Perversa escrita por Diamandis


Capítulo 24
Capítulo 24




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No dia seguinte, visitaram uma cachoeira, nos fundos do terreno. Estava nublado e uma brisa fria soprava do Norte, mas eles não se importavam. Mergulhavam e molhavam uns aos outros como se fizesse um calor de quarenta graus.

Ronald estava na pousada, arrumando a mochila, para evitar que recebesse mais centenas de olhares reprovadores da galera.

Hermione nadava tranquilamente.

– Hermione... – Cochichou Gina. – Faz um favor pra mim?

– O que você quer?

– Eu esqueci minha toalha e quero sair. Só que estou com frio. Busca pra mim?

– Pede outra pessoa, Gina!

– Não posso. – Justificou-se. – Está no nosso quarto.

– Está bem – Respondeu revirando os olhos. – Vai ficar me devendo essa.

Saiu com a ajuda de Harry, enrolou-se na canga e foi.

– Harry. – Chamou Gina. – Posso falar com você?

– Claro, Gina! Pode falar.

– Acho que a Hermione está numa fase não muito boa.

– Por quê? – Perguntou sem entender.

Ela olhou para os lados, certificando-se de que seria uma conversa discreta.

– Ontem, quando ela contou sobre o quarto e tal... Ela estava seriamente em dúvida. Pensou em não ir. Seriamente.

– Ela disse que só iria ‘talvez’. Mas você a conhece, coisas de Granger.

– Não. – Respondeu balançando cabeça. – Ela não sabia se queria mesmo ir.

O jogador a olhou intrigado. E com um pouco de medo.

– Você acha que ela não quer mais ficar comigo?

– Não sei. Mas talvez seja melhor desistir... Enfim, estou te falando isso porque sou amiga dela. E sua, claro. – Terminou, sorrindo angelical.

Ele agradeceu e, finalmente decidiu.

– Eu vou investir tudo nela agora. Assim já fica tudo definido. Obrigado, Gina.

Ela sorriu amarelo e bufou discretamente, contrariada.

Hermione entrou na pousada distribuindo pingos de seu cabelo por todo o canto. Passou pelo quarto dos meninos, que estava com a porta aberta e entrou no seu. Pegou a toalha de Gina e deu uma olhada rápida no espelho. Espremeu um cravo e saiu.

Do lado de fora, foi surpreendida por um braço, puxando-a para o quarto ao lado. – O que você está fazendo? Me larga! – Protestou Hermione.
– Quieta. – Ordenou. – Agora é você quem vai ouvir.

Ele a soltou e fechou a porta atrás de si.

– Se eu gritar você está acabado. – Ameaçou ela.

– Você não vai gritar.

– Olha aqui, Ronald...

– Olha aqui você! Hermione, você ainda vai se arrepender muito do que vem fazendo. Será mesmo que tem um coração aí dentro?

– Foi pra você aprender! Não tinha o direito de falar daquele jeito comigo.

– De que jeito eu falei?! Eu tentei ser o mais paciente e educado possível. Você é egoísta e quer que o mundo todo gire em torno de você. Mas não é o que acontece!

– O mundo de muita gente gira em torno de mim! – Provocou.

É, tinha uma certa verdade. Ele riu.

– Você é só uma garotinha. Mas uma garotinha muito má. E ainda vai quebrar a cara por isso.

Ronald abriu a porta e Hermione saiu em silêncio, levando a toalha para Gina. “Uma garotinha muito má” repetiu, com desdém, em pensamento.

– Você demorou. – Reclamou Gina.

– Não enche. – E pulou de cabeça.

Ficaram lá por mais um tempo e voltaram à pousada para arrumarem suas coisas.

– Meu pai vai me buscar. – Disse Hermione. – Vai voltar com a gente?

– Não. Volto com Harry e os meninos, de trem.

– É, vou com vocês até a Estação.

Terminaram de se arrumar e deram uma última olhada no quarto. Nada esquecido.

– Vamos? – Chamou Hermione.

– Sim. – Respondeu Gina. – É, foi um grande fim de semana. – Se foi...

Estava sozinha na pequena Estação de Trem de Little Falls. Havia acabado de ver os amigos de Hogwarts sumindo na curva, junto com o trem – mas ele não estava lá –.

Sentou-se num banco de ferro com as pernas cruzadas e ficou olhando fixamente para a esquina, esperando ver o carro preto e brilhante do pai. Uma brisa fria despenteou seus cabelos. Uma folha de papel rosa rodopiou no chão, chamando sua atenção.

Levantou-se e pegou. Vasculhou a mochila à procura de uma caneta. Encontrou uma com suas iniciais gravadas na ponta. “Uma garotinha muito má”, lembrou-se. Passou a mão sobre a folha e escreveu uns trechos de uma música que não saía de sua cabeça desde a última ‘conversa’ com Ronald.

Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola, sozinha...
Cansada com minhas meias três quartos.
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má...
Quem sabe a vida é não sonhar...
Eu só peço a Deus um pouco de malandragem
Pois sou criança e não conheço a verdade.
Eu sou poeta e não aprendi a amar.
Eu sou poeta e não aprendi a amar...
Bobeira é não viver a realidade.

Estou de olho em você.
Perversa ♥

Um carro parava à sua frente. Buzinou. Era o Sr. Granger. Os olhos de Hermione brilharam e ela correu em direção ao carro; deixando papel, caneta, música para trás.

Ronald chegou à Estação quase escondido atrás da mochila. O trem já estava lotado, era a última viagem do dia. Sentou-se num banco à espera dos carregadores. Uma incrível sensação de dejá vu percorreu o seu corpo e ele passou a mão pelo pescoço arrepiado. Olhou para os lados, tentado se distrair. Um papel amassado roçou em sua perna, chamando sua atenção. Estava junto com uma caneta pesada, aparentemente de prata. Abriu e leu.

“Perversa?”, pensou. “Então a talzinha esteve aqui.” Quem seria ela? Quem havia passado pela estação aquele dia? “Todos”, concluiu. Podia ser qualquer uma, com uma bela letra e uma caneta cara.

O trem apitou, estava na sua hora. Guardou o papel e a caneta no bolso da mochila e correu para o trem. Ainda tinha uma longa viagem pela frente.


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