Capítulo 2

A Traição da Família Real

Rose não estava calma, e isso a impossibilitava de poder explicar o que se passava. Tive que acalmá-la para que ela fosse capaz de formar frases articuladas.

— Alice viu que os Volturi... — Nos últimos segundos, ela só conseguira balbuciar estas palavras. — Bem, Bella, eles confirmaram nossas suspeitas.

— Como assim?

— Eles não estão mais preocupados em bancar os bonzinhos. Pelo menos não em nossa frente.

Desviei minha atenção de Rosalie por alguns segundos. Eram poucas palavras, mas eram bem claras. Os Volturi invejavam a família Cullen.

— Certo, e o que podemos fazer para detê-los, Rose? — Eu tinha que achar maneiras de proteger minha família. Não podia deixar que eles chegassem até meus familiares.

— Bella, a única que pode detê-los é você — disse-me. — A corte inteira virá atrás de nós. Dessa vez eles não deixarão tempo hábil para encontrarmos amigos que queiram ajudar-nos. E mesmo que houvesse tempo, ninguém quer se meter em uma briga dessas. Agora é diferente de quando eles lutariam por Reneesme. Não é mais um mal entendido.

— Quando eles vêm? — perguntei. Minha voz mal era audível aos ouvidos vampiros.

— Em dois dias.

Sim, tudo estava perdido. Eu não precisava de mais confirmações. A corte inteira estava para vir. Não é como se fossem uma dezena ou duas de vampiros recém nascidos para enfrentar, como os que minha família enfrentou quando eu ainda era humana. Dessa vez era uma corte com mais de quarenta vampiros, e as esposas também viriam. Desta vez os Volturi foram tremendamente espertos, pois não teríamos mais nossos amigos aqui para ajudar. Seriam apenas os Cullen contra os Volturi.

Estávamos perdidos.

— Rosalie, eu já sei o que fazer — eu disse. — Mas precisarei de sua ajuda.

— Diga.

Fechei os olhos por breves segundos. Eu era a única que poderia resolver esse problema.

— Preciso que mantenha minha partida em segredo. Vou resolver tudo, mas ninguém pode saber de nada, entendeu? Ninguém, principalmente Edward. Precisarei que você confie cem por cento em mim. Você é capaz de fazer isso?

— O que você irá fazer? — perguntou. Pela dúvida explícita em seu olhar, vi que ela realmente não confiava em mim.

— Se eu contar, você irá se tornar vulnerável. Preciso de você firme para manter nossa família em segurança. — Ela não parecia confiar em mim. — Eu vou resolver isso, Rose. Só preciso ter certeza de que posso confiar em você.

— Como posso saber que você não vai fugir? — retrucou. — Como posso saber que não vai pegar Reneesme e partir?

— Se você contar ao Edward, ele vai me impedir. Se ele o fizer, morreremos todos sem chance de defesa. A única coisa que você pode fazer é confiar em mim.

Rosalie fez uma careta; era difícil aceitar, mas teria se não quisesse perder Emmett.

— Vá logo, antes que eu me arrependa — disse. — Estou confiando em você.

— Eu também estou confiando em você.

Partir foi mais difícil do que eu imaginara. Não pude me permitir dar uma última olhada na casa como queria, ver fotografias e etc.; eu tinha que ir. Era só uma questão de tempo até Alice descobrir meu plano — se é que àquela altura ela já não houvesse descoberto — e me impedir. Por isso, fui rapidamente para o aeroporto de Seattle e peguei o primeiro vôo que me levaria a caminho de Volterra.

A viagem me trouxe lembranças das quais há muito não tive acesso. Aquele meu passado turvo e distante, quando eu era uma humana quebrada que necessitava do calor de Jacob para me manter inteira. Quando eu perdi Edward.

Eu estava prestes a perdê-lo novamente.

Pensar nisso me enlouquecia. Por isso dei graças a Deus quando cheguei à conhecida cidade. Lembrava-me do caminho para o castelo, e foi por ele que segui. Em questão de minutos, eu estava frente a frente com a corte de vampiros.

E somente Deus e Alice sabiam o que o destino me aguardava, embora eu pudesse ter uma breve ideia.