosos e talvez eu possa esclarecer-lhe algo.

— Espera! — começou André.

O homenzarrão olhou para o loiro, notando-o pela primeira vez:

— Mas quem és tu, pequenino?

André era praticamente do mesmo tamanho de Marcos, talvez até um pouco mais alto, mas aquele homem não parecia se importar com isso.

— André — respondeu.

— Ele está comigo. É meu amigo.

— Ah, sim! Que bom. Para que interrompeste nosso passeio? Precisas de algo?

— A menina, — perguntou André, um pouco envergonhado — onde ela está?

— Caso estejas falando de Merly, ela ficará bem. Está repousando e repondo seu mana. Magos utilizam grande parte de sua energia mágica em viagens multiversais, e isso pode ser exaustante, até mesmo para uma descendente de Merlin. Agora vamos. Temos que nos encontrar com Lanuf hoje ao anoitecer.

As informações giravam nas mentes confusas de Marcos e André. Estavam num lugar totalmente desconhecido, em outro universo onde existia magia, a velha amiga Cappy, agora com estranhos olhos vermelhos, parecia um demônio, e a recém conhecida devia ser a mil-vezes-tatara-tataraneta do famoso mago Merlin. As poucas respostas que surgiam traziam com elas inúmeras perguntas que ainda perdurariam, pois, perto da escadaria esquerda, o enorme Thornton os chamava para o início de seu tour pela Central de Magia. Nas pequenas salas laterais, em frente às escadas, uma espécie de elevador de madeira antes não percebido levou os três para os pisos mais altos.

Os primeiros sete andares compunham a área hospitalar, dividida em departamentos que envolviam desde fraturas em asas até esgotamento mágico. Merly estava neste último, desacordada no que parecia ser uma maca feita de folhas bem largas, recebendo uma espécie de soro azul escuro. Outros pacientes também eram tratados pelas moças de vento, as sílfides, como foram apresentadas.

Depois do hospital mágico o prédio seguia em vários andares diversificados, incluindo uma gigantesca coleção de livros na biblioteca, dormitórios, salas de treino e uma espécie de Café/Restaurante com uma comida nada agradável aos olhos.

— Meu cachorro vomitou algo parecido antes de morrer — disse André enojado.

— O gosto é melhor que a aparência; e a consistência; e o cheiro; e o resto — afirmou Thornton não muito convincente.

O prédio tinha inúmeros andares, mas antes de visitarem todas as alas, o guia azulado disse que os levaria a um outro lugar, afirmando que estava ficando tarde e que precisava mostrar algo para Marcos. Entraram novamente no elevador. Um solo de flauta preenchia o ambiente de madeira enquanto o homem apertava alguma sequência de botões — também de madeira — fixados ao lado da porta. Sentiram o elevador descendo e logo estavam numa espécie de forja subterrânea. O ambiente era escuro e o mormaço tornava a respiração mais difícil, exceto para Thornton, que deu um orgulhoso suspiro.

O ferreiro parecia ser o melhor no que fazia, mas nem um pouco organizado. Espadas, escudos, machados e maças, além de outras armas e armaduras de diversas formas estavam espalhadas por aí, suspensas no teto, presas aleatoriamente em redes nas paredes ou apoiadas em uma das muitas mesas rústicas. Ao fundo, o brilho de fogo e de ferro quente ajudavam a controlar a luminosidade do local. O latagão sumiu de vista por um momento e então voltou com um pacote grande de couro marrom.

— Foi o próprio Céssio quem desenhou os primeiros rascunhos — disse ele melancólico enquanto tirava o pó do embrulho — Aquele velho era um gênio! Ele disse que foi feita especialmente para ti e não vejo outra opção senão entregar-te.

Marcos pegou o invólucro e começou a desembrulhá-lo revelando uma bela espada negra. Thornton dissera que foi criada por Céssio, e isto deixava as coisas mais difíceis. Aquele velho era seu avô, desaparecido há dois anos. O que poderia ter acontecido a ele? Queria perguntar e exigir alguma resposta mas sentiu uma lágrima já começando a se formar e negou-se a chorar. Sempre fora rígido consigo mesmo e aquela situação exigia ainda mais força. André, por sua vez, estava maravilhado e não parava de admirar o presente nas mãos do amigo. Mesmo para quem não entende do assunto, a arma era realmente digna de tal apreço. Era toda preta e refletia o brilho quente das forjas. Bastante larga e tinha quase o tamanho dos garotos, só seria possível manuseá-la com as duas mãos. De alguma forma, a empunhadura tinha o perfeito encaixe para Marcos e em alguns movimentos propostos pelo ferreiro podia-se ver que — com certo treino — seria bastante efetiva em uma batalha. A bainha de couro preto, ao invés de ser colocado na cintura – como para espadas comuns - era usada como uma mochila transversal e foi colocada nas costas de Marcos abrigando a extensa espada.

— O que eu ganho? — perguntou André, animado com as possibilidades.

— Nem sequer sabia que virias, não tenho nada para te oferecer.

O garoto soltou um meio sorriso sem graça de "tudo bem" e ficou cabisbaixo, claramente chateado. Marcos cogitou a ideia de pedir ao menos um item para o amigo, mas uma voz fanha saiu de algum lugar no teto baixo avisando que Merly estava recuperando a consciência. Rapidamente foram empurrados pelas grandes mãos azuis de volta ao elevador e subiam para o sétimo andar, deixando o ferreiro na forja subtérrea.

DEMA — Departamento de Esgotamento Mágico — emitia um odor doce e suave. Uma sílfide veio à porta, fez uma reverência e convidou-os a entrar, guiando-os até à amiga que repousava. Marcos e André se aproximaram hesitantes, desviando dos seres que ali estavam e tentando não cair no buraco circular que ficava no meio do salão. A maga estava deitada na cama de folhas e o soro azul continuava ligado em sua veia.

— Senhorita D'Merlin? — disse o espírito do ar em voz de vento — Seus amigos vieram vê-la.

A garota deu um belo sorriso e então abriu os olhos cansados. A enfermeira ajudou-a a se sentar na cama, contra a parede, e então deixou-os sozinhos.

— Que bom que tudo deu certo pra gente. Vejo que já conheceu Thornton. Ele era um grande amigo de seu avô — a menção fez Marcos vacilar e a menina deve ter percebido isso — Oh. Me desculpe, vocês eram bem chegados, não é?

— O que... — forçou-se a perguntar após um intervalo silencioso — O que aconteceu com ele? Ele está aqui? Está bem?

A menina suspirou fundo e então respondeu:

— Não sabemos. Estamos tentando achá-lo, mas os parâmetros P.I.T.E. estão totalmente desajustados nesses últimos tempos. Além disso, tudo indica que ele viajou por conta própria e, se não quer ser descoberto, ele conhece o espaço-tempo bem o bastante para que qualquer esforço para o encontrar seja inútil. Mas não se preocupe, alguns de nossos melhores rastreadores estão trabalhando nesse caso. E se isso te deixa melhor, posso sentir a energia vital dele e tudo indica que está bem. Então é só...

Ela parou por um instante olhando para o nada com uma feição pensativa, como se não estivesse encontrando algo que deveria estar ali. Marcos estava estagnado tentando se controlar e pensando no avô desaparecido.

— Tudo bem? — perguntou André tentando ver para onde Merly olhava.

— Sim. — respondeu ainda focando o vazio — Eu só... Não estou conseguindo achar a energia vital dela.

— Dela quem? Isso é ruim?

— Provavelmente. Todo ser que ainda tem vida emana isso. A menos que... Essa não! — e numa retomada incrível de vigor, seus olhos saltaram de espanto e então um grito — Cappy!

 


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Notas finais do capítulo

Novamente, perdão pela demora, o próximo capítulo será postado em breve - prometo que vou tentar!
Espero que tenha gostado. Diga nos comentários o que tem achado, eles me ajudam e me motivam a continuar escrevendo. Também diga suas especulações, o que acha que vai acontecer a partir de agora?
Agradeço a leitura e até a próxima viagem!

Próximo Capítulo: "O Despertar do Luar"



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