Roses and Demons: Hell's Flower escrita por JulianVK


Capítulo 15
A Morte Paira Sobre Brokefront




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As bruxas explodiram em gritos de comemoração com o triunfo de Esther sobre sua inimiga. Algumas correram até a garota caída, preocupadas com seus ferimentos, mas Anya logo as assegurou de que ela não corria risco de vida. Em meio a tanta alegria, ninguém deu atenção ao corvo que pairava sobre o local. A ave, antes voando em círculos, traçou seu rumo em direção ao norte até desaparecer de vista.
—Então demônios realmente podem ser derrotados. Incrível... – Disse Kate, realmente admirada.
—É claro que sim. Dementia cometeu um erro gravíssimo ao subestimar o poder das bruxas empericianas! – Respondeu Erika.
—Verdade. Mas as batalhas daqui em diante provavelmente serão ainda mais difíceis, então não podemos baixar a guarda.

Somente na madrugada do dia seguinte foi que o corvo presente durante a batalha de Esther decidiu pousar. Quem o visse empoleirado num galho frondoso teria dificuldade para discernir sua forma anormalmente grande em meio à escuridão. Apenas os olhos amarelados eram claramente visíveis, emitindo um brilho inquietante.
—Que bom que já chegou aqui, mestre Morburi. – Disse o animal com sua voz esganiçada.
—Tem alguma notícia para mim, Corvame?
O corpo putrefato do demônio Morburi também era apenas marginalmente visível nas trevas, mas seus olhos, assim como os do corvo, se destacavam. Ele falou em tom desinteressado, mas estava curioso para saber a situação da batalha nas proximidades do forte.
—Sim, mas não são boas notícias. Dementia, que havia sido enviada para lidar com as bruxas do reino vizinho, foi derrotada facilmente.
—Que patético. Dementia realmente deveria ser um demônio muito mais fraco do que tentava fazer parecer.
—Pelo que pude observar, ela só foi derrotada porque havia uma bruxa com poderes capazes de anular sua magia. Se não fosse por isso, a essa altura estariam todas mortas.
—Pouco importa. Com ou sem bruxas, eu vou matar todos os soldados entrincheirados naquele forte ridículo.
—Certamente. Mas se me permite o comentário, mestre Morburi, recomendo cautela. Aquelas bruxas mostraram ter muito mais recursos do que esperávamos. – O corvo esperou uma resposta, mas ao notar que seu interlocutor permanecia calado, concluiu. – Com sua licença, agora devo repassar o relatório para o mestre Banemare.
A ave alçou voo novamente, seguindo com rapidez na direção da capital. Quando já não podia mais enxergá-la, Morburi virou-se para o lado oposto e começou a caminhar na direção do forte, que já estava a poucos quilômetros de distância.
—Demônio estúpido. Ele e aquele mago convencido. Quero só ver a cara que vão fazer depois que eu acabar com as bruxas.

Depois de uma semana de viagem árdua e ocasionais encontro com demônios, o grupo de Anya finalmente chegou ao forte Brokefront. Algumas garotas estavam feridas e uma havia perdido a vida, mas de forma geral as bruxas estavam em perfeita condição para lutar. Infelizmente, o mesmo não podia ser dito dos soldados. Pálidos e vacilantes, eles tossiam e realizam suas tarefas com dificuldade. Não parecia haver um único homem saudável em todo o acampamento.
—O que está acontecendo aqui? – Perguntou Anya a um dos guerreiros.
—Não sabemos ao certo. Já fazem alguns dias que todos começaram a passar mal e nossos médicos desconfiam que isso seja algum tipo de doença. Infelizmente, parece ser algo completamente fora do comum.
A mestra esboçou uma expressão preocupada, pensativa. As desconfianças em sua mente foram ditas em voz alta por Esther.
—Será que isso tem a ver com a presença de Pravus no nosso mundo?
—Eu não duvido que esse seja o caso. – Comentou Erika.
—Garotas, preciso conversar urgentemente com Lince Walters e os outros líderes do forte. Tratem de não causar confusão.
Dito isso, Anya deixou suas aprendizes e seguiu sozinha para a edificação no centro do acampamento.

Conforme o relato de Froz, Lince e Agas continuava, a apreensão da líder das bruxas apenas se tornava maior. Considerando-se que durante a última semana praticamente não houve ataques de demônios, todos ali estavam quase convencidos de que a moléstia flagelando os soldados não tinha origens naturais.
—Que terrível. Se for realmente uma doença demoníaca não é de se admirar que os médicos aqui tenham sido incapazes de tratá-la. – Disse Anya.
—Inclusive, algumas pessoas já morreram devido a isso. Foram poucas, mas nesse ritmo estamos arruinados. – Mencionou Walters.
—Eu estive pensando... – Começou Agas. – Mesmo que isso seja parte da estratégia do inimigo, acho impossível se tratar de algo completamente sobrenatural. Se bem me lembro do que estudei sobre os Pravus, os seres de lá são espirituais, não possuem corpos, então o que está nos afetando provavelmente é originário de Realia.
—Está insinuando que os demônios podem controlar agentes patológicos, general? – A pergunta de Lince não foi respondida, mas as expressões de todos ali demonstravam que a linha de pensamento era a mesma.
—O argumento até tem sentido, mas não muda a nossa situação. Ou por acaso você tem algum plano em mente, caro Agas? – Perguntou Froz.
—De fato eu tenho. Inclusive, considero muito fortuito que as bruxas tenham se juntado a nós neste momento. Talvez Anya possa nos ajudar a resolver o problema?
—Quanto a isso, eu tenho uma ideia melhor, general. – A velha bruxa abriu um pequeno sorriso.

Depois de muitas horas discutindo com os médicos do forte, analisando suas notas e tratando dos soldados em pior estado, Gabrielle decidiu ter um momento de descanso. Já era noite e ela estava sentada diante de uma mesa de madeira, apreciando uma xícara de chá, quando sua mestra se aproximou.
—E então, descobriu alguma coisa de relevante?
A jovem tomou um gole de sua bebida antes de responder, enquanto a outra bruxa sentava junto com ela no banco.
—Bom, o pessoal daqui já conseguiu identificar que se trata de uma enfermidade completamente desconhecida e bastante contagiosa. A má notícia é que nós todas provavelmente já devemos estar infectadas.
Anya empalideceu um pouco, permanecendo calada.
—Ela afeta todas as funções corporais e causa danos enormes depois de um tempo. Semana que vem todos os soldados daqui provavelmente já estarão mortos. Nunca vi nada igual a isso.
—Eu imagino que tenha uma boa notícia também.
—Mas é claro. – Gabrielle falou num tom estranhamente animado para alguém que estava lidando com um problema tão sério. – A boa notícia é que devo ser capaz de preparar um remédio para salvar a todos.

Com o castelo todo para si, Banemare apreciava a liberdade que era não precisar mais se ocultar. Sem a necessidade de manter suas ações em segredo, ele vinha transformando aos poucos a edificação inteira num grande laboratório de pesquisas macabras. Naquela noite, porém, optou por gastar seu tempo lendo alguns livros da biblioteca.
O ruflar de asas pesadas chamou sua atenção e ele constatou que Corvame pousava no meio de uma das janelas abertas. A ave era tão grande que quase cobria todo o espaço da passagem. Grasnando, ela saudou seu senhor.
—Mestre Banemare, repassei suas ordens a Predher, conforme instruído.
—Ótimo. Eu já estou começando a perder a paciência com essa maldita Ordem da Rosa Branca. Falando nisso, você descobriu o paradeiro de Vortex?
—Não, mestre, ele simplesmente desapareceu.
—Aquele desgraçado! Quando eu encontrá-lo vou oferecer sua alma de bandeja aos demônios.
Depois de caminhar em círculos por alguns momentos, Vladmir recuperou-se de sua raiva. Restavam-lhe poucas dúvidas de que Vortex era um traidor e estava planejando algo, mas tinha problemas mais urgentes para resolver.
—Corvame, quero que vigie o Forte Brokefront e retorne apenas para relatar o sucesso ou a falha da missão de Morburi.
—Certamente, mestre. Mas se me permite o comentário, depois do que aconteceu com Dementia tenho minhas dúvidas se Morburi sozinho conseguirá dar conta disso.
—Não faz mal. Deixe ele e Predher testarem nossos inimigos. Se conseguirem vencê-los, melhor ainda.
—E se eles falharem?
—Nesse caso, serei obrigado a tomar medidas um pouco mais drásticas. – Vladmir respondeu com perfeita paciência, e então voltou a se concentrar em sua leitura. O corvo, sem ter mais nada a dizer, ganhou o céu noturno, retornando para Brokefront o mais rápido que suas asas sobrenaturais permitiam.


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Notas finais do capítulo

Uma garota que não é como as demais bruxas. Afinal de contas, o que ela pretende alcançar de agora em diante?

Capítulo 246: Gabrielle

Em breve.



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