Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oie gente!

Ansiosos pelo cap de hoje?Sim :D não :( ?
Não vou prender vocês por muito tempo, boa leitura!

ps.:Leiam as notas finais!



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O dia seguinte foi com certeza o mais estressante, bem mais estressante que os outros dias, e olha que teve testes mais difíceis do que os de hoje.

Dessa vez consegui acordar cedo, porque coloquei meu despertador para tocar vinte minutos mais cedo, e apesar dele ter me acordado pontualmente, eu não pude evitar a raiva que eu sempre sinto quando sou acordada cedo – porque pra mim antes de dez horas é cedo – e como consequência ele acabou se chocando contra a parede. É, parece que vou ter que comprar outro.

Consegui me arrumar em tempo recorde, tomar o café e arrumar a minha mochila, antes de dar o horário que eu tenho que sair pra não chegar atrasada na escola, e acabei podendo ficar um tempo brincando com Seth na sala, eu não estava tendo muito tempo pra isso nas ultimas semanas, por serem provas finais e os testes, e no final eu acabo me sentindo culpada por estar deixando ele de lado assim, então sempre que eu posso eu estou recompensando esse tempo perdido.

Enquanto eu andava em direção à Academia, para o último dia de testes, eu comecei a pensar sobre as aulas que eu teria hoje, tentando ver se eu não havia esquecido nenhum caderno ou livro, e aparentemente tudo estava em ordem.

Como eu já havia dito antes, nós entramos na Academia aos quatro anos, e desde pequenos temos aulas sobre línguas, artes, música, literatura e mitologias, e algumas outras. Quando chegamos aos oito anos começamos a ter aulas de luta e defesa pessoal na parte da tarde, e de manhã as aulas mais "normais", e assim é até os dezesseis, que é quando fazemos o teste. Esse teste, é como se fosse um teste vocacional e não são feitos somente testes relacionados ao físico da pessoa e se ela sabe lutar bem, também há uma pequena entrevista com uma pessoa enviada pelo governo, ao qual ela faz algumas perguntas relacionadas a sua vida e o que você gosta, e depois você tem que responder um questionário – uma prova, embora eles digam que não é – com basicamente as mesmas perguntas e algumas pra testar o seu conhecimento, no final, eles te direcionam para alguma outra escola para que você possa estudar mais sobre a profissão ao qual você foi designado. É claro, que nem sempre as pessoas ficam felizes com os seus resultados, e você também não é obrigado a seguir determinada carreira, então eles lhe dão a opção de refazer o teste ou fazer qualquer outra coisa que não necessite entrar pra uma escola de nível superior pra aprender tal profissão, mas esse quase nunca é o caso, pois todos querem ser alguém na vida e pó isso sempre nos esforçamos ao máximo para conseguirmos um bom lugar na sociedade e uma vida justa e honesta, um futuro emprego bom e o resto da vida garantida... Bom, pelo menos boa parte dessas pessoas pensam assim.

Nosso planeta é constituído por quatro países, que recebem o nome de: Northland, país da água; Southland, país do ar; Eastland o país do fogo; e Westland, país da terra. E a Capital, o centro de tudo, e onde fica a Sede da Ordem. Quando nós ganhamos os resultados dos nossos testes, nós ganhamos algumas opções de escolas que podemos ir para podermos aprendermos a profissão que iremos exercer no futuro, e muitas dessas vezes as pessoas preferem ir para outro país e experimentar coisas novas, uma nova cultura, conhecer novas pessoas, e eu sou uma dessas pessoas que quer ir embora pra outro lugar e mudar de ares.

Dessa vez, consegui chegar a tempo na escola, me encontrando na entrada com Alex e Ally, e como sempre (quando eu não estou atrasada) ficamos conversando perto dos portões, sob a sombra de uma árvore, até dar o horário de entrar.

Alex não perdeu tempo em fazer piadinhas sobre o meu quase atraso de hoje, dizendo que eu precisava comprar um relógio novo que estivesse adiantado meia hora pra eu poder conseguir chegar cedo nos lugares, obviamente que eu bati nele depois disso, embora eu tenha começado a cogitar essa possibilidade. É uma boa escolha a se fazer.

Ao entrarmos fomos em direção a nossa sala, assim como nos outros dias nós não teríamos nenhuma aula, essas já haviam sido encerradas semana passada e nós já recebemos os nossos boletins e eu havia me saído bem em quase todas as matérias menos nas atividades de campo de geografia, mas isso é historia pra depois, agora nós estávamos todos sentados comportavelmente – o quão comportável uma sala cheia de adolescentes pode ser – esperando até sermos chamados por Rose Mark, que entrava e saia da sala direto e sempre levava um de nós com ela, e depois de alguns minutos ela repetia o processo, nos levando para o nosso último teste. Estávamos sendo chamados por ordem alfabética, e como o nome dos gêmeos começa com "A", eles foram um dos primeiros a serem chamados, e me deixaram sozinha na sala – somente na companhia o meu inseparável livro, que eu sempre carrego na bolsa – e como meu nome começa com a letra “V” eu fui uma das ultimas da sala a ser chamada.

O relógio mais uma vez parecia não colaborar comigo e o tempo parecia não passar nunca, além de que havia um relógio que ficava posicionado estrategicamente no meio da sala, em cima da lousa fazendo tique-taque a cada segundo passado e que estava começando a me irritar profundamente, eu estava cogitando a possibilidade de pegar alguma coisa e tacar nele pra ver se aquele relógio que parecia ser uma relíquia não parava de funcionar, mas felizmente – pro relógio – Rose entrou na sala chamando o meu nome.

_Victoria Moore – ela chamou, me olhando fixamente com um olhar tranquilizador, como se adivinhasse que eu não estava totalmente tranquila.

Levantei–me calmamente e a segui até a sala da diretoria, e quando ela viu que eu hesitei ela pediu educadamente que eu entrasse, e assim eu fiz, tentando o máximo possível, transparecer estar calma.

Não é exatamente a coisa mais fácil do mundo.

Atrás do que é a mesa do diretor, estava um homem que já deve ter seus quarenta anos, observei ele levantar o olhar para mim e sorrir, contornando a mesa e caminhando em minha direção.

_Você deve ser Victoria – diz ele estendendo a mão pra mim, eu a aceitei e senti seu aperto firme.

_Tori – corrigi automaticamente – Quer dizer... Eu prefiro Tori, senhor.

_Não me chame de senhor, me faz parecer velho demais – ele suspirou – Como o tempo passa rápido. Há alguns anos atrás, era eu que estava entrando nessa mesma sala para o último teste – ele fez uma pausa – Sou James McClain. Pode me chamar só de James.

Eu sorri amavelmente pra ele, enquanto ele me guiava até a cadeira em frente a dele, antes de me sentar eu coloquei a minha mochila no chão ao meu lado e depois me virei para ele que começava a falar comigo:

_Bom, vamos começar, não é? – assenti com a cabeça, enquanto ele pegava uma caneta e uma folha e começava a anotar as coisas que eu respondia – Você tem algum parente que controla algum elemento?

_Na verdade, eu tenho meus pais – eu disse – Meu pai controla a água e minha mãe o ar.

Ele deu um aceno com a cabeça e anotou o que eu disse, depois voltando o olhar pra mim, ele levantou uma sobrancelha e perguntou:

_Mais alguém?

_Err, eu não sei se eu posso contar – digo sinceramente.

Ele balança a cabeça concordando, afinal existem poucas regras no nosso mundo, e uma delas é que se você tiver algum parente que está envolvido com a Ordem, participando dela ou não, sendo um criminoso ou não, não podemos contar pra ninguém. Isso é mais por causa da segurança tanto da família em questão, quanto da própria pessoa envolvida.

_Você pode confiar em mim – disse ele, vendo que eu estava hesitando – Garanto que não vai ter problemas com a Ordem.

_O que me garante isso? – perguntei, desconfiada.

Ele sorriu, (talvez aprovando minha capacidade de desconfiar de tudo e de todos, afinal, não é em qualquer coisa que se pode confiar), e levantou a manga da blusa, me mostrando as três faixas negras no braço.

Um Sentinela .

Olhei provavelmente com cara de retardada, para o senhor na minha frente, afinal é extremamente raro ver um Sentinela por aí, ainda mais, numa simples Academia como a minha fazendo testes anuais nos alunos.

_ Agora confia em mim? – perguntou ele abaixando a manga da blusa de novo, acenei com a cabeça concordando – Então pode me contar?

_Elric Moore – respondi de uma vez antes que minha consciência me convença de que é errado e que eu estava quebrando uma das regras.

Ele pareceu surpreso, embora tentasse esconder o espanto.

_O que? – pediu ele, como se não acreditasse no nome que eu tinha falado – Então, é você a irmãzinha que ele tanto fala.

_ Eu? Falar de mim? – perguntei surpresa.

_Oh sim! Elric tem um carinho enorme por você – continuou ele – Toda vez que perguntamos a ele quem é a pessoa que ele sente mais falta é da irmã caçula dele, sem falar que ele vive falando de você. Eu só não tinha feito a ligação dos nomes antes.

_ Sério? – Ele assentiu sorrindo – Mas como conhece meu irmão?

_Eu fui seu tutor, quando ele entrou na Ordem – revelou ele – Ele com certeza é um dos meus melhores alunos.

_ Fico feliz que goste tanto do meu irmão – digo sinceramente lhe dirigindo um sorriso.

_Claro que s... Espera, estamos fugindo do assunto e nós não temos muito tempo – ele anotou mais algumas coisas no seu papel – Vamos começar logo com isso, não? – dito isso ele tirou de dentro de uma que estava sobre a mesa esse tempo todo, quatro objetos diferentes:

Uma pedra.

Um pote com água.

Um pedaço de carvão.

E um monte de areia.

Curioso.

_Agora tente mexer com qualquer um desses potes – pediu ele, se recostando na cadeira e cruzando as mãos sobre a barriga – Pode levar o tempo que precisar.

A magia não é algo que possa ser usado facilmente, requer treino, muito treino e muita paciência também, porque o menor deslize podia causar um enorme desastre, e apesar de nunca ter praticado muito usar a minha magia, eu sempre tomei o maior cuidado para não deixa-la explodir do nada e acabar machucando alguém, e isso é o que eu menos quero, e o fato de eu conseguir ter um controle maior sobre as minhas emoções sempre facilitou pro meu lado, porque quando nossas emoções estão mais fortes, mais as chances do seu poder sair do controle e se algo assim acontecer pode se dizer que vai ser um grande desastre, e eu posso afirmar isso com certeza porque já vi isso acontecer nessa Academia mais vezes do que eu queria, e não é uma coisa muito legal de se ver, sorte que a Academia é um lugar próprio pra ajudar as pessoas com magia e muito provavelmente o nosso planeta já haveria sido destruído.

Então respirando fundo eu me concentrei no primeiro objeto a minha frente: a pedra.

Olhei–a e tentei fazer com que mexesse, depois de algumas tentativas fracassadas, consegui fazê-la se mover alguns milímetros. Olhei para James, e ele balançou a cabeça, me incentivando a continuar, então olhei para o objeto seguinte: o pote com água.

Tentei fazer com que acontecesse alguma coisa, da mesma forma que fiz com a pedra, e dessa vez foi bem mais fácil do que antes, e consegui fazer com que uma gota d'água se desprendesse do resto do copo, e ficar flutuando durante um tempo, até voltar para o resto da água no copo.

Dessa vez não esperei que o Sr. James falasse para eu continuar, e me concentrei no próximo objeto, o carvão, e quase que instantaneamente ele entrou em combustão e pegou fogo, um fogo azul que tremulava sobre a pequena brisa que entrava pela janela aberta atrás do Sr. James. Algo fascinante de se ver, e acho que tanto eu como ele, ficamos parados por um momento encarando aquela chama azul antes que eu piscasse, parando de me concentrar nela fazendo a chama se apagar gradativamente até só restar um pedaço de carvão e uma pequena mancha preta a sua volta.

E então o último objeto, embora eu não saiba pra que serve um monte de areia. Esse foi um dos que demorou mais, para eu conseguir fazer alguma coisa, e depois de muitas tentativas, consegui fazer um pequeno redemoinho de ar, fazendo a areia se movimentar. Como... um pequeno furacão, que está tentando ter forças suficientes pra virar um enorme furacão e sair por aí destruindo e arrasando tudo. Uma pequena força destruidora que com apenas mais um pouco de concentração seria o suficiente para ajuda-lo a arrasar toda a nossa escola.

Mas novamente, eu pisquei, parando de me concentrar nele porque eu já estava começando a sentir fortes pontadas na minha cabeça, talvez o uso excessivo desse meu lado que eu nunca tinha explorado tanto assim antes venha a ser o causador dela, e talvez se eu praticasse chegaria a um ponto que eu não sentiria mais nada e seria tão fácil como respirar.

Suspirei, queria que todas as coisas fossem fáceis assim. Acho que passei tanto tempo aprendendo a controlar as minhas emoções pra que meus poderes não saíssem do controle que acabei me esquecendo que se eu aprendesse a controlar os meus poderes ao em vez disso, seria de muita utilidade pra mim agora, mas isso já é um pouco tarde e eu tenho outras coisas pra me concentrar agora.

Olhei para o Sr. James que ainda estava recostado na cadeira com os braços cruzados sobre a barriga, ele sustentava um olhar pro nada parecendo totalmente confuso com algo, embora eu não saiba por que, afinal eu fiz o que ele me pediu não é mesmo? Ou será que eu fiz ago de errado?

_Hãã... Algum problema, Sr. James? – perguntei depois que ele ficou com muito tempo sem falar nada.

Ele piscou, parecendo sair do transe, balançando a cabeça como que quisesse espantar os pensamentos que estavam rondando na sua cabeça e logo depois sorriu pra mim, um sorriso que pareceu meio tenso e nervoso.

_Não se vê isso todo dia – murmurou ele – Já tenho tudo que preciso Tori – ele se levantou, e foi minha deixa pra levantar também – Foi um prazer conhecê–la, espero que nos encontremos mais vezes.

_Claro, foi um prazer também, Sr. James – digo, apertando sua mão quando ele a estendeu, surpresa por ele estar me mandando embora tão rápido.

_Agora é só esperar os resultados com os outros – ele me guiou até a porta com uma mão nas minhas costas enquanto me lançava um sorriso amigável, não parecia nem um pouco com o cara confuso que eu vi a instantes atrás.

_ Até mais – sussurrei ao ver a porta se fechando atrás de mim.

Tive a estranha sensação de que ele queria que eu saísse de lá o mais rápido possível.

Cada vez mais curioso, pensei, citando uma frase de um dos meus livros preferidos, enquanto colocava as mãos no bolso e caminhava tranquilamente pelos corredores, sem um rumo certo. Essa frase sempre vem na minha cabeça em situações assim, e acho que define bem a situação ao qual eu me encontro agora.

Suspirei novamente enquanto refazia o meu caminho para ir em direção ao pátio, um dos meus lugares preferidos na Academia e eu logo me acomodei debaixo e uma das arvores, saboreando o vento que batia contra os meus cabelos pretos e rebeldes – que pareciam estar mais rebeldes hoje do que o normal – que caiam em cascatas sobre os meus ombros. Fechei os olhos por um momento que me pareceu interminável, somente aproveitando a paz e o silencio, pois eu ainda tinha alguns minutos sozinha antes que um dos gêmeos ou os dois aparecessem aqui me chamando pra ir almoçar.

Eu logo tirei um exemplar do livro que eu citei antes Alice no País das Maravilhas, a fim de começar a relê-lo pela enésima vez, pois eu sou apaixonada por esse conto e amo o mundo que Lewis Carol criou, tudo é tão fantástico e por muitas vezes macabro que me encanta, e por mais que acontece muitas coisas ruins nele eu daria tudo pra ter um dia de Alice no seu País das Maravilhas, conhecer a tudo e a todos.

Enquanto eu me perdia mais uma vez nas palavras de Lewis eu não percebi o tempo passar, até que escutei uma voz alta e estridente chamando o meu nome. Levantei meus olhos do livro procurando o dono da voz e logo vi Ally correr na minha direção enquanto gritava pra Alex que Havaí me achado.

Como se eu tivesse desaparecido, pensei escondendo um sorriso.

_Aí está você – ela disse quando chegou perto, se apoiando nos joelhos tentando recuperar o fôlego – Já estava começando a pensar que você foi abduzida por aliens.

Ri – Sua criatividade me espanta a cada dia, além do mais eu não sei por que aliens iriam querer me abduzir.

_Tem razão. Você é esquisita demais pra isso – Alex comentou enquanto chegava perto com as mãos enfiadas nos bolsos da calça do seu uniforme.

_Olha só quem fala.

_Antes que vocês se matem, vamos ir almoçar – Ally sugeriu enquanto me ajudava a levantar, peguei minha mochila a colocando sobre os ombros e os segui em direção ao refeitório que deveria estar cheio a uma altura dessas.

_Sumiu porque dessa vez? – Alex questionou

_Me deu vontade de ler – expliquei.

_Aposto que o mesmo livro de sempre – tentou adivinhar ele.

Ri e mostrei o livro Alice no País das Maravilhas que eu ainda estava nas minhas mãos.

Chegamos ao refeitório e eu meio que fui obrigada a guardar meu livro para que não sujasse com comida ou qualquer que seja a gororoba que eles vão servir hoje.

Por incrível que pareça, hoje não foi àquela sopa misteriosa – que eu ainda não descobri e nem quero saber o que tem dentro dela – com pão que eles costumam dar dia de sexta-feira – como se fossemos presidiários – hoje tínhamos uma opção mais variável no cardápio, da qual envolvia desde comidas típicas de Andrômeda, como o pão com geleia das fadas e o néctar dos deuses – que é a melhor bebida que você pode provar em todo o planeta, e comidas tradicionais da Terra como espaguete e as batatas fritas, não preciso nem dizer que enchia meu prato, né?

Alex e Ally pareceram tão satisfeitos quanto eu, ao se deliciarem com as gostosuras que estavam sendo servidas hoje, talvez pelo fato de que o ano está acabando e logo a nossa turma de formandos vai embora – acho que eles estão felizes com isso, só acho.

Nós três conseguimos achar uma mesa mais no fundo no meio de todo aquele refeitório lotado que estava cheio de gente animada e que não parava de falar – acho que é por causa da comida – e assim que conseguimos atravessar o mar de gente, nós nos sentamos e começamos a apreciar a nossa refeição em silencio. Palavras não precisavam ser gastas naquele momento, e somente um gesto serviria para que nós entendêssemos um ao outro, e assim nós ficamos até terminarmos e nos darmos por satisfeitos, agradecendo silenciosamente quem quer que seja a pessoa que fez a comida hoje, pois estava tudo divino.

O sinal tocou e todas as outras turmas que não eram do ultimo ano se levantaram de onde estavam sentados e seguiram para fora do refeitório se dirigindo para suas respectivas salas, e somente os últimos anos ficaram, por onde do diretor que anunciou no alto faltante da escola minutos antes do sinal tocar que era para permanecermos no refeitório até segunda ordem, como não tínhamos muita escolha e não tínhamos nenhuma aula agora – porque todas as nossas aulas já haviam sido encerradas – nós continuamos sentados em nossos assentos, totalmente saciados, mas entediados durante minutos que me pareceram horas, até que todos os professores, os Guardiões, o diretor e os encarregados do governo, interromperam pela porta do refeitório fazendo todas as conversas paralelas cessarem e todos os alunos presentes focarem seus olhares nos recém chegados.

Era realmente uma comitiva bem diferente e inusitada, tornando a clara diferença entre os Guardiões que estão acostumados a treinos duros e a sempre pegarem no pesado, com os professores, o diretor e os engomadinhos enviados pelo governo, que têm a vida boa e só ficam sentados atrás de uma mesa o dia todo e o Maximo de esforço que eles têm que fazer é falar uma coisa ou outro ou digitar algo. Não que eu esteja desmerecendo as profissões, mas... Entenda como quiser! Pra mim, todos aqueles que trabalham para o governo não fazem nada e são um bando de pessoas atoa que vivem a custa do trabalho de outras pessoas que não são tão privilegiadas socialmente ou financeiramente quanto eles.

_Sinto muito por terem esperado por tanto tempo, mas já estamos com todos os resultados – começou o Sr. James, enquanto andava de um lado pro outro com os braços cruzados nas costas – Gostaria de parabenizar a todos, pois foram todos excelentes em áreas diferentes, mas vocês definitivamente me surpreenderam.

Uma salva de palmas assobios e gritos preencheu o refeitório... Embora eu não tenha entendido muito o porquê, será que é porque ele nos elogiou, embora eu ache que ele tenha dito isso como se fosse um discurso ensaiado que ele recita todo ano? E que ele não quer realmente dizer isso? Bom pelo menos não pra todos presentes aqui.

_Nós vamos mostrar nessa tela os nomes e as designações das áreas que vocês foram designados – explicou Rose, quando todos se aquietaram, apontando para uma tela que descia de uma abertura no teto, parecendo com uma enorme tela de cinema, que ganhou vida quando ela pressionou o controle em suas mãos.

_Mas antes eu gostaria de chamar para me acompanhar – disse Thomas tomando um passo à frente, e vasculhando o refeitório como procurasse alguém – Os gêmeos, Alexander e Alicia West, e Victoria Moore.

Nós três nos olhamos surpresos, a pergunta silenciosa em nossos olhos, nos perguntando o que eles queriam somente com a gente? Todos no refeitório – inclusive nossos professores e o diretor – pareceram tão surpresos quanto à gente, e de repente todos os olhares se focaram em nós, como se tivéssemos um peixe bagre na cabeça, e se eu não estivesse tão assustada com o fato de eles terem chamado somente nós três, eu teria me achando a estrela do rock, pelo fato de todos estarem olhando pra gente.

Thomas nos localizou, e fez um sinal com a cabeça nos indicando a ir com ele, eu me levantei e peguei minha mochila, senti os gêmeos atrás de mim se levantarem e me seguirem, pelo enorme corredor do refeitório, que no momento estava todo silencioso e parecia ser maior do que o normal.

Apesar de não aparentar, eu estava super nervosa, não sabia o que ia acontecer agora, mas mesmo assim eu caminhei super confiante pra frente, e não vacilei em nenhum momento, e eu torcia pra eu não tropeçar ou esbarrar em nada, pois isso acabaria com a pose de pessoa confiante que eu estou tentando passar a todos. E eu juro, por tudo que é mais sagrado que dessa vez eu não fiz nada, então sinceramente não entendo o porquê de terem chamado nós três para conversarmos longe do olhar de todos os outros!

Enquanto caminhávamos na direção de onde Thomas estava parado nos esperando, o refeitório se escureceu com um estalar de dedos de Rose e uma imitação de tela de cinema começou a passar o nome dos alunos começado pela letra “A” e dizendo qual era o resultado os inúmeros testes que fizemos essa semana e pra qual profissão tal pessoa foi designada, seguido por uma salva de palmas que de inicio me pareceu tímida, ou talvez eles só estivessem prestando atenção demais em nós três que atravessávamos o refeitório.

Ao chegarmos à frente dos Guardiões Thomas e Anthony, começaram a andar na nossa frente, nos indicando a segui–los, tendo a porta do refeitório se fechando automaticamente atrás de nós.

Eles nos levaram até uma das salas de aula que se encontravam vazias porque os últimos anos não estavam tendo aulas e sim, estavam todos aglomerados no refeitório vendo os resultados, e pediram que sentássemos enquanto esperávamos o que quer que fosse.

Peguei meu livro novamente e comecei a ler enquanto esperava já prevendo que iria demorar porque provavelmente eles vão terminar de anunciar todos os nomes e suas respectivas profissões lá no refeitório antes de virem falar conosco. Alex colocou os fones de ouvido, e relaxou na cadeira fechando os olhos e esticando as pernas. Ally pegou seu caderno de desenhos e começou a fazer um esboço de uma coisa qualquer que eu não consegui ver o que era. E Anthony e Thomas estavam conversando num canto mais afastado da sala, enquanto Thomas parecia feliz, Anthony parecia frustrado, ambos faziam gestos exasperados com as mãos como se estivessem discutindo sobre algo importante, mas eu tentei não me concentrar muito nisso e voltei a concentrar no meu livro.

Depois de alguns minutos que pareceram horas – porque eu consegui ler mais que dois capítulos enquanto estávamos ali esperando – o resto dos Guardiões e todos os nossos professores e o diretor entraram na sala nos encarando fixamente, fazendo com que todos nós largássemos o que estávamos fazendo pra olhar pra eles.

A sala de repente pareceu pequena demais e até mesmo um pouco abafada pra esse tanto de gente de uma vez só.

Levantei minhas mãos como se tivesse uma arma apontada pra mim e eu estivesse me rendendo.

_Eu juro que dessa vez não fiz nada – comecei – É tudo culpa dele – apontei para o Alex que tava do meu lado, que me olhou com descrença.

_Relaxa, Moore – tranquilizou–me o Sr. Borges – Não é nada que você está pensando. Você não fez nada dessa vez – disse ele destacando as ultimas palavras, fazendo alguns professores e Alex soltarem pequenas risadinhas com o comentário.

_Então por que estamos aqui? – perguntou Ally, analisando todos eles.

_Depois dessa semana exaustiva de testes, os resultados nos surpreenderam... e muito – começou Rose – Principalmente o de vocês.

_O que você quer dizer com isso? – Alex perguntou desconfiado.

_Bom, vocês...

_Nossa! Que enrolação! – reclamou o Sr. James interrompendo Rose – Vocês foram escolhidos dentre todos os outros dessa escola para se tornarem Guardiões!

Nós ficamos totalmente surpresos e paralisados, depois de um momento e troquei olhares com Ally e Alex que pareciam procurar as mesmas respostas que eu. Vendo que não íamos falar tão cedo, porque havíamos perdido a capacidade de falar depois disso, Rose continuou depois de lançar um olhar zangado pra cima do Sr. James por ele a ter interrompido:

_Vocês possuem habilidades muito raras, que quase não vemos hoje em dia. Como, por exemplo, vocês dois – ela apontou para os gêmeos – Vocês se completam lutando, é como se fosse uma coisa só. E uma das coisas que mais pesadas na Ordem é o trabalho em grupo, e isso vocês já sabem fazer e muito bem. Com nossa ajuda, vocês vão se tornar uma dupla infalível de Guardiões.

Eu olhei de um pro outro e consegui dar um sorriso, afinal, eu sempre soube que eles eram demais.

_Você, Victoria – continuou o Sr. James me encarando fixamente – tem um grande potencial para magia e luta, e talentos assim nós não podemos desperdiçar, não é mesmo, Tony?

Pude perceber que ele estava provocando o "Tony", que praticamente rosnou para o Sr. James, que gargalhou alto, antes de colocar o braço em volta dele o puxando pra perto. Parece que eles são muito unidos.

_O importante é que vocês vão ter até segunda–feira pra decidir se querem ou não seguir essa carreira. É claro não são obrigados a aceitarem entrar pra Ordem, isso é uma escolha de vocês – instruiu o Sr. James – Nós vamos mandar a casa de vocês um representante, e vocês dirão suas escolhas, e se decidirem que sim, já é pra estarem com tudo pronto para viajarem.

_Viajar? Tão rápido assim? – perguntei surpresa.

_Vocês têm que começar o treinamento imediatamente – explicou Thomas sorrindo – Vocês vão amar a Capital.

_Nós nem demos nossa resposta ainda – ralhou Alex.

_Eu sei – respondeu ele sorrindo, fazendo Alex bufar e eu e Ally rir.

_Bom, nós vamos liberar vocês agora – disse Rose.

_Qualquer dúvida, é só ligar pra mim – disse Sr. James nos entregando cartões com seu nome e número – Até mais meninos!

Dito isso todos os Guardiões saíram da sala, ficando somente os professores que depois de nos parabenizar e dizerem que estavam orgulhosos saíram também, deixando somente nós três na sala. Nós ficamos em silêncio durante tanto tempo que ficou estranho, cada um preso em seus pensamentos até que do nada olhamos um pro outro e começamos a rir, sem motivo nenhum aparente.

_Isso foi bem... inesperado – disse Ally entre risos.

_Muito – concordou Alex.

_Só quero ver daqui pra frente – comentei.

Um suspiro coletivo pode ser ouvido, a alegria momentânea de antes havia passado.

_Só temos dois dias pra pensar – refletiu Ally, enquanto nos levantávamos e seguíamos em direção à saída, os corredores todos estavam vazios, ou os outros alunos estavam dentro de sala, ou ainda no refeitório, não sei dizer bem, mas agora tudo o que eu quero é ir pra casa e tomar um banho bem relaxante e pensar na proposta que me foi dada.

Ao sairmos no portão, me deparei com a última coisa que eu esperava ver, e que definitivamente não ajudou a melhorar o meu humor, que já não estava um dos melhores enquanto diversos pensamentos e possibilidades enchiam a minha cabeça, e tudo o que eu não esperava era ver isso em frente à escola.

_Oh merda!


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Notas finais do capítulo

Beijos?Flores?Tapas e pedras?Alguma coisa?Sinal de fumaça?
...
Essa história possui uma página no Facebook e um Blog, que falam sobre o mesmo, curiosidades, novidades e etc. Se quiserem dar uma olhada, aqui estão os links:

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Se quiserem deem uma olhada lá!

Até o próximo cap!

Bjss da Angel!



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