Pov. Harry:

Foi difícil convencer meus pais a me deixar passar mais alguns dias com minha “sequestradora”, pois para eles eu estava sofrendo da síndrome de Estocolmo, que é quando a vítima de um sequestro passa a ter simpatia ou até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu sequestrador. Mas dentro de mim sabia que não era isso, mesmo não sabendo o real motivo de querer estar perto de Ava durante essas quatro semanas.

Depois que a convenci de que queria ficar em Perugia de livre espontânea vontade, não passava mais os dias trancado no quarto, pois Ava me levava sempre para conhecer um lugar especial da sua terra natal.

–Seus pais devem achar que sou uma maluca, ou melhor você deve me achar uma maluca.- Ava disse enquanto caminhávamos e sorri.

Perugia era uma cidade pequena com poucas industrias, escolas e faculdades, além de possuir parques lindíssimos e era num desses parques que estávamos passeando agora.

–Acho que sim, mas tenho certeza que meus pais estão achando que o maluco sou eu.- brinquei e ela sorriu suave antes de sentarmos em um banco que ficava em frente a um lago.

–Após a minha cerimônia de coroação quero que você volte para casa.- Ava disse olhando para o lago e pisquei confuso.

–Por que? Pensei que fossemos amigos? - questionei confuso e ela virou para me ver.

–Por que só agora percebi que quando amamos alguém não devemos ser egoístas Harry, e eu fui muito egoísta com você.

–Você estava desesperada Ava, e quando estamos desesperados fazemos coisas inimagináveis.

–Isso não é uma justificativa para o que fiz. Só agora, convivendo com você aprendi que o amor deve ser generoso e não buscar seus próprios interesses, e por mais que me doa não vou repetir o mesmo erro Harry.- ela sussurrou chorando e me aproximei dela devagar para enxugar suas lagrimas.- Só quero que saiba antes de partir, que sempre vou amá-lo.

–Ava...- sussurrei sem saber o que dizer e logo fomos interrompidos por sua dama de companhia Darissa, que veio chama-la para se arrumar para a coroação.

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A coroação de Ava ocorreria na praça central de Perugia durante a lua nova, pois segundo os costumes de seus habitantes, a lua nova era uma excelente fase para se iniciar um prospero reinado, pois simbolizava que o povo estaria entrando em uma nova era de paz e prosperidade.

Assim que estava devidamente pronto sai do quarto e encontrei Ava no corredor, e devo admitir que ela estava deslumbrante.

Ava usava um longo vestido branco que possuía rendas nas mangas e no busto, já seu longo cabelo negro como a noite estava preso em um coque elegante e seus lábios fartos estavam vermelhos como o sangue devido ao batom que ela usava.

–E então, como estou? - Ava questionou suave enquanto sorria.

–Linda.- sussurrei deslumbrado e ela agradeceu de leve.

–Vamos, filha já está na hora.- rainha Hestia, mãe de Ava, disse assim que surgiu do começo do corredor.

–Claro mãe.

–Boa sorte Ava.- desejei e ela sorriu agradecida antes seguir seu caminho.

–Príncipe Harry? - a rainha chamou e virei para vê-la.

–Sim.- disse sério, afinal sabia que ela não gostava de mim.

–Após a cerimônia de coroação de minha filha, agradeceria se voltasse para seu reino, afinal sua estadia aqui atrapalharia o casamento dela com Albert.- a rainha disse seria e pisquei confuso.

–Ava não pode se casar com outro por que está ligada a mim.- esclareci e ela revirou os olhos.

–Isso não importa, assim que ela for coroada terá deveres para com seu país e povo, e um deles é gerar o herdeiro do trono de Perugia, para que nossa linhagem não desapareça. E para isso escolhi o homem mais forte de nosso povo, um verdadeiro lobo e não um transfigurador como você.- ela disse com desdém antes de seguir seu caminho.

Enquanto andava em direção ao evento tentava entender o porquê de Ava se casar com outro me incomodava tanto, sabia que não a amava só sentia um carinho especial por ela, apesar da forma inusitada que havíamos nos conhecido.

Mas saber que ela seria de outro me deixava com um certo ciúme, o que me assustava, afinal não tinha direito algum sob Ava.

Decide acompanhar a cerimônia de longe, pois assim que ela terminasse iria partir dali sem despedidas, evitando assim sofrimentos para ambos.

–Estamos aqui hoje reunidos sob a lua nova para celebrar o início de uma nova era. O início do reinado da nossa amada princesa Ava, que será coroada diante de vós a nova rainha de Perugia.- a rainha disse suave antes de pedir para que a filha se aproximasse.

–Você jura proteger nosso povo guiando-os sempre pelos caminhos de prosperidade e felicidade? - a rainha questionou enquanto olhava para a filha.

–Sim, eu juro.- Ava disse seria e logo uma jovem se aproximou da rainha carregando uma almofada que de longe não consegui ver o que era.

–Entrego-lhe o colar da lua, o qual lhe confere poderes sobre os lobos de nossa alcateia.- a rainha disse pegando o colar que estava na almofada antes de colocá-lo no pescoço de Ava.

–Entrego-lhe a coroa da lua, a qual afirma seu poder de rainha da lua sobre nossas terras. Ela lhe permitirá ser reconhecida como rainha de Perugia.- ela disse antes de outra jovem se aproximar com uma almofada onde repousava uma coroa.

Devagar a rainha Hestia colocou a coroa na cabeça da filha e se inclinou em seguida reconhecendo que a partir de agora Ava era a rainha de Perugia.

Enquanto todos saudavam a nova rainha lhe desejando vida longa decide que era minha hora de partir, mas uma explosão e gritos me fizeram parar de andar e virar para ver o que estava acontecendo atrás de mim.

–Ava.- gritei desesperado assim que vi o pequeno palanque onde ocorria a cerimonia terminar de desabar.

Desesperado comecei a correr feito um louco enquanto várias pessoas se transformavam em lobos ou simplesmente corriam tentando se salvar, e logo percebi que estávamos sob ataque.

–São os Volturi.- alguém gritou e logo comecei a ouvir uivos ensurdecedores, mas não parei para ajuda-los, pois tudo que eu queria era saber se Ava estava bem.

–Ava.- comecei a gritar assim que cheguei ao palanque e comecei a revirar os destroços tentando encontrá-la.

Meu coração batia acelerado e minhas mãos tremiam de nervosismo só de imaginar que algo de ruim tivesse acontecido com ela. Mas assim que a vi em baixo de uma tabua senti algo inexplicável acontecer.

Algo que me devastou por inteiro.

Algo que me modificou e me fez enxergá-la com outros olhos.

Algo que me uniu a ela de uma forma que nada seria capaz de separar.

E naquele momento entendi o porquê de ter sido sequestrado por Ava e de ainda continuar em Perugia.

Eu devia passar por tudo isso para poder ter meu imprinting por ela e também para salvá-la.

Sem pensar direito a peguei no colo e corri para um dos carros que estavam ali, coloquei Ava no banco do passageiro antes de ocupar o lugar do motorista acelerando em seguida, pois sabia que ela não estava nada bem.

–Vai ficar tudo bem Ava, só aguente um pouco.- implorei olhando-a de leve antes de voltar minha atenção para a estrada.

Pov. Ava:

Abri os olhos ainda confusa com que havia acontecido, afinal tudo estava normal durante minha coroação e não entendia por que havíamos sido atacados.

–Assim que examiná-la direi se poderemos cancelar ou não as bolsas Judith.- ouvi Harry dizer enquanto entrava acompanhado por uma mulher no quarto claro no qual me encontrava.

–Claro doutor.- ela disse suave e logo Harry desviou seus olhos dela para me ver.

–Você acordou.- ele disse aliviado antes de se sentar na cama em que estava.- Como se senti?

–Me sinto dolorida.- sussurrei e ele concordou antes de tirar uma pequena lanterna do bolso do jaleco antes de me examinar.

–O que aconteceu? - questionei enquanto Harry me examinava.

–Os Volturi atacaram seu país, por que eles não queriam que vocês apoiassem Florença em uma possível guerra contra eles.

–Meu Deus, meu povo.- sussurrei entre lagrimas e tentei me levantar, mas fui impedida por Harry.

–Você não pode se levantar Ava. Tive que operá-la às pressas devido uma hemorragia interna, quase a perdi na cirurgiã, então tente não me dá mais um susto desses. -ele pediu amoroso e pisquei confusa antes de vê-lo entregar uma pasta para a moça que o acompanhava.

–Ava não irá precisar de mais bolsas Judith, peça a governanta do palácio para arrumar um quarto de hospedes para a rainha de Perugia.

–Claro doutor.- ela disse e fez uma reverencia antes de sair.

–Onde estamos? - questionei confusa, afinal não estava reconhecendo aquela enfermaria.

–Trouxe você para Florença, mais precisamente o palácio da alvorada.- ele disse e parei de respirar.

–Não se preocupe, minha família não fará nada contra você, na verdade eles estão ansiosos para conhece-la. Gostaria de comer algo?

–Preciso voltar para o meu país.- disse tentando me levantar, mas fui impedida novamente por Harry.

–Nada disso, você só irá voltar para Perugia quando estiver devidamente recuperada, e também só permitirei que volte se me deixar ir junto.- ele disse e fiquei sem saber o que falar.

–Harry, não posso permitir que faça isso. Você merece ser feliz com alguém que ame, e por mais que eu queira ser essa pessoa sei que não sou.

–Ava, olhe nos meus olhos e me diga o que vê neles.- ele pediu desesperado e fiz o que ele me pediu.

– Vejo preocupação.

–Sim, e o que mais?

–Doçura... E....

–E? - ele questionou mais próximo a mim.

–Talvez, amor? - questionei incerta e ele sorriu suave antes de segurar meu rosto com carinho e cuidado.

–Talvez não Ava. É amor. Um amor tão grande que só de sentir que talvez fosse perde-la fiquei desesperado.- ele sussurrou e logo senti as lágrimas molharem minha face.

–Isso não é possível, você não gostava de mim dessa forma. Como isso aconteceu? - questionei confusa e ele sorriu suave.

–Sou um lobo Ava. Um lobo que nunca teve um imprinting na vida, mas assim que a vi sob aqueles escombros senti algo forte me unir a você, tornando-a meu destino. Meu futuro.- ele sussurrou com amor enquanto me olhava nos olhos.- E hoje agradeço por você ter me sequestrado, por que se não jamais teria tido meu imprinting com uma mulher tão maravilhosa quanto você.

–Harry... Você tem certeza? - questionei chorando e ele sorriu suave antes de enxugar minhas lagrimas.

– Amar você é a única certeza que tenho nesse mundo. E eu te amo tanto Ava.

–Eu também te amo tanto Harry.- sussurrei sorrindo e ele sorriu antes de nos beijarmos.

Um beijo cheio de veneração e doçura que me deu plena certeza do que ele sentia por mim.

E naquele momento tive plena certeza de que seriamos eternamente felizes.