Black Hole - Interativa escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 18
Ninja


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo hoje. Não sei quando teremos outro. Vou tentar dar uma passada em Índigo também.



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HaNa e Esfinge ficaram boquiabertas. Estavam com medo do pato, mas não significava que queriam que ele morresse. Todos olharam ao redor, em busca de quem teria feito aquilo. Mas dava para saber que era alguém de fora do grupo. Primeiro, porque a lâmina era diferente, parecia uma adaga triangular sem cabo e tinha um estranho tom de dourado. Segundo, o ângulo indicava que vinha de cima, na altura de Esfinge, porém mais à direita. Ela olhou para a árvore à direita e prendeu a respiração. Uma figura aparentemente humana (coberta do que pareciam ser escamas pretas) a estava encarando. Não dava para saber se era humano, pois seus olhos não eram visíveis. Não demorou para que os outros o encontrassem e puxassem suas armas.

– Quem é você? - Perguntou Alex, com a arma apontada para o estranho. Ele não respondeu, mas pegou uma nova lâmina e atirou nele. Lin empurrou Alex e os dois caíram no chão, enquanto a lâmina se cravava na árvore atrás deles.

Esfinge, Gabbe, Stux, Ally, Kai e Annika começaram a disparar suas armas ao mesmo tempo, mirando no estranho, mas ele saiu do caminho antes do tempo. Era incrivelmente rápido e se locomovia com agilidade pelas árvores próximas.

– Ele parece um macaco! - Praguejou Ally.

O estranho começou a atirar lâminas freneticamente, de modo que os atiradores também tiveram que se preocupar em não ser atingidos. Annika não pôde deixar de pensar que a figura não poderia ser humana, pois era rápida demais para isso. Mas também pensou que ele poderia ser Kuni Yovesh. Porém, ele era alto demais para ter 12 anos, e ela tinha certeza de que Kuni não era um garoto alto. Enquanto ela pensava, uma lâmina acertou sua arma, que caiu. Annika nem teve tempo de xingar. A figura se jogou de cima das árvores sobre ela e a jogou no chão. Todos pararam de atirar, com medo de acertar Annika. Agilmente, o Ninja ergueu a lâmina para matá-la, e estava prestes a fazê-lo, quando Annika reparou um pequeno e desbotado símbolo na altura do peito dele. Um símbolo praticamente transparente, mas que já fora dourado.

– Somos da Aurum! - Gritou ela, fazendo o garoto parar. Kai já estava posicionado para matá-lo em sua distração, mas ficou tão surpreso quanto o Ninja e retirou o dedo do gatilho. Por que Annika estava falando aquilo? O Ninja permanecia hesitante. Annika continuou, enquanto o rosto negro a enfrentava. Ela quase conseguia ver os movimentos de olhos confusos por trás do preto. - Fomos enviados pela Aurum para buscar Kuni Yovesh. Somos uma expedição. Não estamos aqui para machucar ninguém.

Houve um longo momento de tensão. Todos apontavam as armas para os dois, e esperavam que a figura tomasse alguma atitude. Como essa atitude poderia ser matar Annika, Kai levou seu dedo de volta ao gatilho. Foi quando o Ninja levou sua mão livre – a esquerda – para a lateral da nuca. Todas as escamas do rosto se redobraram para trás, revelando a face de um menino loiro e de gélidos olhos azuis. Não deveria ter mais do que 20 anos.

– Então acho que somos aliados – disse ele, com a voz firme, e se levantou, guardando a lâmina. Em seguida, ele estendeu a mão para Annika e a ajudou a levantar. Todos abaixaram as armas, alguns com suspiros de alívio.

– Será que agora pode responder minha pergunta? - Questionou Alex, com sua voz firme e ameaçadora de líder.

– Sou Zak Thelos, agente da Aurum. Última expedição antes de Kuni Yovesh.

– Então sabe onde Kuni está – disse Stux.

– No centro do redemoinho. Mas eu não me preocuparia com ele, se fosse você.

– Ele mandou um pedido de socorro para a Aurum – disse Gabbe. - Claro que nos preocupamos com ele.

– Ah, aquilo. Foi um ato de desespero, claro. Imagino que saibam que não corremos perigo aqui. Não existe nada ameaçador no Black Hole, tirando o fato de que não temos como sair.

– Mas e aqueles caras azuis e cor-de-rosa? - Perguntou HaNa. - Eles estavam armados e...

– Está falando dos Makai? Nunca vi seres tão dóceis quanto eles, embora nunca tenha visto um povo mutante, de fato...

– Mas eles levaram a Mabel. Eles não podem ser tão dóceis assim.

– Quem raios é Mabel?

– Ela é a menor da expedição, tem 12 anos, apenas – explicou Alex, não gostando do tom de Zak.

– Bom, se a levaram, com certeza alguém deve ter aprontado alguma. Os Makai simpatizam com quem simpatiza com eles... Então quem os enfrentou? - Os olhares se voltaram para Alex, embora ninguém o culpasse. - Ah, claro. Você deve ter a idade dela, e a defendeu. Está apaixonado, que meigo.

– Eu sou o namorado dela – disse Alex, elevando seu tom de voz. - Então, sim, eu queria defendê-la de um povo estranho e armado.

– Espere – disse Annika. - Se o Black Hole não é perigoso, e se os Makai são dóceis, então significa que há outros agentes por aí?

– Certamente não. Eu e Kuni somos os únicos sobreviventes humanos. Tirando vocês, é claro.

– Eu não entendo – disse Kai. - O que aconteceu a eles?

– Foram mortos. Pelos Makai.

– Agora que eu não tô entendendo nada – disse Ally.

– É realmente complicado. Uma longa história. Querem sentar pra ouvir?

~

Estava mesmo na hora do almoço. O grupo preparou os grãos alimentícios para a refeição, enquanto Zak explicava o fenômeno do Black Hole.

– Vocês sabem que o Black Hole nem sempre foi fechado. Bom, mas quando ele fechou, havia pessoas aqui dentro. O fechamento as aprisionou, e também liberou uma espécie de radioatividade que gerou a mutação. Assim surgiram os primeiros Makai. A mutação mudou a cor da pele e fez eles esquecerem de tudo. Os Makai começaram do começo. Criaram uma nova língua, uma nova civilização, procriaram e sobreviveram. Mas o alimento sempre foi escasso. A radioatividade também criou, no Black Hole, um tipo de campo mágico. É por isso que dá pra fazer, aqui dentro, coisas que nem sonhamos lá fora. Bom, quando a Aurum e a NASA começaram a mandar as expedições, os Makai as recepcionaram bem. Mas, de repente, começou a vir muita gente, e não havia comida suficiente. Então os Makai sacrificavam os humanos que chegavam. Eles têm um andar subterrâneo só para jogar os corpos. Mas sempre foi muito doloros matar o humanos. Só faziam isso por sobrevivência. Eles queriam abrir o Black Hole, para assim ter acesso ao restante do mundo e poder buscar comida em outros lugares. Por isso, alguns Makai começaram a estudar a magia que existe aqui. A magia que faz com que a escada se forme e depois desmorone. A magia que faz a gravidade mudar em certos pontos. Enfim, eles descobriram algumas instruções dispersas nas paredes, e as juntaram para formar a profecia.

– Que profecia? - Questionou Kai.

– A profecia que ensina a abrir o Black Hole.

– Abrir? - Perguntou HaNa. - Então os Makai sabem como sair daqui? E por que não saíram ainda?

– Porque precisam executar um ritual, e não têm tudo o que precisam. Ou... Não... Tinham... - Zak começou a ficar confuso, pensativo.

– Zak? - Chamou Lin. - O que houve?

– Acho que sei por que os Makai levaram a Mabel.

– Não foi porque os enfrentamos? - Perguntou Stux.

– Não, não. A profecia. É por isso que vocês estão vivos. Nossa... Eu achei que vocês estavam vivos porque são menores de dezoito. Mas estão vivos porque os Makai não precisam mais matar ninguém... Em breve estarão libertos.

– Do que você tá falando? - Perguntou Gabbe, interessado. - Eles vão abrir o Black Hole?

– Sim. Vamos voltar do início. Os Makai descobriram a profecia, e para executá-la, precisariam de um humano e uma humana que tenham até 18 anos, mas precisam ser da mesma idade. É por isso que eu e Kuni sobrevivemos. Eles estavam esperando que uma garota de 12 ou de 18 anos chegasse. O ruim é que... Faltam alguns meses para eu fazer 19, e eu provavelmente serei morto se ainda estiver aqui dentro. Bom, eu e Kuni agora vivemos com os Makai, às vezes na floresta, ás vezes no Centro. Aprendemos a falar a língua deles, e eles nos contaram da profecia. Precisávamos de garotas. Bom, Kuni é muito inteligente, e conseguiu utilizar a magia do campo ao nosso favor. Ele criou um emissor de ondas, e conseguiu fazê-lo fincionar por um curto tempo. Mandou uma mensagem de socorro em ondas curtas e longas. Código Morse.

– E a Aurum recebeu a mensagem – disse Annika – e nos mandou. A Aurum supôs que, como Kuni foi o primeiro a se comunicar, foi o único sobrevivente. E como ele foi a primeira criança... Enfim, a Aurum associou a aparente sobrevivência de Kuni ao fato de ele ser criança, então criou uma expedição infantil. A nossa expedição.

– Mas eles não mandam crianças com menos de 12 anos. - Completou Zak. - Bom, vocês antenderam ao chamado, e querendo ou não, trouxeram o que precisávamos para o ritual. Garotas de 12 e de 18 anos. Quero dizer... presumo que alguém aqui tenha 18.

– Eu – disse Elly. - E a HaNa.

– Interessante. Uma de vocês poderia ser minha noiva.

– Como é que é? - Perguntou Lin, preocupada com a namorada.

– É a profecia. A profecia indica o ritual. E no ritual, os Makai devem celebrar, em seus termos, o enlace matrimonial entre dois humanos jovens de mesma idade. Ou seja, dois adolescentes que tenham até 18 anos.

– Kuni tem 12 anos, como Mabel – disse Alex, começando a entender. - Por isso os Makai a levaram. Querem que eles se casem para o ritual.

– Então é melhor você fazer alguma coisa, meu amigo. - Disse Zak. - O casamento Makai não poderá ser desfeito, pois isso significará o fechamento do Black Hole e a morte de todos os envolvidos.

– Mas não existe outra opção, existe? - Perguntou HaNa. - Quero dizer, eu e Esfinge também não estamos solteiras. Alguém vai ter que casar, de qualquer forma.

– Existe uma saída – disse Alex. Afinal, hoje é 16 de março, não é? Não faltam três dias para que Mabel faça 13?

– Então, quer esperar e se casar com ela – disse Zak, admirando a estratégia.

– Parece um bom plano – opinou Stux.

– É. - concordou Zak. - Só precisa avisar aos Makai, antes que eles realizem a cerimônia.

– Vamos embora – disse Alex. - Agora.


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Notas finais do capítulo

Cooooooooooorre, negada! Pare o casamento! (Aproveita e corre pros comentários tb)!



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