Chasing a Starlight escrita por ladywriterx


Capítulo 9
Graduation Day




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/638437/chapter/9

 

Capítulo 9 -

Graduation Day

O verão se aproximava, o que queria dizer que sua formatura se aproximava. Helena suspirou e encarou a praça em frente ao seu apartamento. Tinha mais duas provas finais, apenas, e então estaria aprovada para a sua residência. Seu coração batia até mais forte só em pensar naquilo. E tinha o baile de formatura. Seus pais estavam vindo, seus avós também, e Loki ainda não tinha dado a resposta se talvez, por um acaso do destino, ele estaria livre no dia que ela mais precisava dele.

Não o culparia, claro, se ele não pudesse comparecer. Cada vez mais, Loki estava ocupado com assuntos de Asgard. Naquela semana, tinha algum outro reino para ir, e estava tão preocupada. Não tinha notícias dele já fazia cinco dias. Apertou o pingente do colar, como se aquilo fosse o materializar na sua frente, e mordeu o lábio inferior. Frigga tinha estado em sua casa um dia antes, tentado a acalmar um pouco, mesmo que ela também estivesse preocupada com seu filho, que não costumava a demorar tanto assim em assuntos reais.

—Loki sabe se virar, Sigyn. — A jovem encarou Frigga com um olhar ainda meio perdido.

—Eu sei, Frigga. Mas estou preocupada. Toda vez que ele sai para alguma dessas missões para Odin, ele volta machucado de alguma forma, e dessa vez está demorando tanto. — Apertou a mão, estralando os dedos num tique nervoso.

—Loki me contou que você se forma mês que vem. — Dessa vez, focou os olhos nela, entendendo a mudança repentina de assunto. Nenhuma das duas queria ficar a tarde inteira com o coração na mão.

—Sim. — Sorriu e colocou uma mecha de cabelo que caia nos olhos atrás da orelha, envergonhada. — Se eu passar nos meus exames finais.

—Você é inteligente, tenho certeza que consegue. — Suas bochechas coraram e deu risada. — Loki já disse se estará na cerimônia?

—Não. Parece que Odin anda exigindo demais dele nesses dias. — Rolou os olhos.

—Temos dois filhos, Sigyn, e os dois precisam ser igualmente treinados para um dia eventualmente assumir o trono.

—Eu sei. — Suspirou, soltando o corpo na poltrona. — Mas parece que Odin faz de propósito. — A deusa riu, negando com a cabeça com a teimosia da moça a sua frente. Com certeza, perfeita para Loki.

—Pode acreditar, se fosse proposital, tudo seria bem pior. — Helena franziu o cenho, ainda digerindo as palavras de Frigga. Loki ainda tinha a chance de ser rei, mesmo não sendo o primogênito. Seu estômago deu um nó estranho.

—Odin realmente está pensando em colocar Loki no trono? — Perguntou, baixinho.

—Não fique se torturando com isso, Sigyn, por favor. Vamos arranjar um jeito antes mesmo de isso acontecer, certo?

Frigga não podia falar que o trono preparado para Loki era o de Jotunheim e, mesmo assim, não a envolvia. Aquilo partiu seu coração: ver os olhos castanhos de sua nora tão desesperançosos. Helena assentiu com a cabeça e desviou o olhar, encarando a janela, tentando ver qualquer sinal que Loki estava vindo, que ele estava bem. A deusa suspirou e levantou da poltrona que estava sentada, deu a volta na mesinha de centro que separava o sofá do lugar onde estava antes, e sentou-se ao lado dela. Puxou-a para um abraço carinhoso, que também precisava, já que tinha as mesmas preocupações que Helena. Sentia tanto medo quanto ela. A jovem deixou se abraçar, ainda encarando a janela, o coração na mão, a rainha de Asgard fazendo um carinho gostoso nos seus cabelos, tentando acalmá-la de todos os seus medos.

—Loki, pelo amor dos deuses, dê notícia. — Suspirou, tirando os olhos da janela e saindo do seu transe, voltou a encarar o livro a sua frente.

—Loki já devia ter voltado. — Frigga comentou ao entrar na sala do trono e perceber que seu marido estava sozinho. — Estou preocupada.

—Não fique. Ele deve voltar logo. — Odin acenou com a mão, sem nem ao menos olhar Frigga.

—Odin, é sério. Jotunheim é um reino perigoso, e você o mandou sozinho. — O rei a encarou, as sobrancelhas erguidas, desafiando-a.

—Loki deve aprender a lidar com os gigantes de gelo, e logo. — Frigga soltou o ar. Não adiantava mais falar o quanto achava todo aquele plano loucura, e como não faria bem para seu filho toda aquela armação criada por Odin.

Não gostava nem de pensar nas consequências para Sigyn e para o namoro dos dois. Ela já tinha feito tão bem ao seu filho. Podia vê-lo sorrindo no castelo, até mesmo aguentava por mais tempo as perturbações de Thor. Sabia que os dois filhos se amavam, mas também sabia que os dois eram diferentes demais para que Loki aguentasse ficar no mesmo cômodo que Thor por mais de meia hora. Seu coração batia nervosamente no peito já fazia uns três dias, esperando Loki retornar, ou dar qualquer notícia, e sabia que na Terra, Sigyn estava igualmente preocupada.

—Qualquer notícia, por favor, me avise, estarei nos meus cômodos. — Odin assentiu. Frigga sabia que não podia ficar muito tempo na sala do trono, seu marido provavelmente tinha muitos problemas para resolver, e ela estava apenas atrapalhando.

—Peço para um guarda te chamar, caso aconteça alguma coisa. — Acenou com a cabeça, num agradecimento. Ele se esticou um pouco e depositou um beijo delicado em sua testa. — Acalme-se, mulher. — Antes que pudesse se virar para sair, a porta da sala do trono abriu-se. O guarda, respeitosamente, curvou-se numa reverência respeitosa para os dois, antes de falar alguma coisa.

—Príncipe Loki retornou, e está na enfermeira, majestades — Frigga segurou uma expressão surpresa. Não esperou que Odin falasse algo, ou que o guarda desse mais alguma informação para ele, precisava ver seu filho.

Se ela pudesse escolher, escolheria não mandar nenhum dos seus filhos nessas missões perigosas que Odin inventava. Eles ficariam no castelo, Loki agora com a namorada que estava fazendo tão bem para ele. Ouvia os passos do guarda atrás de si e desejou apenas alguns minutinhos a sós com seu filho, para que pudesse apertá-lo forte contra si, perguntar se estava tudo bem, se precisava de alguma coisa, falar de Helena, que estava no apartamento dela cada vez mais preocupada.

A ala hospitalar do palácio era um grande cômodo circular, separado em cômodos menores, cheia de curandeiras que viraram o rosto para encontrá-la. Abriram espaço automaticamente para a rainha passar até o quarto onde o príncipe estava, deitado em uma maca, várias pessoas em volta, preocupadas. O rosto de Loki ainda estava sujo de sangue de um corte bem feio no supercílio. Estava sem a parte de cima da armadura, evidenciando mais alguns ferimentos no peito e no abdome, que fez seu coração apertar só de pensar em algo pior. Sabia que Loki era forte – infelizmente já o tinha visto muitas vezes daquele jeito – então só apertou as mãos na frente do corpo e ficou no canto do quarto, esperando ser liberada para poder abraçar o filho.

—Majestade. — A chefe das curandeiras parou ao seu lado, cumprimentando-a com uma leve reverência. Não tirou os olhos de Loki, mas virou a cabeça pra ela, mostrando que estava prestando atenção. — Príncipe Loki está estável, estamos apenas fechando superficialmente os ferimentos para que ele fique mais confortável.

—Ótimo. Ele pode sair quando?

—Uns dois dias. — Conhecia seu filho e sabia que ele escaparia assim que acordasse, assentiu com a cabeça e sorriu. A sala ficou vazia em poucos minutos, apenas com a rainha e Loki com uma aparência muito melhor. Frigga saiu do transe quando percebeu que ele tentava se levantar, gemendo de dor. - Nem tente. — A passos rápidos, colocou-se ao lado da cama dele.

—Mãe?

—Está bem?

—Ótimo. - Resmungou, com a voz fraca. — Pronto para outra.

—Não brinque com isso. — Frigga passou a mão nos cabelos, agora molhados por terem limpado seu rosto. — Se fosse por mim, você ficaria em casa. — Loki respirou fundo, gemeu em seguida, sentindo a pontada nos cortes no abdome. — Mas seu pai… Ele não me ouve e eu não entendo o porquê fazer isso com você, filho.

—Sei me cuidar. — Respondeu seco, deixando o corpo cair no travesseiro com força de novo, a dor percorrendo seu corpo inteiro. — Já estou bem grandinho. — Loki sentia uma sonolência que não entendia de onde vinha. Provavelmente de todos aqueles ferimentos, uma forma de seu corpo tentar se recuperar o mais rápido possível. — Sigyn…

—Ela está preocupada com você. — A voz de sua mãe era baixa, quase inexistente, no mesmo ritmo do carinho em seus cabelos. — Estive com ela ontem, só foque em melhorar para você conseguir ir vê-la, sim?

—Avise ela que amanhã eu vou…

—Não. Você não sai daqui enquanto os médicos não acharem que você deve. — Loki rodou os olhos e depois fechou-os, querendo dormir.

—Estou indo para a casa de uma, mãe, não creio que vou correr muito perigo.

—Dorme, Loki. Depois conversamos sobre isso. — Sua mãe não precisou falar duas vezes, se aconchegou, focou apenas na mão que ainda estava no seu cabelo e se entregou ao sono que já o puxava para longe.

Acordou no outro dia, sentindo que precisava levantar daquela cama, de um banho e de ver Helena, o mais rápido possível. Não tinha ninguém para o vigiar àquela hora, deduziu que sua mãe estava muito ocupada, o que daria tempo para fazer tudo o que queria antes que alguém desse por falta dele. Levantou-se gemendo de dor, ficou um tempo parado, esperando que o mundo parasse de girar. Odiava se machucar, odiava ficar de cama. A passos lentos, seguiu até o banheiro da ala médica, deixando peças de roupas pelo caminho – a túnica branca horrível que tinham colocado nele depois de fazerem o curativo, o cinto de sua calça que ninguém tinha tido a coragem de mexer. O banho terminou de tirar todo aquele resto de cheiro de sangue que ainda sentia em si.

Assim que terminou de se lavar, precisou se esforçar para conseguir se transportar por magia até seu quarto e depois até a passagem da Bifrost. Não tinha muito tempo até Frigga percebesse que ele já tinha levantado e… Sorriu. Fechou os olhos, não tendo a certeza se ia suportar inteiro a viagem nada confortável pela Bifrost. Tentou ignorar a náusea, a tontura e a vertigem e só abriu os olhos quando tinha certeza que seus pés estavam em terra firme novamente, na pracinha em frente ao prédio de Helena, a janela dela aberta, a silhueta dela indo e vindo. Estava inquieta, com um livro na mão. Sorriu e usou seu restinho de magia que tinha para se materializar no corredor do apartamento dela. Tocou a campainha.

Helena encarou a porta o coração batendo forte. Três pessoas apareciam de repente na sua porta desse jeito sem interfonar: o dono do apartamento quando vinha cobrar o aluguel, Loki e Frigga. Como já tinha pago o aluguel do mês, só tinha duas opções. E era raro que Frigga viesse dois dias seguidos. E se Loki tivesse…? Sua mão ficou gelada e, tremendo, foi até a porta para abrir. Rodou a chave devagar, largando o livro que estava segurando de qualquer jeito no aparador do hall, e abriu a porta de uma vez, para encontrá-lo parado, encostado no corredor, mais pálido do que já era, parecendo cansado e fraco.

—Loki! — Correu e o abraçou com força, toda a preocupação saiu do seu corpo no momento em que ele também a segurou forte pela cintura, enterrou o rosto na curva do seu pescoço e respirou fundo para sentir o perfume dela que tanto sentiu falta. — Eu estava tão preocupada.

—Estou bem.

—Machucado? Precisa de alguma coisa? — Negou com a cabeça.

Sentiu as mãos delicadas de Helena segurarem seu rosto e o forçar a olhá-la, impedindo-o de mentir. Passou o polegar pelo corte no supercílio dele, que agora já estava cicatrizando. Não conseguia nem imaginar o estado que ele tinha chego em Asgard, mas só aquilo já fez seu coração apertar um pouquinho mais.

—Um pouco, fico bem logo. Não se preocupe. — Ela soltou o ar devagar. — Estou bem, Lena. Não corro perigo, estou vivo e morrendo de saudades.

—Eu também. — Ela gemeu. — Nunca mais faça isso. Eu fico tão preocupada.

—Não posso simplesmente negar um pedido de Odin, Helena. — A voz dele era baixa, os rostos estavam próximos.

—Sei disso. — Encostou os narizes, sorriu fraco antes de encostar os lábios num beijo demorado, lento e tão desejado durante essa semana. A boca dele estava mais gelada que o normal, e deduziu que fosse pelo estado que ele estava. Ainda parecia fraco, e esse machucado que ele falava ser pouco, parecia ser bem feio para deixá-lo tão cansado. — Sua mãe disse que seu pai está fazendo isso para você ir treinando para ser rei.

—Sim, é verdade. — Loki grudou as testas. Sentira tanta falta do calor de Helena no frio de Jotunheim que não queria ficar muito tempo longe dela.

—Mas você nunca quis o trono, Loki.

—Não é que eu não quero o trono, Lena. Eu... Não recusaria o trono se ele me fosse oferecido. E Thor... Thor é imaturo, apesar de mais velho, imprudente, orgulhoso demais. Odin quer passar o trono em alguns anos, e ainda não decidiu para quem vai.

—Você quer ser rei, então.

—Não recusaria ser rei, Lena. — Corrigiu, sorrindo. — Mas não acredito que isso vá acontecer. Mesmo Thor não sendo o mais indicado, não sei você se lembra, mas Odin não vai muito com a minha cara. — As mãos da loira foram até os cabelos dele perto da orelha, fazendo um carinho gostoso. — Mas, se eu fosse, eu poderia te levar para Asgard. — Helena tentou sorrir.

—Não vamos pensar nisso, tudo bem? Vem pro quarto, vou fazer um chá, te colocar debaixo das cobertas, você está congelando.

—Helena. — Ele riu um pouco, mas se deixou puxar. Queria mesmo ficar um tempo tranquilo com ela, sem pensar em toda aquela loucura que estava em Asgard.

Apesar de o verão estar chegando, Helena se embolou nas cobertas com ele, o coração muito mais tranquilo por tê-lo ao seu lado e, apesar de machucado, estava bem e a segurava pela cintura com força. Era assim que ela queria ter ficado com ele toda aquela semana que não tinha dormido direito preocupada com ele, sem saber se ele estava bem, toda aquela preocupação não a deixava estudar direito, dormir direito, tinha passado aquela semana pensando todos os dias em Loki. Era agradecida que não tinha tido nenhuma prova, e que pode se focar apenas em roer todas as unhas dos dedos em preocupação.

Sua formatura. Não sabia como cabia tanta gente em seu apartamento minúsculo daquele jeito. Apenas agradeceu que seus pais e avós deixaram o banheiro livre por algumas horas para que pudesse se arrumar. Loki não tinha dado notícias se apareceria. Apenas falou que veria, passaria para avisar qualquer coisa e sumiu pelos Noves Reinos. Celulares fazem falta em namoros que envolvem vários mundos. Suspirou e fechou o rímel, se encarando no espelho do quarto, dessa vez, antes de se dar por satisfeita com a maquiagem e sair a procura do seu sapato preto de salto alto.

Não sabia como, mas tinha escolhido justamente um vestido verde escuro para o dia mais importante da sua vida.

A beca estava cuidadosamente passada por sua mãe no cabide, o capelo também a esperava. Finamente estava se formando, finalmente. E depois teria mais alguns anos de residência, pós e especializações, mas nada que fosse a matar do jeito que a faculdade tinha.

—Sigyn, pronta? - A cabeça de sua mãe apareceu no quarto. — Loki vem?

—Não me deixe mais nervoso que já estou! — Ouviu seu pai gritar da cozinha. Rodou os olhos.

—Não sei, ele anda meio ocupado. Vamos, antes que a gente se atrase.

Hannah foi a primeira a abraçá-la quando chegou no ginásio e sentiu que podia começar a chorar a qualquer momento. Hannah tinha acompanhado-a desde o pré-medicina, até aquele momento. E todos estavam lá. Só faltavam duas pessoas para que a família ficasse completa: Frigga e Loki. Depois dos abraços, começou a procurá-los pela plateia. Não devia ser difícil achá-los – ela tinha pose de rainha, era facilmente identificável. Seu coração ia batendo cada vez mais dolorosamente a cada metro de arquibancada percorrido por seus olhos.

—Procurando alguém? — Continuou a correr os olhos antes de responder John com um suspiro desanimado.

—Meu namorado.

—Oh! Vamos conhecer o excelentíssimo senhor namorado de Helena Iwaldatter? — Rodou os olhos de acotovelá-lo no estômago. — Ouch.

—Ele não disse se ia dar pra vir, babaca. Mas sim, talvez.

—Por que, de novo, você nunca nos apresentou? — Hannah se jogou no pescoço de John, tirando toda a concentração de Helena em sua busca. Respirou fundo.

—Porque, como já disse milhões de vezes, ele não é de Londres. Nos vemos só quando dá. — Resmungou antes de voltar a procurá-los.

—Ele é da Islândia? — Demorou um pouco para responder.

—Mais ou menos. — O nome pelo menos, completou em sua mente. Um vestido prateado brilhou na multidão, os cabelos loiros cacheados inconfundíveis. — Depois a gente conversa, vamos ter muito tempo.

—Achou? Podemos ir junto? — Hannah se colocou na sua frente

—Idiota. Se ele estiver ai, eu trago ele aqui. É só a mãe dele. — E a Rainha de Asgard.

—Sigyn, querida. — Frigga abriu os braços para a receber. — Não podia perder esse noite. Você está linda.

—Brigada. — Olhou para os lados, tentando encontrá-lo. — Frigga, desculpa, mas..

—Loki. Eu sei. — Ela suspirou. Conhecia aquele suspiro. Endireitou a coluna, não gostando da expressão que tomou conta do rosto da rainha de Asgard. — Logo depois que ele voltou de sua casa esse começo da semana ele precisou sair com Odin e eles ainda não retornaram.

—Você só pode estar brincando comigo. — Helena estava cansada de Odin. Estava cansada de ter que cancelar planos por causa dele, por causa de viagens de última hora, por causa de treinamentos que ele inventava de repente. E agora estava ali, esperando Loki, mais uma vez, que não viria, mais uma vez, por causa de Odin. — Frigga, isso é…

—Eles estavam para chegar, talvez dê tempo. — Sentiu a mão delicada da rainha em seu rosto e o sorriso dela tentava confortá-la. — Desculpa, Sigyn. Mas não é como se você não soubesse que isso iria acontecer. Algum dia, se não fosse hoje, seria amanhã, ou depois. Tentei ainda fazer Odin desistir da ideia de uma viagem tão longa, mas você é familiar com a teimosia de meu esposo. — Helena cruzou os braços e mordeu o lábio inferior, irritada e frustrada. Frigga, como sempre, tinha razão. Ela realmente achou que teria Loki sempre para si, Loki, príncipe de Asgard? Apertou o colar que ele havia lhe dado e soltou os ombros. — Me apresente a sua família, sim?

—Sim, claro, venha.

Deixou Frigga com seus pais e seus avós – que ficaram um pouquinho desnorteados de estarem sentados ao lado da rainha de Asgard nos primeiros minutos – e voltou para seu lugar no meio do ginásio da faculdade, seus colegas de turma já tomavam suas posições para a cerimônia começar e nada de Loki aparecer. Ele não viria. Já estava se conformando com aquilo.

—E então, cadê seu namorado? — Hannah perguntou, apoiada no ombro de John, que estava sentado no meio das duas, enquanto ela se sentava, bufando.

—Não pode vir. Teve compromissos de última hora.

—O que é mais importante que a formatura da namorada? Veja por mim, estou aqui. — Olhou para John, cansada, e riu por educação. — Credo, quanto humor.

—Estou preocupada, só isso.

—Até parece que ele numa missão suicida, credo, Helena. Logo ele volta. — Olhou para frente, apertou ainda mais o pingente e esperou que Hannah tivesse razão.

—Iwaldatter, Helena. — Quando ouviu seu nome ser chamado, seu coração bateu um pouco mais forte. Ouviu John gritar e assobiar do seu lado. Não conseguiu tomar coragem para olhar em direção a sua família, começaria a chorar antes mesmo de pegar seu diploma. As escadas em direção ao palco foram dificeis de subir, os apertos de mão, o abraço forte de sua professora orientadora durante esses últimos anos, e, finalmente, o diploma. Formada. Estava formada. Com os olhos já cheios de lágrimas, tomou coragem de olhar para sua família.

Frigga batia palmas com um sorriso delicado no rosto. Sua mãe chorava com seu pai ao lado, que também batia palmas, mais forte que qualquer um ali perto. Seus avós estavam orgulhosos. E um par de olhos azuis esverdeados a olhavam com muito orgulho. Loki.

Loki.

Seu coração parou de bater por alguns segundos com a piscada que ele deu antes de se colocar ao lado de Frigga. Era uma médica formada. Com toda a sua família na plateia. E agora ficaria inquieta durante todo o resto da colação, esperando para poder se jogar nos braços de Loki e poder chorar por ter finalmente conseguido. Desceu as escadas com as pernas bambas e voltou para o seu lugar ao lado de John.

—É ele? — Hannah, observadora como sempre, gritou por cima do nome do próximo formando e enquanto aplaudia.

—Oi? — Se fez de desentendida, ainda admirando o diploma que tinha suado tanto para conseguir.

—O lindo de terno preto que você ficou uns minutos encarando antes de voltar, seu namorado?

—Eu. Estou. Aqui. Hannah. — John falou, pausadamente, claramente com ciúmes. — Mas enfim, é ele? — Deu de ombros, com um sorriso idiota no rosto enquanto abria seu canudo para ver todas aquelas letras cuidadosamente desenhadas, seu nome, finalmente formada.

—Meu Deus, Helena! É assim que você fala de um deus grego daquele? — Não resistiu a uma risada.

—Olha, deus grego eu não digo que ele é, Hannah. — Já nórdico… Pensou consigo, evitando um sorriso malicioso. Que, aliás, não ficava nada atrás de nenhum deus grego. Não com aquele corpo, aquela voz… Mordeu o lábio inferior, se controlando, purificando os pensamentos antes que saísse correndo naquela hora para conseguir ficar perto de Loki.

—Idiota!

Helena já não aguentava mais esperar todos pegarem seus diplomas. Queria poder abraçar Loki o mais rápido possível. Então, assim que o ginásio se encheu de palmas, gritos e vivas, e os familiares começaram a descer para o lugar dos formados, Helena se levantou, segurou a beca para impedir que pisasse nela, e correu até Loki, que já descia as escadas, vindo em sua direção. Não disse nada para Hannah, nem John, só queria abraçá-lo, brigar com ele por ter feito-a acreditar que não viria. O motivo da briga se desfez ao vê-lo, agora parado ao pé das escadas, de terno inteiro preto, esperando. Só se jogou num abraço.

—Loki.

—Agora posso ficar até tarde na sua casa sem você me expulsar de lá porque precisa estudar? — Ouviu-o sussurrar em seu ouvido enquanto a apertava mais forte, quase a tirando do chão. Assentiu com a cabeça, segurando as lágrimas. Passou a mão pelos cabelos dele, jogando-os para trás, encarando-o com os olhos marejados de lágrimas. — Você não vai chorar, Helena.

—Vou. — Ela riu, grudando as testas. — Eu achei que você não vinha, obrigada.

—De nada. Tive que fugir do meu pai, e não posso ficar muito. — Sabia que seus pais vinham logo atrás, e queriam a cumprimentar também, então grudou os lábios no de Loki, sorrindo.

—Mas só de te ver enquanto estava lá em cima já foi maravilhoso. — Ele depositou mais um selinho demorado antes de soltá-la.

Helena não teve tempo nem de pensar, e se viu cercada de seus avós e seus pais, todos a abraçando de uma vez. Riu e deixou-se sumir naquela rodinha. Não era acostumada a demonstrações de afeto daquele jeito em sua família, mas se sentia bem. Naquele dia, queria todos os abraços possíveis. Sua mãe ainda chorava, seu pai orgulhoso demais, enquanto seus avós apostavam entre si – gritando em islandês – qual seria a especialidade que a netinha deles faria. E nenhum acertava. Pela euforia, até esqueceram por alguns minutos, que a realeza de Asgard aguardava do lado, a rainha também com um sorriso orgulhoso. Assim que sua família a deixou respirar, Frigga veio para mais um abraço e se despedir, não podia ficar muito mais tempo. Voltaria e tentaria ganhar mais algumas horinhas para Loki.

—Foi lindo, Sigyn. — O abraço apertado da rainha já tinha passado, e agora ela segurava seu rosto e colocava as mechas do cabelo que caiam no rosto atrás da sua orelha. — Eu disse que você conseguiria. E uma das melhores da turma ainda. — Corou e Frigga sorriu. — Parabéns querida, curta seu dia, Loki tem mais algumas horas com você. Mas aproveite com sua família também. Queria poder ficar.

—Também queria que a senhora ficasse, Frigga. — O sorriso dela aumentou.

—Outro dia venho e nós fazemos uma janta bem gostosa, pode ser? — Assentiu. Frigga depositou um beijo delicado em sua testa. — Se você estivesse em Asgard, tenho certeza que seria uma das melhores médicas de lá também. E cuide de Loki.

—Claro.

Loki se despediu de sua mãe e depois se colocou ao lado de Helena, passando a mão por sua cintura e depositando um beijo carinhoso no topo de sua cabeça. Ela fechou os olhos e se inclinou sobre ele.

—Estou tão orgulhoso de você, Lena. — Ele sussurrava, tinha certeza que ninguém mais podia ouvir, só ela, aquelas palavras eram só dela. — Tão orgulhoso, feliz, maravilhado por te ver tão alegre assim. — Helena desejou que o tempo parasse naquele momento. Um universo paralelo só deles, era assim que se sentia naquele momento. — Eu te amo, médica recém-formada.

—Também te amo, príncipe que quase me dá bolo.

—Idiota. — Ele riu, girando-a para deixá-la em sua frente, abraçando-a por completo. Aconchegou-se no peito dele, sentindo seu perfume, a respiração dele, quase inexistente, como se ele não quisesse incomodá-la. — Não me perdoaria se eu perdesse seu momento.

—Eu não te perdoaria se você perdesse minha formatura.

—Você está muito abusada, dona Helena. É o novo título de médica, é isso? — Helena gargalhou.

—Iwal, sem ataques de ciúme, sua filha já tem 25 anos. — Elli segurou o braço de Iwal conforme os dois conversavam cada vez mais próximos, abraçados, de costas para o resto da família.

—Não estava preparado para isso.— Bufou, cruzando os braços, irritado. — Loki é… decente.

—Ele é um príncipe. — Sua mãe apontou.

—Que seja. Mas ele não deixa de ser o cara que estava agarrando minha filha! Elli, veja isso! — Elli apenas riu, negando com a cabeça.

—Você teve mais de um milênio para se acostumar com a ideia que sua filha namoraria Loki, Iwal. O problema é completamente seu. — Sua sogra apontou. — E outra, veja que casal bonito os dois formam. Definitivamente, feitos um pro outro.

—Ele está agarrando minha filha.

—Não estamos mais no século XIX, Iwal! — Elli falou, baixinho. — Deixe os dois namorarem em paz. — Iwal fechou a cara, virou-se de costas, arrancando risos da sua esposa. — Homens.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Chasing a Starlight" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.