Loving Her Was Red escrita por gmdclxra


Capítulo 4
4. Just before you lose it all.


Notas iniciais do capítulo

Eita tempão, né não? Peço mil perdões, a pessoinha aqui estava com um bloqueio horrorosoooo e até cheguei a desistir, mas essa história é meu apeguinho hahah boa leitura :)



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Uma faca. Sinto o metal ser pressionado contra meu pescoço. Estou amarrada a uma cadeira com cordas. Definitivamente eram cordas, eu podia sentir o material áspero arranhar meus pulsos à medida que eu tentava me mover.

Vou morrer.

Vou morrer.

É tudo que penso.

A exaustão de meu corpo é tão grande que não tenho forças para abrir meus olhos ao despertar. Ao fundo, ouço o bipar dos monitores que mediam meus batimentos cardíacos. Tento mexer minha mão e sinto fios ligados ao meu corpo.

– Maura? – ouço uma voz familiar e uso de todas as minhas forças para abrir os olhos. – Maura, querida, como está se sentindo?

Meus pulsos têm ataduras brancas e em minha mão, uma agulha atravessa minha pele até chegar em minha veia, pingando gotas do líquido

– Completamente exausta. – respondo. – Como está, Angela?

– Morrendo de preocupação. – responde. – Você me passou um susto enorme.

– Me desculpe. Eu realmente deveria ter dado ouvidos à Jane.

Tocar no nome da mulher fez com que eu me perguntasse onde ela estava. Eu não estava cobrando sua presença, de jeito nenhum, mas a falta dela fez com que uma pontinha de decepção me atingisse.

– Jane ficou aqui o tempo todo. – diz Angela, como se pudesse ler minha mente. – Não saiu dessa cadeira em que estou sentada ou sequer dormiu ou cochilou. Pedi a ela que fosse em casa, tomasse um banho e comesse algo. Ela ficou quase doze horas sem comer direito, só com três copos de café. Não deve demorar.

– Eu estou aqui há doze horas? – pergunto, realmente assustada e preocupada. Eu não havia me machucado muito, não havia motivo para tanto tempo hospitalizada.

– Quase isso. – ela responde e dou um sorriso fraco. – Os médicos disseram que fizeram um exame toxicológico e que tinha 12 gramas de uma substância no seu organismo, escolatina.

– Escopolamina. – corrijo-a. – É uma substância que faz a pessoa virar praticamente um zumbi, ela parece estar sóbria, bem, quando na verdade está completamente sob o efeito da droga.

Agora que Angela havia tocado no assunto, eu realmente me lembro de algumas coisas da noite passada. Lembro-me de como ele me serviu o jantar e fingiu me beijar. Fingiu me beijar? Não tenho certeza. Jack havia soprado um beijo para mim. Sim, ele definitivamente havia me soprado um beijo.

– E... Eles também fizeram exames para... É...

– Para checar se houve relações sexuais, e, como eu estava drogada, provavelmente fizeram um teste de estupro. – digo calmamente, tentando acalmar a mulher mais velha. – Eu sei o procedimento.

Angela não quis tocar no assunto novamente e, para ser sincera, eu também não queria continuar. Minha cabeça doía bastante e os remédios que estavam misturados ao meu soro, ligado em minha veia, me deixavam sonolenta. Eu tentava relutar contra o sono, mas queria ver Jane antes de dormir novamente.

– Jane vai ficar uma fera quando souber que você acordou enquanto ela está fora. – diz Angela.

– Quando ela voltar eu finjo que estou dormindo. – respondo e sorrio levemente.

Apesar de cansada, Angela tentou me animar e tirar todos os pensamentos daquela noite da minha mente. Ela havia feito alguns biscoitos e doces em casa e trouxera para mim, apesar de eu ainda não poder comê-los. Trouxe também um jogo de cartas, que ficamos jogando até minha dor de cabeça ficar mais forte.

Recostada no batente da porta, ela se vira rapidamente para mim.

– Jane está chegando. – sussurra.

Eu já sabia o que deveria fazer, então apenas fingi que estava dormindo. O tatelar dos saltos das botas de Jane ficou cada vez mais intenso, quando finalmente ouvi-a adentrar o quarto.

– Maura, eu sei que você já acordou. – ela diz. – Você provavelmente deve estar se coçando inteira debaixo dessa roupa de hospital. E minha mãe não sabe mentir, muito menos ser discreta. Por que diabos ela viraria do nada para trás e me receberia na porta sorrindo se você já não tivesse acordado, não é mesmo? – sinto o tom irônico em sua voz. Ela estava ali. Um sorriso de canto de boca se esboça em meu rosto. – Como você está?

– Cansada, com sono e desesperada para voltar para minha casa.

– Os médicos disseram que alguns exames precisam chegar, e se os resultados forem bons, você pode voltar para casa hoje no fim da tarde.

Assenti com a cabeça. Um silêncio desconfortável se instalou no local.

– Eu vou buscar um café. Maura, querida, quer alguma coisa?

– Um suco seria ótimo, obrigada. – respondo e ela apenas balança a cabeça.

Jane toma o lugar de sua mãe, na poltrona ao lado da minha cama. Ela não sorria, não falava nada, apenas ficava ali encarando seus dedos entrelaçados em seu colo. Vê-la daquela maneira me agonizava, pois eu sabia que era por minha causa e eu não podia fazer nada.

– Eu fiquei apavorada. – ela finalmente quebra o silêncio com um sussurro, que quase não sai de sua garganta. Um sussurro falhado, e eu sabia que ela segurava o choro. – Eu sabia que aquele cara não encaixava, mas quando eu e Frost conseguimos ter certeza de que ele não era flor que se cheire, eu—... Deus, eu fiquei aterrorizada. Imaginar que ele pudesse ter feito algo pior com você fazia com que eu perdesse o equilíbrio do corpo. Só a ideia de perder você, Maura... Deus, eu não consigo. – Jane tinha seus cotovelos apoiados em seus joelhos, o peso de sua cabeça sobre suas mãos.

– Jane. – chamo, mas Jane continua com a cabeça baixa. – Jane, olha para mim.

Quando a morena finalmente levanta a cabeça, seu rosto está molhado. A ponta de seu nariz e seus olhos estão rosados. Uma vertigem me atinge rapidamente ao vê-la naquele estado por minha causa, porque eu não havia lhe dado ouvidos.

– Eu estou bem. – começo. – Estou ao seu lado, e estou bem. Quero dizer, tenho alguns fios ligados às minhas veias, mas... Eu estou bem. E você é a razão pela qual eu estou bem e viva nessa cama de hospital. Se não fosse por você eu estaria morta agora. – ao ouvir tais palavras, a mulher se curva novamente para a posição que estava antes. – Ontem, um pouco antes de vocês chegarem, eu os ouvi conversando. Eles diziam “ela não vai acordar” a todo o momento. A intenção deles, ou dele, era realmente me ver morta. Você impediu isso.

Agora seus olhos castanhos fitavam os meus. Eu nunca havia a visto tão mal em toda a sua vida. Jane nunca se abriu completamente comigo, e muito menos havia chorado na minha frente. Ela parecia ouvir atentamente a cada palavra que saía de minha boca. Estendo minha mão e Jane entende o sinal, segurando-a.

– Você é minha heroína, você sabe disso, não é? – digo e, pela primeira vez em muito tempo, vejo um pequeno sorriso se abrir em seu rosto. – Pode parecer bobo, mas você é. Não quero que você fique pensando nessas coisas. Estou bem e logo no fim da tarde estaremos indo embora para casa. Nós podemos pedir pizza e eu até tomo uma cerveja com você, se você quiser.

– Pizza só depois que seus médicos liberarem os alimentos sólidos. – ela responde, como se me repreendesse. – E você odiaria ter que tomar uma cerveja, Maura.

– Se for por você... Eu tomo até duas. – respondo e sorrio.

...

– Com calma, Maura. – diz Jane, segurando meu braço enquanto tento me levantar da cama.

Meu corpo todo doía. Desde meus calcanhares até meus ombros, tudo doía. Eram cinco e dezessete da tarde e em treze minutos eu seria liberada. Eu precisava trocar de roupa e para isso precisava me levantar, mas parecia impossível. Cada movimento era como se um osso saísse do lugar. Quando finalmente consigo manter o peso de meu corpo sobre meus pés, me solto de Jane.

Ela pega uma calça de moletom e uma blusa simples de dentro de uma bolsa que ela havia pegado para mim. Reviro os olhos e a encaro.

– Moletom? Sério? – pergunto.

– Você só vai daqui até em casa, Maura, não precisa de um Guci ou de um Chanel para isso. E eu não sei dobrar aqueles seus vestidos, são muito caros para que eu encoste neles.

– Gucci, Jane. – corrijo. – Dois “c” têm som de T.

– Ah, tanto faz. Agora veste isso.

– Ok, não precisa ser mandona.

– Eu não sou mandona. – diz, dando ênfase na última palavra. – Só quero sair desse hospital logo.

– Apressada. – digo baixo enquanto me abaixo para vestir minha calça. Tentei vesti-la em pé, mas a dor em minhas pernas era muito forte, maior do que se eu tentasse vestir sentada na beirada da cama.

– Só um “obrigada” é suficiente, mas tudo bem, continue com os xingamentos. – e lá estava a ironia novamente em sua voz.

– Desculpa. – uma risada sai de minha boca ao ver a mulher emburrada no canto do quarto. Me abaixo para subir a calça e sinto uma dor enorme atingir-me a coluna. Um gemido de dor escapa de meus lábios.

– Está tudo bem? Precisa de ajuda? – pergunta Jane.

– Sim, só uma dor na coluna quando me abaixei, nada sério.

Termino de vestir minha roupa, com certa dificuldade, e tento andar pelo quarto. Minhas pernas doíam, mas eu precisava exercitá-las. Por um minuto me pergunto se Korsak e Frost haviam ido ao hospital. Não me recordo de Angela mencionar a visita dos dois homens, mas logo disperso tais pensamentos.

– Dr. Isles? – ouço uma voz grossa e familiar me chamar. Viro-me e vejo o médico responsável pelo meu caso na porta. – Como está se sentindo? Já está até andando.

– Com muito custo, Doutor. – responde Jane e repreendo-a com um “sh”. – Não me venha com “sh”, Maura Isles. – a morena sussurra para mim.

– Estou me sentindo bem, obrigada. – respondo, aproximando-me do homem mais velho. – Estou de alta?

– Sim. Só preciso que assine aqui e pode ir para casa. – ele coloca um papel em cima do pequeno suporte que ficava no pé da cama. Localizo o local e deixo minha assinatura ali. – Está dispensada.

– Obrigada por todo o cuidado, Doutor. – agradeço-o com um aperto de mão.

Depois de mais alguns minutos conversando com ele sobre alguns cuidados e resultados de exames, nos despedimos e seguimos para a saída do hospital. Jane havia parado o carro no estacionamento subtérreo do hospital, a poucos metros da porta. Entramos no carro e joguei minha bolsa no banco de trás. Ajustei meu cinto e, quando Jane prendeu o dela, ela virou-se para mim e abriu um sorriso.

– Pronta para ir para casa?

– Nunca estive tão pronta.

E deu partida no carro.

Dez minutos mais tarde, Jane desligava o carro na porta de minha casa. Abro a porta e um sorriso enorme cresce em meu rosto.

– Já estava na hora! – diz Korsak.

– Olha quem está em casa! – e, em seguida, Frost.

Minha sala havia sido decorada. Balões estavam amarrados nas pontas da mesa e uma porção de comidas variadas estava espalhada pela mesa. Várias garrafas de cerveja estavam espalhadas pela mesa e mesa de centro. Entro em casa e sou recebida com vários abraços de todos. Frankie, Frost, Korsak, Tommy, Susie e até mesmo Angela, que havia ido para casa mais cedo.

– Graças a Deus você está bem. – diz Susie. – Você nos passou um susto e tanto.

– Agora todo mundo vai começar a dar ouvidos pra Jane. – gritou Tommy do sofá. Pelo tom de sua voz percebia-se que o nível de álcool em seu sangue já era bem elevado.

– Cala a boca. – retrucou Jane, dando um soco no ombro do irmão.

– Vocês dois! – agora foi Angela quem gritou para os dois irmãos sentados no sofá.

Eu assistia à cena maravilhada. Todas aquelas pessoas ali eram realmente especiais para mim. Eu me sentia completamente acolhida e amada. Eles eram minha família.

– Maura, olha! – ouço a voz rouca de Jane soar. Viro-me para trás e vejo a morena com uma garrafa de cerveja em uma mão e o controle da tv em outra. – É mais um daqueles documentários chatos que você assiste.

– Eu já assisti esse, com você, Jane. Três vezes. Você dormiu em todas elas.

Tommy tenta pegar o controle da mão de Jane, mas cambaleia e quase cai. Todas as pessoas ali começam a rir.

– Tommy, solta. Larga esse controle. Devolve! – grita Jane quando ele finalmente consegue pegar o objeto. – Eu quero ver o jogo do Red Sox, me dá isso aqui. Eu vou te matar criatura, você volta aqui com isso!

Os dois corriam em volta do sofá feito duas crianças, e é o que eu mais gostava na relação dos dois. Todo aquele ambiente, aquelas pessoas... Eu amava aquilo. Estava realmente em família.


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Notas finais do capítulo

Então, que que ces acharam? Deixem suas opiniões nos reviews e podem até me xingar no twitter se quiserem (@pieszzoli). Prometo que não demoro muito pra postar o próximo, ok? ;)
(Qualquer erro me avisem também, corrigi mas vai que deixei algo passar né... hahaha)



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