Sai da minha aula morrendo de tédio. Não havia dormido direito na última noite pensando em um plano para Ailee Yoongi sair comigo.

Estava indo para o refeitório com um dos meus colegas quando vi a corena. Ela estava sentada em uma parte do gramado do campus concentrada em um livro e com fones de ouvido.

— Eu te vejo depois. - Disse para Mark e antes que ele respondesse já estava correndo em direção a Ailee. Ela usava as mesmas roupas de sempre: Moletom e jeans surrados. Mas continuava sendo uma das garotas mais bonitas que eu já havia visto.

— Estou ocupada. - Ela disse quando me sentei ao seu lado. - O que quer, McQueen?

— Que você saia comigo. - Falei sendo direto e a garota me encarou sem expressão. - Por favor?

Ailee fechou o seu livro e tirou os fones dando um suspiro.

— Okay. Eu saio com você. Mas se depois disso eu falar que não quero ter nada com você vai ter que aceitar e parar de me encher o saco. Combinado?

— Combinado. - Lhe dei um beijo na bochecha e me levantei em um pulo. - Te mando uma mensagem depois.

Sai correndo para o refeitório sorrindo igual a um idiota.

— Eu tenho um encontro.

Karma e Grace pararam de comer e me encararam.

— Por que está na nossa mesa? - Grace perguntou. - Te conhecemos?

Revirei os olhos.

— O assunto é sério. Ailee aceitou sair comigo. - Arregalei os olhos. - Baisée! Eu tenho um encontro com a Ailee! Acho que vou ter um ataque do coração. Eu já posso ver uma luz. Vovó? É você?

— Drama realmente está nos genes da família. - Simon murmurou.

— Como se você fosse para o céu. - Karma resmungou. - Estou alucinando ou você quer a minha ajuda e de Grace?

Suspirei passando o mão pelo meu cabelo.

— Sim, eu quero. Vocês são minhas irmãs. Irmãos se ajudam nessas situações.

— Irmãos não cortam o cabelo da irmã gêmea enquanto ela dorme. - Karma exclamou me olhando cética. Era o mesmo olhar que papai vivia fazendo.

— Isso foi há muito tempo.

— Foi no ano passado, Aaron. - Karma fez cara de choro pegando no cabelo ruivo que estava liso hoje. - Meu cabelo estava tão grande.

— Se me ajudarem eu prometo ser o irmão mais legal de todos pelo resto da vida.

— Onde vai levar ela? - Grace perguntou e dei de ombros.

— Restaurante?

As duas garotas negaram com a cabeça.

— Ailee não gosta de restaurantes chiques em primeiros encontros. - Karma falou e Grace concordou. Perguntei como elas sabiam disso. - Ela vai em casa quando você não está e almoça com a gente as vezes. Você sabia que ela fala coreano fluentemente e que nasceu em Busan? Ela é tão legal.

— Uma cafeteria? - Perguntei arqueando uma sobrancelha e tentando ignorar o fato de que a garota de quem eu gostava saia com minha irmãs sem eu saber e era até amiga delas.

— Talvez. - Grace pareceu pensar batendo as longas unhas pintadas de preto na mesa. - Acho que tem uma perto do Central Park que ela estava afim de ir.

— Eu fui com ela ontem. - Karma falou negando com a cabeça. - Por que não vão em Coney Island? Toda garota quer que um garoto a leve para andar de roda gigante e ganhe um urso gigante para ela.

— E você pode dar o casaco para ela quando ficar de noite e ela sentir frio. - Grace disse e Karma concordou. As duas suspiraram imaginando a cena e sorriram bobas.

— Vocês são estranhas. - Murmurei. - Mas obrigado pela ajuda.

...

— Já vai ir buscar a Ailee? - Karma perguntou entrando no meu quarto.

Ela usava a mesma camiseta preta enorme de sempre e seu cabelo estava muito bagunçado. Devia ter acabado de acordar de um cochilo.

— Como estou? - Perguntei apontando para minha roupa.

Karma negou com a cabeça e foi até o meu closet. Pegou uma camisa xadrez de azul e branco e uma camiseta branca lisa de manga curta.

— Essa camisa social está muito séria. É um primeiro encontro e não uma das reuniões do papai. Tire essa e coloque essas aqui com a jaqueta de couro por cima. Ailee vai gostar. Troque os sapatos por tênis no estilo jogador de basquete. - Ela veio até mim e ficou nas pontas dos pés e mexeu no meu cabelo. - Bem melhor. Eu falei para mamãe não te ligar por que você vai estar ocupado "estudando" então não se preocupe em nossa mãe ligando e estragando o clima.

— Obrigado. - Agradeci e Queen deu de ombros sorrindo de lado.

— Irmão gêmeos fazem esse tipo de coisa um pelo o outro. - Ela franziu a testa. - Eu acho. Vou pedir um taxi pra você.

Troquei de roupa e sapatos depois peguei minhas chaves, carteira e celular.

— Boa sorte, Pestinha! - Gritaram minhas irmãs quando passei por elas quando sai do apartamento. Enquanto o elevador ia para o Térreo mandei uma mensagem para Ailee falando que já estava saindo de casa.

O táxi já me esperava na frente do nosso prédio e entrei nele já falando o endereço de Ailee para o motorista. Em vinte minutos estávamos no Brooklyn.

— Eu já volto. Pode deixar o taxímetro ligado.

Sai do táxi e entrei no prédio pequeno e antigo onde Ailee morava. O porteiro já me conhecia e acenou para mim enquanto a porta do elevador se fechava com um barulho irritante.

— Eu achei que fossemos jantar. - Ailee disse assim que abriu a porta. Meu coração bateu um tanto rápido de mais quando vi a garota que pela primeira vez desde que nos conhecíamos não estava usando um moletom. Ela usava um top preto justo e um tanto decotado, short verde militar e coturnos. Antes que eu pudesse falar alguma coisa Ailee pegou um chapéu preto com a aba redonda e uma bolsa pequena em algum lugar perto da porta de seu apartamento e fechou a porta a trancando e depois me puxou para o elevador. - Pelo menos não vou ter que usar saltos e um vestido.

— Você está bonita mesmo sem saltos e um vestido. - Falei e Ailee me encarou. - Apenas comentando.

— Bom encontro, Srta. Yoongi. - O porteiro disse quando passamos por ele e Ailee pareceu corar um pouco. - Cuide bem dela, rapaz.

Dei risada e abri a porta do táxi para Ailee que entrou no mesmo sem falar nada.

— Coney Island. - Falei para o motorista que concordou.

Ailee sorriu sarcástica.

— Vai me levar para comer algodão doce e andar de roda gigante? E depois ganhar um urso gigante pra mim? - Dei de ombros sorrindo de lado. - Talvez eu ganhe um urso para você. Sabemos que você não é o rei dos jogos.

Dei risada, mas não podia discordar. Fomos o caminho conversando sobre as coisas da faculdade.

— Eu posso pagar pelo meu ingresso. - Ailee disse quando estávamos na bilheteria e revirei os olhos.

— Você vive falando que sou um riquinho metido. Deixe eu ser um bom filho e gastar a mesada que meu pai me dá. - Paguei pelos ingressos e entramos no parque. Por ser uma sexta-feira tinha um número considerável de pessoas pelo parque, mas não estava lotado. - O que quer fazer primeiro?

Ailee franziu a testa e ficando nas pontas dos pés girou olhando para todo o parque e então apontou para uma barraquinha de algodão doce. Arqueei uma sobrancelha para a garota que deu de ombros.

— O que? Eu gosto de algodão doce. Vamos, Riquinho. Depois vamos no Bate-Bate.

...

Já era de noite e eu e Ailee nem tínhamos andado em todos os brinquedos que queríamos.

— Você é bem legal quando quer. - A garota disse sorrindo de lado e dei de ombros. - Por que é tão malvado com Karma e Grace?

— Karma sempre foi a favorita de nossos pais. Aprendendo a ler antes de todos e ganhando todo tipo de concurso nerd mirim. Eu queria chamar atenção então era malvado com minha irmã. - Suspirei. - Então nossos pais se separaram e mesmo com minha irmã morando em outro país com nossa mãe, papai ainda a idolatrava. Depois de um tempo papai se casou com Tiffany, a mãe de Grace, e Grace se tornou a nova Karma praticamente. Um Karma que morava com a gente e se dava super bem com a Karma original. Mesmo que eu faça de tudo para aprender as coisas da empresa para poder liderar ela enquanto Karma só pensa em livros, nosso pai ainda prefere ela. Acho que só sou malvado para que meus pais olhem para mim.

Ailee olhava para mim e senti minhas bochechas ficarem quentes. Limpei a garganta desviando o olhar do da coreana.

— Que tal tentarmos aquele urso gigante agora? - Perguntei mudando de assunto e Ailee concordou.

Fomos até uma das barracas de jogos e escolhemos uma de tiro.

— Cinco dólares. Três tiros. Derrube a pilha de pinos e escolha um prêmio. - O homem com cara de tédio disse e concordei tirando uma nota de dez da carteira e entregando para ele.

— Vamos ver quem ganha. - Disse entregando três das seis bolas de beisebol para Ailee que sorriu malvada.

— Pode ir vendo qual ursinho é mais a sua cara, Ruivinho. - Ela falou ajeitando o chapéu. - Pode ir primeiro.

Concordei e testei o peso da bola na minha mão. Eu jogava hóquei de gelo e basquete, mas nunca fui muito bom em beisebol.

Errei as três tentativas e Ailee riu de mim ao acertar na primeira.

— Canadenses. Sempre tentando ser iguais aos americanos. - Provocou. Revirei os olhos.

— Você é coreana. Pelo menos nasci nos Estados Unidos. Sou mais americano que você.

— Escolha seu prêmio. - O homem disse para Ailee e ela olhou para mim e apontou para os vários prêmios arqueando as sobrancelhas.

— Eu quero o panda. - Falei e ela deu risada. - Roda gigante agora, Miss America.

Fomos andando de mãos dadas até a fila da roda gigante comigo segurando um panda que era maior do que Ailee com o braço livre.

— Admito. É bonito daqui de cima. - Ailee disse quando o brinquedo parou no alto. Sorri de lado vendo as luzes refletidas em seus olhos escuros e seu sorriso bobo. Um vento forte balançou a cabine um pouco e Ailee arregalou os olhos segurando no meu braço com força.

— Calma. Não vamos cair. - Falei colocando minha mão sobre a de Ailee e me sentando mais perto da garota que relaxou um pouco. - Você está gelada. Toma.

Tirei minha jaqueta de couro e coloquei sobre os ombros da coreana que agradeceu.

— Você não vai sentir frio? - Ailee perguntou. A jaqueta ficava enorme nela que era tão pequena quanto minha irmã.

— Como você disse sou praticamente canadense. Vou ficar bem. - Levei as mãos até a gola da jaqueta a arrumando para Ailee. Ao terminar fiz um carinho em sua bochecha que depois se tornou um tanto rosada. - Seria uma ideia ruim te beijar agora?

Ailee negou levemente com a cabeça me olhando nos olhos e me aproximei mais com minha mão na sua nuca.

Seus lábios eram macios e tinham gosto de cereja e algodão doce e seus braços rodearam meu pescoço nos aproximando mais. Puxei Ailee para o meu colo e suas mãos foram para dentro da minha camiseta me arranhando e beijei e mordi seu pescoço. O brinquedo voltou a funcionar e Ailee mordeu meu lábio inferior com força ao se assustar.

Ela voltou a se sentar ao meu lado com nós dois um tanto ofegantes.

— Isso foi intenso. - Ailee disse recuperando o fôlego e pegando seu chapéu que havia caído no chão.

— Sim. - Concordei respirando fundo e sorrindo.

Nossa cabine chegou ao chão e saímos dela em silêncio comigo carregando o panda e Ailee ainda usando minha jaqueta.

Tirei meu celular do bolso da calça jeans e olhei as horas.

— Está ficando tarde. Acho melhor te levar pra casa. - Ailee concordou com a cabeça e fomos andando de mãos dadas até a saída.

...

— Que tal almoçarmos juntos segunda? - Perguntei para Ailee quando ela procurava por suas chaves em sua bolsa.

— Eu adoraria. - A garota sorriu de lado encaixando a chave na fechadura e me olhando. - Cuide bem do panda.

Lembrei do panda gigante que estava no porta malas do táxi que me esperava em frente ao prédio e dei risada.

— Pode deixar. - Me aproximei de Ailee sorrindo malicioso e me abaixei a beijando suavemente nos lábios. Ailee abraçou meu pescoço e tirei do chão a deixando da minha altura. Suas mãos foram para o meu cabelo o puxando com força. - Acho melhor eu ir embora. Te vejo segunda.

— Até segunda, Ruivo.