Lumos! Interativa escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 7
E o caos chega a um ponto inevitável.


Notas iniciais do capítulo

Genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!!!
Okay, okay... podem me xingar, eu sei que demorei pra diabos, eu sei, eu sei. Não me odeiem, como já expliquei anteriormente estava sem internet, e como não fiquei satisfeita com o ultimo capítulo que escrevi, tive de esperar que eu conseguisse ela de volta para escrever o novo.
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Algo me diz que vocês vão gostar... ou vão odiar completamente, afinal infelizmente não consegui focar muito em alguns personagens, e verão porque...
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De qualquer forma, espero de todo o coração que gostem.
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Boa leitura!



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Devo deixar nossa querida Andrômeda com seu pequeno drama, Cateline com sua corrida e todos os outros personagens que tanto amamos – ou não – por um tempo. Vocês me perguntarão o porquê, e eu lhes direi apenas: tenham paciência.

Afinal, devemos levar em conta que sempre há aquela pessoa perdida que não tem ideia do que está acontecendo e acaba “entrando de gaiato no navio” - para usar o termo mais atual. E quando falamos em “entrar de gaiato no navio”, falamos em Connor.

Mas quem é Connor, afinal?

Ah, eu poderia dizer-lhes tudo sobre ele, contudo isso não teria graça alguma. Então vou apenas contar como nosso querido aluno da Corvinal, a última peça relevante nas situações que viriam a ocorrer no futuro, acabou se envolvendo com o Bruxo das Trevas…

“O menino sem coração que manda bem na vassoura”, como costumavam chamá-lo quando não estava olhando, era um rapaz de meio-termos. Não era nem muito grande nem muito pequeno, dificilmente chamaria a atenção, não fossem os olhos azuis, e mãos e pés um pouco maiores do que ditava a proporção (e também, não eram tanto assim), que tinha fixação em esconder. Ele passava por recluso facilmente, mais pela falta de atenção que dispensava nas coisas que não lhe interessavam do que por realmente desprezar a companhia de alguém.

Basicamente, era um menino estranho. Era-lhe comum se perder em pensamentos próprios, ou falar qualquer coisa antes de pensar.

E era uma estrela do voo, apesar de que, naquele tempo, as vassouras não eram nem um pouco confortáveis, quem dirá seguras… pelo menos, levando em consideração a maior parte dos bruxos. Mas havia poucos como Connor – ou seu próprio pai – que ainda arriscavam, pela sensação de liberdade que elas transmitiam.

Mas isso não é importante… não agora, pelo menos.

A questão era que Connor Skyler não estava presente na Celebração de Abertura, nem nas aulas subsequentes, muito menos na própria Hogwarts neste ano. E a resposta para a pergunta que todos estão fazendo é… porque estava doente o suficiente para não querer viajar ou sequer aparatar. Curando-se de uma pneumonia que quase havia matado-o – afinal, naquela época, até uma simples gripe era letal – ele passara o que seriam os primeiros dias de aula terminantemente proibido até mesmo de subir em uma vassoura.

Benditas fossem todas as plantas da estufa de sua mãe que haviam sido usadas para reverter a situação, assim como as doses cavalares de feitiços e xaropes. Por ele, não ficaria doente nunca mais. E foi com esse pensamento que chegara a conclusão que já estava na hora de voltar para a escola. E decidiu, a despeito da preocupação dos pais, tentar aparatar para lá sozinho.

Não foi a melhor das escolhas.

Vejam bem… a política de não aparatar dentro da escola ainda não havia sido fundada. E ele já tinha predisposição para aprender sozinho o que lhe interessava, e apenas isso. Dito isso, não era novidade que ele tenha escolhido tal método em detrimento de sua adorada vassoura. Ainda não se sentia cem por cento bem para tentar um voo prolongado.

Então o jovem e indiferente Connor preparou-se para chegar a um certo corredor, de um certo andar de Hogwarts. E quando deu-se por si, estava cara a cara com uma pessoa que nunca havia visto em toda a sua vida. E tinha certeza total sobre aquilo, afinal sua aparência não era nada esquecível. Longos cabelos brancos, com as pontas de tom vinho. Olhos amarelados. Pele pálida, e um tecido cobrindo a região inferior do rosto.

Houve um momento de choque de ambos os lados. O instinto pareceu falar mais alto, porém, e os dois ergueram as varinhas ao mesmo tempo, apontando-as um para o outro.

— Quem é você? — questionou o mais novo, informal e direto como só ele conseguia ser naquela situação. O outro uniu as sobrancelhas, entreabrindo os lábios num suspiro exasperado.

— E lá iremos nós, outra vez. Estou realmente me cansando de responder a esse tipo de questão, sabes?

— Pouco me importo com isso, nem mesmo sei que raios está fazendo aqui. — protestou do seu lado o garoto, mal imaginando que estava frente a frente com o temível bruxo que havia invadido a escola e tomado Andrômeda como refém.

A propósito… imagino que também queiram saber como terminou o impasse entre o desconhecido e Salazar Slytherin, e o que aconteceu com Andrômeda…

Deixem-me voltar um pouco no tempo. Serei absolutamente breve.

oOo

Ela estava paralisada. Não podiam nem ao menos julgá-la por isso, afinal o invasor ainda mantinha-a sob seu feitiço. Lentamente, porém, conseguiu sentir novamente seu corpo, o suficiente para saber que daqui a alguns instantes poderia mover-se novamente. Instantes preciosos.

Felizmente, seu professor parecia ter uma presença arrebatadora – ou intimidadora, como todo o resto – tão forte que puxava a atenção do desconhecido toda para ele. Tentou dar um passo para trás, notando isso, mas um estalido de língua do invasor avisou-a para ficar no mesmo lugar. — Não, não, não, senhorita… fique parada. Nós ainda não terminamos…

Andrômeda mordeu o lábio inferior, prestando a atenção na ameaça, em contrapartida voltando a erguer a varinha contra ele. Da posição em que estava, podia ver a expressão de Salazar tornar-se um tanto quanto diferente, mas não sabia dizer se ele estava zangado com a atitude dela ou orgulhoso.

Fosse como fosse, ela não ia ficar parada esperando tudo acabar. E não lhe agradava nada ser refém.

Também pôde notar Alana e Katherine tomando posições para o lado, cercando o indivíduo completamente. Ele não ia sair dali tão facilmente.

— Hum… deveria haver um código de conduta contra vantagem numérica em um duelo. — — o bruxo voltou a falar, daquela maneira abafada, sem mudar muito a própria posição. Ele evitava fazer movimentos bruscos. Seus modos e gestos diziam que era um cavalheiro, mas cavalheiros não atacam damas, não é mesmo?

— Não estamos em um duelo. — O professor alegou, com visível desdem, sua expressão fechando-se em uma máscara de indiferença novamente. — És um invasor, e será tratado como tal a menos que se renda. E não sou nenhum mentiroso, então aviso-lhe que rendendo-se ou não, ainda assim vai pagar por sua ousadia.

— Eu deveria implorar por clemência?

— Deveria ficar calado. Não que isso vá facilitar a sua situação, mas pode impedir que ela piore drasticamente.

As alunas apenas mantinham a postura de ataque, sem ousar abrir a boca para falar uma palavra sequer. Slytherin obviamente não estava em seu melhor humor. Melhor que ele desse continuidade ao interrogatório sozinho. Até mesmo a animada Alana estava séria, tornando claro que poderia ser assim quando estritamente necessário.

Afinal… os quatro fundadores haviam treinado muito bem seus amados alunos.

— Oh… és realmente tudo o que dizem, Mestre Salazar. — apesar do porte nobre, aquilo soou como uma extrema zombaria. — Tudo e muito mais. Contudo, permita-me lhe dizer que não será hoje que terá respostas minhas…

Seu movimento foi tão fluído que era difícil de notar, no entanto, ele girou. E antes que qualquer um dos feitiços das quatro varinhas apontadas para ele o acertasse, já havia sumido completamente.

Salazar desceu a varinha, girando nos calcanhares imediatamente e direcionando-se para a passagem pela qual viera. — Alana, Katherine… cuidem da senhorita Andrômeda. Fizeram um bom trabalho, mas a partir daqui eu seguirei sozinho.

O “bom trabalho” parecia ter sido dirigido às três, mas esperar algo mais dele era estupidez. Andrômeda finalmente sentiu-se mais calma, e olhou para a mão que segurava a varinha. Agora que a adrenalina havia passado, esta tremia miseravelmente.

— Perdoe-nos por não termos conseguido detê-lo… — conseguiu murmurar, tentando manter o tom de voz intacto, o que era muito difícil. Sentiu Alana aproximar-se e começar a abraçá-la como se não a visse há milênios.

— Não imaginava que poderíamos, de qualquer forma… a determinação desses vermes é irritante. — ele ajeitou o chapéu que havia em sua cabeça, lançando um olhar de canto de olho para as três. — E… seja quem for, ainda está aqui dentro. Não deve ir embora até descobrir o que tanto procura.

Kat pensou em perguntar o que era, mas o professor já havia partido. Sorte a dela, porque a resposta, sem dúvida, não seria nada agradável. Voltou sua atenção para Andrômeda, suspirando profundamente. — Mas que diabos… o que tinha na cabeça para ficar andando por esses corredores sozinha?

— Eu imaginava que os fantasmas me avisariam se algo aparecesse… mas me enganei. Não os vejo em lugar nenhum.

— Bem, são fantasmas, afinal, você não espera realmente que eles fiquem por aqui esperando para serem interrogados, não é? Você se feriu?

— Não, a única coisa que saiu ferida foi meu orgulho…

— Deixe disso… ei, garota, solte-a, ela não vai morrer nem nada do tipo! — Katherine mordeu com força o lábio inferior, mais forte do que costumava fazer, o que fez um pequenino filete de sangue escorrer pelo mesmo, nada muito chamativo. Seus olhos focavam-se em Alana, que ainda estava agarrada à outra sonserina, esfregando a cabeça em seu ombro ocasionalmente, como se fosse realmente um gatinho.

— Mas, mas…

— Deixe pra lá… — Andrômeda suspirou, não parecendo incomodada ou acalentada pelo gesto. Deu alguns tapinhas na cabeça de Alana como sinal de gratidão. — É normal um animago ser tão parecido com sua forma animal? Se eu jogar um novelo de lã vocês duas vão brigar por ele?

— Por que eu brigaria por causa de um novelo de lã? — Lana uniu as sobrancelhas, finalmente soltando-a.

— É lógico que não! — protestou Kat, endireitando-se também e oferecendo a mão para ajudar ambas a levantarem-se. — Vamos lá… precisamos sair daqui, não é seguro.

— Considerando o bruxo das trevas perdido dentro do Castelo, não acho que qualquer lugar realmente seja. — Andrômeda fez uma careta de desagrado, passando as mãos pelos cabelos, reparando que a dita escova ainda estava enganchada neles. Nem ao menos tentou retirá-la pela enésima vez naquele dia, enquanto seguia as outras em uma direção oposta à que Salazar havia tomado.

Definitivamente, não queria encontrar com aquela pessoa uma segunda vez…

oOo

— Afaste-se, rapazinho… — o homem pediu educadamente, como era de seu feitio. — Já me atrasaram o suficiente. Já não tenho tempo para lidar com crianças. — seu corpo tremia de leve em alguns momentos. Como se estivesse febril. Claro, Connor não tinha como saber que ele havia sido encurralado e na sequência atacado, e que afinal os feitiços lançados por ele pelo quarteto que o prendera haviam sim atingido o alvo. Seu manto havia pegado fogo, até mesmo ocasionais mechas de seu cabelo estranho pareciam chamuscadas. Ele parecia um tanto quanto confuso também, apesar dos bons modos.

Olhando bem para seu rosto, ele não parecia tão mais velho. Talvez não tivesse mais que dezoito anos. O aluno franziu as sobrancelhas, um misto de curiosidade e desconfiança em seus olhos. Sua varinha não moveu-se um milímetro sequer.

— Quem é você, afinal?

Ouviu passos ao longe, e pelos ecos não demoraria para aquele corredor estar repleto de pessoas. Pessoas que lhe explicassem o que raios estava acontecendo naquele lugar, porque ele não fazia a menor ideia.

O homem devia ter notado isso também, pois um clarão saiu da ponta de sua varinha, e Connor conjurou um escudo no último instante para deter sabe-se lá que feitiço fora lançado contra ele. Duvidava que fosse algo inofensivo, levando em consideração as faíscas verdes que havia visto.

E nesse ponto, quando o desconhecido passou por ele em direção ao corredor, e poderia ter escapado, ele estancou. Helga acabava de entrar no local, seguida de perto por uma Rowena que azucrinava seus ouvidos com relação a sua imaturidade e distração aguda. Esta última, mesmo em meio a suas repreensões, ao notar a existência daquela pessoa que nunca vira na vida, imediatamente atacou-o.

Alarte Ascendare!

O invasor foi atirado para cima e depois para o chão, sua varinha escorregando pelo chão na direção contrária, parando aos pés de um Salazar que também acabava de chegar. Os três fundadores se encararam por um tempo, enquanto ele mantinha a varinha carinhosamente abaixo da sola de suas botas.

— Ora, ora… o que temos aqui…? — Rowena finalmente voltou a falar, observando o desconhecido, que esforçava-se para recompor-se da pancada. — Pareço que devo desculpas à sua aluna, meu caro Salazar. E por falar em alunos… — ela fez um gesto para que Connor se aproximasse e o rapaz mais do que rapidamente foi até as duas. — Que bom revê-lo… depois conversamos sobre sua ausência prolongada.

Não é como se fosse culpa minha, pra começo de conversa… — ele pensou, um milagre que não houvesse dito em voz alta. Helga cumprimentou-o segurando suas mãos entre as suas com efusividade, como lhe era comum, mas logo soltou-o para sacar a varinha.

— E então, seu bruxo das trevas traiçoeiro e maligno! Agora está sob nosso julgo, o que tem a dizer em sua defesa?

Salazar continuava a pisar a varinha perdida, com uma intensidade que sugeria que a esmigalharia a qualquer momento. Sua língua estalou quando ouviu o comentário de Helga. — Parece-me que já estás bem novamente…

— Fico feliz que se preocupe!

— Negativo. Não estou nem um pouco preocupado.

— Deixando isso de lado. — cortou Rowena, rapidamente. — Temos algo mais importante com que lidar. — Seu olhar parou sobre bruxo negro, enquanto ela crispava os lábios.

— Devo forçá-lo a falar? — Salazar parecia mais falar consigo mesmo do que pedir permissão… e era mais provável que essa fosse realmente sua intenção.

— Sala, não acha que uma Maldição Imperdoável seja algo muito… drástico?

— Helga… sabe o que fazemos às pragas nas estufas… matamos para que não se proliferem, cortando-as pela raiz. Ele é uma praga. E vou cortá-lo, com sua concessão ou não.

— Ficar debatendo isso aqui é inútil. — Rowena tomou mais uma vez a palavra, suspirando profundamente. Apesar de serem amigos, manter os quatro fundadores no mesmo lugar por muito tempo era pedir para que acontecesse algum desastre. E a situação já estava tensa o suficiente sem a presença de Godric…

Quase considerou uma benção que ele estivesse fora… levou os dedos da mão livre a têmpora, pensativa, batendo ritmicamente o pé sobre o chão, de maneira suave. — Vamos para as masmorras. Se a sua intenção é interrogá-lo, lá é o melhor lugar.

— O dormitório da Sonserina fica lá. — Connor alegou, sem intenção de alertar ou coisa que o valesse. Era apenas um pensamento externado em voz alta.

— Mesmo assim… é melhor do que mantê-lo aqui em cima. — a diretora da Corvinal inclinou a cabeça, em dúvida.

— Mas… por que devemos interrogá-lo? Quero dizer, não podemos simplesmente chutá-lo para fora e deixar por isso mesmo? — sugeriu por sua vez Helga. Quatro cabeças se voltaram em sua direção.

— Bem… ele estava tentando fazer alguma coisa no banheiro feminino. — a outra mulher relembrou, cortês.

Salazar estreitou os olhos ainda mais, mas ninguém reparou a mudança mínima em sua expressão. Aliás, só viriam a descobrir realmente o que havia de tão importante naquele local anos depois. — Se é problemático para as damas vislumbrarem a maldição Cruciatos em ação, posso levá-lo e interrogá-lo por mim mesmo.

— É muito simpático da sua parte, mas… — e Rowena entabulou uma longa lista de razões para estar presente. O prisioneiro em questão mantinha os olhos na varinha, aparentemente incapacitado ou simplesmente desesperançoso de escapar. Mesmo assim, parecia absolutamente calmo. Como se tudo estivesse a favor dele. Como se…

— Ahn… estou começando a sentir-me tímido com tantas alegações sobre o que fazer e o que não fazer comigo. — ele deu de ombros, jogando a cabeça para trás, os longos cabelos caindo pelos ombros, completamente em desalinho. — Entretanto… continuam pensando que me capturaram, quando estão longe dessa verdade.

— Não poderá mais desaparatar, melhor nem tentar. Sua varinha está em meu poder. Não vejo nenhuma poção que possa usar para escapar de nós três. — Salazar enumerou, claramente referindo-se a apenas os fundadores com sua última afirmação. — O que pretende com esse jogo infantil?

— Tsc… tão prepotente. Diga-me… quem achas que destruiu o banheiro feminino, e o que achas que havia por lá para ter causado tanto alvoroço, hum?

oOo

Enquanto os três fundadores cercavam o intruso, o grupo que havia se dirigido à Floresta havia finalmente dispersado ao chegar no Castelo. Obviamente já estavam cansados de se aturar por tanto tempo, ou simplesmente loucos para ficar em algum canto confortável do seu dormitório, onde estariam secos e confortáveis, longe de qualquer perigo e qualquer animal fantástico gigantesco e perigoso. Principalmente longe de Flandre.

Foi com extremo desagrado que os lufanos presentes receberam a situação toda que se desenrolaria bem diante de seus olhos. Max, Ana e Anastácia haviam optado por pegar um pouco de ar fresco do lado externo da escola, antes que pudessem entrar para seguir seus devidos destinos. Dimitry já havia escapulido, alegando que precisava dormir.

Alegar que ele dormia o tempo inteiro não fora suficiente para demovê-lo. Mesmo que continuasse com eles, contudo, estaria atirado em algum banco cochilando com algo sobre o rosto para bloquear a luz solar.

Os três ainda tiravam ocasionais galhos e folhas mortas de suas roupas enquanto conversavam entre si. — Francamente… nunca mais entro naquele lugar.

— Tecnicamente, é mais fácil dizer que você não vai mais arranjar confusão em sala de aula, afinal foi por essa razão que fomos parar lá, Ana. — sugeriu Ani, fazendo um biquinho de contrariedade. — Você se irrita por pouca coisa… apenas deixe o Ian para lá, sabemos que ele não vai mudar da noite para o dia.

— Ele nem faz questão de mudar, pra começo de conversa. — Max abanou a mão de maneira rápida, levando-a logo em seguida para seus cabelos negros e retirando algum ser não identificado dali. Parecia muito com um besouro. — Se eu quisesse fazer uma coleção dessas coisas só com o que ficou garrado em minha cabeça…

— Você precisa de um banho. — Anastácia riu, cutucando o lado oposto em que ele mexia para tirar um graveto do ninho de cabelos negros, atirando-o despreocupadamente para trás. Logo, pôs-se a retirar as folhas de seus próprios cabelos longos.

— Acho que todos nós precisamos. — Ana resmungou, friamente, fazendo menção de seguir em direção à entrada da edificação.

E foi exatamente nesse instante que uma parte do paredão norte desmantelou-se diante de seus olhos. E de lá, surgiu uma criatura enorme e bizarra. O corpo era de leão, com pelos dourados e curtos, e patas possantes. A juba longa tinha coloração negra, e em vez do focinho felino, seu rosto era estranhamente humano. Ao invés do rabo natural, do final de suas costas subia uma calda negra de escorpião, recolhida em forma de arco, com o ferrão visível, um belo alerta de “perigo”. Suas proporções eram grandes… não tanto quanto as de um dragão como Flandre, mas o suficiente para fazer um humano gelar.

— Man… Man… — o rapaz gaguejou, incapaz de citar o nome que veio-lhe a mente, por causa do choque. A criatura já movia sua atenção de trás de si – onde estaria sendo bombardeada por feitiços ofensivos que não lhe faziam nem cócegas – para os três que se reuniam ali em baixo.

— Manticora! — Ana deixou escapar, empurrando os outros dois, de maneira que saíssem da trajetória de ataque da fera, cuja qual acabara de descer para o pátio. Seu corpo robusto rolou pelo chão, logo endireitando-se sobre as quatro patas e soltando um rugido poderoso, uma clara ameaça.

Por alguma razão, Andrômeda sentia-se mais assustada do que no confronto contra o dragão de Helga… talvez porque soubesse que aquilo realmente queria fazer-lhes mal, e não mediria esforços para isso. A jovem apoiou as mãos no chão para erguer um pouco o corpo, um tanto quanto pálida. — Por que há uma manticora aqui? Elas são gregas, não são? — e olhou para Max, o especialista em mitos, esperando uma confirmação.

— Ela é, mas… eu não sei! Ninguém teria trazido uma coisa perigosa dessas para cá de boa vontade…

— Depois do dragão de Helga, eu acredito em qualquer coisa. — Ana reclamou, parada no mesmo lugar e sem se mexer um milímetro sequer.

— Se corrermos ela nos pegará, se ficarmos também… — o único rapaz presente comentou, sabia que usar feitiços era inútil, a pele daquela coisa repelia a maior parte deles. A maior chance deles era que um fundador chegasse… e se não chegasse…

Por um instante, amaldiçoou sua sede por aventura, como se ela pudesse ter causado tal situação. O que não era o caso. O responsável já havia desparecido…

oOo

Quando Charlottie e Ian separaram-se dos outros para retornarem a sua adorada torre, ambos pensavam que as surpresas do dia teriam finalmente findado. No entanto, como sabemos bem, estavam tragicamente enganados.

Ambos estavam tranquilos enquanto andavam pelos corredores, sem entender porque estava tudo tão silencioso… era esperado que, pela hora, as aulas ainda estivessem em curso, mas todas as salas pelas quais passaram estavam vazias.

— Hoje está tudo uma loucura mesmo… — o ruivo retrucou, em um tom exasperado. — Onde está todo mundo?

— Não sei dizer. — Lottie respondeu de sua maneira educada habitual, colocando uma das mechas do cabelo atrás da orelha. Seus olhos não paravam, enquanto corriam de um lado a outro do local. Parecia preocupada. — Pode ter acontecido algo…

— Aqui dentro, justamente enquanto estávamos fora? Seria muito inconveniente…

— Inconveniente para quem, exatamente? — a moça estreitou os olhos, piscando-os algumas vezes, ainda incomodada.

— Para nós que acabamos de lutar contra um dragão e deixar a Floresta!

— Creio que “lutar” soe um pouco fora de contexto naquela situação. — suas palavras eram calmas e reflexivas. Ian deveria estar cansado demais para continuar a discussão.

— Sempre tão certinha… — resmungou baixinho, e já estava prestes a fazer o que era-lhe comum (começar a cortejá-la, mesmo que fosse algo absolutamente inútil), quando divisou um grupo familiar vindo em sua direção. — Quem é vivo sempre aparece! O que está se passando, este lugar está silencioso demais.

Andrômeda – pois era a própria, que seguia guiando Katherine e Alana pelo corredor, em busca de um local “seguro”, surpreendeu-se com Ian e acabou puxando a varinha contra ele, num gesto de reflexo. Ao ver que estava equivocada, contudo, voltou a abaixá-la, deixando a mão em que esta estava pendente ao lado do corpo. — Droga… não me assuste dessa forma.

— Vocês não ficaram sabendo ainda? — questionou Alana, passando pelas outras duas e parando em frente ao casal. — Há um bruxo das trevas solto na escola.

— Perdão… o quê? — Lottie ficara tão perplexa que esquecera-se momentaneamente dos seus modos, só recuperando-se a tempo de mover a cabeça em sinal de profundas desculpas. — Alguém se feriu? Estão bem?

— Nós estamos… bom, houve um pequeno confronto, mas Salazar colocou o intruso pra correr. — Katherine respondeu, voltando a morder o lábio, inquieta. — Mesmo assim, ele ainda está aqui dentro… todos os alunos foram enviados para os dormitórios.

— E o que as três estão fazendo do lado de fora deles? — Ian fitou-as com claro ceticismo, mas nenhuma respondeu.

— E Cateline? — questionou por sua vez Andrômeda, sem se incomodar de “responder” uma pergunta com outra. — Ela foi encontrá-los, certo?

— Adentrou a Floresta à procura de Godric. — a aluna da Grifinória respondeu com simplicidade, causando contudo certa tensão entre as outras três.

— O Senhor Godric não está no castelo? — Alana estremeceu ligeiramente. — Oh, isso me parece muito, muito ruim!

Houve uma troca de olhares. Os dois recém-chegados não pareciam entender coisa alguma.

— Estávamos calculando as probabilidades… o banheiro feminino foi destruído por alguma coisa, e… nós coletamos o sangue que havia, e de acordo com alguns testes simples pudemos identificá-lo. — Katherine pôs-se a torcer uma das mãos na outra, notavelmente nervosa.

— Digam-me que não é humano… — suspirou Lottie, pensando no pior… que algum aluno poderia ter sido comido vivo ou algo parecido.

— Pior… o sangue é de manticora.

— E a julgar pelo tamanho das marcas de garras que deixou, uma manticora realmente grande. — atalhou Alana por sua vez, engolindo em seco só de pensar.

— Basicamente… — Andrômeda levou a mão a testa, jogando os cabelos para trás, nervosa. — Nós estamos metidos numa confusão dos diabos.

E, como para provar essas palavras, o barulho de coisa quebrando atravessou o corredor, vindo de não muito longe dali…

oOo

Dimitry também pareceu ouvir o barulho, sentir a vibração causada pela fera que vagava pelo castelo… ele estava disposto a dormir mais um pouco, era claro. Sozinho, sem ter ninguém para ficar cutucando-o ou incomodando-o, como sempre acontecia quando estava com os colegas da lufa-lufa, principalmente. Não que ele os odiasse… apenas precisava descansar, ainda mais por causa dos eventos na Floresta.

Aquela vibração, contudo, fez com que despertasse do cantinho da Biblioteca que havia achado para descansar seus olhos. Os primeiros urros, chegando até ele por algum sistema envolvendo salões vazios e ecos, fizeram com que reabrisse os olhos avermelhados e ergue-se a cabeça.

Seria…?

Sim, com toda certeza era aquilo!

Estendeu os braços para frente, estralando-os sutilmente e suspirando. Aparentemente, como era de se esperar, não teria um pouco de descanso sequer…

oOo

O que os fundadores e Connor virão foi uma criatura de tamanho dantesco surgindo de trás da parede em que o intruso estava encostado. A manticora literalmente derrubou-a, passando por cima daquele que deveria ser seu mestre e pondo-se entre ele e os seus algozes. Um pouco do desmoronamento quase acertou-o, mas o bruxo era mais rápido do que parecia, conseguindo desviar das pedras maiores muito bem. A coisa atacou Slytherin num repente, logo após tomar posição, forçando-o a saltar para desviar de sua calda e, logicamente, desprendendo a varinha do desconhecido.

— Oh, céus! — Helga deixou escapar. Estava dividida entre a admiração pela criatura e o terror que significava sua presença ali. — Uma manticora.

Rowena desviou de uma patada que o animal lançou contra ela, colocando-se mais para trás. Agora a fera distribuía seus dotes entre os quatro, tentando agarrar ao menos um. Na confusão que se seguiu, ao olhar novamente para o local onde o homem estranho deveria estar, descobrira-se que ele havia sumido… não usando aparatação, era óbvio, mas muito provavelmente as próprias pernas ou algum outro meio obscuro. Sua varinha também não se encontrava mais a vista.

— Diga-me que sabes como detê-la, Helga! — ela pareceu implorar, mantendo-se entre a fera e Connor, chamando sua atenção para que a mesma não fosse atrás dele. Por ser um aluno, ele seria alvo fácil.

— Eu sei. Só me deem tempo… — a pequena fundadora também colocou-se afastada, lembrando-se de tudo o que havia estudado com relação aqueles animais. Contudo, um segundo rugido, vindo de um ponto mais distante, tirou sua concentração por um instante…

Não era apenas uma fera… eram duas.

E não era apenas aqueles reunidos ali que estavam correndo perigo iminente, também…


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Notas finais do capítulo

E ai, como foi? Ficou tão bugado quanto eu acho que ficou? Acho que conseguisse fazer de uma forma que não ficasse tão confusa, levando em consideração que estão indo e voltando no tempo toda hora.
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Personagem novo na área – até que enfim, tava incomodada com a falta do Connor – e espero que eu tenha passado bem a personalidade dele de começo, pelo menos. Levando em consideração a situação toda, não dava pra focar muito em um personagem só, mas como já foi dito, todos serão trabalhados individualmente mais para frente.
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Aposto que ninguém esperava pelas manticoras né? Pois bem, iam ser dragões, mas já tem o Flandre… chega de dragões por enquanto, são criaturas muito comuns no universo HP.
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Estou tendo problemas com os sites de hospedagem de imagens em geral - não sei se é da net ou de algum erro no navegador, talvez ambos - então infelizmente vou ficar devendo-lhes a imagem do capítulo de novo, apesar de eu ter chegado a fazer a montagem...
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Acho que é isso, pessoal!
Próximo capítulo vai ser a conclusão dessa confusão toda que armaram por Hogwarts. Até lá, e kisses para todos.