Precisamos Conversar escrita por Rodrigo Caetano


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos à Precisamos Conversar! Essa é uma história que eu gostei muito de escrever, e que fez tanta questão e pressa de vir para o papel que me tirou algumas noites de sono, devo confessar.Se quiser informações sobre as datas de postagem, basta olhar o disclaimer. Espero que gostem da história. Esse é só o prólogo. Semana que vem tem mais.Boa leitura!



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Era impressionante como ela conseguia arrumar tudo o que tinha naquele mundo em apenas duas malas. Elas eram grandes, sim, e “arrumar” talvez não fosse a palavra mais exata, mas ainda assim, era impressionante...

O apartamento que Samanta alugava na Tijuca, antes de se mudar, era mobiliado, então ela teve de devolvê-lo com todos os móveis dentro. Ali, onde vivia até então, tudo era de David. Ela esvaziou todas as gavetas em menos de duas horas, fazendo força para não repensar suas atitudes. Poucas garotas, na história, fizeram as malas com tanta coisa dentro, de maneira tão veloz.

David não estava em casa. Ele estava na serra e não voltaria até domingo. Até lá, ela já estaria em São Paulo há mais de dois dias, para nunca mais voltar. Ele não sabia o que ela decidira fazer, e a garota temia que ele decidisse segui-la. Ela não saberia nem por onde começar a explicar os motivos de sua decisão.

Lembrou-se que, certa vez, ele lhe dissera que a decisão de terminar um relacionamento não dependia de uma conversa. Que essa história de chamar a outra pessoa e dizer “precisamos conversar” não fazia muito sentido. Por mais que alguém se explicasse e tentasse consolar a outra pessoa, aquela decisão sempre seria um tanto quanto individual. Mesmo quando os dois concordavam que era o melhor a se fazer, alguém havia tomado a decisão em sua própria cabeça primeiro.

Ele insistia que, daquele ponto em diante, tudo era como dar uma má notícia. Era muito mais um exercício de se explicar e discutir uma decisão que já estava tomada, do que uma verdadeira conversa, com troca de experiências.

Era por isso que Samanta tinha certeza de que David entenderia a sua falta de explicações. Ele tinha que entender... não era que o rapaz não merecesse, ou que a relação deles não significasse o suficiente. Era tudo por que a vida da garota estava em um ponto em que ela precisava fazer uma escolha. A escolha difícil entre fazer o que deveria fazer, ou ficar ali, com ele.

Ela o amava. Disso não tinha dúvidas. Justamente por isso não conseguiria lhe explicar por que o estava deixando. Ele nunca iria entender o que lhe incomodava naquela casa, ou na sua família. Nem mesmo ela sabia direito. Assim como não sabia o que lhe incomodava no próprio trabalho, ou na própria família. Ou no apelido, que ela achava que tinha aprendido a gostar. Deus, ela se incomodava até com o fato de o rapaz um dia ter lhe dito que queria fazê-la feliz.

Naquela época, ela estava convencida de que existia algo muito errado com ela. Alguma coisa dentro dela não fazia o menor sentido. Tinha certeza que o problema vinha de dentro, só não sabia exatamente de onde.

Tudo o que Samanta sabia era que tinha terminado a sua faculdade no Rio de Janeiro e que precisava voltar para casa, em São Paulo. Sua família tinha lhe dado um ótimo apartamento, que estava esperando por ela. E um emprego melhor do que decente no escritório do pai, que pagaria mais do que qualquer um de seus colegas de faculdade iria receber. O caminho que ela precisava seguir estava bem ali, na sua frente. Um caminho que qualquer um adoraria ter. Ela o sabia de cor, cada curva bem planejada. Só precisava continuar seguindo em frente.

Antes de sair do apartamento dele pela última vez, com a vida inteira dentro das malas em suas mãos, ela parou ao lado do telefone e apertou os botões que ele lhe ensinara cuidadosamente a usar. Ele era a única pessoa no mundo que ainda usava uma secretária eletrônica, e, naquele momento, ela não sabia o que pensar, nem em relação a isso. Com um apito, a máquina começou a gravar.

— Desculpa deixar esse recado com a secretária. Eu sei que é covarde, mas eu não tenho coragem para te dar essa notícia...

Ela respirou fundo, e decidiu que aquilo seria o suficiente. Na verdade, sabia que não era, mas teria de ser. Então saiu e fechou a porta atrás de si. Samanta era incapaz de saber o que David faria quando ouvisse o recado, mas se descobriu incapaz de impedir a própria cabeça de tentar imaginar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Impressões iniciais?Eu sei, por enquanto não foi muita coisa né?Mas, por hoje, é só. Espero vocês nos comentários! xD



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