No dia seguinte, Koga pareceu disposto a me arrastar para sua casa, eu já não sabia para onde correr ou que desculpas usar para não ter que revelar certas lembranças, mas foi impossível. Então esperei que Kuro se distraísse e resolvi conversar. Olhávamos para o longe, sentados na grama.
— Sabe Koga, as coisas não são tão simples como parecem, não posso simplesmente ir com você e levar Kuro, mudar toda a minha vida em questão de minutos, não vim para esta era porque quis, o poço que me puxou novamente. Também não nego que fiquei feliz em poder revê-lo e dar a Kuro a chance de conhecer o pai, mas com isso vem Inuyasha e eu não queria vê-lo nem mesmo em 100 anos, imagine em 10.
— Sempre Inuyasha nos impedindo, antes era pela Shikon ou pelo seus sentimentos, mas e agora? Qual o motivo? Sei que você sofreu por ele, mas achei que já tinha superado tudo isso. Pensei que quando estávamos juntos seu coração pensava em mim e não nele, mas creio que me enganei.
— Não Koga, não é isso, a muito eu não sinto mais um pingo de amor por Inuyasha, foram outras coisas que aconteceram. Quando começamos a ficar juntos já tinha acontecido, eu só não quis contar para ninguém, Sango foi a única que soube, e ela também não teve uma reação muito boa.
— O que houve então? O que ele fez que não posso refazer? Eu juro Kagome, juro por todos os meus ancestrais, venha comigo para minha tribo junto com nosso filho, e eu nunca a deixarei chorar, nosso filho será mais amado que o possível, ele também estará seguro lá, será tratado como um rei e você viverá longe de Inuyasha e tudo que lhe faz mal.
Minha mente estava a mil, isso é realmente tudo que eu sempre quis… Quero ser feliz, eu merecia isso, mas e se ele trocasse de ideia? Não teria para onde ir novamente. - suspirei.
— Vamos à um lugar Koga, preciso lhe contar algumas coisas antes de você querer firmar qualquer coisa comigo. - Segurei suas mãos com força, sem querer olhar para seu rosto e o guiei por uma pequena trilha na floresta, em direção ao poço, quando chegamos, me sentei na beira e pedi que fizesse o mesmo.
— Bem, vou lhe contar algo que aconteceu comigo a 11 anos atrás, foi também o motivo de eu ter voltado para minha era, quero dizer, eu não queria ficar de vez, mas acabei ficando.
— Está bem Kag, conte logo, não aguento mais todo esse mistério. - Podia ver seus dedos batucando nas pernas, ansioso. - pena que não era uma história muito bonita.

— Então, como você já sabe, eu era apaixonada por Inuyasha, e tudo parecia bem até a morte de Narak, só que Kikyou conseguiu voltar com o poder da Shikon, e daí por diante as coisas pegaram rumos diferentes. Eu realmente pensei que ele fosse me escolher, porque logo depois de toda a procura eu disse que o amava e ele pareceu corresponder. Dai por diante tudo parecia um sonho, até que depois de 2 meses juntos eu resolvi me entregar a ele, 1 mês depois desse dia eu descobri que seria mãe.
–- Flash Back --
Esperei que ele chegasse de uma pequena viagem com Miroku, a única que sabia era Sango, por que foi junto com ela que descobri. Quando ele apareceu já era tarde, a felicidade explodindo em mim.
— Okaeri Inuyasha. - disse toda sorridente — Tadaima Kagome. - simples e seco.
— Queria falar com você ainda hoje, algo importante sabe..
— Então diga, pare de ficar enrolando.
— Não irei falar enquanto você me tratar como se eu fosse qualquer uma, com esse seu jeito truculento, já aguentei mais que deveria. - já queria chorar, andava mais emotiva que o normal.
— E vai dizer que você não é qualquer uma? Não temos nada firmado Kagome, não devo nada a você, e lembro muito bem de como você ficava se jogando pra cima daquele lobo fedido e depois quer falar de sentimentos, estúpido vindo de você. - Esse era um Inuyasha que eu não conhecia, mas eu não iria me calar só com aquelas acusações.
— E você? Que moral você tem quando já abandonou não só eu como também todo o grupo e ir correndo atrás da Kikyou? Quantas as vezes eu já lhe vi fazendo juras de amor ou aos beijos com ela e depois arrependido? Esse jogo não funciona mais né? Ai você acha que pode me tratar assim? - as lágrimas já desciam - repense bem como age e depois venha me procurar, eu não continuarei sendo apenas a cópia daquela que você tanto amou, escolha entre eu ou ela, porque agora tem a chance. - disse e me retirei de casa, dormiria com Sango ou até mesmo na floresta, mas ali eu não entraria.
No dia seguinte eu estava destruída, apenas uma noite de choro e eu parecia que tinha secado uns 3kg, estava me sentindo fraca, carregar um hanyou tinha seus contras.
Conversei com Sango e ela queria dar uns gritos em Inuyasha, mas pedi firmemente que não se metesse, passei o dia cuidando das crianças, quando deu a noite, esperei que o povo se recolhesse e fui ver Inuyasha, sabia que o orgulho dele nunca deixaria vir atrás, mas sabia que no fundo um pedido de desculpas ia sair. Mas quando cheguei lá, todas as minhas ideias foram por água a baixo, Inuyasha estava de novo com Kikyou, os dois juntos dormindo, não precisava nem parar pra pensar e já saber o que estava acontecendo, meu peito doeu, de repente parecia que meu filho estava sofrendo junto, eu queria correr e esquecer, mas desabei, chamando a atenção demais. Chorei ali mesmo, abraçando-me, dando-me o aconchego que eu queria de Inuyasha, incerta sobre o futuro.
— Kagome, não deveria estar aqui, mas já que está é bom que veja, já fiz minha escolha, como pode perceber. -levantei o olhar.
— Entendo, mas, quero que entenda também que estou grávida, é seu, não peço que fiquemos juntos, - respirei fundo - mas quero que me ajude a criar o nosso fruto. - sorri.
— Grávida? Desde quando? É mentira! Não me contou nada e até falou que estava tudo acabado, pare de história para tentar me manter ao seu lado, e muito menos tente se fazer de boa, e mesmo se estivesse, não quero mais um fardo na vida, já te carreguei por muito tempo. - ele não demonstrava sentimento algum ao jogar aquelas palavras sobre mim.
— Mas é verdade Inuyasha - supliquei - descobri tem alguns dias, pergunte a Sango, ela estava junto comigo, é o nosso filho, fruto dos nossos sentimentos. Por favor… Por ele. - coloquei as mãos sobre a barriga.
— Mate-o, você nem sequer aguentaria a gestação, não tem mais os poderes de sacerdotisa para aguentar, é fraca até para isso, e não é algo que eu desejo ter junto de você, o que nós tivemos não passou de um momento em que eu estava perdido, entenda Kagome, não há sentimentos, assim como não deve haver esse filho, mate-o, assim como isso que você sente por mim. - dito isso ele se retirou do cômodo, Kikyou já tinha saído bem antes.
Com as ultimas forças que eu tinha no momento, prometi que daria a Inuyasha o que ele queria, nada mais e nada menos.
–- Flash Back Off --