— Caleb, acabou. — As palavras perfuraram um buraco em seu coração e quando ela se virou para ir ao seu quarto, o rapaz fez a única coisa que ele poderia pensar. Caleb estendeu a mão e agarrou-a firmemente pelo pulso, puxando-a de volta para ele. Antes de Hanna ter a chance de reagir, sua outra mão pairou em seu pescoço e ele se inclinou para beijá-la.

Hanna ergueu a mão livre em seu peito e foi com a intenção de afastá-lo quando seu cérebro registrou o fato de que Caleb estava beijando-a do jeito que ela sempre queria que ele fizesse. E antes que soubesse o que estava fazendo, sua mão agarrava sua camisa e ela estava beijando-o de volta, apaixonadamente.

Caleb sabia que seria fácil perder-se no beijo; na verdade, ele já estava lutando para manter o controle, e, embora ele não quisesse nada mais do que ficar lá com ela durante todo o dia, ele sabia que tinha de obter o seu ponto de vista antes de perceber o que estava acontecendo. Ele relutantemente se afastou, abrindo os olhos para encontrá-la olhando para ele em choque.

Ambos abriram a boca para falar, mas nada saiu. Caleb recuperou sua voz em primeiro lugar e começou a falar. — Diga que o que acabamos de fazer... —, disse ele, soltando a mão de seu pescoço e arrastando para baixo o braço para tomar a outra. — Me olhe nos olhos e diga que não significou nada para você, e nós terminaremos aqui, eu irei embora, e nunca mais ouvirá sobre mim. — A idéia era de partir o coração, mas sabia que tinha de ser dito.

— Caleb, eu ... — ela começou, os olhos à deriva para baixo a olhar para seus pés.

— Hanna. — Ele interrompeu. — Olhe para mim e diga. Se você realmente quer isso, eu preciso saber.—

— Eu ... — Ela parou de novo, incapaz de formar uma frase completa. Droga, a cabeça estava girando tão rápido que ela não poderia mesmo colocar duas palavras juntas agora.

— Hanna. — ele começou de novo, pegando sua mão esquerda e colocando-a em seu peito, acima do seu coração batendo. —Sente isso? — Perguntou. — Isso é o que você faz comigo. Diga que você não sente o mesmo.—

Ela voltou seu olhar para ele e viu a angústia em seus olhos. — Eu ... não posso — Disse gaguejando. E era verdade. Ela não podia honestamente dizer-lhe que não sentia, porque a verdade era que seu coração estava acelerado demais e seus lábios, formigando, a sua pele, onde a mão dele tinha estado, estava em chamas. Era uma coisa que ela nunca tinha sentido em um beijo antes, e ela sabia que não poderia esconder dele por mais tempo.

— Eu sei. — Disse ele, sem rodeios. — Porque eu não acho que você realmente quer me deixar. Para mim, você está chateada ou irritada com alguma coisa que não quer me contar.—

— Caleb, não tem nada disso! — Exclamou, parecendo finalmente encontrar sua voz ... e sua teimosia. Mesmo sabendo que escondia algo dele. —Eu apenas cansei. Cansei dessa rotina, cansei de ser sempre lembrada como 'a namorada do Caleb'. Eu cansei.—

— Não, Hanna, você está fugindo de algo, eu te conheço.—

— Eu preciso seguir sozinha — Disse, levantando a voz. — É a minha vida, e eu não te quero mais nela.—

Ele ficou calado.

— Caleb.—

— Não, Hanna, você não precisa. — Disse. — Apenas me diga, por que isso agora?—

— Porque eu cheguei a um momento em que tenho que realizar escolhas, e isso quer dizer deixar você para trás.— A loira disse, se controlando para não chorar.

— Hanna, pensa no que você está fazendo! — Exclamou, quando uma lágrima caiu.

— Você vai superar, eu sei que vai, assim como você sempre faz— Ela respondeu com confiança.

Caleb, que ainda estava segurando as mãos dela neste momento, deixou-as cair brutamente e agarrou os ombros dela com firmeza, forçando-a a olhar para ele. — Não, Hanna, eu não farei isso — Falou. — Eu nunca irei superar. Nunca.—

Ela olhou para ele, chocada pelo modo que a segurava, com tanta força, mas também com a implicação de suas palavras. — Eu ... — Começou. Droga, ela pensou. — Caleb, eu não posso lidar com isso agora. Eu não posso lidar com o nosso relacionamento confuso quando estou tão perto de ir cursar moda em outro país.—

— O quê? —, uma dúvida pairou sobre sua cabeça. Outro país? Ela iria embora? — É assim que você pretendia fazer? Ir embora sem me contar nada?—

Ele assumiu que ela iria reagir mal as suas palavras, e ele estava certo. — A verdade, Caleb... — Ela cuspiu. — É que eu não podia te colocar no meio... Eu sabia que se pensasse em você, acabaria perdendo a chance da minha vida.—

— Negativo, Hanna... — Ele disse com firmeza. — A verdade é que você só sabe pensar em como as coisas vão ficar para você, ao ponto de passar por cima de uma pessoa que te ama e não pode imaginar a sua vida sem você. — Mal ele sabia, que ela era a pessoa mais destruída ali.

O silêncio era ensurdecedor. Caleb ficou tão surpreso consigo mesmo por finalmente admitir-se que ele não poderia mesmo encontrar as palavras para atenuar o choque. A mente de Hanna estava correndo, tentando processar as suas palavras, e ela estava começando a surtar, então ela fez a única coisa que podia pensar. — Vá embora, Caleb — Disse ela. Isto foi mais do que ela poderia lidar agora e ela sabia que se ele ficasse por mais tempo, ela ia ou socá-lo ou acabar na cama com ele; e ela não podia lidar com as consequências de um desses cursos de ação agora.

— Absolutamente não — Disse, seus pés ainda firmemente plantados no lugar.

— Caleb, vá. — Disse, firme. — Eu preciso que você vá, por favor.—
Depois de um longo concurso para ver quem encarava por mais tempo, em que ambos pareciam estar trabalhando no aperfeiçoamento de seus olhares, Caleb desmoronou pela primeira vez. — Tudo bem, eu vou. — Admitiu ele, percebendo que Hanna não ia desistir, e que se ficasse, ele só iria piorar as coisas. — Mas, antes, me responda só mais uma pergunta. — Ele continuou, sem dar a ela uma chance de protestar. — Por que você realmente precisa que eu vá embora?—

Mais uma vez, houve um longo silêncio, enquanto Hanna tentava decidir o que dizer. Ela poderia mentir, mas no momento,não conseguia pensar em mais nada para dizer, então foi obrigada a lhe dizer a verdade. —Porque eu sei que, por mim, você desistiria de sua vida, de seus sonhos, e eu não quero isso, só quero o seu bem, porque... — Ela respondeu suavemente, parando para pensar um segundo. — Você significa muito para mim—

— Hanna ...—

— Não, Caleb — Falou. A viagem em menos de uma semana e aquela situação estavam fazendo-a enlouquecer. — Eu não posso continuar com isso, com esse relacionamento, nós paramos cinco anos no tempo, precisamos seguir em frente.—

— Se você não voltar, não teremos uma chance de... — Disse, Caleb. Ele se encolheu quando as palavras saíram de sua boca, mas ela precisava ouvi-las.

— Por que você está tão insistente que não voltarei? — Perguntou, irritada.

— Porque todos os outros que um dia foram embora prometendo voltar, nunca mais voltaram! — Exclamou. — E eu não quero que você seja mais uma a fazer isso...—

— Vá, Caleb. — Disse, ignorando o fato de que ele provavelmente estava certo. Desta vez, ela se afastou antes que ele tivesse a chance de pegá-la.
Pela última vez, olhou para a dona dos olhos azuis que iluminaram sua vida por tanto tempo, e uma lágrima desceu. Outras quinhentas desceram. Uma pontada de dor atravessou seu coração e ele foi embora, como ela havia pedido.