Loving Her Was Red escrita por gmdclxra


Capítulo 2
2. The Date Day




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MAURA

As pessoas sempre me alertaram (e, quando digo “pessoas”, me refiro à Jane e Angela) a ser cuidadosa ao entrar em uma relação, principalmente Jane. Desde Dennis tal preocupação só aumentou e não a culpo, afinal, quase fui transformada em uma estátua e seus instintos nunca falham. Ela havia me alertado de Dennis e eu não a escutei. De certo modo, isso me deixa com uma ponta de preocupação sobre hoje à noite.

Jack é um cara legal. Ele sempre é muito carinhoso comigo, me traz flores com significados metafóricos. Não tenho certeza, mas acho que ele é a pessoa certa para mim.

Enquanto eu estava preparando meu café, antes de ir para o trabalho, ouvi meu celular tocar. Um frio na barriga me atingiu quando li o nome na tela.

– Oi, Jane. – respondi.

– Oi, Maura. Estou indo pegar um café e, hm, você gostaria de uma carona? – Sua voz demonstrava que ela estava nervosa e eu quase ri da situação.

– Sim, eu gostaria disso.

– Estarei aí em dez minutos, ok?

– Estarei te esperando. – respondi antes que ela pudesse finalizar a ligação. – Não precisarei disso mais. – disse ao desligar o fogão que fervia a água.

Quando ouvi a buzina do carro de Jane soar do lado de fora, peguei minha bolsa e saí de casa. Jane usava as mesmas calças e uma blusa verde-escura. Mas, alguma coisa nela estava diferente. Ela estava tensa, bem tensa.

– Bom dia, Maura. – respondeu Jane ao me ver entrar no carro, mas logo voltou sua atenção para a rua.

– Bom dia, Jane.

– Eu só estou preocupada com você. Você é minha melhor amiga e eu não quero que nada aconteça com você. Dizer aquelas coisas não era minha intenção. É sério. – ela dizia, ora olhando para mim, ora para a rua.

– Está tudo bem, Jane. Eu estava magoada e tudo aquilo só me pegou de surpresa. Você sabia que tudo era muito recente. Eu surtei e não é sua culpa. Desculpe-me também. – eu disse. Não era completamente culpa dela, de qualquer maneira.

– Então... Estamos bem? – ela perguntou.

– Sim, não se preocupe. – respondi. – Não conseguiria ficar brava com você por muito tempo, para ser sincera.

– Nem eu. – ao responder, Jane abrira um sorriso de canto de boca.

– Então... Vai comentar esses círculos marrom-escuros debaixo dos seus olhos ou devo ignorar?

– Não dormi bem na noite passada. O caso está me matando.

Por um segundo pensei que Jane havia esquecido que posso dizer se uma pessoa está falando a verdade. Ou, melhor dizendo, que eu podia dizer quando ela não estava falando a verdade.

– Jane...

– O que?

– Você está mentindo. Você tremeu sua sobrancelha esquerda.

– Odeio quando você faz isso! – ela respondeu, dando-se por vencida.

– Então, o que está te incomodando?

– Não fique brava ok? – ela pediu educadamente e assenti com a cabeça. – Eu estou preocupada e esse encontro... Não sei, não estou com um bom pressentimento.

– Acho que toda aquela coisa do Dennis ficou na sua cabeça.

– Mas, Maura...

– Jane, eu vou ficar bem. – respondi antes que ela pudesse terminar a frase. – Ele é somente um professor de Bioquímica da BCU, eles checaram sua ficha. Se houvesse qualquer coisa em sua ficha policial, ele não estaria lá e nós saberíamos. Deixe isso para lá, ok? – toquei em sua mão que repousava sobre a marcha do carro numa tentativa vã de lhe transmitir calma.

– Ok. – respondeu ao sorrir para mim. Quando me dei conta, já estávamos na porta do Brew.

O lugar não estava cheio, afinal, mal eram dez horas da manhã. Dirigimo-nos para o balcão e logo fomos atendidas. Sempre, antes de irmos para o trabalho, passávamos no Brew para pegar nossos cafés. Eram raras as vezes em que fazíamos café em casa ou comprávamos no Café do Departamento. Ao recebermos nossos pedidos, voltamos para o carro para irmos para o Departamento. Havia algumas pendencias para eu resolver na autópsia do caso de Lila e quanto mais cedo eu as resolvesse, melhor seria para Jane encontrar o assassino.

– Te vejo mais tarde. – disse para Jane ao entrar no elevador para subir até a sala de autópsia.

– Ok. – respondeu antes que seu rosto pudesse sumir entre as portas do elevador que se fechavam.

Comecei a checar novamente os resultados dos testes de sangue e toxicológicos, em caso eu tivesse deixado passar algum detalhe importante. Mandei mais algumas amostras do conteúdo do estômago e dos ferimentos na parte detrás da cabeça. Em algumas horas estariam prontos e eu poderia deixar tudo organizado e com a causa da morte antes que eu fosse embora, caso Jane chegue a precisar de respostas.

O resto do dia foi tranquilo. Não havia tido nenhuma chamada de emergência ou assassinato na cidade que exigisse meus serviços. Às cinco em ponto saí da minha sala, deixando num canto da minha mesa um papel com todos os detalhes dos exames e causa da morte. Passei na porta da sala de investigação, vendo apenas Korsak ali, verificando alguns arquivos. Jane já havia ido embora, então eu ligaria para ela e pediria para me encontrar em trinta minutos em minha casa.

– Ei, Maura, Jane me pediu para que te levasse para casa. – ouvi a voz de Frost soar atrás de mim. – Ela acabou de me mandar uma mensagem, pediu desculpas e disse que precisava correr para casa para verificar alguma coisa.

– Obrigada, Frost.

– Às ordens. – ele responde e logo abre um largo sorriso. – Vamos?

Acompanhei-o até um dos carros do Departamento. Sempre que havia alguma situação como esta eles os usavam no caso de algo acontecer. Em o que pareciam ser cinco ou sete minutos, pude avistar minha casa logo à frente. Abro a porta e saio do carro, virando-me para trás para despedir-me de Frost.

– Tenha uma boa noite, Maura. Até amanhã. – disse ele.

– Obrigada pela carona, até amanhã! Boa noite. – respondo antes de lhe lançar um sorriso.

Entrei em casa e segui direto para o banheiro. Precisava tomar um banho e tirar aquele cheiro de necrotério de mim e das minhas roupas. Enquanto separava minhas roupas peguei o telefone e mandei uma mensagem para Jane, pedindo a ela que viesse o mais rápido possível.

Quinze minutos debaixo do chuveiro foram suficientes para que eu me sentisse completamente limpa e relaxada. Saí do banheiro e foi tempo suficiente para que eu me vestisse até ouvir a porta abrir. Jane tinha uma cópia das minhas chaves em caso de emergências. Ouvi o soar dos saltos das botas de Jane contra o assoalho da sala.

– Maura? – ouço uma voz rouca familiar vinda da escada.

– Estou no meu quarto, Jane. – respondo em alto e bom som e em segundos, Jane aparece na porta.

– Meu Deus, o que é aquilo? Não me diga que você começou a andar com roupas que misturam cores primárias... – Jane aponta para um moletom azul e amarelo jogado em cima de uma das poltronas do meu quarto. Abafo uma risada e, por alguns segundos, hesito em responder sua pergunta.

– É o moletom do Jack. Ele me emprestou da última vez que saímos, estava no carro e estava frio. – respondo caminhando em direção à cadeira, pegando a jaqueta e dobrando-a. Guardo-a no armário e volto minha atenção para Jane.

– Hm. – respondeu com um som nasal. – Então, me chamou...?

– Para você me ajudar a escolher uma roupa! Eu sei que você não gosta do Jack, mas, por favor? Estou em dúvida entre esses três. – apontei para três vestidos pendurados, um ao lado do outro, dentro do armário.

– As coisas que eu faço por você... – Jane revirou os olhos antes de se aproximar do meu armário. – Usa esse.

Jane escolheu um vestido preto, com detalhes em formato de borboletas rosa e verde musgo. Havia o usado somente uma ou duas vezes. Para quem só usa, no máximo, três tipos de roupa, a escolha de Jane me deixou boquiaberta.

– Agora o sapato. – pedi e abri a porta que mostrava todos os meus sapatos, organizados por cor e modelo.

– Por que você tem sete pares iguais? – perguntou, apontando para uma prateleira de sapatos pretos.

– Não são iguais. – respondo. – Esse aqui é bico fino, esse daqui é meia-pata...

– Ok, ok, entendi. Escolha qualquer um que seja preto. Não sei a diferença entre eles, de qualquer maneira. – Jane sentou-se na cama e não consegui conter a risada.

– Você é impossível.

– É, eu sei.


Em vinte minutos eu já estava pronta, dando os últimos retoques no meu batom. Jack passaria para me pegar às sete e meia. No relógio, sete horas e vinte e três. Não era nosso primeiro encontro, mas eu estava nervosa como uma adolescente dando seu primeiro beijo. Jane não tinha a melhor das expressões no rosto quando saiu do meu quarto. Quando ela ficava preocupada com algo ou até mesmo cismada, mesmo que sem motivo, Jane andava de um lado para o outro procurando coisas para fazer ou enchia suas veias de cafeína. Esse era a solução dela para tudo: café. Provavelmente ela estaria na cozinha agora, com um copo de meio litro cheio daquele líquido preto, encarando a televisão para fingir que a assistia.

Desci as escadas e a encontrei exatamente como eu imaginava. Sentada no sofá, com as pernas cruzadas e um cobertor qualquer que ela achara jogado sobre elas e um copo enorme de café em mãos.

– Jane, estou nervosa. – disse em altura suficiente para que ela pudesse me ouvir sem que eu precisasse repetir. – Tenho a impressão de que essa roupa não está boa o suficiente.

– Você está brincando, não é? Você não sabe? Você é linda, Maura. Ficaria bonita até se uma bala atravessasse seu abdômen.

– Obrigada. – respondo e abro um sorriso involuntário.

Duas buzinadas foram o suficiente para que eu soubesse que Jack havia chegado. Saio em direção à porta e Jane se levanta também.

– Tome cuidado, ok? – ela pede, quase implora, e eu apenas aceno positivamente com a cabeça.

– Tudo vai dar certo. Vai ficar aqui ou vai para casa?

– Vou para casa. Preciso terminar algumas coisas por lá.

– Então te vejo amanhã. – digo e dou-lhe um beijo na bochecha. – Obrigada.

– Não há de que. – ela responde e sorri de canto de boca. – Agora vai.

Saio pela porta e entro no carro, dando uma última olhada em Jane parada na entrada. Seu corpo escorado no batente da porta e o sorriso cínico que ela lançava para Jack quase me fazem rir, mas me contive.

– Então, aonde vamos? – pergunto.

– É uma surpresa. – ele responde e me lança seu olhar mais pesado, mais malicioso possível e dá a partida no carro, deixando-me com borboletas no estômago e nós no cérebro.


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Notas finais do capítulo

Onde vocês acham que Jack levará Maura? Surpresas nem sempre são coisas boas... ehuaheua deixem nos comentários seus palpites! Beijão e até o próximo



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