Querida Sofia,

Que saudades de você! Na verdade todos nós estamos. Como vão as coisas por aí? Estudando muito? Aqui está tudo na mais perfeita paz, exceto pelos almoços de domingo, que ficaram bem mais calmos depois que você se foi.

Mandei essa carta para avisar que você só tem aula até o dia 18, fim do curso de intercâmbio. Avisa as meninas que vocês voltam no dia 19 de manhã. Já está tudo certo com a escola e as passagens estão no envelope, vocês não precisam se preocupar com nada.

Não vejo a hora de você chegar.

Cuide-se.

Beijos e Abraços,

Mamãe e Papai.

PS: As mães das meninas também estão morrendo de saudades, manda um beijo pra elas.

– Quer dizer que vamos embora também? – perguntou Luciano.

– Acho que sim, vocês vieram meio que junto com a gente. – Alice comentou.

– Mas, dia 18 é hoje! A gente vai amanhã?! – indagou Helena.

– Parece que sim. – respondi enquanto relia a carta pra confirmar.

– Não quero ir, não agora... – Helena choramingou.

– A gente precisa Lena, a não ser que você tenha algum dinheiro que banque pelo menos mais um mês. – falei.

– Vocês não podem ir assim! – exclamou Candace. – Vocês fazem parte da nossa família agora.

Ela envolveu todos em um abraço de urso.

Olhei em volta, a turma toda junta. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Eu com certeza tinha os melhores amigos do mundo. Desmanchamos o abraço, Alice Helena e eu fomos arrumar nossas malas.

Depois de deixar tudo pronto saí para dar uma volta, sentiria falta daquele lugar... Enquanto andava lembranças invadiram minha cabeça, tantos momentos bons... E no meio dessas andanças acabei parando no terraço e na beira dele avistei Heitor, fui até seu lado e junto dele olhei o sol se pondo.

– Você tem mesmo que ir? – ele perguntou virando para mim.

– Infelizmente sim. – respondi e colocando uma mão em seu rosto –Foram os 3 melhores meses da minha vida.

– Vou sentir sua falta. – Heitor falou me abraçando.

– Eu também. – respondi com o rosto enterrado em seus braços.

A vantagem de ser baixinha e namorar um cara maior que você é essa: você se sente protegida com um simples abraço. Lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto involuntariamente molhando a blusa de Heitor que ao senti-las afastou meu rosto e passou a mão delicadamente limpando-as.

– Não chore, por favor! – pediu.

– Por que essas coisas só acontecem comigo?! Justo quando as coisas começam a dar certo eu tenho que ir embora!

– Hey! Você não vai se livrar de mim tão fácil. Aqui, pra você lembrar de mim. – ele disse e me entregou uma caixinha.

Olhei para o pequeno objeto na minha mão e dentro dele retirei uma pulseira com uma plaquinha onde dizia: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”

– Já disse que te amo? – perguntei

– Hoje não. – respondeu com um sorriso.

– Eu te amo senhor Heitor Vielmonte.

– Eu te amo senhorita Sofia Clark. – ele disse e me beijou.

– Você vai no aeroporto comigo amanhã? – perguntei.

– Pode apostar que sim. – ele respondeu.

Passamos mais alguns minutos ali e depois fomos dormir.

♥

– Não estamos esquecendo de nada? – perguntou Alice.

– Já conferi e não, está tudo ok. – respondi.

– Alguém pode me ajudar, por favor? – Helena pediu enquanto arrastava a mala pelo corredor.

Deixamos as nossas malas na secretaria e fomos até ela.

– Nossa que peso! Que você colocou aqui dentro Helena? – perguntei tentando puxar a mala.

– Ué, minhas roupas, sapatos e maquiagem. – respondeu Helena.

– Você trouxe a casa inteira pelo jeito, puta merda precisamos de um guincho pra isso aqui. – reclamou Alice tentando empurrar a mala.

– Credo gente, por que vocês estão demorando tanto? – perguntou Luciano que acabara de chegar com os meninos.

– Ainda bem que você tá aqui, pode levar. – falei entregando a mala de Helena pra ele.

– Por que eu?

– Porque você é o namorado. – respondeu Alice.

Ele abriu e fechou a boca várias vezes até que desistiu pegou a bendita mala e foi até a secretária.

– Achei que não iam mais. – falou Pedro.

– Culpe essa daqui que quis trazer a casa na mala. – disse Alice apontando para Helena.

– Alguém já chamou o táxi? – perguntei

– Aham e ele chega daqui uns cinco minutos. – respondeu Henrique.

Dito e feito, o carro apareceu depois de cinco minutos. Colocamos as malas no porta-malas e entramos, ainda bem que o carro era espaçoso.

Chegamos no aeroporto por volta das 7h. Fizemos o check-in e fomos tomar café.

– Calma amiga, ele vem. – disse Helena tentando me acalmar. Assenti e voltei a tomar meu chocolate quente.

Depois de três horas sentada uma voz soou pelos altos falantes:

“Passageiros do voo 307512 com destino a São Paulo, Brasil, favor dirigir ao portão G-11”

– Essa é nossa deixa. – falou Henrique levantando-se.

– ESPEREM!!!!!!

Virei-me para ver quem era e encontrei um bando de loucos ~mais conhecido como amigos~ correndo em nossa direção. Fomos engolidos por um abraço de urso.

– Acharam que iam embora sem falar tchau? – perguntou Lorena enquanto se recompunha.

– Pra falar verdade sim... – falou Alice –Onde vocês estavam?

– Desculpa, meio que fugimos da escola... – explicou Daniel.

– Desculpas aceitas agora venham cá. – chamei para outro abraço. – Vou sentir falta de vocês.

– Relaxa loirinha, whatsapp existe pra quê? – falou Frederico.

– Frederico, seu jacu! Pode tratar de me chamar no whats. Lorena pelo amor de Deus não deixa que ele se meta em encrenca. – falei enquanto abraçava os dois. – Ah não, pera, deixa esse papel pro Rafa e pra Melissa eles são os mais responsáveis aqui.

– Hey! – exclamaram Fred e Lorena.

– Não se esquece das minhas dicas de moda. – Candace disse me abraçando.

– Pode deixar que toda vez que eu for sair eu mando uma foto pra você aprovar ou não meu look.

Terminei de abraçar o resto do pessoal faltava apenas uma pessoa.

– Promete que vai manter contato? – pedi

– Se for preciso eu mando telegrama ou até mesmo sinal fumaça. – ele respondeu.

“Última chamada do voo 307512 com destino a São Paulo, Brasil, embarque imediato no portão G-11”

– Tenho que ir. – avisei e ele baixou a cabeça. – Hey, isso não é um “adeus” só um “até breve”.

Olhei em seus olhos, ah aqueles olhos verdes hipnotizantes que deixaram marca na minha memória. Entrelaçamos nossas mãos e ao poucos fomos nos aproximando até que senti seus lábios nos meus para um último beijo.

–Até mais baixinha.

– Até mais grandão.