Dear Caleb,

A batida da meia noite, o relógio acabou de anunciar e eu ainda estou sentada com a caneta em mãos pensando nas melhores palavras a serem ditas, mas nada desde que você se foi soa tão correto, a garoa fina e gelada cai lá fora e a corrente de inconformação percorre todo o meu corpo. Eu gostaria de poder voltar ao tempo e que você tivesse me ouvido. Eu nunca tive o hábito de escrever cartas, não tinha o hábito de me corroer por conta de um sentimento, não tinha o hábito de me manter acordada todas as noites aguardando sua volta, não tinha o hábito de viver sem você.
As perguntas frequentes da minha vida ainda me rondam, a ideia de que tudo não passou de um sonho ainda se mantém em mim, já que todas as fotos, você levou junto a si. Como poderei afirmar de que tudo foi real?
Desculpe, acho que cochilei ou o ponteiro do relógio andou rápido demais. Por que será que eu me sinto tão estúpida escrevendo isso? Por que será que o pensamento de que você também estivesse deletreando palavras em uma carta pra mim me assombra? Por que será que você não está mais aqui? Por que será que pensar que você sente tanta falta de mim como eu sinto de ti parece tão banal? Há tantos caminhos de ida com nenhum sem volta, há tantos caminhos e nenhum me traz você, eu sei que você ainda me questionou três vezes com a mesma frase "Você tem certeza disso?" E eu burra e orgulhosa, só concordei. Eu sei que não devia estar tão arrependida já que esta confirmação me pareceu tão certa no momento, eu só queria que você pensasse um pouco, pena que esse seu pensamento está durando demais.
De tudo o que eu já fiz na vida o meu maior arrependimento é não estar ao seu lado. De vez em quando eu me lembro dos nossos encontros, nós éramos dois bobos apaixonados, correndo e gargalhando por toda a cidade, fazendo planos sobre uma revolução ou simplesmente questionando de como a cidade deserta fica bonita e mais adepta a nós. Será que você se lembraria da nossa música? Nós a dançamos naquele bar xulo da esquina do corte oito, seus cabelos suados colavam em minha testa e eu me lembro de tentar afastá-los, mas então você me beijou.
Você deve perceber o quão o papel está amassado, e eu quero lhe pedir perdão, já que o passado me assombrou e eu amassei toda a folha a jogando para bem, mas as lágrimas que insistiam em cair me fizeram a pegar de volta e a continuar a escrever, aliás agora o sentido da carta chegar a você realmente é necessário. Você tem que saber que eu sinto muito por todas as palavras cortantes ditas a ti há dois meses atrás, tem que saber que eu tentei superar tudo mas eu sou fraca e não consegui nem sair do zero, quando a proposta era prosseguir. Não pense que eu estou jogada no sofá em meio a lágrimas a toa escrevendo uma carta chata que talvez você apenas a jogue no fundo do armário, saiba que eu preciso de você aqui, eu preciso do seu carinho e do seu amor, eu sei que você aparenta ter superado já que se encontra com um outro alguém, eu sei que não se importa, mas eu ainda não superei e eu dependia disso para tentar superar.
Eu sei que você pode ter raiva, desafeto ou qualquer outra palavra constrangedora ao meu favor, mas eu só queria pedir um último favor, se você estiver lendo, ouça a nossa música mesmo que pela última vez. All Of Me, do John Legend, caso não se lembre. Escute-a pensando em mim, em tudo que eu signifiquei pra ti, de todos os momentos em que eu te fiz passar. E não desista de mim, eu sei que errei, fui tosca, idiota...Mesmo que essa carta não mude seus pensamentos, saiba que eu te amo e que mesmo que nada volte ao normal eu não desisti de ti, pedir mais uma chance pode parecer banal, mas estar sentada na mesma posição por três horas pensando nas melhores palavras também é.
Nunca se esqueça de que vamos aprender a pôr o passado para trás, e deixar o amor entrar pela porta e nos encontrar. Mantenha seu coração aberto e eu posso consertar o que está errado. Fique por perto, talvez eu possa ser uma eu melhor. E feliz dia dos namorados, com ou sem mim, eu te quero feliz.

Com Amor,
Hanna.