Vigilantes do Anoitecer escrita por Lady Angellique


Capítulo 28
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Último cap!!!Espero que gostem, boa leitura e desculpem os erros ^^



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Eu não consegui fazer nada inicialmente, fiquei parada no lugar, enquanto observava toda a cena se desenrolar na minha frente , como se fosse um filme, sem ainda acreditar que algo assim havia acontecido do nada e por conta disso, diversas pessoas presentes na festa morreram em um piscar de olhos. Eu vi como tudo desmoronou, como o baile que estava perfeito foi se desfazendo aos poucos enquanto a destruição tomava o lugar, como pessoas inocentes, que não tem nada haver com a situação morreram em milésimos de segundos depois que as criaturas entraram pelas janelas quebradas, brandindo suas espadas, machados e clavas, alguns até mesmo carregavam pequenos ou grandes pedaços de madeiras ou de algum tipo de ferro ou metal que provavelmente devem ter achado enquanto marchavam pra Ordem, e agora eles os usavam ferozmente para atacar a tudo e a todos que entrassem na sua frente.

Alguns Guardiões reagiram mais rápido do que outros, e já enfrentavam algumas das criaturas, uns no mano a mano, outros recitando feitiços ou dobrando algum elemento. Toda forma de se defender era valida desde que eles conseguissem se proteger e proteger qualquer civil que esteja por perto, mas isso não quer dizer que era o suficiente, nós estávamos perdendo e já havia incontáveis mortes de Guardiões em todo o Salão, jogados no chão como se não fossem nada mais que uma boneca de pano descartada e a única coisa que denunciava que eles já estiveram vivos um dia era as poças de sangue que se formavam debaixo dos seus corpos ou que sujavam seus trajes até então elegantes.

—Como... Como isso aconteceu? - perguntei a ninguém a particular - Eu achei que a Ordem fosse um lugar protegido por uma barreira mágica e ninguém poderia entrar sem autorização.

—Eu também achava isso - Anthony respondeu serio, seus olhos se estreitaram enquanto observava a situação assim como eu - Mas deve ter acontecido alguma quebra no sistema por alguém do lado de fora ou temos um traidor entre nós.

Virei me em sua direção chocada, será mesmo que alguém dentro da Ordem deixou que essas criaturas entrassem? Se sim, por quê? Por que diabos alguém iria fazer uma coisa dessas?

—Tori! - escutei meu nome ser gritado e eu fui arrancada dos meus devaneios, me virei rapidamente na direção da voz e encontrei Skye correndo na minha direção.

—Oh merda... - sussurrei ao ver minha amiga correr na minha direção com um troll furioso logo atrás dela, embora eu ainda esteja tentando entender como ela esta conseguindo correr de saltos. Isso mesmo, um enorme e nojento troll que corria atrás de Skye fazendo o chão tremer a cada passo que ele dava, enquanto rugia e balançava sua clava de um lado pro outro tentando acerta-la.

O troll possui mais de dois metros de altura, sua pele é de um verde doentio e toda enrugada, e a única coisa que ele vestia era um pedaço de pano surrado que protegia suas partes baixas, como se não bastasse ele ser grande e feio - porque ele é muito feio - ele ainda parecia furioso com algo, o que eu facilmente posso deduzir que Skye deve ter irritado ele de alguma forma e agora ele corria atrás dela, brandindo a sua enorme clava de madeira tentando acerta-la, por sorte, Skye é muito rápida e facilmente ela conseguiu desviar dos seus golpes enquanto corria na minha direção, com um olhar determinado e focado, embora eu não saiba dizer com o que ela esta focada... A não ser que ela esteja focada em ferrar com a minha vida, porque só pode ser isso, por que outro motivo ela traria um troll furioso na minha direção que não fosse pra ferrar com a minha vida.

Eu sinceramente não sei o que ela espera que eu faça, por que no momento eu não tenho arma nenhuma... Espera! Eu tenho sim! Quase gritei de felicidade ao me lembrar que eu estava com uma arma, a minha arma, presa em um coldre na minha coxa debaixo do meu vestido, e depois eu tenho que me lembrar de agradecer Skye por ter me convencido a levar minha foice para a Cerimônia e depois eu tenho que perguntar pra ela se ela já sabia que algo assim iria acontecer hoje... Mas isso é assunto pra depois, agora, eu tenho que tentar não ser morta por esse troll com mais de dois metros de altura e que parece estar com muita raiva, me pergunto o que ela deve ter feito...

Skye acenou com a cabeça pra mim com um sorriso nos lábios enquanto passava correndo do meu lado sem dar nenhum índice que iria parar para me ajudar. O troll rugia e o chão tremia cada vez mais enquanto ele se aproximava, obviamente mil vezes mais lento que Skye, mas não deixava de ser tão ameaçador. Tive a impressão que Anthony falava alguma coisa pra mim, mas eu acabei o ignorando e me concentrando no alvo na minha frente. Esperei até que ele se aproximasse o suficiente para rapidamente retirar o bastão do coldre do meu vestido e quando ele chegou perto demais ele desceu a sua clava na minha direção, provavelmente querendo me esmagar como se eu fosse um inseto, mas felizmente - pra mim - eu fui mais rápida, apertei o pequeno botão que se encontra no meio do bastão fazendo lentamente a foice surgir e dando um giro completo eu consegui pegar impulso suficiente para desferir minha foice contra a sua clava.

Troquei a foice de mãos, mudando-a de modo que ficasse mais confortável e mais fácil pra mim segurá-la e mantê-la enquanto o troll fazia força contraria a minha e tentando me firmar melhor me apoiei um dos meus joelhos no chão enquanto forçava a ponta da minha foice contra a clava de madeira que era resistente demais pro meu gosto, mas depois de alguns segundos - que pareceram intermináveis pra mim - naquela posição tentando não ceder à força que o troll aplicava com a sua clava em mim, eu escutei um barulho, que logo sucedeu a outros e eu sorri, sabendo que aquele barulho se devia ao fato que a madeira estava quebrando. Aos poucos, a ponta da minha foice foi entrando na clave abrindo uma rachadura na mesma até que por fim ela se partiu e aos poucos foi se desfazendo na mão do troll que mudou sua expressão raivosa para uma de total surpresa, enquanto olhava fixamente para a sua clava que agora jazia no chão totalmente despedaçada.

Aproveitando que ele estava distraído olhando para a sua arma destruída eu me levantei e rapidamente o atingi com a foice na sua barriga, fazendo força para perfura-lo, porque sua pele era estranhamente dura e resistente, mas infelizmente o troll acordou do estupor que ele estava e segurou com ambas as mãos a minha foice, me impedindo de tentar mata-lo - e mostrando também ter uma incrível resistência a dor - e como claramente ele era mais forte que eu ele conseguiu retirar minha foice de sua barriga e depois lança-la pra longe dele e como eu estava segurando ela firmemente eu acabei sendo jogada como uma boneca de pano pra longe dele. Meu corpo ficou no ar por alguns segundos antes que a gravidade fizesse o seu papel e me puxasse de volta para o chão, o impacto foi grande devido à força com que ele havia me jogado e eu acabei perdendo o ar quando me choquei no chão, rolando durante um tempo até parar totalmente. Arfei e lentamente tentei me erguer, mas devido à falta de ar e a dor que eu estava nas costas no momento não foi muito fácil, mas depois de firmar minhas mãos no chão eu consegui pegar um impulso para levantar.

—Tori! - Skye veio correndo na minha direção e quando eu vacilei um pouco ela segurou os meus ombros me firmando - Você está bem?

—Claro... Até porque todo mundo fica bem depois que é arremessado por um troll - respondi irônica, fazendo a mesma revirar os olhos.

—É. Você ta bem.

O troll parecia não ter se esquecido da gente ainda - eles não têm uma memória muito boa - e agora que eu estava do lado de Skye, que foi a que irritou ele de inicio, ele pareceu estar com mais raiva que antes e a única cosisa que eu pensei quando o vi correndo na nossa direção de novo foi: Fudeu.

Embora eu não tivesse me machucado com a queda, eu ainda precisava de alguns minutos, pelo menos alguns segundos a mais para conseguir recuperar o fôlego antes de partir pra defensiva novamente ou até mesmo pra ofensiva, mas agora eu não tenho forças nem pra ficar em pé então imagine enfrentar um troll raivoso. Skye de repente me surpreendeu, pegando a foice da minha mão e se posicionando na minha frente com os joelhos levemente flexionados e a arma estendida, pronta pra nos defender e eu não duvido de sua capacidade, já que ela consegue se virar muito bem com qualquer arma que tivesse na mão e mesmo que nunca tivesse lutando com essa em particular ela poderia muito bem maneja-la como se já a usasse há anos,e agora novamente ela estava pronta pra se exibir um pouco mais com seus talentos com os diversos tipos de armas e com um olhar determinado no rosto enquanto o troll voltava a se aproximar, mais lentamente dessa vez e agora sem a clave, que já era uma coisa a menos a se preocupar, mas felizmente ela não precisou, porque Alex apareceu do nada e invocando o fogo ele fez um circulo em volta do troll, forçando-o a parar e soltar um grito frustrante por não poder se movimentar mais. Meus olhos focaram-se no meu amigo que mantinha as mãos estendidas diante de si, seus lábios se mexiam minimamente enquanto recitava alguma coisa e eu posso afirmar que seus olhos estavam laranja meio avermelhados enquanto ele usava o seu poder, como sempre acontecia com qualquer um que estivesse usando algum elemento, e para comprovar que ele estava recitando um tipo de feitiço que pra mim era desconhecido, o circulo de fogo em volta do troll aumentou e formou uma redomada ao redor do mesmo, e do anda o troll soltou um urro de dor e eu soube que entro de todo aquele circulo estava pegando fogo e com ele queimando o troll que estava no seu interior. E aos poucos o fogo foi o consumindo até que todo que restava do troll furioso eram simplesmente cinzas e os pedaços no chão da sua clava destruída.

O fogo foi abaixando lentamente até que não sobrou nada a não ser as cinzas do troll que eram a única prova física que ouve um circulo de fogo queimando bem no meio do salão, nem mesmo uma marca havia no chão, o que era de se esperar depois de tudo, mas isso só mostra e extensão dos poderes de Alex e o quanto ele deve ter treinado pra chegar nesse nível de perfeição.

Antes que eu pudesse agradecer a ele por ter nos salvado de sermos esmagadas, uma outra criatura mais feia mas essa vez menor que o troll, apareceu nas minhas costas gritando e denunciando a sua posição, rapidamente eu peguei a foice das mãos de Skye e girando eu acertei a minha foice na criatura que havia acabado de se aproximar cortando precisamente a sua cabeça que rolou no chão antes de se transformar em pó, assim como o seu corpo que se dissolveu na mesma hora que eu arranquei a cabeça.

—Você destruiu o seu vestido! - escutei uma voz reclamando enquanto se aproximava, me virei apontando a parte pontiaguda da foice para o chão e procurei a origem da voz e me deparei com Ally que chagava perto de mim parecendo furiosa.

Olhei pra mim mesma e constatei que a única coisa diferente no meu vestido era um pouco de gosma verde que provavelmente deve ser sangue de troll que deve ter espirrado em mim quando eu tentava perfurar a sua barriga e algumas manchinhas pretas que eu devo ter sujado enquanto rolava no chão depois que fui arremessada pelo troll. Pra mim era algo insignificante já que todo o baile estava destruído e ninguém além dela parecia se importar mais com isso, mas pra Ally parecia ser algo de estrema importância como se a pequena guerra travada dentro do Salão agora não fosse importante o suficiente.

—Hããã... Desculpe? - falei, meio sem saber como reagir à fúria dela.

Ela bufou revirando os olhos e cruzando os braços - Não importa, só estou chateada que todo o meu trabalho de hoje foi pro lixo!

Eu fui te ela e coloquei uma mão no seu ombro sorrindo amavelmente pra ela, tentando conforta-la.

—Relaxa, você vai ter outras oportunidades pra me produzir novamente - afirmei, embora eu não fosse muito fã da ideia, nós éramos amigas e amigas são pra essas coisas.

Ela sorriu satisfeita e o assunto foi esquecido, pelo menos por enquanto. Agora, nós temos uma coisa mais importante ainda: como nós vamos sair daqui.

—Nós temos que dar um fora aqui - Thomas disse serio e estranhamente sóbrio, o qe me surpreende porque ele estava totalmente bêbado da última vez que eu o vi, enquanto se aproximava com Alex e Anthony - Ou pelo menos arrumarmos armas para nos defender, porque no momento mesmo que alguns de nós saibamos controlar algum elemento ou fazer alguns feitiços básicos de proteção e apenas com Tori com uma arma, nós não vamos conseguir resistir durante muito tempo.

—E parece que cada vez mais vem chegando mais monstros - Anthony comentou olhando em volta, chegando perto também e cruzando os braços na frente do corpo.

—E depois eu vou querer saber por que você uma arma para a sua Cerimônia de Iniciação, Tori - uma voz atrás de mim disse, eu me virei e me deparei com o meu irmão, que estava parado atrás da gente com o rosto um pouco sujo e o cabelo mais desarrumado como antes, vou nem comentar do estado do seu smoking.

Pulei em seus braços o abraçando, feliz por ele estar bem, porque quando Sky apareceu correndo do troll, sozinha eu temi que algo tivesse acontecido com ele já que da ultima vez que eu os vi eles estavam dançando juntos, mas felizmente ele está aqui e bem... Bom, pelo menos por enquanto.

—Longa história - murmurei enquanto descia do seus braços e firmava meus próprios pés no chão - Depois te conto.

—O que nós vamos fazer? - Ally questionou enquanto olhava em volta temendo que fossemos atacados de novo e o fomos logo em seguida por uma criatura que era Meade humanoide e a outra metade se parecia com uma cobra.

Alex tentou para-la com o fogo novamente, mas infelizmente sua pele parecia ser mais resistente do que a do troll e ela ultrapassou o fogo como se não fosse nada e corria na nossa direção enquanto colocava a sua língua fina igual à de uma cobra e com as mãos estendidas na nossa direção, eu tinha a impressão que ela estava sibilando, mas ela estava longe demais pra eu ter certeza de que ela estava o fazendo realmente. Eu não precisei agir dessa vez - por eu ser a única com uma aram era de se esperar que eu o fizesse - porque meu irmão agiu antes, tomando a foice da minha mão e entrando na frente de todos, girando ela em suas mãos e facilmente decapitando a mulher-cobra - porque eu acho que era uma mulher e ela era metade cobra, então...- fazendo ela se transformar em pó assim como as outras criaturas que eram destruídas por nossas armas. Pelo menos nós temos a certeza de que eles morreram realmente e não precisamos ficar preocupados deles estarem só fingindo ou só estiverem desmaiados, porque uma vez que vira pó, já era.

—Temos que dar um jeito de dar o fora daqui - meu irmão falou me devolvendo a foice - Mas eu duvido que vá ser fácil - completou depois de olhar em volta e perceber que o Salão estava mais cheio de criaturas do que antes e boa parte delas bloqueavam todas as saídas disponíveis.

Nós discretamente andamos até uma das mesas que estava jogada no chão e nos escondemos parcialmente atrás dela enquanto pensávamos um meio de sair desse lugar ilesos. Gritos e rugidos podia ser ouvidos a todo momento, da mesma forma que barulhos de metais ou outras coisas se chocando repetidamente - talvez alguém tivesse arrancado um pé de uma das mesas e estivesse usando como arma improvisada - e as vezes um ou outro clarão preenchia o Salão e mesmo sem poder ver completamente a situação por estar agachada atrás de uma mesa, eu posso crer que eram Guardiões dominando o fogo da mesma forma que Alex havia feito a instantes atrás.

Parece que eu não sou a única a pensar que a situação não esta nada favorável para nenhum dos Guardiões presentes e que numero de monstros nos atacando era bem maior que o numero de Guardiões, sem falar que nenhum deles estavam armados - comigo como exceção - e mesmo que alguns soubessem controlar um ou outro elemento ou que tenha algum outro poder que os ajude a enfrenta-los, não é o bastante, nunca vai ser se esses monstros continuarem a irromper pelas janelas quebradas a toda hora.

Por um momento, eu me peguei procurando algum dos nobres, mas estranhamente eu não vi nenhum sinal de um terno branco ou um daqueles vestidos maravilhosos e brancos característicos dos nobres, e eu me perguntei aonde eles teriam ido e porque escaparam sem ajudar nenhum Guardião ou nenhum outro civil presente que não possui nenhuma habilidade especial. Elric tem razão, eles são uns filhinho s de papai que só pensam em si mesmos, e pensar assim logo me deixou cheia de raiava e eu comecei a ficar louca pra descontar em alguma dessas criaturas a minha frustração, antes que eu fosse atrás de um desses nobres e esquecesse a lei que proíbe de toca-los e quebrasse eles na porrada por fazerem algo tão estúpido e fútil como fugir sozinhos.

—Deve haver um jeito... Não é possível que todas as saídas estejam bloqueadas - comentei tentando desviar meus pensamentos para algo mais pacifico e no momento achar uma saída parecia ser a melhor coisa para direcionar os meus pensamentos. Olhei em volta tentando achar alguma forma de sair e me sentindo frustrada ao ver que não tinha nenhum modo, sem que tivéssemos que enfrentar alguns monstros no cainho, e nesse momento não era uma opção muito boa.

—E há - Skye afirmou de repente - Há um lugar que eu acho que ninguém o conhece, pelo menos não há ninguém vivo pra se lembrar -seus olhos estavam fixos no nada, claramente um sinal de que ela estava vendo alguma coisa, enquanto todos nós mantínhamos a atenção nela, ao mesmo tempo que aprestávamos atenção a nossa volta, tentando prevenir mais ataques.

—Onde, Skye? - questionei colocando a mão nos seus ombros esperando que ela indicasse o caminho e foi o que ela fez, se levantando e me puxando com ela me dizendo pra onde eu deveria seguir, e segurando uma de suas mãos e pedindo para que os outros nos seguissem nós atravessamos o Salão em meio ao caos. Minha foice passou praticamente de mão em mão, enquanto os outros defendiam Skye e a mim, enquanto eu andava praticamente às cegas sendo guiada somente por uma ou duas palavras de Skye que me diziam pra onde seguir.

Todos além de mim pareciam estar confusos com a situação e não entendiam como Skye sabia pra onde ir, e porque ela parecia não estar presente totalmente no momento, somente seu corpo. Eu não os culpava, pois quando Skye está tendo visões - principalmente as que são mais prolongadas como essa - ela fica meio esquisita, e se eu não soubesse que ela esta tendo uma de suas visões eu também acharia super estranho, e apesar deles acharem estranho também, nenhum questionou nada enquanto atravessávamos o Salão, todos pareciam estar mais concentrados em andar e proteger uns aos outros dos ataques que sofríamos eventualmente de uma ou outra criatura. Minha foice passava de mão em mão pra quem estivesse em uma posição melhor de nos defender ou quem estivesse em um perigo maior, embora Ally esteja usando o ar a nosso favor, afastando quase todas as criaturas e perto da gente, ainda foi difícil continuarmos o nosso caminho.

Nós caminhamos por meio as criaturas, aos Guardiões que lutavam bravamente e aos civis que se encolhiam em um canto ou outro, ou os que corriam desesperadamente as cegas sem saber por aonde ir, e por um momento eu me senti culpada de estar tentando escapar sem ajudar nenhum deles, mas eu tenho que pensar em mim e nós meus amigos primeiro, nós temos que sair vivos dessa e se permanecermos aqui e tentar ajudar mais alguém eu sinto que algum de nós - se não todos - vão morrer no processo e eu não estou pronta pra perder mais nenhum conhecido, e por agora, eu só tenho que me concentrar em achar uma forma segura de conseguir sair e depois que estivermos seguros e a salvo eu penso nas consequências de nossos atos e depois eu vou tentar deduzir quem nos traiu deixando que todas essas criaturas invadissem a Ordem, por que não tem como eles terem entrado sozinhos, pois há uma barreira mágica em volta de toda a Ordem que nos protege e ao menos que alguém de dentro desative a barreira não tem com eles terem ultrapassado-a e essa situação toda parece ser estranha demais pra mim.

Skye nos guiou até atrás do enorme palco e por sorte não havia ninguém lá, a não ser nós e por um momento podemos respirar tranquilos e descansar um pouco, a final a trajetória até aqui não havia sido nem um pouco fácil. Uma enorme parede de tijolos envelhecidos com o tempo - mas que ainda mantinha seu charme - preenchia toda a parede que era o final do Salão, os outros olharam questionadores pra mim e pra Skye e eu logo previ a pergunta que não demorou a vir:

—Hãã, eu não sei o que vocês duas estavam fazendo, mas eu não sei se vocês perceberam, mas não tem nenhuma saída por aqui - Ally falou, cruzando os braços e nos olhando com as sobrancelhas franzidas.

—Skye? - chamei sacudindo os seus ombros minimamente, ela piscou seus olhos saindo do transe que ela estava antes, e depois ela os focou em mim.

Ela sorriu e nos encarou - Que foi? Preocupados? - ninguém precisou responder pra saber que a resposta era sim, então ela continuou a falar dando de ombros - Não é como se eu fosse trazer vocês em um beco sem saída.

Andando de costas como se estivesse fazendo um suspense, Skye encostou-se à parede e depois de olhar nos rostos de cada um de nós ela se virou e tateou a parede em busca de algo, até que suas mãos acharam um local que se destoou dos outros, e ao toque de Skye uma das pedras da parede arredou pra frente, ela segurou aquele pequeno bloco e o girou e de repente a parede começou a fazer uns barulhos estranhos e eu tive a impressão que estava tremendo, até que os tijolos da parede foram lentamente desaparecendo como se nunca estivessem estado ali e um enorme corredor com tijolos envelhecidos igual ao da parede do Aldo de fora do túnel se estendeu aonde eles estavam.

—Viram? Não disse? - ela sorriu convencida, levantando uma das suas sobrancelhas nos questionando a falar qualquer coisa, mas ninguém ali aprecia disposto a falar nada embora eu tenha certeza que todos estavam curiosos pra saber como Skye sabia daquela passagem secreta atrás do palco, mas que eles iriam perguntar somente depois que todos estivéssemos fora daqui - Alex? Pode fazer o favor?

Alex assentiu e entrou na frente, suas mãos criaram pequenas bolas de fogo que iluminaram o corredor escuro, um a um todos o seguiram, ficando por ultimo somente Skye e eu, nós nos encaramos durante um tempo, enquanto uma esperava a outra falar, ate que eu cansei de todo aquele silencio e temendo que nós não tivéssemos tanto tempo assim eu o quebrei:

—Você ficou esse tempo todo vendo como chegar nessa passagem? - perguntei uma das primeiras coisas que veio na minha mente.

Ela negou com a cabeça - Eu estava vendo todo o caminho que temos que percorrer pra darmos o fora daqui.

—E todos nós vamos conseguir? - perguntei mesmo não querendo saber da resposta.

—Provavelmente... Se tudo sair como na minha visão.

—E o que você viu exatamente?

—Eu... - Skye não teve chance de falar, pois uma criatura grotesca, talvez mais que as outras, apareceu no lugar que nós tínhamos entrado e ao nos ver ela soltou um grito, alertando a todos que estivessem perto o bastante para escutar antes de correr na nossa direção com as garras apontadas pra gente.

—Droga. Agora mais dessas criaturas vão achar esse lugar - resmunguei enquanto novamente apertava o botão no meio do bastão pra o fazer virar a foice, eu o tinha feito voltar a sua forma reduzida porque deduzi que não teria espaço pra ela no túnel e que não precisaríamos tão cedo, mas parece que eu me enganei.

Eu nem consegui assimilar direito como era a criatura que vinha na minha direção, eu só sabia que ela era muito feia e até mesmo um pouco deformada - talvez tenha entrado em uma briga em que acabou perdendo? - eu só sabia que eu tinha que mata-la e dar o fora daqui antes que mais delas aparecessem, então lentamente eu caminhei em direção a criatura que corria na nossa direção, espumando pela boca - será que era raiva? - enquanto girava o meu bastão entre minha mão e esperando a foice lentamente surgir quando eu apertei o botão no meio do bastão. A criatura ia chegando cada vez mais perto, seus poucos fios e cabelo - eu acho que era cabelo - estavam grudados na sua face que era toda retorcida e enrugada, além dela ter um nariz enorme e pontiagudo, e isso foi a única coisa que eu consegui assimilar enquanto eu girava minha foice nas mãos e quando a criatura estava quase me alcançando eu desci minha foice ela sobre ela, e como ela era descuidada demais e a única coisa que ela queria fazer era enfiar as suas unhas longas e afiadas na minha carne - provavelmente com veneno na ponta delas - ela não previu o golpe que veio de cima, então eu facilmente a matei e me deleitei com a visão dela morrendo, e se transformando em pó, se juntando a toda a poeira que já estava no chão. Mesmo que a morte de uma criatura não pague a morte das dezenas de pessoas que morreram ou vão morrer hoje, eu já fico feliz em saber que pelo menos eu matei uma delas e que ela não vai ter a chance de matar mais nenhum inocente.

—Vamos. Nós temos que sair daqui antes que mais deles cheguem - Skye disse me puxando pelo braço em direção ao túnel.

Eu assenti e a segui, apertando novamente o botão da foice a fazendo voltar pra sua forma de bastão, já que o túnel não é tão alto não tem como eu sair carregando ela por ele, e quando ambas passamos Skye tateou a parede até que achou um tijolo diferente dos demais e o pressionou, logo a passagem se fechou novamente.

Coloquei o bastão de volta no coldre que estava preso na minha perna e antes de começarmos a andar eu fiz surgir na minha mão direita uma bola de fogo pra iluminar o nosso caminho. Todo o túnel era feito de pequenos tijolos em um tom de bege, alguns mais escuros que os outros, o caminho era bem estreito e caberia no máximo duas pessoas andando juntas, lado a lado, e mesmo assim seria apertado, mas apesar de ser um túnel que não é usado a anos ele esta bem conservado e com exceção de algumas teias de aranha aqui e ali ele estava bem limpo, e foi muito tranquilo andar por ele e facilmente achamos nossos amigos que em algum momento devem ter percebido que Skye e eu não estávamos com eles e quando nós chegamos perto, nós fomos bombardeadas de perguntas tipo onde nós estávamos, porque demoramos e coisas assim, e nós acabamos tendo que dar um pequeno resumo do que aconteceu, é claro que deixando de fora a parte da nossa conversa sobre as visões da Skye.

—Vamos continuar? - sugeri depois que eles acabaram com o pequeno interrogatório e antes que eles fizessem ainda mais perguntas e nós ficássemos parados ali durante muito mais tempo e alguém descobrisse que nós estávamos ali. Não seria nada bom, e nós temos que dar o fora daqui o mais rápido possível.

—Temos um problema - Ally falou e eu nem precisei perguntar pra que ela respondesse - Temos uma ramificação - ela fez um gesto com a cabeça indicando o caminho mais a frente e eu dirigi meu olhar pra onde ela indicou vendo três tuneis diferentes se expandirem na nossa frente.

—Por qual nós vamos? - Alex perguntou.

—Nós vamos nos separar - Skye afirmou convicta.

—Nós não podemos nos separar. Vai dar merda se fizermos isso - Thomas se pronunciou - Sem falar que nenhum de nós está com uma arma a não ser Tori, não temos como nos defender.

—Ah pelos Deuses! Até parece que você não sabe se defender com os punhos ou com qualquer coisa que estiver ao seu alcance - eu disse dessa vez já me exaltando, eu andei até ele com passos firmes e quando cheguei perto apontei um dedo na sua direção o pressionando no seu peito a cada palavra dita - Você esta aqui há anos e treina há anos, e já saiu em incontáveis missões, então seja um Guardião de verdade e enfrente isso tudo de cabeça erguida!

Thomas piscou aturdido com a minha súbita explosão e até mesmo chegou a dar um passo pra trás, mesmo que eu não tenha usado nenhuma força física sobre ele. Eu tinha a impressão que todos ali prenderam a respiração, esperando Thomas fazer ou dizer alguma coisa, mas depois de um tempo me encarando com os olhos arregalados, ele balançou a cabeça fechando os olhos por um momento e quando os abriu eles transmitiam uma calma que eu tentava trazer a mim mesma desde que tudo isso começou, e até agora eu não obtive sucesso com isso.

Thomas sorriu pra mim como se me agradecesse por tê-lo feito acordar, e depois se virou pra Skye com o semblante compenetrado, totalmente pronto para o que der e vier - O que nós temos que fazer?

Skye sorriu, parecendo satisfeita com algo e depois de lançar uma olhada para todos os presentes no túnel, ela disse:

—Eu sei um jeito de sair daqui, mas não vai adiantar muita coisa se não tivermos armas para nos defendermos e suprimentos para nos mantermos pelo tempo que estivermos fora da Ordem.

Assenti concordando com ela - Pensei que eu fosse a única a chegar à conclusão que as coisas não ficariam nada bem pra nós daqui em diante.

—E não vão mesmo - Anthony se pronunciou, suas sobrancelhas se juntando parecendo frustrado - Algo me diz que eles vão se concentrar no ataque aos Anciões e aos Sentinelas, porque o objetivo dessa invasão hoje não foi para mandar um aviso como das outras vezes, eles vieram pra conquistar e arrasar. E seja lá quem está a mando disso, tem alguém daqui de dentro o ajudando e no momento ninguém é confiável.

—E é por isso que nós temos que dar o fora daqui e sumir dos mapas por um tempo - Skye disse - Mas não podemos fazer isso sem armas ou suprimentos, por isso eu quero que o grupo se divida, assim seremos mais rápidos e nossa taxa de sucesso será maior.

—Tudo bem - Ally concordou - E como vamos fazer isso?

Skye olhou nos olhos de cada um e todos pareciam dispostos a segui-la naquele momento, já que fora ela que havia achado a passagem e nos dado uma mentira de fugir de toda aquela matança pelo menos que por um momento e ficarmos seguros enquanto pensamos em como prosseguir. Seus olhos pararam em mim, e nós ficamos nos encarando ate que eu assenti discretamente e ela prosseguiu dizendo:

—Muito bem - ela respirou fundo e fechou os olhos por uns segundos, e quando voltou a abri-los eles traziam um brilho diferente de animação, empolgação...e algo há mais - Tori e Anthony, eu preciso que vocês vão até os dormitórios e peguem todas as nossas armas, quebrem algumas portas se for preciso.

Eu ri assentindo enquanto Anthony assentia silenciosamente - Pode deixar comigo - afirmei.

Skye se virou para os gêmeos e para Thomas - Eu preciso que vocês três vão até a sala de armas e peguem. Maximo de munição que conseguirem, mesmo que a gente tenha as nossas armas, algumas outras não vão fazer mal.

—Elric você vem comigo, nós vamos roubar uma nave - ela disse sorrindo marota, parece que ela estava gostando e muito dessa parte e Elric sorriu parecendo duplamente feliz por estar indo roubar uma das naves da Sede, ou talvez seja por outro motivo que eu não vou me esquecer de perguntar depois.

—Todos já sabem o que fazer. Agora, Skye, pra onde cada um deve seguir? - questionei, já ansiosa.

—Vocês dois vão pelo o da direita, ele passa por todos aos andares, e vocês vão ver quatro portas de madeira antiga, quando chegarem na quarta vocês vãos saber que estão no quarto andar, e depois de passarem por ela, vocês vão andar mais um pouco e vão chegar em um beco sem saída, mas é só procurarem por uma alavanca ou uma pedra que destoe das outras, da mesma forma que eu fiz pra entramos nesse túnel - ela orientou - Tomem cuidado na hora de sair, tenho quase certeza que essas criaturas já estão por toda a Ordem.

—Okay - Anthony assentiu e começou a andar em direção ao corredor indicado, mas eu o segurei pelo braço o pedindo pra esperar e me virei para os nossos amigos.

—Vocês querem que eu pegue algo no quarto de vocês sem ser as armas? - perguntei - Algo que seja útil para todos - completei ao ver Ally abrir a boca, provavelmente planejando pedir algum produto de beleza ou alguma coisa útil, como eu a conheço, já a cortei na hora e ela pareceu chateada por isso.

—Vocês poderiam pegar a bolsa do meu computador? - Alex pediu - Ela está em cima da minha escrivaninha e lá tem praticamente de tudo e com ela eu vou poder hackear alguns lugares quando estivermos fora e vou poder fazer algumas outras coisas.

Assenti, guardando mentalmente que eu deveria pegar a bolsa dele. Os outros não queriam que nós pegássemos mais nada, e depois de me dizerem aonde estavam as armas, Anthony e eu nos viramos pra seguir pelo corredor, mas Skye nos chamou novamente.

—Tori! - me virei a encarando com o olhar questionador - Há duas mochilas em cima da minha cama, pegue-as, elas são muito importantes - assenti novamente e ela sorriu - Não morra, ainda temos que ter mais uma luta, a minha revanche.

—Eu não posso esperar pra te derrotar de novo.

—Como se o raio caísse duas vezes no mesmo lugar. Mas agora vai, vejo vocês no hangar, se demorarem demais vamos sem vocês - avisou ela, embora eu soubesse que não era brincadeira, eu ri antes de me virar e começar a correr pelo corredor com o Anthony na minha frente.

Antes de começar a correr, Elric segurou no meu braço e me puxou pra perto somente para dar um singelo beijo no alto da minha cabeça e logo ele me soltou, me permitindo ir atrás de Anthony que me esperava no inicio do corredor. Eu acabei indo na frente, iluminando o nosso caminho com uma bola de fogo na minha mão.

Quando começamos a correr, nós ainda podíamos ouvir alguns ecos das vozes dos nossos amigos que ainda estavam parados na ramificação e Skye dado instruções para os gêmeos e Thomas, da mesma forma que ela havia feito conosco, e eu não duvidava que logo eles também iriam correr por um dos outros dois corredores, na direção da Sala das Armas, e Skye e Elric na direção do hangar onde as naves estavam estacionados.

Nós corremos durante alguns minutos pelo o infinito corredor e depois de alguns momentos nós vimos uma parede no nosso caminho, mas antes que achássemos que aquele corredor havia acabado, nós percebemos que havia uma rampa que subia em forma de zigue e zague, e logo nos dois começamos a correr por ela, a primeira porta logo pode ser vista, e eu soube que estávamos no caminho certo, quando subimos mais duas rampas, eu pedi a Anthony que esperasse por que eu não estava mais aguentando correr de saltos - nem soube como eu havia conseguido correr até ali em cima deles, sem vacilar - e se eu continuasse com eles era provável que eu me distraísse com alguma coisa e acabasse torcendo o pé ou algo pior, e o que não precisamos nesse momento é que eu me machuque e dificulte a nossa fuga.

Retirei os meus sapatos e os segurei na minha mão esquerda, Anthony olhou pra mim cm um olhar divertido no rosto a perceber que eu estava levando os meus saltos e não os deixando ali, mas nem louca que eu iria deixar meus preciosos naquele lugar esquecido pelos Deuses, mas logo ele voltou a correr e eu o segui, e me senti bem melhor ao correr descalça, podendo deixar meus pés respirarem do confinamento que era estar com aqueles saltos mesmo que eu os amasse, não tem como correr com eles.

Depois de um longo momento nós chegamos à quarta porta, antes de atravessa-la nos paramos para descansar um pouco e pegar fôlego e quando conseguimos normalizar as nossas respirações nós passamos por ela, com alguma dificuldade já que ela estava emperrada devido ao tempo que ela não era usada, mas nada que um chute bem dado não resolva.

Um pequeno corredor se estendeu na nossa frente,mas antes que entrássemos eu apeguei o fogo na minha mão, para não correr o risco de nenhum de nós sermos vistos depois que passamos pela porta. Nós podíamos facilmente podíamos ver o final dele e uma parede como se não tivesse saída, mas nós sabíamos que tinha então logo começamos a tatear a parede em busca de um tijolo diferente dos outros que fosse a chave pra sairmos desse túnel.

—Achei - Anthony anunciou e eu me virei na sua direção a tempo de vê-lo pressionando um dos tijolos.

A parede a nossa frente pareceu estremecer e um pouco de poeira caiu do teto enquanto a parede lentamente começava a deslizar para o lado direito, mas para nossa surpresa nós não nos deparamos em um dos corredores da Ordem e sim com um completo breu. Ué... Será que Skye havia errado na sua premonição de algum jeito? Não acredito que seja isso... E se isso tiver acontecido eu vou matar certa loira!

Anthony e eu trocamos um olhar confuso, nenhum de nós dois entendia o que estava acontecendo, e eu sinceramente não conseguia acreditar que nós havíamos ido até ali, pra nos depararmos com o nada... ou uma parede preta, sei lá o que é isso! Mas se eu tivesse subido todas aquelas rampas por nada eu vou matar uma loira!

Dei um passo na direção do preto com a minha mão direita estendida e embora eu tenha achado que de inicio ia ser algo solido como uma outra parede eu me deparei com uma maciez inexplicável. Confusa, eu dei mais um passo a frente e enterrei meus dedos naquela maciez, e logo percebi que era algo felpudo que bloqueava o nosso caminho e não uma parede. Lancei um olhar por trás dos meus ombros, pra me certificar que ele ainda estava ali, respirei fundo e puxei o pano felpudo que estava no nosso caminho e logo um pequeno fecho de luz entrou pelo corredor que estava totalmente escuro.

Sorri feliz por termos encontrado facilmente a porta e que agora nós só tínhamos que ir até os quartos e pegar todas as coisas que viemos buscar, mas antes que eu levantasse aquele tapete - que eu deduzo ser um tapete por ser tão fofo e estar em uma parede, provavelmente o decorando - eu comecei a escutar um barulho, pra ser mais exata o barulho de algo se arrastando pelo corredor, fora isso, tudo estava silencioso demais, se houvesse algo no corredor além de mim e de Anthony, provavelmente estariam calados e quietos ouvindo essa coisa rastejante passar pelo corredor.

Soltei lentamente a cortina e dei um passo pra trás, feliz por não estar com os meus saltos porque se não eles iriam fazer um enorme barulho quando eu desse um passo, mesmo que fosse o mais leve possível, o que chamaria a atenção do ser lá fora que parecia se aproximar cada vez mais da onde nós estávamos. Dei mais dois passos pra trás e acabei esbarrando em algo, mas antes que eu pudesse falar ou até mesmo praguejar algo uma mão grande e forte tampou a minha boca e eu logo relaxei meus ombros que eu nem percebi que estavam tão tensos, ao perceber que era Anthony. Ele também percebeu que eu relaxei e lentamente ele tirou a mão da minha boca, e antes que eu pudesse fazer qualquer outro movimento eu senti uma de suas mãos deslizar pela lateral do meu corpo, enquanto a outra se mantinha firmemente na minha cintura, me impedindo de me mover, ate que ela chegou na barra do meu vestido. Eu levantei minha mão para dar um tapa na sua mão atrevida, mas seus lábios tocaram no meu ouvido e novamente eu me arrepiei ao som da sua voz.

—Não se mexa - alertou-me ele, em voz baixa, e eu logo percebi o porquê, a criatura rastejante estava mais perto e se ela tivesse uma boa audição, ela com certeza poderia nos ouvir. Assenti minimamente, ainda nervosa com a sua súbita aproximação, e pela sua mão na minha cintura e a outra que segurava a barra do meu vestido - Com licença - pediu-me delicadamente, antes de levantar meu vestido, o suficiente pra revelar o coldre preso na minha coxa, e eu logo entendi o seu objetivo: ele queria pegar minha foice.

O rastejar estava cada vez mais perto e meus músculos estavam se retesando de antecipação com o que iria acontecer, mas antes que eu pudesse ver o que tinha acontecido já havia acabado. Simplesmente assim, eu pisquei e Anthony já não estava atrás de mim mais, eu pisquei novamente e o tapete que tampava a saída e nos protegia dos olhos de quem quer que passasse do lado de fora estava mexendo, indicando que ele havia passado rapidamente por lá, depois um barulho metálico e um grito esganiçado pode ser ouvido e depois...silencio.

Pisquei tentando entender o que havia acabado de acontecer e como ele pode ser tão... rápido. Seu ataque foi rápido e preciso como o de uma verdadeira cobra, e eu pude afirmar isso ao sair lentamente do túnel, empurrando o tapete pro lado, e ver Anthony parado olhando para o monte de poeira aos seus pés, segurando com uma só mão a minha foice, e talvez pelo fato de estar todo de preto - por causa do smoking, com exceção a camisa branca por baixo do colete - e somente ter a luz da janela o iluminando o davam a aparência de um anjo da morte, e os restos da criatura no chão meio que reforçam essa ideia.

Um arrepio subiu pelo meu corpo ao ver ele se virar pra mim quando notou a minha presença, seus olhos não estavam mais o verde esmeralda que eu achava bonito e sim tinha se tornado um azul gélido e brilhante, e eu soube, que em algum momento enquanto ele matava a criatura rastejante ele havia usado o ar, e seus olhos azuis como o gelo provavam isso.

Eu nunca fui muito de reparar nos olhos das pessoas, ainda mais aquelas que dominam algum elemento e embora eu sempre soubesse que quem usa um ou mais elementos seus olhos tendem a mudar de cor, eu nunca teria imaginado que os olhos que eu acho tão bonitos pudessem ficar ainda mais.

—Como... Como você fez isso? - perguntei meio hesitante, enquanto dava um passo à frente lentamente, ele percebeu que eu estava com um cuidado extremo perto dele e ele acabou franzindo o cenho por causa disso, mas segundos depois, seu cenho se suavizou e um sorriso de canto surgiu nos seus lábios.

Anthony caminhou lentamente até mim, como se fosse um tigre e estivesse caçando, seus olhos pareciam famintos por algo e por agora eu não quero saber que tipo de fome é essa. Ele chegou perto de mim o suficiente para que eu pudesse sentir a sua respiração no meu rosto. Seus olhos não se desprendiam dos meus, e o ar pareceu ficar mais tenso ao nosso redor. Lentamente ele se inclinou para perto do meu ouvido, para logo depois sussurrar fazendo meus pelos se arrepiarem de novo:

—Segredo.

Sabe o que é deixar uma mulher furiosa? Deixe-a curiosa. Simples. Ela já vai estar morrendo de raiva de você em questão de segundos e se ela fechar o semblante, você pode saber que funcionou e Anthony parecia satisfeito consigo mesmo quando se afastou e viu minha frustração.

—Vamos. Não podemos demorar muito mais.

Ele se virou e começou a caminhar pelo corredor com uma elegância que me deixava surpresa e o fato de ainda estar segurando a minha foice o deixava com uma aparência ainda mais assustadora do que o normal... Quer dizer... Não que ele fosse assustador, ele tá mais pra extremamente irritante do que assustador, mas ele não aprece se importar com o que as pessoas pensam de si, e continua agindo dessa forma extremamente irritante.

Argh! Já disse que ele era irritante?

Enquanto caminhávamos silenciosamente, mil e um xingamentos passavam pela minha cabeça e alguns deles saíram pela minha boca quando ele parou de repente e nós dois acabamos trombando um no outro.

—Por que parou? - perguntei, dando um passo pra trás e massageando minha testa. Que costas duras! Aposto que vai ficar com galo ou roxo, ou os dois, vai saber!

—Esse é meu quarto - respondeu ele simplesmente, enquanto retirava uma chave do bolso e inseria na fechadura, ele a girou algumas vezes até que ouvimos o característico som da porta se abrindo - Entre.

Nós dois entramos rapidamente, antes que mais alguma criatura aparecesse no corredor, e depois que ele fechou a porta atrás de mim eu soltei um suspiro de alivio por não termos nos encontrado com mais nenhuma criatura no caminho até aqui.

Anthony trancou a porta - mesmo que essa fechadura não fosse aguentar em nada se alguém quisesse arrombar - e passou por mim, me entregando minha foice já na sua forma reduzida. Ele rapidamente desapareceu por uma das portas do quarto pra surgir logo depois com alguma coisa preta nas mãos e depois desaparecer na outra porta, dessa vez a trancando depois de passar e eu logo deduzi que ele havia entrado no banheiro e estava trocando sua roupa para uma mais confortável do que o smoking.

Enquanto eu o esperava trocar de roupa eu andei elo quarto, observando que por ser um quarto de um homem, especialmente um Guardião que quase não deve arar nele a não ser pra dormir, estava estranhamente limpo, limpo demais, nem meu quarto nos melhores dias dele fica assim. Impressionante.

Havia três fotos na escrivaninha que me chamaram a atenção, pois em duas delas estava Anthony quando criança e ele realmente não mudou quase nada, a não ser ter crescido e ter um corpo divino que com certeza deve ser fruto de horas e horas treinando. Uma dessas fotos era ele em cima de um cavalo e segurando ao que me aprece ser uma medalha e uma faixa no seu corpo, e aquela roupa de cavaleiro o havia deixado fofo e se eu o tivesse visto nessa época eu teria apertado as suas bochechas, acho que ele não deve ter mais que dez anos nessa foto. A outra ele estava ao lado de uma menina com cabelos castanhos, mais nova que ele e seus olhos, tão parecidos com o de Anthony que eu logo deduzi que ela é a sua irmã mais nova, e pela foto em que os dois estão abraçados eu posso deduzir que eles são muito próximos um do outro.

A ultima foto era dele já mais velho com a menina da outra foto que eu acho que é a sua irmã e um casal mais velho que eu acho que são seus pais, mas antes que eu pudesse analisar melhor a foto Anthony saiu do banheiro já com o traje que ele usa em missões e ele estava terminando de abotoar uma das mangas quando seu olhar pousou em mim.

—O que está fazendo? - questionou-me.

—Só... Olhando - respondi meio hesitante.

Ele me encarou por algum tempo antes de dar de ombros e se dirigir novamente pra primeira porta a qual eu percebi que era o seu closet. Ouvi um barulho e eu logo soube que ele estava procurando algo, e eu confirmei isso quando o vi sair do closet com suas armas nas mãos.

Ele deixou elas caírem em cima da cama e em seguida começou a arruma-las e a coloca-las, como uma adaga em cada uma das suas botas, mais duas presas no coldre da cintura e uma arma de fogo automática em outro coldre também na cintura e pra terminar ele colocou sua aljava presa nas suas cosas e depois segurou seu arco com a mão esquerda.

—Vamos?

—Tem certeza que não esta faltando nada? - perguntei brincando me referindo a todas as armas que ele havia colocado presas na sua roupa, isso é se ele não tiver mais nada escondido, como por exemplo, na manga da blusa ou sei lá aonde.

Ele se avaliou por um momento e eu tive a impressão de vê-lo contando às armas que ele havia acabado de prender na sua roupa - Não eu acho que não. Acho que peguei tudo.

Eu ri balançando a cabeça ao ver que ele não tinha notado que eu estava brincando e acabei decidindo deixar isso pra lá, e eu decidi que já estava na hora de irmos e pegando na sua mão eu abri a porta e nós saímos do quarto, e ele teve o cuidado de fechar e trancar a porta ao sairmos, de acordo com ele era pra manter as aparências. Revirei os olhos discretamente já notando que ele tem uns probleminhas em manter as coisas no lugar e em ordem, isso explica o quarto arrumado.

Anthony me arrastou para uma porta perto da sua e eu logo soube que era o quarto de Thomas. Anthony olhou para o lado algumas vezes checando se alguém ou algo estava vindo e depois de ver que estava tudo tranquilo ele deu uns passos pra trás e eu percebi que a intenção dele era arrombar a porta já que não estávamos com a chave, mas eu entrei na sua frente o impedindo de continuar.

—Assim você vai chamar atenção desnecessária pra cima da gente - o repreendi.

—E o que você sugere então?

Não o respondi eu simplesmente me abaixei e fiquei na altura da fechadura, depois tateei o meu cabelo em busca de um grampo e quando eu o achei eu o direcionei para a fechadura, mexendo no buraco até que eu escutei o característico barulho da fechadura se abrindo. Me levantei sorrindo, feliz comigo mesma por ainda conseguir abrir fechaduras com apenas um grampo e que as portas dos dormitórios eram como as antigas, somente de madeira com fechaduras simples, porque se elas fossem portas normais e automatizadas eu não conseguiria abri-la tão facilmente assim.

—Onde aprendeu fazer isso? - ele perguntou surpreso quando abri a porta.

Dei de ombros - Longa história.

Nós entramos no quarto de Thomas e ele era completamente o oposto de Anthony e o típico quarto de um garoto, totalmente bagunçado e desorganizado e eu ri internamente da diferença obvia entre os dois. Anthony rapidamente entrou no quarto e se dirigiu ao closet de Thomas, logo saindo de lá com uma mochila enorme e com as armas modificadas de Thomas e as guardando na mesma, ele colocou a mochila no ombro e se dirigiu pra porta.

—Espere - pedi, o impedindo de sair - Tem alguma outra mochila no closet dele?

Ele pensou um pouco e depois assentiu.

—Então, pegue-a, vamos precisar.

—Por quê?

—Vamos levar as roupas deles, eles não podem ficar com roupa de baile enquanto estamos claramente entrando em uma guerra.

Ele entendeu o meu ponto e logo voltou pro closet, ele ficou um tempo lá dentro e o ouvi mexendo nas coisas do amigo, antes de sair com mais uma bolsa, maior que a outra e me entregando. Eu a peguei e a coloquei nos ombros e depois nós nos dirigimos pro corredor novamente, dessa vez somente encostando a porta já que não tínhamos a chave.

Anthony logo perguntou onde ficava o quarto os outros quartos e eu o guiei para o quarto do meu irmão que era o mais próximo dali. Novamente eu abri a porta cm o meu grampo, entrei, peguei as luvas que meu irmão usa pra lutar e o seu uniforme de missões que estava pendurado no canto do closet, e consegui enfiar os sapatos dele junto com os de Thomas, fechei a mochila novamente e me juntei a Anthony que esperava no corredor dessa vez.

Nós voltamos a caminhar, dessa vez na direção do meu quarto e no caminho nos encontramos com três das mais grotescas criaturas que eu vi até agora, mas Anthony rapidamente disparou uma flecha em cada uma delas, antes que elas percebessem que nós estávamos no corredor e naquele momento eu fiquei feliz em ter ele do meu lado e que ele usasse armas de longa distância, às vezes armas de longa distância podem ser mais uteis e mais precisas do que a de curto e médio alcance.

Além das três criaturas nós conseguimos chegar ao meu quarto rapidamente e dessa vez eu não precisei arromba-lo já que eu havia guardado a chave no meu vestido - não pergunte aonde - e rapidamente entramos e fechamos a porta.

Deixei a mochila no chão e logo me dirigi ao meu closet e pegando meu "uniforme" eu me dirigi ao banheiro e rapidamente me troquei e calcei minhas botas e aparando em frente ao espelho eu desfiz todo o meu penteado que Ally havia tido o maior trabalho pra fazer, mas que depois de toda essa luta e correria já havia se desfeito boa parte. O ponto positivo é que meu cabelo estava cheio de cachos e quando eu os prendi em um rabo de cavalo alto ele meus fios pretos pareciam brilhar na luz do banheiro, e eu fiquei muito feliz com o fato dele estar bonito, mesmo que não seja hora pra isso.

Desviei o meu olhar do espelho e me dirigi ao meu vestido que agora estava jogado no chão e depois de revira-lo um pouco eu encontrei o coldre que eu havia usado todo esse tempo e rapidamente o prendi na minha cocha direita e com ele o meu bastão. Já tendo terminado eu sai do banheiro e encontrei Anthony parado observando a janela. Me aproximei devagar dele, me perguntando o que ele estava vendo pra seus olhos terem escurecido tanto e nenhum traço de humor em seu rosto quando eu cheguei perto eu logo entendi o porque.

Todo o pátio da Ordem que dava de frente pro meu quarto estava destruído, e as arvores que contornavam todo o local estavam pegando fogo e um brilho laranja preenchia o céu, e mesmo de longe eu podia distinguir uma ou outra silhueta correndo em meio ao caos que se espalhava lá fora, embora aqui dentro não tivesse muito melhor.

—Vamos logo. Estamos ficando sem tempo - ele disse serio, dando as costas pra janela e pegando uma das mochilas, antes de sair pela porta ele se virou pra mim e perguntou - Você vai pegar mais alguma coisa?

Neguei e ele assentiu, saindo pela porta cuidadosamente, olhando o corredor antes de acenar pra eu segui-lo, antes de sair eu fui até o criado do lado da minha cama e abri a gaveta, retirando de lá a chave reserva do quarto de Skye que a mesma havia deixado comigo pro caso dela perder a dela, como já havia acontecido algumas vezes desde que chegamos na Ordem. Peguei a minha mochila e saí do quarto fechando a porta lentamente e a trancando, vendo pelo o que eu imagino ser a ultima vez o meu quarto.

—Onde está aquele seu macaquinho? - ele perguntou enquanto eu me dirigi pro quarto de Ally que era ao lado do meu, já pegando o meu grampo e abrindo a porta, mais facilmente que as outras depois de ter praticado algumas vezes.

—No quarto de Skye. Ela estava brincando com ele a tarde enquanto Ally me arrumava - expliquei enquanto pegava o chicote da minha amiga e colocava dentro da mochila e o uniforme da mesma na outra, e quando eu estava quase saindo do closet eu avistei o kit de emergência que tinha de tudo e que Ally não saia sem ele, e sorrindo eu o peguei e enfiei na mochila, já prevendo o quanto ela ficaria feliz por eu ter pegado ele.

Terminei no quarto de Ally e depois fui pro quarto de Alex, não me demorei muito no dele e depois de prender a espada dele bainha na minha cintura e de pegar seu uniforme e enfiar na mochila com as roupas, e na mochila que estavam às armas eu coloquei a bolsa que tinha o computador de Alex que ele havia pedido, eu a coloquei no ombro e saímos do quarto dele, encostando a porta e indo pro ultimo quarto, o de Skye.

Como eu estava com a chave, foi bem fácil entrar no quarto dela, e assim que eu passei pela porta um ser peludo e agitado subiu em cima de mim se aconchegando em mim e eu logo percebi que ele estava bastante assustado com todo esse barulho e me puni mentalmente por não ter vindo aqui antes.

As mochilas de Skye estavam sobre a cama, como ela havia dito e suas espadas gêmeas estavam presas nas costas de uma das mochilas e eu acabei sorrindo ao notar que ela havia pensado em tudo, e eu me pergunto a quanto tempo ela espera por uma invasão.

Anthony me empurrou pra dentro do quarto e fechou a porta, de inicio achei que tinha alguma coisa vindo na nossa direção, mas ao ver sua expressão relaxada - a medida do possível em uma situação dessas - eu também relaxei, ele colocou a mochila dele no chão - a que tinha as roupas e por consequência a mais pesada - e se aproximou das mochilas dela na cama, ele abriu uma e revirou o interior por um momento, depois ele a fechou e fez o mesmo com a outra. Seu rosto estava pensativo e antes dele começar a falar eu já suspeitava que ele tinha sacado algo.

—Como ela preparou tudo isso... Sem saber que algo iria acontecer? - ele perguntou baixinho, me encolhi minimamente sob o seu olhar acusatório - A não ser que ela já sabia que algo assim ia acontecer - acusou ele.

—Bom...Eu... eu não sabia o que falar, e lentamente eu deixei a minha bolsa cair no chão, tomando cuidado para não batê-la porque ela estava com o computador de Alex e eu não queria quebra-lo.

—Tori - ele chamou-me quando eu desviei o olhar para Seth, e acariciava o seu pelo, tentando acalma-lo - Ela já sabia não é?

Ele não precisava de uma confirmação do que ele já sabia, mas mesmo assim eu assenti, confirmando.

—Como?

Respirei fundo e o encarei, sinceramente eu nem sei por que estou nervosa com isso.

—Você conhece a Casa Gemini, não é? - perguntei, me aproximando da cama e me sentando, sem fazer movimentos bruscos para não assustar Seth ainda mais.

Ele assentiu minimamente e eu observei o seu rosto enquanto ele juntava as peças, seu olhar passando de acusatório e nervoso para confuso e com algo a mais que eu não sei dizer o que é.

—Ela pertence à Casa Gemini? - perguntou surpreso e um pouco alto de mais.

Coloquei um dedo na frente dos meus lábios pedindo para ele fazer silencio e ele logo entendeu que havia falado auto demais e seu olhar me peia desculpas. A respeito da sua pergunta eu assenti, mas antes que ele perguntasse mais alguma coisa e o cortei:

—Perguntas depois, e se quiser saber mais, pergunte a própria Skye, não vou fofocar a vida da minha amiga pra ninguém - falei convicta e ele assentiu, entendendo e eu não duvidava que ele iria perguntar pra Skye sobre isso depois - Nós temos que ir. Acho que já demoramos demais.

Ele concordou e logo pegou uma das mochilas me entregando e eu não precisava ser vidente pra saber que ele havia pegado as duas mais pesadas e me que ele me deu as mais leves, e eu acabei revirando os olhos por causa disso, enquanto o observava o ajeitar as duas mochilas nas costas de modo que ele ainda pudesse pegar uma flecha na aljava se precisasse. Eu coloquei Seth no meu ombro depois que coloquei as mochilas nos mesmo e antes que saíssemos pela porta eu avistei das garrafinhas d'água em cima de um dos criados de Skye e eu as peguei, estendendo uma para Anthony e tomando a outra, e depois que ambos sorvemos todo o liquido delas, nós saímos pela porta com cuidado e mais devagar que antes, fechando a porta calmamente atrás da gente.

—Nós temos que tomar mais cuidado agora, porque estamos com todas essas bolsas vai ser bem difícil nos movermos livremente - ele falou enquanto começávamos a caminhar pelo corredor.

—Onde estamos indo? - questionei, ao ver que estávamos indo pelo lado contrário ao do túnel.

—Para um elevador, quase ninguém sabe dele, então ele vai ser mais seguro do que se tentássemos voltar pelo corredor - explicou e eu não disse mais nada, não precisava, porque ele estava certo em tentar ir elo caminho mais rápido e mais fácil do que pelo outro que com certeza traria mais problemas pra nós dois, que nesse momento que estamos cheio de bagagens teríamos dificuldade pra passar por todas elas, ainda mais comigo carregando Seth nos ombros.

Não demorou muito pra chegarmos a uma porta diferente das outras deste corredor que estava escondida atrás de uma tapeçaria, essa era automatizada como as outras dos outros andares e ela só abriu depois que Anthony digitou uma senha e colocou sua mão no leitor de digitais, revelando um corredor iluminado ao qual andamos rapidamente por ele, com as portas fechando atrás da gente, e depois chegamos a uma outra porta que se abriu assim que chegamos perto dela revelando ser um elevador, ao qual entramos rapidamente e elas se fecharam automaticamente. Anthony falou em voz alta que queríamos ir pro andar onde era o hangar e logo eu senti o elevador se movimentando e eu me permiti suspirar aliviada ao estarmos temporariamente seguros, mas eu logo prendi a respiração de novo junto com Anthony quando o elevador anunciou que iria parar, o que significava que mais um passageiro iria "embarcar".

Anthony e eu lentamente deixamos as bolsas pousarem no chão e cada um de nós pegou uma arma, ele é claro se posicionou com o arco e a flecha já pronto pra atirar e eu aproveitei que a espada de Alex estava presa na minha cintura e eu a tirei da bainha dobrando os meus joelhos levemente, também pronta pra atacar.

Um tipo de apito soou avisando que o elevador tinha parado e quando as portas se abriram eu já estava pronta pra atacar quem quer que tivesse acionado o elevador, e se não fosse por um grito estridente eu teria decido a espada no primeiro na minha frente.

Abri meus olhos - que eu nem percebi que estavam fechados - e encarei uma Ally assustada e de olhos arregalados e agarrada firmemente a Thomas, ele e Alex também estavam assustados, mas soltaram suspiros altos e coletivos quando perceberam que era Anthony e eu.

Nós dois lentamente abaixamos as nossas armas e por um momento tudo o que a gente fez foi encarar um ao outro até que Alex quebrou o silencio:

—Ei! Essa espada é minha!

Eu ri, percebendo que ele estava mais preocupado com a espada do que tudo e eu logo a estendi pra ele, retirando também o sinto da minha cintura onde que a espada estava presa antes e ele rapidamente a colocou na sua cintura e guardou a sua espada no seu lugar.

—Vamos entrar logo no elevador antes que alguma daquelas criaturas ache a gente por causa do grito de Ally - Thomas disse empurrando os gêmeos pra dentro do elevador e apertando o botão pra ele se fechar e voltar a se movimentar de novo.

Eu reparei que Alex e Thomas estavam com uma mochila cada um nos seus ombros e eu logo deduzi que eram as armas que Skye havia os mandado buscar, e por consequência eu acabei me lembrando que eu estava com as armas eles também e enquanto o elevador fazia a sua curta viagem pro hangar eu retirei o chicote de Ally da mochila e as armas modificadas de Thomas e entreguei pra eles, e ambos pareceram satisfeitos de estarem com as armas ao qual eles estão acostumados a lutar.

Eu me abaixei pra pegar a outra mochila, mas Alex foi mais rápido e tirou ela dos meus ombros, e Thomas fez o mesmo com Anthony tirando uma das mochilas pesadas do ombro dele. Quando o elevador parou cada um de nós - com exceção da Ally - estávamos com uma mochila e com as nossas armas em punho, preparados para qualquer coisa.

Nós andamos cautelosamente pelo hangar, esperando avistar Ell e Skye passando ao lado e por baixo de diversas naves diferentes, e por um curto momento eu me peguei as apreciando, ate que Ally gritou avisando que os havia visto.

Rapidamente nós corremos pra onde Skye estava sentada - na rampa/porta de uma das naves - ela não era nem muito grande, nem pequena demais, ela era do tamanho perfeito pra caber todos nós nela confortavelmente e eu soube que a escolha tinha sido da loira, que havia se levantado e vindo à nossa direção sorridente, porque a nave era de certa forma discreta, mas uma das mais rápidas da Ordem, perdendo somente pro Falcão XV, embora eu me arrisque dizer que é por causa do tamanho, sendo que ela é pelo menos duas vezes maior que a outra que é projetada pra ter somente dois passageiros, no caso o piloto e copiloto.

—Vocês demoraram - ela disse ao chegar perto sorrindo - Já estava começando a imaginar que você tinha sido capturados.

—Não é hora pra brincadeiras, Skye - Thomas disse com a cara fechando se dirigindo pro avião, sendo seguido por Alex e Ally.

Ela deu de ombros - Estamos vivos, não é mesmo?

—Por enquanto - Anthony disse dessa vez, passando por nós e seguindo pra dentro da nave.

—Eu hein. Que mal humor desse povo - ela reclamou fazendo careta, que logo se dissolveu ao ver Seth no meu ombro - Ah meu lindinho, vem aqui- ela o pegou no colo e começou a fazer carinho nele enquanto nós duas nos dirigimos pra dentro da nave.

—Onde está meu irmão? - perguntei enquanto terminávamos de subir a rampa.

—Ele está terminando de conferir tudo pra podermos partir.

Ally já estava sentada em um dos bancos disponíveis e já havia colocado o sinto, Alex não estava à vista e eu tenho quase certeza que ele dele estar na cabine do piloto junto com o meu irmão. Thomas e Anthony estavam em um canto da nave amarrando as mochilas uma nas outras pra na correr o risco delas saírem rolando por aí quando levantássemos voo e eu me aprecei pra perto deles entregando a mochila que eu carregava também pra amarra-la junto às outras.

Escutei um barulho alto soar e assustada me virei na direção dele, vendo que ela Skye que havia pressionado um botão e agora a comporta se fechava. Quando ela se fechou totalmente, luzes se acenderam por toda a nave deixando o local bem iluminado, os meninos terminaram de organizar as coisas e Skye se dirigiu até um dos bancos da nave onde se encontrava uma gaiola de transporte de animais, que já estava presa com o sinto ao banco, e eu acabei sorrindo novamente ao ver que ela tinha se lembrado de Seth e se importado o suficiente pra arranjar a gaiola de transporte pra ele ir mais confortável.

Alex surgiu da porta que eu sei que é a cabine do piloto dizendo:

—Elric pediu que todos se sentassem e colocassem os cintos e não o tirassem enquanto não estivermos seguros - anunciou ele - Ele acha que a viagem vai ser um pouco turbulenta - todos nós assentimos e nos dirigimos para um dos bancos e logo colocamos o cinto, eu me sentei ao lado da gaiola de Seth, pra tranquiliza-lo um pouco - Skye, ele pediu que você fosse logo lá pra frente. Ele quer partir imediatamente.

—Okay, okay - ela concordou se dirigindo pra porta, mas antes de entrar ela se virou pra gente e disse - Espero que façam uma boa viajem.

Ela logo entrou e fechou a porta atrás de si, imaginei que ambos precisassem de concentração pra conseguir colocar essa nave no ar e por mais que eu quisesse ver meu irmão agora para me certificar que ele está bem, eu teria que esperar um pouco mais, ate estarmos longe daqui e seguros.

Todos já estavam sentados e com os cintos colocados e por pequenos momentos, nada pode ser ouvido além da nossa respiração, até que a nave ligou. As luzes se apegaram durante um momento de depois voltaram a se acender e um pequeno zumbido pode ser ouvido e eu logo soube que a nave estava ligada. Ela chacoalhou um pouco enquanto entrava em movimento e depois tudo cessou e somente o leve zumbido do motor pode ser ouvido, a nave estremeceu de novo e eu tive a sensação de que estávamos sendo erguidos, e antes que eu perguntasse a voz forte de Anthony preencheu o silencio:

—Estamos em uma plataforma que está nos levando para a superfície - ele explicou serio, e o pequeno clima tenso que se espalhava pela nave foi quebrada pela gargalhada de Thomas.

—Vocês não acharam que nós íamos simplesmente ligar a nave e disparar terra a dentro, imaginaram? - perguntou ele rindo - Ou será que imaginaram que a nave tem o poder de atravessar paredes?

—Não seja idiota - reclamei emburrada - Eu só acho que nós só estávamos preocupados demais com ouras coisas pra pararmos pra pensar como a nave saí de debaixo da terra - esclareci e ele acabou assentindo, tentando conter o riso, bufei, sem paciência para atura-lo e voltei a prestar atenção a Seth que havia se encolhido no fundo da gaiola quando a nave começou a balançar demais e eu deduzi que a causa disso era porque estávamos chegando na superfície e que a situação lá em cima não é nada boa.

—Senhoras e Senhores passageiros, se olharem atrás das cadeiras de vocês poderão ver o verdadeiro caos - Skye anunciou pelos autofalantes da nave, coma voz seria demais pra alguém que vive brincando com tudo.

Eu me virei para trás para descobrir que um pedaço das paredes - nem sei se chamam paredes meso, quando se está dentro de uma nave - era uma espécie de vidro que se escurecia e ficava mais claro, e Skye ou Elric devem ter acionado um botão na cabine de comando que fez as janelas, paredes...que seja! Ficarem mais claras e assim nós pudemos ver toda a destruição que havia se espalhado pelo lado de fora da Ordem e pelos corredores da mesma.

O cenário não era diferente do Salão em que estávamos ontem. O caos reinava lá fora e o fogo já havia se espalhado pela Ordem, várias pessoas corriam apavoradas de um lado pro outro, algumas tentavam se defender como podiam, mas isso não quer dizer que alguma delas tenha tido muito sucesso. Entre os civis apavorados e as diversas criaturas - uma mais estranha que a outra - que corriam de um lado pro outro, havia alguns Guardiões se defendendo e tentando matar o máximo de monstros possíveis, e naquele momento, os vendo darem tudo de si, eu me senti mal por estar fugindo e não estar lá em baixo ajudando eles, cumprindo o juramento que eu havia acabado de fazer perante a pira de fogo e todos os que estavam presentes, e eu estava ficando tentada a pedir que Skye e Elric abrissem a comporta e me deixassem sair e ir ajuda-los, como eu sabia que era o certo, e embora eu quisesse muito fazer isso, eu tenho certeza que ninguém aqui me deixaria fazer isso.

Sinto minha mão ser segurada, e um calor confortável e familiar a envolve. Tiro os meus olhos do que estava acontecendo lá fora e volto meus olhos para as mãos agora entrelaçadas e há apertei um pouco antes de voltar meu olhar pra cima e encontrar duas esmeraldas me encarando preocupadas, sorri minimamente tentando conforta-lo, mas parece que não fui muito convincente.

—Vai ficar tudo bem - garantiu-me ele em voz baixa - Nós não seriamos e grande ajuda lá embaixo e com certeza só iríamos atrapalhar ou na pior das hipóteses, algum de nós iria morrer. A melhor escolha que nós fizemos foi escolher dar o fora daqui.

—É, mas... E todas aquelas pessoas lá embaixo? O que será que vai o com eles? - perguntei preocupada, voltando meu olhar pra janela novamente.

Pelo canto dos olhos eu pude ver ele se encolher minimamente e ele não precisava responder pra que eu soubesse que mais da metade deles não iria sobreviver ao ataque de hoje, e algo me diz que as coisas vão mudar completamente daqui pra frente. Da água para o vinho.

—Eles são espertos - disse ele quando a nave começou a se movimentar, deixando aquele cenário de caos pra trás - E um dia todos os Guardiões vão se reunir novamente e nós faremos igual a uma fênix: nós renasceremos das cinzas e vingaremos todos os nossos companheiros que morreram lutando hoje - suas palavras carregavam uma promessa que todos nós faríamos o possível para cumpri-la e por um momento eu me senti um pouco melhor por estar indo embora, pois assim nós teremos a chance de lutar de novo e dessa vez nós não seremos os perdedores.

Hoje foi só uma batalha, e embora nós tenhamos a perdido, muitas outras ainda virão pela frente e eu mesma ou me certificar cada uma delas até que toda a guerra esteja ganha, e mesmo que isso esteja longe, o fogo que arde dentro do peito de cada um de nós não vai se apagar e no final, tudo vai ter valho a pena.

A nave começou a se movimentar e logo ela já estava no ar a toda velocidade, eu quase suspirei de alivio, mas no mesmo instante que eu pensei fazer isso a nave sacolejou fortemente e mesmo estando com o cinto de segurança eu tive que me segurar para não me desequilibrar, já que a nave se inclinou cento e oitenta graus na esperança de fugir do que quer que seja que estava nos atacando.

—O que esta acontecendo?! - Ally questionou gritando e sua pergunta logo foi respondida quando um grito meio esganiçado e esquisito preencheu o ar.

Rapidamente voltei meus olhos para a janela novamente, dessa vez tudo o que eu podia ver - o que não era muita coisa - era o céu estrelado e a fumaça preta que subiu aos céus por conta da queimada, mas antes que eu me virasse novamente para perguntar se eles estavam vendo algo, um ponto preto surgiu ao meu lado. Uma criatura alada que parecia estar carregando uma espécie de machado e tentava a todo custo chegar perto da nave e atingi-la. Suas asas batiam furiosamente cada vez mais ela chegava perto. Eu não podia ver o seu rosto por causa da escuridão da noite, mas pela sua silhueta eu tenho quase certeza de que era uma mulher, ou o mais próximo de uma mulher do que qualquer outra coisa.

—Desse lado! - Alex gritou e eu tirei meus olhos da criatura voando do meu lado pra voltar meu olhar para o lado oposto, onde Alex apontava freneticamente para o lado de fora.

Eu não estava conseguindo ver sentada do outro lado de onde Alex estava sentado e mesmo com a nave balançando um pouco eu retirei o meu sinto e caminhei meio cambaleante para o outro lado, me apoiei nas janelas e olhei por elas, meus olhos se estreitaram automaticamente enquanto eu tentava ver o que Alex estava querendo nos mostrar e quando eu encontrei meus olhos se arregalaram de surpresa.

—São... Muitas - falei pasma, observando todas aquelas criaturas aladas voando atrás da gente, parecendo motivadas a nos derrubar e impedir que nós escapemos.

—Harpias - Thomas sussurrou, também se levantando e se ficando em pé para ter uma visão melhor das criaturas aladas que agora eu descobri serem harpias.

—Algumas delas estão com armas - Anthony falou - Mas a maioria prefere usar as garras das mãos, que são tão mortais quanto à espada mais afiada.

—Oiii - a voz metálica de Skye soou pelos autofalantes - Eu não seis e percebera, mas estamos sendo atacados - como pra comprovar o que ela disse uma harpia passou bem do lado da janela em que eu estava olhando e ela tentou fincar as suas garras no vidro, mas parece que algo deu choque nela e ela acabou se afastando com um grito - Resolvam isso!Se não nós não conseguiremos ir muito longe.

Bufei - Mandona -murmurei enquanto me dirigia onde as mochilas estavam amarradas e logo peguei a que continha armas e logo eu achei o que eu estava procurando: um arco, mas eu não encontrei o mais importante uma aljava com as flechas, só o arco é completamente inútil.

—Esse é um tipo de arco especial - Anthony disse se aproximando de onde eu estava e pegando mais um arco, ele eram retrateis, então eles estavam dobrados dentro da mochila e quando você os abria ele era do tamanho de um arco normal - São mágicos, e tudo o que você precisa fazer é puxar a corda.

—Que corda? - questionei ao ver que nem ao menos corda o arco possuía, ele só tinha a base.

—Assim - ele disse e logo se posicionou e fez o movimento com a mão como se estivesse puxando uma corda e logo em seguida uma corda parecida ser feita de energia surgiu e junto a ela uma flecha já perfeitamente posicionada - O único ponto negativo deles é que ele usa a sua força vital pra lançar as flechas, então enquanto você tiver energia, você vai ter flechas.

—Ah! Entendi.

Ele assentiu e caminhou na direção a porta da nave e apertando um botão do lado da mesma, ela se abriu o seu máximo e assim Anthony andou um pouco mais sobre ela, tentando se firmar e lutar contra o vento forte que estava entrando por ela, e quando o conseguiu, ele se posicionou, levando o braço esquerdo - agora que eu percebi que ele é canhoto - pra trás e uma flecha surgiu para logo depois ele disparar e atingir uma as muitas harpias que estavam atrás da gente, a flecha explodiu no momento que tocou na harpia matando ela e mais uma que estava voando ao lado dela. Ótimo, agora só falta umas cinquenta. Perfeito.

Anthony já disparava com precisão nas harpias e muitas dela já haviam morrido, e eu logo me posicionei ao seu lado e puxando o meu braço direito pra trás e mirando em uma das harpias eu comecei a disparar flechas matando algumas delas. Thomas se juntou a nós dois na rampa da nave, mas em vez de estar com um arco ele estava com duas armas de fogo, uma em cada mão e ele logo que conseguiu se firmar ele começou a atirar com precisão pra cima delas. Alex e Ally não tinham treino nenhum em tiro ao avo ou qualquer coisa do tipo, porque de acordo com eles não faz o gênero deles, então eles continuaram sentados em seus assentos, somente nos observando, embora eu soubesse que eles também estavam loucos para participar da pouca ação presente no momento, e eu fiquei feliz por ter treinado arco e flecha nos meus tempos livre nos últimos três anos, porque agora eu posso ajuda-los a proteger a nave.

Enquanto matávamos elas, algumas chegavam perto o suficiente para que eu pudesse analisa-las melhor antes que eu ou um dos meninos as matasse, eu percebi que uma parte delas era em forma de pássaro, e assim como suas asa todas as penas eram coloridas, de vários tons diferentes, e se elas não tivessem tentando matar a gente eu até poderia parar para admira-las um pouco.

Demorou, mas o numero de harpias foi reduzindo gradativamente até não sobrar mais nenhuma. O céu se iluminava toda vez que uma delas eram explodidas e eu temia que alguém visse esse "rastro" que nós estamos deixando e viesse atrás da gente e que nós tivéssemos mais problemas, mas isso, é uma coisa que os nossos pilotos tem que resolver, arranjando um jeito de despista-los e levar a gente para um local seguro.

—Acabou - anunciei depois de alguns minutos voando sem mais nenhum sinal das mulheres pássaros.

Anthony e Thomas assentiram e ambos se viraram para entrar novamente para dentro da nave novamente, mas antes que eu pudesse segui-os, uma coisa agarrou a minha perna e me puxou, me fazendo cair com as costas no mesmo. Olhei pra minha perna e pro lugar onde eu sentia garras a segurando, e encontrei com uma harpia me encarando com ódio no olhar, talvez ela estivesse com raiva por nós termos matado a s suas amiguinhas e agora ela quer descontar em mim!

A harpia parecia estar um pouco machucada, pois eu via um pouco de sangue escorrendo pelo seu rosto feminino que estava meio contorcido no que parecia ser uma careta de dor. Ela fincou suas garras na minha perna e começou a me puxar para fora da nave, eu soltei um grito agudo ao sentir minha pele ser perfurada e lagrimas inundaram os meus olhos. Eu já estava começando a achar que eu ia morrer ao ser puxada pra fora da nave e depois começar uma queda livre direto pro chão e morrer esmagada pela força do impacto, mas felizmente, braços fortes me seguraram a impedindo de me puxar mais, e antes que eu pudesse assimilar quem estava me segurando, Thomas entrou na minha linha de visão, e retirando uma adaga de não sei da onde ele a direcionou para as costas da harpia logo a enterrando na mesma e em seguida fazendo-a virar pó, como todos os outros monstros e criaturas que morriam pelas nossas armas.

Anthony - que eu percebi que era o que tinha me segurado - me puxou para dentro da nave e Thomas logo fechou a porta cortando o forte vento que antes entrava pela mesma.

A dor preenchia todo o meu ser e lagrimas silenciosas desciam pelo meu rosto. Sem perceber eu me agarrei fortemente na roupa de Anthony, sem coragem de olhar para a minha perna machucada que estava doendo muito. Eu conseguia os ouvir falando alguma coisa pra mim, tentando me acalmar provavelmente, mas eu não conseguia entender direito o que eles estavam falando, e embora eu estivesse com muita dor eu não gritei, somente na hora em que a harpia havia fincado suas garras em mim e tudo o que saia dos meus lábios ocasionalmente eram pequenos suspiros causados quando alguém tocava mesmo que minimamente minha perna.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali agarrada a Anthony, o tempo não parecia passar pra mim direito e a dor parecia estar subindo por toda a minha perna, mas depois de uns instantes eu senti ele se movimentando, me ajeitando melhor contra o seu corpo de modo que ele conseguia tocar a minha perna.

De inicio eu me retrai ao sentir uma pontada de dor me invadir quando ele tocou minha perna ferida, mas depois um alivio tomou conta de mim quando eu senti o local que antes parecia estar pegando fogo se esfriar. A dor foi sumindo o suficiente para que eu conseguisse fazer as lagrimas pararem de rolar pelo meu rosto e conseguir olhar para até então onde estava meu machucada, e encontrei a mão de Anthony envolvida por uma luz azul e eu logo liguei os pontos e soube que ele estava me curando, provavelmente usando o seu domínio sobre a água para isso.

Lentamente eu levantei meu olhar para ele e encontrei o seu rosto serio e a testa franzida, talvez de preocupação comigo, não sei. Seus olhos brilhavam azuis escuros como o céu lá fora e eu achei lindo como eles estavam, mesmo que eu ainda preferisse seus olhos verdes esmeralda. Seus lábios se mexiam minimamente e eu soube que ele estava entoando um tipo de feitiço de cura e nessa hora eu pensei - talvez pela letargia que meu corpo se encontrava no momento - seus lábios tão bonitos e atraentes que eu tive vontade de toca-los com as pontas dos meus dedos, e talvez algo mais depois...

Ele percebeu que eu estava o olhando e voltou o seu olhar pro meu,nossos olhares se encontrando e um rendendo o outro sobre o olhar profundo e cheio de significados que cada um demonstrava, a testa se suavizou ao ver que eu havia parado de chorar e que aparentemente eu estava bem, apenas com uma leve dormência na perna. Um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios e se meu corpo não estivesse tão pesado e eu não estivesse tão cansada eu teria sorrido pra ele também.

Meus olhos foram se fechando sem a minha permissão enquanto a sonolência me atingia, e mesmo assim tudo o que eu conseguia pensar é nos olhos preocupados dele e que eu não queria mais ver a expressão preocupada e sofrida no seu rosto novamente, e se pra isso eu tivesse que dar o meu melhor para acabar com tudo e todos que quebraram a paz que estávamos vivendo, eu o faria. Eu não deixaria ninguém mais sofrer, pelo menos, eu faria o meu melhor para que isso não acontecesse e nem que eu tivesse que dar a minha vida pra isso eu protegeria e cuidaria daqueles que eu amo, da minha família.

Como eu disse antes, a guerra está começando, e eu não estou nem um pouco disposta a deixar que eles contem a historia da maneira deles, porque todo mundo sabe que a história só é contada pelo lado vitorioso e os que perderam, acabam se tornando os vilões da história, mesmo que existam diversos fatos que provam o contrário. Mas essa guerra começou agora, e não é porque perdemos uma batalha que vemos entregar a guerra e deixar que eles escrevam a nossa história como bem quiserem. Não, eu vou lutar. Vou lutar mesmo que eu não tenha possibilidade nenhuma de vencer, mesmo que eu esteja sozinha contra Deus e o mundo, não é do meu feitio abaixar a cabeça e aceitar tudo o que dizem, e por isso não vou deixar isso barato, eu vou deixar a minha marca nesse mundo e nessa nova história que acabou de começar, vou mostrar a todos do que os Guardiões são capazes, do que Victoria Moore é capaz.

 

 

 

 

 

 


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