O Sucessor - Interativa escrita por Amante Imortal


Capítulo 4
Capítulo 4 - Terly Schreave


Notas iniciais do capítulo

Muitos de vocês acompanham esta história desde 2016, se bobiar desde 2015 - quando eu postava no Nyah! Fanfiction. Passaram pela minha demora em atualizar, passaram por quando fiz as primeiras fichas de selecionadas, o grupo no facebook e talvez até mesmo sejam aqueles que comentaram pela primeira vez e me fizeram a pessoa mais feliz do mundo. De toda forma, não importa em que momento você chegou até aqui, eu só queria dizer: obrigado!

Quando terminei de ler A Escolha - ainda na época que lançou - e comecei a escrever isto aqui eu não esperava tanto amor e carinho, não esperava tanta paciência e nem que continuariam comigo mesmo com toda a minha demora para atualizar. Infelizmente (ou felizmente, já que acredito que todas as mudanças são boas), quando eu comecei a escrever isto eu também era uma pessoa diferente, que via e priorizava questões diferentes, tinha um estilo de escrita diferente e objetivos diferentes.

O autor de hoje, que lhes escreve, não pode continuar a mesma história que começou em 2015. Seria, no mais dramático sentido, doloroso escrever esta história do jeito que eu a havia planejado de ínicio, quando eu mesmo não acredito mais na mensagem que ela passava ou iria passar. Mas, tão pouco, desejo desistir da premissa.

Assim, a fanfic O Sucessor está passando por um processo de reescrita e atualização. Atualização para com meus ideais, para com questões que eu vejo no dever de apresentar e dar voz que anteriormente eu não mostrava me importar, e reescrita, porque de 2016 para 2018/19 acredito que eu melhorei bastante (numa nada humilde opinião) minha forma de apresentar personagens e situações e gostaria de compartilhar isso com vocês.

Tenho noção que não possuo muita autoridade e moral para pedir que esperem por mim, mas espero de todo o meu coração que tentem. Quando voltarem, Terly, Wan, Ernest e até mesmo Noah ficarão felizes de ver que vocês estarão ainda aqui para descobrirem sua história e se encantarem, mais uma vez, por eles como eu me encantei. Se não estiverem ainda aqui? Com tristeza eu vou entender e mesmo assim terminarei a história; com demora e devagar, mas terminarei, porque são ideias que merecem ser contadas.

Por tanto, esse livro, (https://my.w.tt/FqDeAXKdLR), se torna agora um livro sobre: Informações e Curiosidades sobre a Duologia de O Sucessor. Postarei aqui as fichas de selecionadas, os trailers, previews, pequenas atualizações, informações e curiosidades para que não sejam deixados no escuro durante esse caminho de mudanças e saibam, com toda a certeza do mundo, que eu não os abandonei.



Com amor [desculpas e agradecimentos],
Amante Imortal.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/638407/chapter/4


 

VOCÊS JÁ LERAM ESSE CAPITULO, MAS PRECISO QUE LEIAM AS NOTAS DESSA HISTÓRIA! (Qualquer duvida me mandem uma mensagem!)

O Sucessor
Capítulo 4 - Terly Schreave

A confusão estava muito menor do que imaginávamos. A gritaria ecoava pelo corredor, mas apenas três guardas passaram por nós com armas em mãos, já a janela do andar também estava quebrada como a do meu quarto, mesmo assim não havia sinais de que os rebeldes houvessem chegado a esse andar em particular.

Miller me puxou pelo corredor sem hesitar, ele sabia onde o abrigo ficava e tinha como principal missão evitar que qualquer rebelde me tocasse ou machucasse, mesmo assim parecia esquecer que eu não era, exatamente, capaz de acompanhá-lo. Meu peito ardia na dificuldade de correr e respirar, olhando para frente – no imenso corredor – não conseguia distinguir direito se a pessoa que virava na esquina era amiga ou inimiga e, para ajudar, minha cabeça latejava.

Por um momento achei que não chegaríamos nunca no abrigo, até que Miller virou num corredor sem saída e puxou a primeira luminária, a porta na parede se abriu e ele praticamente me jogou lá dentro antes de olhar para um lado e para o outro e, por fim, entrar, nos trancando no escuro.

— A luz... — comecei a dizer, mas não demorou muito mais para que ele a achasse. Assim que pudemos ver o lugar – formado basicamente de uma pia, um sanitário, dois colchões no chão, duas prateleiras com suprimentos e um banquinho – tivemos a chance de respirar direito.

— Ninguém nos viu entrar e duvido que o ataque demore a acabar então logo vão verificar a área. — Miller começou, mas havia algo mais em seu tom de voz, um certo desentendimento dentro de si, como se algo estivesse muito errado e não fosse o ataque. O jeito que falava e andava, não era a meia-luz que me confundia, não, eu podia dizer que era como se ele soubesse que aquele ataque estava errado em existir.

Mas talvez fosse minha imaginação, a tontura por não conseguir respirar direito e por uma de minhas lentes ter certamente caído na correria. Me sentei no banquinho, juntando as mãos ao corpo, sem querer demonstrar mais fraqueza perto dele do que eu já demonstrava no habitual.

Ah, como eu odiava aquilo! Dentre a palavra fantasma, meus primos e meu irmão, a coisa que eu mais odiava era ele, Noah Miller não deveria precisar me seguir, eu não deveria ter uma pessoa constantemente averiguando o quão fraca e patética eu era ou até mesmo, como ele teve a coragem de dizer essa tarde, se sentindo no dever de tentar me ensinar a me defender. Eu era mesmo tão tola as vistas de qualquer um? Um soldado que tinha quase a minha idade não era capaz de ver uma mulher, mas sim uma garotinha doente?

Parece agora obra de uma brincadeira cruel que eu tivesse que ficar presa com ele e ainda fosse obrigada a me sentir tão debilitada. Podia sentir seus olhos me analisando, como sempre fazia quando ele jurava que eu não estava olhando, já procurando por qualquer defeito, qualquer erro, qualquer sinal de que eu fosse cair. Haviam muitos sinais.

Ainda mais se eu não conseguisse uma bombinha para respirar direito.

— Na prateleira, você pode pegar a bombinha para asma, soldado Miller? — eu sabia que em todo abrigo, fosse de serviço ou da família real, haveriam os artigos essenciais para mim. — E a caixa das lentes de contato.

Levei as mãos as têmporas, esperando que ele o fizesse e levou apenas alguns segundos a mais, enquanto ele ainda me olhava preocupado, para que pegasse as coisas. Primeiro tirei a lente remanescente, ficar com apenas uma por um tempo limitado já me deixara com uma dor de cabeça extrema e decidi ignorar que eu não enxergaria tão bem sem elas, não era como se no abrigo tivesse muito o que ver. Depois disso usei o remédio que estava acostumada desde todos os dias de minha vida.

Então minha mente quase traiu meu corpo e me fez abrir um sorriso. O ataque e a sensação não eram novidades, desde pequena sabia que anarquistas queriam derrubar a minha família. Mesmo assim nunca havia estado efetivamente sozinha em um, nunca apenas com um guarda e nunca havia passado por um ataque em um abrigo dos serviçais.

Normalmente, guardas e médicos protegiam primeiro a mim, depois a Marília, enquanto a Guarda Real protegia Ernest e os outros. Nós nunca estávamos sozinhas, era quase como se os ataques fossem orquestrados de dentro do palácio (eu costumava teorizar disso com Wan) e acontecessem nos exatos momentos em que eu não estivesse sozinha.

— A senhorita está bem?

A voz de Miller me tirou do meu torpor, fazendo com que eu levantasse a cabeça.

— É o mesmo sentimento de sempre. — Respondo no automático e suspiro, sem conseguir permanecer com a ideia de que eu realmente o havia destratado, mesmo que ele tivesse tido uma ousadia que não deveria. — Olha, eu não queria brigar com você quando disse que eu deveria me defender, eu só...

— Está cansada de se sentir invisível?

Sorri e ele se moveu para se sentar no chão, encostando as costas na parede e olhando para mim, ainda com um excesso irritante de preocupação.

— Ou eu sou invisível e ninguém se importa ou eu sou visível demais e não posso nem piscar sem ter alguém para me auxiliar. — As palavras saem antes que eu pudesse impedir e baixo o olhar, não cabia a um guarda conversar comigo sobre meus problemas, já não bastava ele ser obrigado a me seguir, não tinha que ouvir.

— Eu não acho que você é invisível em nenhum momento. — Ele arriscou, com uma hesitação na voz quase palpável.

— Você tem o trabalho de me seguir, seria ruim que eu fosse invisível para você. — fala sem pensar e a cara dele me faz soltar uma pequena risada, me lembrando de Wan quando eu lhe dava uma má resposta. — Desculpe.

— Não se desculpe, essa é a exata questão. Mesmo quando não estou seguindo você, mesmo quando ninguém está realmente olhando ou se preocupando, todos sabem que você está lá. Você é tudo, menos invisível.

O encarei por um tempo e balancei a cabeça, não, não era como ele estava dizendo. As pessoas não me notavam porque eu tinha algum tipo de presença, me notam porque eu era o único ser branco demais na sala, a princesa que já nascera com a história triste, talvez os criados até me vissem como algum tipo de animalzinho para se ter compaixão e pena.

Miller pareceu entender o quão desacreditava eu estava de suas palavras, porque suspirou e se levantou.

— Tá legal. Vou tentar com um exemplo. Já assistiu Blue Moon, alteza? — afirmei, observando-o o mais atentamente que podia. Blue Moon era uma série velha de quando eu tinha uns dezesseis anos, me lembro de assistir com Wan e Kile Woodwork. — Então se lembra da personagem principal, Jane.

— Ela era ridícula. — era o que eu repetia em todo episódio.

— Claro que não. — revirei os olhos com sua resposta, assim como costumava fazer com Kile. — Ela parecia ridícula, enquanto deixava que o comandante e aquela mulher decidissem tudo o que iriam fazer, enquanto eles tinham aqueles planos loucos de usarem os poderes dela pra si mesmos e deixar o planeta morrer. Eles seguravam ela. Lembra-se do que aconteceu quando ela decidiu parar de ouvi-los?

O soldado Miller havia se tornado realmente animado enquanto falava, andando de um lado para o outro, gesticulando com as mãos e narrando a história da série de ficção-cientifica mais famosa de Iléa. Com suas explicações eu via os personagens de novo, as aventuras inacreditáveis que viviam com base em contos de que, uma vez no passado, o homem já havia pisado na Lua.

— Lembro, ela morre virando um novo Sol e salvando a Terra. Aonde quer chegar com isso?

— Você é Jane! — ele falou animado e quase alto demais para quem estava escondido em um abrigo, ergui uma sobrancelha. — Alteza, seu irmão, o príncipe Ernest, a rainha e o rei, os médicos e até mesmo os vestidos pesados que escolhe; são o comandante e a mulher. Eles te contêm, te fazem ter medo de viver e até mesmo de levantar a voz. Mas qualquer um que a olha quando não está prestando atenção, qualquer um que não deseja te diminuir, pode ver a força do seu olhar. O quanto você se impõe silenciosamente.

Não escondi a surpresa, mas tão pouco suportei seu olhar quando ele parou a minha frente. Eu sabia que o que ele fazia era errado, que ia muito além da sua função, que com uma palavra eu podia mandá-lo se calar, que aquela conversa era ridícula. Mas ao mesmo tempo parecia tão certa.

Miller falava de mim com esperança e muita confiança, mas também com certo desespero, como se precisasse que eu visse o que ele via, entendesse o que falava. Acreditasse que eu era tudo aquilo e assim como Jane...

— Mas ela ainda morre no final. — não me impedi de dizer, mas agora havia um desafio silencioso de que ele recrutasse aquela verdade. Não importaria se eu me tornasse a princesa mais forte e que mais se impõe, não se eu ia morrer dali poucos anos.

— Isso é uma interpretação, ela ganha luz e então desaparece. Ela vira o Sol, ganha outro tipo de vida, ninguém nunca disse que ela morria.

— Então, o que você quer é que eu ganhei luz, desafie todos, brigue com todos, viva mais.

— Apenas estou sugerindo, alteza, que você deveria se conter menos, não ter tanto medo de ser quem é e até retrucar quando te destratam. Atingir seu potencial total e — ele engoliu em seco, com medo de estar indo longe demais — parar de se culpar pelo albinismo.

Volto o olhar para ele assim que ele diz a temível palavra. Albinismo. A doença que me tirou e tiraria muito. Era a primeira vez que eu a ouvia sem ter o tom de pesar, Miller usava a palavra como outra qualquer, apesar do medo de como eu reagiria ele não disse como se sentisse muito, não tinha o que sentir.

— Eu não me culpo.

— Culpa sim, ou ao menos a senhorita age como se o albinismo controlasse você e te impedisse de simplesmente ser.

Dessa vez eu sorri de leve. Era uma completa ousadia, mas não era ruim. De um jeito estranho, eu me senti bem com ele falando de modo tão simples e ao mesmo tempo tão sério.

— Acho que posso pensar em fazer o que diz, mas você não está certo.

Não era tão fácil e aquelas palavras praticamente só foram ditas por que parecia o momento certo. Eu não tinha garantias nenhuma de que realmente falaria ou faria como ele havia sugerido, mesmo estando cansada de não opinar, de apenas levantar a voz com Wan e talvez com Ernest, não sei se seria capaz de me impor tanto quanto ele queria.

Não, não havia como eu me transformar no Sol, quente e pulsante. Mas havia como eu me transformar numa estrela branca, fria, porém presente.

 

 

Quando a porta do abrigo se abriu e fomos inundados pela claridade da manhã eu já estava sentada no colchão invés de no desconfortável banquinho. De um jeito estranho acabamos por passar a noite conversando, já que nenhum de nós era capaz de pregar os olhos, não importava a quão esgotada eu me sentia.

Falamos de como Miller só conhecia Blue Moon por causa da irmã menor e eu até mesmo tentei explicar a ele o porquê de não terem feito uma segunda temporada. Falamos dos cachorros reais que me odiavam e ele reclamou de um soldado que sempre queria levar a melhor nos treinos.

Era estranho, Noah Miller já era minha sombra há um ano e eu nunca havia trocado mais de algumas palavras com ele. Fora preciso um ataque rebelde e um abrigo sujo e mal iluminado para que conversássemos e no final nos tratássemos quase como eu e Wan costumamos conversar. Era divertido falar com alguém que não tivesse qualquer relação com o sangue e que eu não conhecesse apenas por causa da minha família.

— Alteza? Ela está aqui! Avise ao rei que a encontramos! — o guarda que abrira o abrigo gritou animado, pelo tom estavam me procurando há muito tempo e agora finalmente pareciam respirar direito.

Me levantei de onde estava dispensando a ajuda dele ou de Miller.

— Estou bem, nós tiv – — Me escorei na parede, fechando os olhos por causa da tontura muito provavelmente causada pela falta de descanso ou comida.

— Alteza?

Ouvi a voz de Miller, voltei a abrir os olhos, vendo as coisas um tanto quanto embaçadas, podia me ouvir murmurando algo como “é a pressão”, mas, pela imagem desfocada dos outros, pareciam não entender uma palavra. Voltei a fechar os olhos, confusa com como o mundo parecia ainda girar, mas sem realmente se mover. Ainda sentia a parede fria contra minhas mãos, mas a sensação de frio agora também se espalhava pelo meu corpo, como se eu estivesse envolta em água gelada. A voz de Miller pareceu soar novamente, mas dessa vez fora eu quem não entendera uma palavra. Assim como eu, ele também parecia estar em volto em água, como se estivéssemos debaixo dela.

É só tontura, se concentre.

O pensamento se repetiu na minha mente algumas vezes, mas não conseguia reagir, nem me mover ou ouvir nada ao meu redor, até mesmo aquele pensamento ficou turvo e confuso, sem que eu conseguisse me focar nele. Tentei abrir os olhos de novo, mas agora tudo estava preto, tentei me agarrar a parede, mas meus joelhos não colaboravam e minhas mãos pareciam soadas e escorregadias. Então o frio se distanciou tão rápido quanto chegara, mas dessa vez não senti mais a parede contra minhas mãos. Não senti mais nada.

 

 

O bipe dos aparelhos me acordou. Ou foi o som de alguém mastigando um daqueles salgadinhos crocantes. Não consegui decidir qual dos dois estava mais irritante e impregnado em meus ouvidos.

— Que droga, Wan, já não basta o cheiro disso ainda tem barulho. — Murmurei e minha voz saiu baixa e rouca demais, mesmo para o normal.

Espere, Wan? O que diabos ele está fazendo do meu lado?!

— Ty!

— Como você entrou aqui? Meu pai vai matá-lo! — falei com certa urgência me sentando e sentindo uma dor horrível nos pés, olhei para ele, finalmente, notando o quão branco era o lugar em que estávamos. Definitivamente não era o meu quarto. — Espere, onde...?

Fui interrompida por seu abraço, apertado demais e longo demais. Wan me abraçou e deixou a respiração ruidosa sobre meu pescoço, esquecendo os salgadinhos e agindo como se não tivéssemos nos visto há meses. Ri e o empurrei.

— Por que tanto drama, Leger?

— Ah, Terly! Ninguém ouvia seu coração! — a voz dele tinha tanto medo que conseguiu me preocupar, mesmo que àquela altura eu soubesse que estava bem, me sentisse realmente bem.

— Como assim?

— O soldado que te segue, chegou aqui com você nos braços, você estava fraca demais e com os pés cheios de sangue por causa das janelas quebradas, ninguém ouvia seu coração sem a ajuda de aparelhos, tinha desmaiado depois que a acharam. O médico disse que foi a descarga de adrenalina ou algo assim. Você ficou desacordada por dois dias, adiaram o anúncio das sorteadas, todo mundo estava tão preocupado, achamos que você... eu achei que você não ia mais acordar!

Olhei de relance para meus pés, eu não havia sentido nada a noite toda, nem me incomodado, mas agora podia vê-los enfaixados pelos cacos de vidro. Fazia até sentido, eu estava descalça e todas as janelas estavam quebradas, minha pele fina demais...

Wan voltou a me abraçar e, agora que entendia sua preocupação, retribui o abraço na mesma intensidade.

— Eu estou bem agora, foi só um ataque comum. Os outros estão bem, certo?

— Ernest foi mantido preso no quarto por um rebelde, mas está legal. — ele respondeu sem muita empolgação e eu ri, Wan não tinha jeito, nem mesmo em situações críticas.

— Como deixaram você entrar aqui? Achei que papai tivesse proibido...

Ele se afastou de mim, agora tinha o sorriso habitual de Wan Leger.

— Seu pai e o meu acharam que eu ia ter um colapso se não te visse bem e respirando. — Ele deu de ombros e eu deixei escapar um “onnnwt” que o fez ficar vermelho. — Que seja.

— Você é mesmo uma graça, Leger.

— Que seja. — ele repetiu e então apertou um botão ao lado da cama. — Acho melhor chamar a enfermeira e avisar a todos que você está viva.

Revirei os olhos, sorrindo. Não demorou muito para ela aparecer, sorrindo animada ao me ver sentada. Ela fez alguns testes antes de sair para avisar os outros. Nesse meio tempo, Wan conversava com ela animada, perguntando coisas sobre seu trabalho que ele nem entendia as respostas, antes dela sair ele fez questão de abrir o melhor de seus sorrisos e piscar galanteador, dizendo qualquer coisa sobre termos sorte de ter alguém tão capacitado no que fazia.

Ela saiu vermelha, feito um pimentão, e eu olhei feio para ele.

— Sério?

— O quê? Eu não desrespeitei ela, nem disse nada que a deixasse mal. — Wan respondeu, se encolhendo no lugar, mas sem estar verdadeiramente arrependido.

— Sabe, quem te vê assim nem imagina o fora que você levou daquele soldado há duas semanas, qual era o nome dele? — Finjo pensar — Jonas, Carlos Jonas.

— Nós — ele fez um sinal entre mim e ele — não falamos mais dele.

Ri, tirar sarro de Wan, definitivamente, era o melhor remédio depois de “quase morrer”.

— Vocês foram um casal bonitinho, por duas semanas e enquanto não sabíamos que ele te traia com quase todo mordomo, o que –

Me interrompi – ou no caso, fui interrompida pela mão de Wan em minha boca – quando uma criada abriu a porta do quarto em que estávamos na ala hospitalar. Tive que engolir o riso com muito custo.

— Alteza, senhor Leger, me pediram para trazer-lhe um vestido, assim poderá se arrumar para o café aqui mesmo. Ainda é muito cedo, a rainha dormiu muito pouco e seu pai pediu que não a acordassem. O rei, por sua vez, já está descendo para cá.

Ela disse fazendo uma reverência e aguardando a resposta, empurrei Wan para longe.

— Me traga um vestido de verão por favor, daqueles com as mangas leves de renda. — disse sorrindo e primeiro a mulher levantou uma sobrancelha por minha escolha incomum, depois fez uma mesura e saiu.

A verdade é que eu nem pensei muito no vestido, apenas não suportei a ideia de usar outro vestido quente de inverno, de me esconder mais e me deixar ser contida por um tecido. Talvez Noah Miller fosse mesmo bom com as palavras, ou talvez fosse apenas o meu jeito de demonstrar que eu ouvi o que ele havia dito (ainda poderia ser alguma loucura, efeito colateral de ter passado dois dias dormindo). Que mesmo que não pudesse mudar tudo, podia começar tentando alterar o básico.

— Terly, você sabe que não pode usar um vestido de verão no verão, certo? As janelas enormes do castelo, o Sol... você é meio que obrigada a morrer de calor.

Me virei para Wan e respirei fundo. Sabia que ele queria fazer uma piada, mas mesmo assim minha mente nunca poderia ter estado mais séria, mais certa do que fazer.

— Wan, eu sou a princesa e a primogênita, ninguém deveria ser capaz de me obrigar a fazer nada. Nem mesmo o Sol.

VOCÊS JÁ LERAM ESSE CAPITULO, MAS PRECISO QUE LEIAM AS NOTAS DESSA HISTÓRIA! (Qualquer duvida me mandem uma mensagem!)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muitos de vocês acompanham esta história desde 2016, se bobiar desde 2015 - quando eu postava no Nyah! Fanfiction. Passaram pela minha demora em atualizar, passaram por quando fiz as primeiras fichas de selecionadas, o grupo no facebook e talvez até mesmo sejam aqueles que comentaram pela primeira vez e me fizeram a pessoa mais feliz do mundo. De toda forma, não importa em que momento você chegou até aqui, eu só queria dizer: obrigado!

Quando terminei de ler A Escolha - ainda na época que lançou - e comecei a escrever isto aqui eu não esperava tanto amor e carinho, não esperava tanta paciência e nem que continuariam comigo mesmo com toda a minha demora para atualizar. Infelizmente (ou felizmente, já que acredito que todas as mudanças são boas), quando eu comecei a escrever isto eu também era uma pessoa diferente, que via e priorizava questões diferentes, tinha um estilo de escrita diferente e objetivos diferentes.

O autor de hoje, que lhes escreve, não pode continuar a mesma história que começou em 2015. Seria, no mais dramático sentido, doloroso escrever esta história do jeito que eu a havia planejado de ínicio, quando eu mesmo não acredito mais na mensagem que ela passava ou iria passar. Mas, tão pouco, desejo desistir da premissa.

Assim, a fanfic O Sucessor está passando por um processo de reescrita e atualização. Atualização para com meus ideais, para com questões que eu vejo no dever de apresentar e dar voz que anteriormente eu não mostrava me importar, e reescrita, porque de 2016 para 2018/19 acredito que eu melhorei bastante (numa nada humilde opinião) minha forma de apresentar personagens e situações e gostaria de compartilhar isso com vocês.

Tenho noção que não possuo muita autoridade e moral para pedir que esperem por mim, mas espero de todo o meu coração que tentem. Quando voltarem, Terly, Wan, Ernest e até mesmo Noah ficarão felizes de ver que vocês estarão ainda aqui para descobrirem sua história e se encantarem, mais uma vez, por eles como eu me encantei. Se não estiverem ainda aqui? Com tristeza eu vou entender e mesmo assim terminarei a história; com demora e devagar, mas terminarei, porque são ideias que merecem ser contadas.

Por tanto, esse livro, (https://my.w.tt/FqDeAXKdLR), se torna agora um livro sobre: Informações e Curiosidades sobre a Duologia de O Sucessor. Postarei aqui as fichas de selecionadas, os trailers, previews, pequenas atualizações, informações e curiosidades para que não sejam deixados no escuro durante esse caminho de mudanças e saibam, com toda a certeza do mundo, que eu não os abandonei.



Com amor [desculpas e agradecimentos],
Amante Imortal.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Sucessor - Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.