P.O.V Kit

   Tudo o que me lembro foi um dos brutamontes me levando à sala de recreação, e em poucos minutos aquela música insuportável já preenchia meus ouvidos. Effy se sentou ao meu lado, ela tinha um olhar confiante em seu rosto, me perguntava qual era a razão.

Quase pensei em questionar, mas desisti no momento em que Irmã Jude começou a falar, sua primeira palavra já não me agradou. “Mudanças”.

     Assim que ela começou a falar, que haveriam mudanças. Nunca gostei de mudanças, e no exato momento em que ela direcionou seu olhar a mim e logo depois para Effy, eu tive certeza de que tudo isso era nossa culpa. Talvez ela já soubesse o que havia acontecido na consulta de Effy com o Doutor Arden, talvez Irmã Jude já estivesse com meu “boletim psicológico” em mãos.

***

   Depois da reunião que tivemos, convocando “mudanças” no inferno que era Briarcliff. Me peguei pensando em Effy, estava preocupado com ela.

   Nenhum de nós realmente sabíamos que tipo de loucuras estavam por vir naquele lugar, mas eu sabia que Effy e eu tínhamos que continuar juntos não importa o que aconteça.

P.O.V Effy

  Eu não fazia ideia do que estava por vir, mas tinha certeza de que eu precisava falar com Kit sobre tudo isso. Aquele lugar era como um labirinto, se mudanças acontecessem não beneficiariam nenhum de nós a não ser a “direção” desse pesadelo;

Assim que ouvi a cela ao lado da minha se abrir, eu soube. Kit e eu precisávamos saber o que estava acontecendo, até mesmo os mínimos detalhes. Absolutamente tudo!

***

—Kit? –Chamei-o curiosa para saber se ele estava acordado. –

—Estou aqui. –Respondeu com uma voz levemente sonolenta. –

—Acho que precisamos conversar. –Afirmei decidida. –

—Eu sei que precisamos.

—Não acha que a este ponto já não deveríamos estar fora dessa solitária? –Pensei alto, sem expectativa de resposta. –

—Por que está pensando nisso? –Seu tom de voz se tornou curioso. –

—Não sei, apenas estou.

—Não sei se Irmã Jude vai nos dar uma folga depois de nossas respectivas consultas. –Kit respondeu com uma risadinha de desdém que me fez sorrir brevemente. –

—Bom, não mesmo se ela já souber o que eu fiz com Doutor Velhote.

—Você ainda não me disse o que você fez naquela consulta, você pretende me contar ou...

—Kit, não foi nada demais, ele tentou, eu não deixei. Mas eu duvido que a santa Irmã Jude deixe isso passar. –Eu ri. –

    Tudo o que pude ouvir foi a risada debochada de Kit atravessar a parede.

—E você? Como está lidando com a sua mais recente “consulta psicológica” com o doutor engravatado? –Dei uma gargalhada com o pensamento. –

—Não sei ao certo. Ele disse muitas coisas, as quais eu tive que engolir.

—Engolir? Algo que você não quisesse ouvir por acaso?

—É, talvez. Mais ou menos isso.

—Algo sobre mim?

Kit parou de falar, um silêncio se manifestou, um silêncio constrangedor.

—Não foi o que eu quis dizer, só fiquei curiosa.  –Tentei consertar. –

—Tudo bem. Sei que não foi.

—O que acha que vai mudar por aqui? –Mudei de assunto, pensando alto novamente. –

—Muitas coisas são possíveis neste lugar. Mas neste momento não faço ideia.

—Estive pensando em uma coisa, mas daria uma grande merda se alguém nesse inferno fizesse o que está em minha mente.

—No que está pensando? Porque pra mim este lugar não tem limites. –Ele riu novamente. –

—Não tenho certeza, foi só uma coisa que passou pela minha mente.

—Apenas diga Effy.

—Okay. –Me dei por vencida. –

—Então... –Kit insistiu. –

—Eletro choque. –Disparei, soltando o ar de meus pulmões. –

—Effy...

  Kit sussurrou.

—Kit, por favor me diga que isso é impossível. –Me apavorei. –

—Effy, eu não posso...

—Apenas responda porra!

—Isso não seria uma mudança Effy. –Kit me respondeu com a voz trêmula. –

—Como assim?

—Effy, você está aqui a pouco tempo, mas eu sei que esse lugar é capaz de qualquer coisa. E isso é uma delas.

—Ainda não entendo. Por quê?

—Tudo o que posso dizer é que tem coisas neste lugar que se algum dia um de nós for capaz de sair vivo daqui, jamais podemos ao menos cogitar em revelar a alguém.

—Isso é besteira! –Exclamei. –

—Hã?

—Ninguém iria acreditar. Somos loucos, se lembra Kit? Ninguém acreditará em nenhuma maldita palavra que sair de nossas bocas. Somos apenas um bando de insanos. –Disse pegando um cigarro debaixo do meu colchão que guardei junto com o meu isqueiro.  –

—Bom, você não está errada.

***

P.O.V Irma Jude

—No que você está pensando? –Perguntou-me Irmã Mary Eunice. –

—Em dois pacientes em especial. –Respondi encarando o vazio. –

—E quem seriam eles?

—Kit Walker e nossa recém chegada senhorita Elizabeth Stonem.

—Por quê? –Questionou com a voz curiosa. –

—Tenho muitas coisas em mente para aquele casal.

—Como o quê por exemplo Irmã?

—Nossas mudanças em especial.