O Espelho do Tempo escrita por Beatriz Delfino


Capítulo 11
O imprevisto




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O dia seguinte amanheceu completamente nublado.Edward foi ajudar Thomas a carregar alguns dos pertences do cientista até o navio, enquanto isso, Elizabeth se encarregaria de comprar alguns alimentos para a viagem.

Como chegou cedo, a menina procurou algum lugar para se sentar, e avistou um banco embaixo de uma arvore não muito longe dali.

Quando se sentou no banco, Ellie retirou da bolsa o pequeno livro de couro que Edward lhe dera e continuou a leitura.

"Juliet tornava-se igual a sua mãe cada dia que passava e seu pai cuidava com carinho da menina. O homem nunca se casara novamente, pois acreditava que a mãe de Juliet fora seu único amor.

Com o passar dos anos, o amor entre pai e filha foi tornando-se mais forte até que ambos eram inseparáveis. Juliet agora com 14 anos possuía longos cabelos loiros e olhos azuis iguais aos da mãe. Seu pai orgulhava-se cada vez mais dela, até que um dia, tiveram de se mudar para outro país, o caminho da viagem era perigoso, mas seu pai insistiu que nada aconteceria a ela."

–Elizabeth, estou falando contigo! Venha nos ajudar a carregar estas caixas de Thomas.

Edward novamente interrompeu a leitura menina.

–Desculpe, eu estava entretida na leitura e não percebi você me chamando.

Elizabeth ajudou Edward e Thomas a carregarem algumas coisas para o navio e, depois de terem ido comprar o necessário para viajarem decidiram partir.

Thomas se estabeleceu na cabine de Edward e disse que continuaria suas pesquisas nos aposentos do capitão enquanto Ellie ficaria ao lado do leme.

Quando partiram do porto de Havana, a menina percebeu que o capitão estava tenso.

–O que houve?

–Do que esta falando?

–Você parece estar preocupado com algo.

Edward não desviava o olhar do mar.

–Thomas não sabe exatamente onde está o espelho, então vamos começar a procurar na ilha da juventude.

–O que te preocupa é o fato de Thomas não saber onde está o espelho?

–Para que queres achar o espelho, Ellie?

–Para voltar pra casa, já te disse antes.

Edward limitava-se a olhar somente o mar.

–O que foi Ed? O que há de errado contigo?

–Não há nada de errado comigo, só não quero me distrair e tomar o caminho errado.

–É impossível errar o caminho, só tem um caminho.

Edward sorriu.

–Elizabeth, posso te perguntar uma coisa?

–Sim, claro. O que é?

–Quando acharmos o espelho... O que você fará... Digo, tu iras se despedir antes de ir embora?

A garota percebeu que o pirata parecia não querer falar o que realmente o incomodava, mas decidiu não insistir em algo que claramente ele não falaria.

–Claro, não vou desaparecer do nada.

O silêncio pairou entre eles.

–Ellie...

–Capitão, estamos sendo atacados!

O navio de Ed chacoalhou de repente e ele mandou que a menina se abaixasse.

–Meu Deus, o que é isso?

–Canhões.

Thomas saiu correndo da cabine.

–Parece que temos visitas.

Edward olhou para o navio através da sua luneta de bolso.

–E é uma visita das boas. Preparem os canhões rapazes, John Avey esta de volta!

O navio de John estava chegando mais perto.

–Thomas pegue o leme. - Disse Ed segurando a mão de Ellie.

–Aonde tu vais?

Thomas pegou rapidamente o leme deixando os papéis que carregava de lado, enquanto Elizabeth era puxada até seus aposentos.

–Garantir que o nosso velho amigo não pegue suas pesquisas. - Disse Edward pegando os maços de papéis que Thomas havia deixado no meio do navio.

Edward entrou no quarto de Elizabeth e deixou os papéis em cima da escrivaninha da menina.

–O que esta fazendo?

–Cuide das pesquisas de Thomas, enquanto damos um jeito no velho capitão lá fora!

O rapaz ia soltar a mão da menina quando ela pareceu lhe segurar mais forte.

–Ellie, agora não temos tempo para grandes conversas...

–Não é nada disso, é só que, eu não deveria ter uma arma para me proteger?

Edward soltou um sorriso tenso.

–Mulheres não precisam de armas, fique aí e proteja as pesquisas.

O jovem capitão correu para a poupa do navio enquanto Ellie permaneceu calada. Ela precisava se esconder.

A garota pegou o máximo de folhas que conseguiu e as escondeu em baixo do seu colchão, em seguida ela se escondeu dentro do armário onde guardava as roupas que Edward lhe dera.

Lá fora o barulho intenso de gritos e espadas sendo cruzadas era constante. Elizabeth se esforçou para ouvir a voz de Edward entre as de mais e percebeu que o rapaz também estava lutando. Antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa, a porta do quarto da menina se abriu de repente e barulho de passos começaram a ficar intensos.

Ellie espiou pelo vão do guarda roupas até que viu dois pés caminhando e de repente, pararam em frente ao guarda roupas. A menina queria correr, mas para onde? Ela não tinha saída, novamente estava encurralada.

Vendo que os pés haviam parado de frente para o guarda roupas e que alguém se preparava para abrir o armário, a menina tateou o fundo do armário desesperadamente procurando algum objeto pontudo. Ela tinha certeza de que deixara uma tesoura por ali, mas como não entrava luz no armário era realmente difícil achar algo no escuro, porém quando a encontrou, Ellie escondeu a tesoura rapidamente atrás das costas segurando-a com uma das mãos.

Quando a porta do armário se abriu, Ellie viu um rosto conhecido, o velho pirata que a perseguia estava ali novamente; John Avey a havia encontrado.

–Fim da linha, menininha. -Avey lançava um sorriso malicioso.

–Só se for pra você!

Em um movimento rápido e preciso, Ellie enfiou a tesoura na perna direita do capitão, ele recuou colocando as mãos no ferimento e gritando com dor. A menina saiu de seu esconderijo e quando estava começando a correr sentiu uma mão agarrar-lhe o braço.

–Está na hora... De conversarmos calmamente Elizabeth.

John estava ofegante devido à dor e encarava a menina como um animal selvagem.

–Não há espaços para conversas neste quarto.

A menina continuava encarando John sem demonstrar medo algum.

–Ora ora, mas quem foi que disse que conversaremos neste quarto?

–Eu não sei onde o espelho está!

–Menininha, talvez não tenham te contado, mas não estou te perseguindo para que tu me contes aonde ele esta.

–Então por que esta aqui?

–Por quê? Veja as pesquisas de teu amigo.

John empurrou Elizabeth em direção a cama.

–Veja os papéis que, aliás, tu escondeste muito mal.

Elizabeth olhou para John por alguns instantes até que decidiu obedecer. A menina pegou rapidamente as anotações de Thomas.

–Leia atentamente. - O velho capitão estava irritado e parecia acabar com tudo rapidamente.- Leia!

Quando Ellie começou a ler, ela percebeu o que John estava querendo dizer.

O espelho só poderia ser usado uma vez e, mesmo que fosse encontrado por outra pessoa, a borboleta parecia ser a chave do espelho.

A borboleta que pairou ao redor de Elizabeth no parque não estava lá ao acaso, o pequeno animal tinha total controle sobre o espelho e só permitiria que alguém o usasse caso essa pessoa provasse ter o coração puro e um propósito digno.

"Não entendo... eu fui trazida até aqui sem ter um propósito digno" e então, pensando nisso, Ellie se lembrou do desafio de seus amigos, seu objetivo naquela tarde, por mais infantil que parecesse, era provar aos amigos que ela não tinha medo de se aventurar. Mas na verdade, no momento em que entrou no brinquedo, ela queria provar a si mesma que não acreditava em magia, e acabou vendo que a realidade era bem diferente da que imaginava.

Finalmente a garota entendeu; A borboleta lhe - escolheu por que Ellie possui um coração puro, mas o inseto queria me provar que a magia era algo real.

–Entende aonde quero chegar, garotinha?Infelizmente, não posso permitir que tu uses o espelho, pois apenas uma pessoa pode usá-lo.

–Mas você não possui propósitos dignos, John.

–O espelho funciona a partir de comparações, jovenzinha. Se não existir outro propósito para se comparar, o meu objetivo parecerá digno.

–Então... Se você me matar, além de ter o espelho só para você, também consiguirá usá-lo.

Edward entrou no quarto, mas quando ia entrar no meio da briga, Ellie o parou.

–Me dê uma espada, Edward.

O que? Ficou maluca?

–Me dê uma espada agora!

Edward pensou, mas percebeu que Elizabeth estava determinada, então jogou a espada para a menina que a pegou no ar.

John se aproximou de Ellie retirando, também, sua espada da bainha.

–Mostre-me o que sabe fazer, Elizabeth.

–Irei mostrar... capitão.

Ellie sorriu e avançou. Ela tinha uma chance, a chance de provar que não era tão fraca quanto parecia.

Ela comprovaria a Edward que ela era mesmo diferente.


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